História Mess - Sophia

- Como assim você mandou ela ir à merda? - Marie perguntou perplexa. Na manhã de sábado, após discutir com Alice e ela ir embora, fui até a casa do meu tio Scott e sua esposa Marie.

- Ela gritou comigo - Contei indignado. Tio Scott apenas segurava o bebê em seus braços, calado. Quando bati a porta deles com uma criança, eles ficaram surpresos, mas como sempre me acolheram.

- Você não esperava que Alice cuidasse da sua filha sozinha ás 7:00h da manhã, enquanto você dormia, esperava?

- Não custava nada, eu acordei destruído - Eu não pude acreditar que eles estavam defendendo ela.

- E o que te leva a pensar que ela também não estava? - Tio Scott perguntou de forma retórica, me olhando sereno.

Acabei por almoçar na casa dos meus tios, e passei o resto do fim de semana por lá. Eles já pareciam felizes por ter um sobrinho-neto. No domingo à noite optei por voltar para casa, mesmo eles insistindo para que eu ficasse. Para minha sorte, o bebê não deu muito trabalho, me lembrei de alguns procedimentos que Alice me ensinara.

Eram quase 23:00h da noite quando tocaram o interfone. Xinguei de longe quem quer que fosse, o bebê estava prestes a dormir, e eu também. Porém, a pessoa era insistente, ouvi tocar de novo, então me levantei, irritado. Para minha surpresa, quando abri a porta vi uma Alice diferente da que eu havia visto durante a semana, ela parecia receosa.

- Oi - eu disse

- Oi - Alice estava sem graça, por mais que tentasse esconder - Eu vim ver se está tudo bem.

- Sim, está tudo bem - Abri mais a porta para que ela entrasse - O bebê está lá em cima - Subi as escadas e Alice me seguiu logo atrás. Quando chegamos no meu quarto o bebê estava onde eu o havia deixado. Porém, não estava tão limpo quanto antes, sua roupa estava coberta de leite vomitado.

- Há algo errado - Alice se aproximou - Zayn! - Ela me chamou pegando-o de pressa da cama, o bebê chorava mas não emitia som algum - Zayn, ela não está respirando - Ela o virou de costas e começou a dar tapas não muito fortes em suas costas, em dois segundos, o bebê tossiu alto e seu choro berrante preencheu o quarto. Eu estava chocado, parado no mesmo lugar - Não tão bem, hein - Ela sentou na cama, ofegante, com o bebê em seus braços que não parava de chorar.

- Eu não entendo - Me aproximei devagar, observando ambas - Estava tudo certo, ele estava quase dormindo quando fui abrir a porta. Eu saí por menos de um minuto - Me sentei ao seu lado - Eu quase o deixei morrer.

- Você foi abrir a porta para mim. Mas poderia ter ido pegar um copo d'água ou buscar algo que esqueceu lá embaixo. Sophia é um ótimo bebê, mas bebês são imprevisíveis. Você não pode deixá-los sozinhos.

- Sophia? - Franzi o cenho.

- Você não deu um nome à ela. Então, eu dei um temporário, já que você não para de chamá-la de bebê - Disse se levantando, tentando fazê-la se acalmar.

- Sophia - Repeti para mim mesmo.

- Há algo errado com esse nome? - Alice perguntou percebendo que aquilo me deixou pensativo.

- Não - Sorri - Sophia é um nome lindo.

- Você pode chamá-la como quiser, eu só não gosto de chamá-la de bebê.

- Não - Sorri - Eu gosto de Sophia. Gosto mesmo.

- Vamos dar banho nela. Ela está assustada pelo o que aconteceu e com certeza, com sono também.

- Sim - Alice me entregou Sophia e foi preparar o banho.

- Não tire a roupa dela ainda - Ela foi para o banheiro.

- Você quase me matou de susto - Eu disse para Sophia - Como você fez aquilo? Eu te deixei por meio minuto - Enquanto eu falava, ela parou de chorar gradativamente - Não se atreva a fazer isso de novo - Ela sorriu para mim. Por que ela sorriu para mim? - Eu estou te dando uma bronca como você se atreve a sorrir? - Disse já sendo contagiado pelo seu pequeno sorriso.

