1. Spirit Fanfics >
  2. Metamorfose Ambulante >
  3. Ternura

História Metamorfose Ambulante - Ternura


Escrita por: Okaasan e MarcianoF

Notas do Autor


Oi, pessoal!

Desculpem-nos pelo imenso atraso! Em breve responderemos a todos os comentários. Perdoem eventuais erros.

A foto da capa não nos pertence; créditos ao fanartista.

Boa leitura! Nos vemos nas notas finais.

Capítulo 18 - Ternura


Fanfic / Fanfiction Metamorfose Ambulante - Ternura

Nove e cinquenta e cinco da noite em Guarulhos.

Por fim, Mikasa dormiu no sofá mesmo, o churrasco acabou e as pessoas foram para casa, onde Erwin se ofereceu para levar Armin embora e Reiner foi em sua moto. Hanji, porém, não teve como sair, pois, no momento em que se despedia, Eren se dissociou uma vez mais para “Gabi”, que já estava com os olhos cheios de lágrimas ao implorar para que ela ficasse.

— Mas eu tenho que trabalhar, minha Crystal Gem — afirmou ela, pacientemente, acariciando os cabelos dele.

— Fica, Dinda! Fica aqui! Amanhã o tio Levi te leva embora. Aliás, tio, por que tu ‘tais’ usando a minha camiseta da Rose Quartz?

Gabi, para com isso! Ela já disse que não pode dormir aqui e... — ia brigando Levi, quando Hanji abraçou o garoto, parecendo ficar minúscula ao lado dele.

— Se o seu tio deixar, eu fico sim.

Eren voltou o olhar pidão para o militar, que ia preparando uma resposta ácida quando algo estranho aconteceu — o garoto ficou com o olhar meio perdido por segundos e seu comportamento ficou ainda mais bizarro.

— Titio, deixa a Dinda ficar? — e, então, a expressão facial de “Gabi” teve uma mudança brusca, bem como sua voz: — A Tenente Hanji Zoe não pode ficar, ela tem outros afazeres importantes relacionados às pesquisas com os titãs.

Os dois adultos ficaram boquiabertos. Eren não parou por aí.

— Eu sei que a Dinda tem que trabalhar, mas é só ela levantar cedinho com o tio e eles irem juntos. Você tem que entender que a Tenente tá cansada e com o coração triste, ela não está sorrindo como nos outros dias. Mas a Dinda não fica triste, eu nunca vi. Fica, sim. A Tenente é uma mulher forte, mas ela também tem sentimentos, pois não é fácil saber que um titã comeu o seu pai.

— Um “titã” comeu o meu pai?! — murmurou a morena, estupefata com aquele raciocínio.

— Se a Dinda tá triste mesmo, eu posso cantar pra ela uma música e fazer carinho no cabelo dela, com a mamãe funciona. Você é uma criança boba que não entende as coisas, o mundo não gira em torno do seu umbigo...

— M-mas o que... — ia dizendo Levi, atônito com a cena.

Naqueles quase dez anos de convívio, o paraibano nunca tinha visto as personas de Eren conversando entre si. Hanji também estava impressionada, mas resolveu interferir delicadamente:

— Então, vocês querem que eu fique ou não?

Eu me sentiria honrado se a senhora dormisse aqui no alojamento, Tenente. Claro que eu quero, Dindinha.

— Fico — sorriu ela, arriscando-se um pouco e dando um beijo no rosto do garoto, que pareceu estranhar o carinho e bateu continência, afastando-se dela.

Tenente, a senhora me deu um beijo?

— Dei, porque você é um soldado adorável.

— Soldado? De quem tu ‘tais’ falando, Dinda?

— Hanji! Faz ele parar com isso! — queixou-se Levi, já arrepiado de nervosismo com as dissociações seguidas do filho. Hanji, no entanto, apenas fez um sinal para que o pequeno ficasse quieto e afirmou, encarando Eren:

— Não tenho nenhum compromisso importante na parte da manhã. Posso dormir aqui sem problemas.

Os ombros tensos do rapaz de olhos verdes relaxaram, ele sorriu e bocejou, logo puxando a mulher para dentro da sala.

“Gabi” estava em paz agora.

— Cê gosta de qual das Gems, Dinda?

— Da Ametista, claro. Eu adoro comer — respondeu Hanji, deixando-se ser conduzida pelo jovem. Atento, Levi os seguiu em silêncio.

— A mamãe gosta da Garnet e o tio Levi deve gostar da Pérola...

