"Estou sozinho
Sob a luz do luar
Estou sozinho
Somente o ar frio da noite
Está do meu lado
Essa pessoa que eu estou procurando
Tenho certeza de que essa pessoa
Está olhando para o mesmo céu noturno"
- DAY6, All Alone
Gyeongju, Coreia do Sul
"Quando foi que eu deixei isso me arruinar?" a jornalista se questionava em silêncio, vidrada no céu noturno do Observatório Cheomseongdae enquanto as lágrimas esquentavam seu rosto. "Eu sequer sei o que estou fazendo aqui. O céu está nublado e esse observatório nem funciona como um". Suas costas se apoiavam na cerca que rodeava o ponto histórico, iluminado pelas luzes artificiais um tanto quanto débeis, capazes de tornar o restante do espaço ainda mais sombrio.
Do outro lado do círculo, ele olhava para o observatório milenar iluminado, dando passos curtos de um lado para o outro. "Se as estrelas fossem visíveis como antigamente... talvez esse se tornasse meu lugar preferido." Olhou ao redor. As únicas pessoas estavam distantes, caminhando sob a noite. "Ainda que houvessem pessoas mais perto daqui, eu continuaria me sentindo... sozinho." Depois de muito tempo sem chorar, seus olhos marejados suplicavam para que ele parasse de reprimir com sorrisos o que na verdade era dor. Começou a cantar, acompanhando o ritmo com o pé enquanto secava as lágrimas.
Ela começou a escutar uma voz suave e afinada.
Ele ouviu um som. Certamente alguém chorando baixinho.
Ambos começaram a andar com cautela ao redor do cercamento do observatório. Não estavam mais sozinhos.
Ao ver um homem à sua frente, a jornalista não pôde conter um barulho assustado, enquanto ele parou subitamente de cantar.
[Young K]- Me desculpa se eu te... assustei- ele se curvou ligeiramente.
[Ethel]- Está tudo bem, eu...- ela se curvou igualmente aproveitando para secar os olhos- eu pensei que estivesse sozinha, mas percebi que não quando você começou a cantar.
[Young K]- É, eu também não esperava encontrar alguém aqui... a essa hora.
A brisa noturna se tornava ainda mais fria com o passar dos minutos. A jornalista cruzou os braços.
[Ethel]- Você canta muito bem, aliás.
Ele sorriu rapidamente e agradeceu.
[Young K]- Você sabe disfarçar muito bem um choro, aliás.
Ela franziu a testa.
[Young K]- Me desculpa a indelicadeza, eu não deveria ter dito isso...
A jornalista riu soprado.
[Ethel]- Meu nome é Ethel. Não que isso importe.
[Young K]- Eu sou Kang Younghyun.- ela olhou para ele, vendo que seu rosto também estava úmido.
[Ethel]- Acho que você disfarça melhor- ela gesticulou o choro com a mão.
[Young K]- Ah... acho que viemos aqui para fazer algo em comum- ele riu sem jeito.
Ela olhava para o horizonte.
[Ethel]- Talvez... se você veio chorar porque se sente insuficiente, porque sua mente está bagunçada e porque... ao mesmo tempo que você nunca mais quer se relacionar com alguém, você sente falta de algo.
[Young K]- É.
Eles se olharam. E ela assentiu com a cabeça, mordendo o lábio.
[Ethel]- Dois desolados em um observatório milenar. Será que se procurarmos encontramos mais alguém chorando?- disse com ironia.
[Young K]- Quem sabe aqui seja um lugar onde pessoas vêm chorar por sentirem falta de alguém que muitas vezes podem ser elas mesmas...- ele riu com um certo amargor- eu poderia escrever uma música sobre isso.
[Ethel]- Um observatório da alma.
[Young K]- Daria um bom título.
Ele pôs as mãos no bolso.
[Young K]- Acho que esse céu nublado não vai ajudar em nada. Eu vou indo.
[Ethel]- Para a rotina dos bares?
[Young K]- Para o karaokê.
Ela olhou para cima, depois para os pés. "Será a primeira vez que vou me convidar para acompanhar alguém... que eu nem conheço. Mas vou definhar se continuar aqui."
[Ethel]- Certo. Deve haver mais de uma sala, não acha?- ele assentiu.
[Young K]- Você vem?
[Ethel]- Se incomoda?
[Young K]- Às vezes, tudo o que precisamos é de um microfone.
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