- Traga ela! - Alice gritou do banheiro.

                           [...] 

- Puta merda - Quando tiramos a calça da pequena criatura tivemos outra surpresa. Eu nunca havia visto tanto cocô sair de uma pessoa só. Vazou da fralda, estava nas suas pequenas pernas, em suas costas. Olhei, horrorizado para Alice.

- Meu Deus - Alice começou a rir.

- Eu não acredito que você está rindo - Disse perplexo, me afastando daquele mal cheiro.

- Onde você está indo? Volte aqui - Alice disse autoritária desfazendo o riso.

- Você quer que eu limpe isso? - Arregalei os olhos.

- Você não quer que eu limpe sozinha, quer? - Arqueou as sobrancelhas - O cocô dela é mais limpo que sua saliva, não precisa ficar tão enojado - Soltou um riso.

- O que eu fiz para merecer isso? - Ergui as mangas da minha blusa e me aproximei.

De longe aquela foi a situação mais nojenta em que já estive na vida. Alice a segurou, enquanto eu limpava, afastei meu rosto o mais longe possível e tentei segurar a respiração. Acabei me sujando de cocô, o que fez Alice rir da minha cara. Depois de um longo tempo terminamos e Sophia estava limpa novamente.

- Vá tomar um banho - Alice disse de forma autoritária, fazendo uma careta - Eu vou dar mamadeira para ela - Disse e desceu para a cozinha. É lógico que eu não estava obedecendo suas ordens, mas obviamente, precisava de um banho, então assim o fiz.

Quando sai do banho, Alice estava deitada com Sophia na minha cama, ambas dormindo. Peguei roupas limpas no closet e na volta ao banheiro novamente, esbarrei no carrinho de bebê, fazendo a mamadeira cair, Alice despertou um pouco assustada.

- Está tudo bem. Eu só esbarrei no carrinho - Sorri. Ela me olhou por um tempo, eu não pude dizer se ela estava confusa por ter acabado de acordar ou se estava secando meu corpo só de toalha, talvez os dois.

- Eu... - Ela se sentou na cama.

- Eu já volto - Fui ao banheiro me vestir e quando voltei Alice estava procurando por algo - O que você está procurando? - Perguntei secando meus cabelos.

- Eu não sei onde está meu sapato do pé esquerdo - Olhei de relance no relógio do criado-mudo.

- Você vai embora? - Perguntei.

- Sophia já está dormindo e já está tarde, tenho que acordar cedo amanhã.

- Eu também tenho. Mas como você mesma disse, já está tarde, são quase 01:00h da manhã.

- Eu sei. Não precisa me levar em casa, eu chamo um táxi - Ela procurava o maldito sapato por todos os lados.

- Mas e se algo acontecer de novo? Se você não estivesse aqui aquela hora, eu não saberia o que fazer.

- Mas agora você sabe. É normal bebês engasgarem com o vômito.

- Normal? Como assim normal? Isso acontece com frequência? - Eu andava atrás de Alice, esterico.

- Ás vezes - Ela agachou e olhou embaixo da cama - Aqui, achei!

- Alice você não pode nos deixar sozinhos - A segurei, assim que ela se levantou.

- Vocês vão ficar bem. Qualquer coisa você pode me ligar - Ela saiu da minha frente e foi em direção a porta.

- Alice - Fui atrás dela nas escadas. Ela pegou seu celular no sofá e discou o número.- Alice! - A alcancei na sala - Alice, por favor - Pedi - Não vá - Ela suspirou, revirando os olhos e soltou o celular no sofá novamente - Amanhã cedo nós passamos na sua casa e você troca de roupa antes de irmos para a Revista - Disse tentando convencê-la.

- Eu vou ficar pela Sophia - Alice disse passando por mim, subindo as escadas.

 - Claro - Disse sorrindo, indo logo atrás.