— Por que eu gostaria da Pérola? — questionou o militar.

— Porque tu és doido por limpeza e organização igual a ela, ué...

O garoto tomou mais um banho e escovou os dentes, enquanto deixava o dono da casa desconfortável tendo que fazer “sala” para a psicóloga; Levi poderia jurar que ela também não estava à vontade como demonstrava. Logo Eren veio do banheiro, convidando Hanji para acompanhá-lo para o quarto. Evidentemente, o militar foi atrás, roendo-se de ciúmes ao ver o filho se estendendo na cama, repousando a cabeça sobre as pernas da morena. Não bastasse isso, “Gabi” queria que a “Dinda” cantasse a música da Garnet.

Eu sou feita de amo-o-o-o-or! Amo-o-o-o-or!

— Ninguém merece essas duas maritacas cantando — ralhou o dono da casa. Eren lhe pôs a língua e Hanji retrucou:

— Cai fora, “Jasper”.

Eu tô sabendo que você não me respeita, por achar que já viu do que sou feita... — prosseguiram os dois.

Vinte minutos depois, um já impaciente (e enciumado) Levi olhava feio para a psicóloga, que parecia muito à vontade com a cabeça de Eren sobre seu colo. O garoto dormira, enfim, depois de alguns momentos ouvindo Hanji cantar e recebendo afagos nos cabelos.

— Que cara é essa, tenente? — inquiriu ela, provocativa, ao deixar Eren na cama e se afastar com o dono da casa.

— Acho que nós mimamos demais esse moleque.

— Só porque ele me pediu colo e eu dei?

— Você também não ajuda em nada, fazendo as vontades dele!

— Não ajudo em nada?!

Levi se calou de chofre, temeroso com a possibilidade de ter soado ingrato. Hanji era, literalmente, o braço direito dele; sem a intervenção dela, criar Eren teria sido impossível.

— N-não foi isso que eu quis dizer! Eu tava dizendo que...

— Calma, eu entendi, tenente. Você, no fundo, acha que eu não ajudo o Eren em nada.

Levi e Hanji seguiram para a sala de estar, ele já irritado e ela ainda com vontade de espicaçá-lo como sempre fazia.

— Vai te lascar, quatro-olhos. Eu não disse porra nenhuma disso aí.

— Mas o pior é que você falou com todas as letras: “você também não ajuda em nada” — replicou ela.

— E eu já não lhe disse que não foi nesse sentido, caralho?!

— Qual sentido seria, então?

— O sentido que eu vou mandar você ir se foder se não parar com essa porra.

— Como se mandar eu ir me foder fosse uma graaande ofensa. Quer saber? Já que o Eren dormiu, eu já posso voltar pra casa.

— Não, não. Eu não tô com a mínima condição de te levar embora a uma hora dessas.

— Levi... — fez a morena, sorrindo ironicamente. — Eu não preciso que você me leve embora. Sei muito bem onde é minha casa e, apesar das minhas dívidas, ainda tenho dinheiro que dá pra eu pegar um ônibus.

— Aquieta o rabo! Eu te levo amanhã! — rosnou o pequeno paraibano. — Quer ser assaltada? Esse bairro tá cheio de meliantes.

— Cê fala “meliantes” de um jeito tão divertido.

— Que merda é essa agora?!

— “liantes” — repetiu Hanji.

— Eu vim da Paraíba, sapéste, queria que eu falasse como?

— Exatamente como cê fala agora. Esse seu sotaque cantado é só mais uma das muitas coisas que me atraem pra voc-

Droga, falei demais”, recriminou-se a morena, calando-se de imediato.

O paraibano estava em choque com aquela quase-declaração. Petra nunca elogiara seu jeito de falar, às vezes dizia que não compreendia seus regionalismos paraibanos, o que às vezes o fazia tentar reprimir seu sotaque. E Hanji...

— Hanji... O q-que tu quis dizer com...

Os olhos azuis-acinzentados pareceram incapazes de se desviar da face de Hanji. Ela, por sua vez, tremeu por dentro — Levi não a olhava daquela maneira. Então, ela lhe deu as costas, já saindo pela porta quebrada da sala. Aquele contato com o militar a estava deixando nervosa.

Eu não quero me iludir achando que ele sente algo por mim!

— Pra onde tu vai, mulher?!

— Vou pra casa do seu Zé!

