1. Spirit Fanfics >
  2. Meu alfa >
  3. O amor que não nasceu

História Meu alfa - O amor que não nasceu


Escrita por: Aest_

Notas do Autor


Oiiii,

Gente, esse cap demorou mais do que o previsto por motivos de: peguei a merda dessa gripe nova que tá circulando e QUASE MORRI. Sem brincadeira kkkkkk quase fui dessa pra melhor (ou pior, vai saber)

Masss, entre mortos e feridos todos serão salvos, então aqui estou! Tudo certo, nada resolvido e seguindo o baile kkkkkkk

Sobre esse capítulo só tenho duas coisas a dizer:

1. A dor, ela dói.
2. Tragam lenços.

Ele contem uma boa carga emocional, mas está lindo, confiem em mim ❤️

Apreciem a leitura!!

Capítulo 84 - O amor que não nasceu


Pov's Naruto

- E aí. - Dei um meio abraço em Shika e liberei sua entrada, ele usava bermuda e camiseta, as mãos no bolso e sua posição despreocupada de sempre.

- Fala Naru, como você está?

- Ah, bem melhor, você sabe. - Dei de ombros enquanto subia a escada com ele atrás. - E você? Curtindo as férias?

- Com certeza.

- E por "com toda certeza" quer dizer que você nunca dormiu mais, estou certo?

Entrei no meu quarto e ele veio atrás se sentando na cadeira da escrivaninha enquanto eu me jogava na cama com uma almofada no colo.

- Você me conhece. - Deu de ombros despreocupadamente enquanto eu lhe atirava uma almofada que foi pega no ar. - Onde está tia Kushina e Minato?

- Trabalhando.

- Sasuke? - Ergueu uma sobrancelha.

- Disse que precisava resolver algumas coisas. - Comprimi o lábio.

- E então... Você não me chamou aqui só pela saudade do seu melhor amigo não é?

- Esperto como sempre. - Dei um meio sorriso para logo depois suspirar. - Não, não chamei. Na verdade, preciso de algum concelho, antes que eu fique louco... Ou faça alguma merda. - Bufei jogando a cabeça na cabeceira que por sorte era acolchoada.

Sua expressão ficou curiosa.

- Começa a falar. - Se curvou apoiando os cotovelos no joelho. - Qual o problema da vez?

- Sasuke. - Revirei os olhos.

- Quando não? - Ele riu. - Ele fez alguma coisa?

Fiz uma careta.

- Você fez alguma coisa? - Tentou de novo.

Franzi os lábios negando.

- Não é como se alguém tivesse feito alguma coisa, é mais sobre o que ele não fez. - Suas sobrancelhas arquearam. - Ele não fala comigo e eu sei que tem algo muito errado acontecendo, cada dia que passa... Eu sinto que tem... Tem algo.

Voltei meu olhar pra ele que parecia ainda mais confuso.

- Tá... e desde quando você acha que tem essa... "alguma coisa"?

- Eu percebi na viagem, mas acho que algo aconteceu desde antes.

- E você tentou perguntar a ele sobre?

Bufei.

- É claro que sim. Foi a primeira coisa que tentei, mas ele se fechou... Disse que ainda não podia contar.

- Se ele disse "ainda" quer dizer que pretende contar, então é só ter paciência. - Voltou a se recostar atrás na cadeira a girando um pouco no processo.

- Mas ESSE é o problema! - Me sentei bruscamente. - Já fazem duas semanas que voltamos e ele só... Só.... Urrrgh. - Gemi por não saber nem como dizer e logo em seguida recebi uma almofada na cabeça. - Ei!!

- Corta o drama Naruto. - Vi Shika revirando os olhos. - Ele o quê? Seja mais específico.

- Olha eu não sei explicar tá? Mas eu sinto que tem algo, a ligação não mente, ele se sente culpado, com dor, triste, e várias outras coisas confusas. - Baguncei o cabelo aflito.

- E o que você quer fazer então se não esperar que ele te conte? Sabe que dá última vez não deu muito certo quando tentamos descobrir. - Relembrou.

- Eu sei!! E eu não vou fazer isso de novo, eu vou esperar que ele fale, mas mais do que enlouquecer até isso acontecer eu me preocupo sabe?

- Com o quê?

- Como com o quê? - Atirei agora um travesseiro. - Óbvio que com o que quer que seja, quer dizer, e se... Se for sobre a gente? Se ele tiver sei lá... Encontrado outra pessoa, se estiver doente... Se... Se...

