De olhos fechados respiro fundo, parada na frente dos olhares que me observam, olhares curiosos e pensamentos que me julgam. Ao meu lado está você, esperando que minhas pernas se enfraqueçam e eu caia no chão. Você conseguiu, como esperado eu caí. Andando em minha direção sem piedade, junto com aqueles ao meu redor, querendo algo que nunca vou ser. NÃO, POR FAVOR NÃO! A sombra continua seu andar, me rastejo no chão rapidamente até que você para, me encara por breve segundos olhando o ser a sua frente cheia de temor e medo. Não posso ser quem vocês tanto almejam, essa essência não é minha, esse não é meu reflexo, simplesmente é o reflexo que a sociedade impõe. Ofegante, sem forças, fraca e desesperada. Uma mão é estendida para mim, será que devo segurar? Não, é um truque. Derrepente em sua outra mão a sombra me oferece uma flor, peguei e abro um largo sorriso, mas quando vejo seus olhos escuros cheio de sofrimento, desisto. Levanto, a encaro e ando até minha dor, pele branca, magra, cabelos lisos e negros, é essa quem devo ser? Tenho cabelos cacheados, boca carnuda, pele morena e não sou magra, mas sou única, a própria essência, o próprio reflexo de liberdade, expressão, a própria vida. As palavras de ódio, julgamento, racismo, difamação, cicatrizes incurável. Vocês não terão mais poder sobre mim, não serei mais uma boneca em suas mãos.
R.R.
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