— Hein?! — indagou Levi, atordoado com seus próprios sentimentos em erupção e ao mesmo tempo irritado com o jeito trocista de Hanji. Então ela começou a correr e cantarolou:

— “Hoje, na casa do seu Zé, vai rolar uma putaria...”

— VOLTA AQUI, SUA PORRA-LOUCA!

— Vem pegar!

E começou uma corrida louca pelo quintal. Hanji pretendia irritar Levi até que ele desistisse de segurá-la, mas, se ela era cabeça-dura, ele era também. E, evidentemente, o militar era mais ágil que a morena, sendo que pôde alcançá-la e pressioná-la contra o pilar da varanda. Ela arregalou os olhos, surpresa.

— Cê ficou doido, é? Por que tá me prendendo assim? Não sou uma bandida.

— Tu fica me provocando... Já disse que não quero que você fique perambulando na rua a essa hora. É perigoso.

— Acho que corro mais perigo agora — queixou-se ela.

— O que quer dizer com isso?

— ...

Difícil responder. O homem a olhava de uma maneira estranha, ela não compreendia qual a razão das chamas naquele olhar tão intenso. Então Levi inspirou profundamente e, surpreendendo-a, enrubesceu enquanto dizia em voz bem baixa e afrouxava o aperto nos braços dela:

— Quatro-olhos, eu... Eu me lembrei de uma coisa.

— De quê?

— O seu... Pai... Morreu em maio do ano passado, não foi?

Hanji piscou várias vezes e se encolheu de leve, o que não passou despercebido ao militar.

— Foi, Tenente. Ontem fez um ano.

— Hummm.

Levi travava uma luta interna; ele gostaria de oferecer um pouco de conforto à mulher, mas estava com medo do que poderia vir a seguir; afinal, o paraibano estivera presente durante o velório e sepultamento do falecido pai de Hanji, mas, por pura timidez, não dissera a ela uma única palavra de pêsames. Foi com dificuldade que ele a encarou:

— Tu sente falta dele, não sente?

— Sinto demais. Cê tem pai?

— Não, fui criado por um tio. Quando ele morreu, fiquei sozinho e vim tentar a vida aqui.

— Então cê sabe o que é essa dor, né? — volveu Hanji, com um sorriso tão melancólico que causou um peso incrível no espírito do militar. — Eu não pude fazer nada... Ele escondeu até o último minuto que tinha depressão. Eu não consegui perceber e... Ele se matou. Me sinto tão... Culpada.

Era óbvio que Levi Ackerman também sentia falta da única figura familiar que conhecera, o velho Kenny, morto há mais de vinte anos. E aquela quatro-olhos era extremamente sentimental, a dor dela era mais pungente, com certeza — principalmente nas circunstâncias em que seu pai partira do mundo.

— Não foi culpa sua...

— Foi sim... Eu não notei os sinais... E agora não tenho mais o meu velhinho...

— Hanji... Eu...

Ela parecia tão mais vulnerável agora. E, aos olhos de Levi, Hanji precisava de afeto — não qualquer afeto e sim o afeto dele, somente o dele. Ela toda o atraía, fazendo-o notar naquele instante que algo em seu interior o fazia querer vê-la feliz, mesmo que ela o deixasse irritado, como sempre fazia.

Foi quando a psicóloga foi subitamente envolvida pelos braços fortes do pequeno paraibano. Sem mais uma palavra, sem uma explicação. Levi apenas fez o que seu coração lhe ordenara e ofereceu a Hanji o que transbordava dentro de sua alma. Ela, por sua vez, tremia por dentro — apesar de se forçar a ser racional naquela circunstância, a mente da morena gritava que Levi a estava amando com aquele abraço silencioso. Então, ela correspondeu, apertando-o contra si e se entregando a um dilúvio de emoções que seria capaz de matá-la, caso não chorasse urgentemente... E foi o que Hanji fez.

— Leviii... Dói tanto... — gemeu a psicóloga, entre soluços doridos. Aquela dor ainda a feria sobremaneira, mas era inegável que havia outra emoção igualmente poderosa que a envolvia.

Você se importa mesmo comigo, Levi? Você nunca esteve tão perto como agora... Sentiu que eu estava triste...

— E-eu sinto m-muito — gaguejou ele. — Hanji...

Os sentidos do militar pareciam ter convergidos todos para aquela mulher que, mesmo sendo mais alta, cabia tão bem dentro do abraço dele. Levi chegou a deixar a cabeça pender, recostando-a nos cabelos bagunçados de Hanji.