- Naruto! Para! - Shika estava do meu lado no momento seguinte. - Não surta cara. - Colocou a mão no meu ombro e me senti mais calmo só pela estabilidade que ele passava. - Primeiro, Sasuke é completamente louco por você e você não tem como duvidar disso, certo?

- Certo. - Assenti porque, sim, isso não era uma questão verdadeira e foi só um surto momentâneo.

- Ótimo, agora sobre alguma doença, se fosse algo assim a ligação te diria, você veria outros sinais. E você também sabe disso. - Me encarou com firmeza.

- Acho... Acho que você tem razão. - Franzi o cenho. - Mas então o que é?

Shika suspirou parecendo mais relaxado agora que eu tinha parado de surtar.

- Não sei Naru, você disse que faz tempo que ele está assim, sabe mais ou menos desde quando?

- Bom, eu como eu disse. - Mexi distraídamente em uma ponta da costura da almofada enquanto pensava. - Percebi em uma noite durante a viagem, acordei com ele me fazendo carinho e então quando o chamei seus olhos estavam cheios, como se estivesse prestes a chorar, depois disso... Bom, eu perguntei, mas ele não disse e então o resto da viagem foi normal, só que desde então eu sinto esses sentimentos conflitantes vindos dele, eu sei que ele tem algo pra dizer, mas parece não estar pronto, e eu só queria ajudar, porque parece tão pesado e doloroso pra carregar sozinho.

Ficamos em silêncio por uns momentos antes que a voz de Shika soasse novamente.

- Não são muitas informações. - Suspirou cruzando os braços. - Acho que você só tem duas escolhas aqui. - O olhei com atenção. - Ou espera, ou pressiona uma resposta. E se quer saber o que eu acho, acho que você deveria esperar. - Me encarou com seriedade.

Puxei o ar com força porque nada disso resolvia meu problema imediatamente, como eu queria.

- É, você tem razão. - Respondi desanimado. - Eu vou esperar.

- Ótimo. - Ele se levantou ligando minha TV e eu o olhei curioso. - Não adianta pensarmos demais no que não dá pra resolver então vamos jogar. - Deu de ombros.

E eu assenti me deixando levar pela distração, afinal, realmente não tinha o que eu pudesse fazer nesse momento, e eu teria que me contentar por enquanto.

*Alguns dias depois*

- Quero te levar a um lugar esse fim de semana. - Sasuke avisou em uma quinta-feira enquanto voltávamos de uma tarde agitada com as crianças.

- Um lugar?

- Isso. - Me olhou rapidamente enquanto dirigia. - Eu... Preciso falar algo importante com você. - Notei os nós dos seus dedos brancos ao segurar o volante com mais força que o necessário.

- É sobre o motivo de você estar tão estranho esses dias? - Perguntei tentando soar gentil.

Sas voltou seu olhar pra frente, mas mesmo que não estivesse direcionado em mim, eu sempre podia sentir sua dor.

- É. - Foi a única resposta que deu.

As vezes distante, as vezes próximo demais, mas sempre calado enquanto se perdia constantemente em pensamentos. Era assim que Sasuke vinha agindo.

Tentei questionar, tentei estar perto, tentei o que podia, mas nada surtiu efeito, e depois da minha conversa com Shikamaru sobre o assunto, o melhor que pude fazer foi confiar que Sasuke sabia que eu estava ali e que ele me contaria o que estava acontecendo assim que trabalhasse isso de alguma maneira dentro de si mesmo.

Toda essa situação estava sendo um teste a minha paciência e confiança, mas eu queria dar isso a ele, Sasuke merecia espaço, merecia poder viver algo em silêncio se precisasse, e merecia que independente de qualquer coisa eu estivesse do seu lado. Assim como ele esteve do meu em diversos momentos, então por mais que eu soubesse que algo estava fora de lugar eu já tinha tomado a decisão de não pressionar, e Shika me deu a mesma direção, por causa disso eu estava dia a dia exercitando controle sobre mim enquanto esperava que o que quer que fosse viesse a tona.

Então quando essas palavras saíram de sua boca misturadas aos sentimentos que eu já sabia que se passavam dentro dele eu não fiz mais nenhuma pergunta.

- Eu irei onde você quiser. - Respondi colocando minha mão por cima da sua no câmbio do carro.

Seu olhar se desviou ao meu mais uma vez e gratidão me inundou pela ligação enquanto seguíamos pra casa.