O aroma da pele dela. O som de seus soluços. O calor daquele corpo magro o abraçando. A visão dos olhos castanhos que vertiam lágrimas. Faltava algo para que Levi tivesse seus sentidos absolutamente saturados de Hanji: o sabor dela.

Eu não suporto ver você triste, Hanji. Eu preciso te alegrar. Preciso te fazer feliz, preciso te dizer que...”

A agonia insuportável daquele sentimento tão reprimido fez com que Levi deslizasse devagar a mão pelo rosto da psicóloga que, fragilizada como estava, não pôde se esquivar daquele carinho ainda tímido. O militar entreabriu os lábios, perscrutando com o olhar o rosto daquela mulher que o transtornava tanto, e, ansioso, esfregou a ponta do nariz no de Hanji, aproveitando para colher as lágrimas dela com a ponta dos dedos.

Ainda sem conseguir acreditar no que estava acontecendo, a mulher fechou os olhos e ofereceu seus lábios a Levi, que os selou com sua boca febril. As línguas se acariciaram desejosas e, rendido, o paraibano estreitou a psicóloga com força em seu abraço.

 

***

 

Marie, sabendo que o namorado não tinha hora certa para chegar em casa, foi se deitar para dormir após um dia de aula cansativo na faculdade. Ela terminava de vestir seu pijama quando ouviu a porta do apartamento sendo aberta; Erwin logo depois entraria no quarto, com uma fisionomia estranha.

— Erwin, tá tudo b-

— Você não vai acreditar, Marie, você NÃO VAI ACREDITAR NO QUE EU DESCOBRI!

— Hã... O quê?

Mas o loiro estava eufórico e agitado demais para se conter. Foi até a geladeira e bebeu avidamente um copo d’água, indo em direção em seguida para seu escritório e confundindo ainda mais a namorada. Até os cabelos dele, sempre tão corretamente penteados, estavam bagunçados como se Erwin os tivesse coçado freneticamente.

— Meu bem, o que é que acontec- — ia indagando a moça, quando Erwin apenas lhe sapecou um beijo na testa, carregando debaixo dos braços um notebook e seu caderno.

— Não precisa me esperar pra dormir, eu vou estudar uma coisa.

— Mas tá tão tarde, Erwin...

— Boa noite, mozinho — disse ele, apertando de leve a cintura dela e se fechando no cômodo.

A moça apenas suspirou. Estava acostumada aos rompantes do namorado, que, quando metia uma ideia nova na cabeça, ficava madrugadas ao redor de livros e artigos acadêmicos na internet, estudando como um fanático.

Enquanto isso, o médico ligou o notebook e plugou seu smartphone nele, transferindo arquivos de vídeo e áudio. Erwin estava com uma dedução nova e intrigante em mãos — e não desistiria de saber a verdade sobre ela, nem que tivesse que ir trabalhar no dia seguinte sem dormir nada.

Tudo começou quando Armin, timidamente, em seu carro, lhe fez uma pequena pergunta:

— Doutor Erwin, eu tenho uma teoria sobre o Eren e os alter egos dele. Você pode me ouvir?

— Teoria? Eu gosto de teorias e visões diferentes da minha. Vamos lá. Pode contar.

O jovenzinho pegou o celular e selecionou um vídeo que Historia lhe mandara naquela tarde. Encarou Erwin e disse, convicto:

— Eu tenho noventa por cento de certeza que o Eren tem uma QUINTA personalidade.


Notas Finais


Pera, como assim?! As personalidades podem se perceber e conversar entre si?
- SIM, elas podem. Não é comum, mas é possível. Por que "Krueger" e "Gabi" tiveram essa pequena e louca discussão? Deixe sua opinião! #VamosDialogar

Não sei por que, mas eu consigo visualizar perfeitamente o Levi correndo irritado atrás da Hanji! kkkkkkkkkk XD

E ESSE BEIJO MOLHADO! Será que vai rolar algo mais hot entre esses dois?
E ESSA TEORIA DO ARMIN! Será que tem chance de ser verdadeira?

PREVEJO COMENTÁRIOS DE LEITORES ENLOUQUECIDOOOOOS! AAAAAAAAAAAAAAH XD
PEGA FOGO, CABARÉÉÉÉ, HOJE EU NÃO ARREDO O PÉÉÉ ♫♪♫

Muitíssimo obrigado pela paciência e pelo incentivo!
@MarcianoF & @Okaasan


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...