(...)

- Hãn... Vamos passar a noite? - Perguntei me sentando direito na cama quando vi Sasuke entrar no meu quarto com uma mochila nas costas.

- Vamos, já avisei seus pais. - Ele colocou a mochila no chão. - Não precisa de muita coisa, podemos ficar pelo fim de semana, ou voltamos pela manhã... Ou assim que você quiser. - A última parte foi dita tão baixo que duvidei dos meus ouvidos.

Franzi o cenho.

- Está tudo bem? - Tentei perguntar, mesmo sabendo que a resposta pra essa pergunta era "não".

- Não. - Não foi uma surpresa mas mesmo assim doeu. Ele suspirou. - Mas vai ficar. - Se sentou ao meu lado na cama. - Eu sei que você sabe que há algo... Errado, e eu queria muito não te assustar ou te deixar ansioso com isso, mas com a ligação tudo fica meio... Bagunçado. - Acenei concordando enquanto mordia o lábio nervoso. Sasuke Afagou minha bochecha. - Mas vou te contar tudo hoje. - Seus olhos estavam super intensos. - Obrigado por ter sido paciente até agora.

Acenei sentindo um nó na minha garganta.

- Isso que você vai me dizer... Vai mudar alguma coisa entre a gente? - Soltei meu maior medo sentindo a voz embargada pelo choro que se formava.

De tudo, essa era minha maior preocupação com o que quer que estivesse acontecendo, e com a tensão agora palpável eu não podia suportar um segundo mais dessa dúvida.

Uma ruga apareceu entre suas sobrancelhas e eu só queria passar o dedo ali até que ela saísse junto de qualquer problema.

- Não, nada muda o quanto eu te amo, você sabe disso.

Senti uma lufada de ar fresco invadindo meu pulmão rígido.

- Nada muda o quanto eu te amo também.

Seu lábio virou uma linha fina mas ele acenou concordando, um pouco antes de me dar um beijo rápido.

- Então. - Separou o rosto do meu. - Vamos?

Assenti me levantando, arrumei minhas coisas no automático, uma sensação esquisita tornava tudo meio congelado, meus movimentos rígidos enquanto eu tentava ser rápido, a ansiedade me consumia e eu não sabia mais se queria saber logo ou somente fugir.

O caminho também foi tão automático e áspero que nem notei as ruas que tomávamos ou pra que direção seguíamos, se me perguntasse qual música tocava ou quanto tempo levou eu não saberia dizer. Minha mente estava longe, dividida entre os sentimentos de Sasuke e a confusão dos meus.

- Chegamos. - O carro estacionou e eu pisquei tentando me localizar em vão, eu não conhecia aquela região.

Abri a porta e me deparei com um tipo de pousada, a noite caía escura mas o lugar brilhava em uma luz amarela aconchegante. Nos arredores todas as grandes construções pareciam ter sumido, era um local calmo, como um pedaço de interior na cidade grande.

A mão de Sasuke achou a minha e ele nos conduziu por um caminho todo em pedras para dentro da casa toda em madeira, três andares pelo que pude ver rapidamente por fora.

Quando entramos pude perceber a riqueza de detalhes assim como a beleza surpreendente, apesar de não conseguir focar muito bem em apreciar tudo que podia.

Logo que Sasuke recolheu a chave na recepção ele me guiou novamente pelas escadas que faziam um caracol até o andar de cima onde haviam os quartos.

Entramos no último do corredor e então eu olhei em volta ainda um pouco aéreo e surpreso pelo lugar, eu não sabia o que esperava pra essa noite, mas certamente acabar em um quarto de uma pousada que parecia tão aconchegante não estava no topo da lista de possibilidades.

- Obrigado. - Agradeci quando senti que ele tirava a mochila que eu havia trazido e depositava nossas duas em cima de uma cômoda.

Nos desvencilhamos dos sapatos, e eu permaneci de moletom laranja e bermuda cinza enquanto ele vestia uma camiseta de mangas até os cotovelos e uma bermuda preta básica.

- Quer tomar um banho? Ou comer alguma coisa? - Perguntou voltando até mim.

- Na verdade não. - Encolhi levemente os ombros, eu estava tão nervoso que meu estômago parecia fechado. Ele acenou entendendo, em seguida me puxou pela mão até a cama para nos sentarmos.

Ela ficava bem em frente a uma pequena sacada, onde também havia um banco alcochoado, provavelmente para se apreciar as estrelas que pareciam tão bonitas ali.

- Onde estamos? O céu parece diferente... Mais limpo. - Voltei meu olhar a ele.

- É uma pousada de campo, fica na Cidade ao lado. - Explicou.

Pisquei algumas vezes um tanto confuso porque a viagem não parecia ter durado tanto mas acenei concordando em vez de comentar muito sobre isso.

- Então... - Comecei meio incerto.

Sasuke respirou fundo e então subiu mais no colchão cruzando as pernas, espelhei seus movimentos ficando de frente pra ele e mais confortável, mas abraçando as minhas pela segurança, eu sentia meu coração martelar que nem louco no peito.

- Você fez aulas de ressuscitação durante seu curso? - Perguntei ganhando um olhar confuso.

- Tivemos uma introdução... Porque?

- Porque se você não quiser testar suas habilidades nisso em mim, acho melhor falar logo alguma coisa. - Soltei um riso nervoso. - Eu quase posso ouvir meu coração saindo pela boca. - Abracei ainda mais meu próprio corpo desesperado por alguma segurança.

Ele deu um meio sorriso e bagunçou o próprio cabelo, reflexo da sua ansiedade crescente também.

- Sabe Naru, eu... - Senti meu sangue gelado nas veias porque eu sabia que ele estava achando um modo de começar. - Na verdade eu não queria te falar nada sobre isso, e acho que um dos motivos pra que eu tenha demorado tanto é exatamente por pensar que talvez pudesse manter pra mim-

- Não. - Cortei segurando seu braço e procurando seus olhos. - Não é assim que deve ser, seja o que for, não é assim que lidamos com as coisas Sasuke.

Um sorriso fraco despontou em seus lábios.

- Sim, eu sei.

Acenei.

- Então me conta, seja o que for, só... Me conta. - Supliquei.

Seus olhos refletiram a luz suave do ambiente e eu pude ver e entender nesse momento: o que quer que fosse, não era algo que dizia respeito a ele ou pelo menos não SÓ a ele. Era sobre mim, e um frio gélido subiu pelo meu estômago. Sasuke não estava hesitando em me contar algo sobre ele, sua saúde ou seus sentimentos, era sobre mim, só algo sobre mim traria esse tipo de expressão ao seu rosto, esse tipo de cuidado com as palavras. E por mais que isso tenha assustado um inferno dentro de mim, também foi um tipo de acalento, porque eu poderia lidar, eu podia suportar algo sobre mim se ele estava ali do meu lado, e no fim, qualquer coisa que viesse seria bem menos assustadora do que a ideia de que Sasuke não estava bem.

- Quando você teve o acidente. - Engoli em seco me preparando. - Aconteceu algo, o médico... Lembra que ele me chamou pra conversar? - Acenei sentindo minha garganta fechada demais pra qualquer palavra sair e Sasuke respirou fundo antes de continuar. - O que acontece é que eu menti pra você, ele me contou mais do que eu te disse naquele momento, porque eu não queria que qualquer coisa interferisse na sua recuperação. - Suas mãos seguraram as minhas e percebi que nós dois estávamos gelados.

- Sasuke... Só... Me diz. - Consegui falar com a voz carregada, o medo era tanto que quase parecia como anestésico.

- Nós perdemos um filho Naruto.

Meu cérebro pareceu ficar em branco enquanto eu sentia meu corpo como se afundasse em um buraco escuro. Meus ouvidos tampados como quando se passa por um grande túnel e o ar não existia mais. Foi um choque tão grande que de repente me faltava tudo. Chão, oxigênio, luz, espaço. Era literalmente como se eu tivesse afundado até muito longe, muito, muito distante para que qualquer coisa fizesse sentido. A sensação de anestesia, de irreal, chegou a um nível tão abismal que eu não estava mais me sentindo preso ao meu próprio corpo, era como se eu simplesmente flutuasse através de uma dor que eu sabia que deveria estar sentindo, mas eu ainda não estava, eu ainda não podia sentir nada.

- Naruto.

A voz de Sasuke soou ao longe, mesmo que eu tivesse plena noção de que ele estava bem ali na minha frente. Ele deve ter me chamado outras vezes, mas era muito abafado, e eu não poderia dizer com certeza.

Eu iria afundar, eu iria cair, eu iria quebrar em tantos pedaços que seria impossível me juntar novamente em uma pessoa.

O buraco parecia infinito e meus sentidos me abandonando um a um, era cruel demais.

E então, como um bote salva vidas, como um elástico que não me permitiria me perder, eu senti... Calor, e as sensações foram voltando lentamente quando eu consegui perceber que Sasuke havia me puxado contra o seu corpo. Consegui entender que era um abraço quando meu olhar, mesmo embaçado pelas lágrimas que agora notei caindo livremente pelas minhas bochechas, focou novamente.

- Deixa a dor vir Naru, você precisa sentir. Divide comigo. - Suas palavras sussurradas no meu ouvido foram como o fôlego que eu precisava urgentemente e tão logo comecei a deixar vir um soluço irrompeu pra fora do meu peito, sendo seguido por vários outros enquanto meu pulmão parecia ser rachado ao meio pelo choro que tomou conta de mim.

Sasuke me abraçou firme e eu me enterrei em seu peito, agarrando a sua camisa enquanto uma dor inimaginável fazia com que eu duvidasse que poderia sair disso vivo.

- N-não. Dói demais, Sasuke, dói muito. - Várias palavras quase irreconhecíveis pelo volume de desespero saíam da minha boca encontrando o tecido abafado da sua blusa.

- Eu tô aqui, eu tô aqui com você, você não precisa aguentar sozinho. - Palavras e mais palavras de conforto foram ditas enquanto eu mal conseguia fazer ar entrar nos espaços que lágrimas saíam.

Eu tinha tantas perguntas, tantas dúvidas, eu ainda não sabia dizer o que tinha acontecido, eu não havia entendido, como eu podia estar sentindo tanta dor sobre algo que eu nem sabia que existia somente segundos atrás?

Mas eu não tive tempo pra executar minhas perguntas, porque a dor, ela era demais, e ela não deixava espaços. Tudo que eu sabia era que eu havia tido um ser dentro de mim, um filho, que foi tirado, e sentir tudo de uma vez desse jeito, era quase insuportável.

Então eu chorei, e deixei vir como Sasuke continuava falando baixinho comigo, deixei tudo vir, deixei a dor tomar conta, deixei as dúvidas abafadas enquanto tudo que eu faria era chorar, por todo o tempo que meu corpo exigisse.

(...)

Muito tempo depois meu corpo ainda chacoalhava em seus braços, ainda doía mais do que era possível dizer, mas havia se tornado quase suportável falar sem cair em mais um turbilhão de lágrimas, então eu me afastei um pouco do tecido molhado que recobria o corpo de Sasuke.

Seus olhos estavam vermelhos e inchados, suas bochechas manchadas e sua expressão quase quebrada refletindo a minha.

- Quanto... Quanto tempo tinha? - Consegui perguntar.

Seu rosto de contorceu por um minuto e seus lábios se abriram sem que nenhum som saísse da primeira vez que tentou.

Foi só na segunda, depois de pegar um pouco de ar e olhar para cima por alguns instantes que ele conseguiu falar.

- O médico disse que tinha cerca de 2 meses. Um pouco mais talvez. - Sua voz seria capaz de partir meu coração se ele já não estivesse assim.

- 2 meses. - Repeti testando o número na língua. - Então foi...?

- Sim. - Ele acenou. - Mesmo o remédio não fez efeito.

Assenti com os lábios comprimidos.

- Nós íamos ter um filho. - Lágrimas silenciosas desceram mais uma vez pelo meu rosto já molhado.

Sasuke não conseguiu responder, só balançou a cabeça.

- Eu sinto muito Sasuke. - Mais lágrimas desceram embaçando minha visão. - Eu perdi nosso filho. - Meu corpo voltou a tremer. - Eu... Eu perdi-

- Não Naru. Não! - Ele me puxou mais uma vez e eu enterrei a cabeça em seu pescoço. - Não foi assim, você não teve culpa, foi um acidente.

- Mas...

O aperto em meus braços parecia tão forte que deixaria marcas, mas era bom, era reconfortante, era o que parecia me manter no lugar.

- Não tem mas, você não vai se culpar, isso... Isso não. Por favor. - Implorou. - Por favor não faça isso. - Empurrou meus ombros para que nossos rostos ficassem no mesmo nível. - Por favor. - Seus olhos, quase me perfuravam. - Me promete, por favor, me promete que acredita em mim, que isso não foi sua culpa. - A dor em suas orbes, meu Deus, eu faria qualquer coisa pra não ver tamanho sofrimento.

Mordi o lábio balançando a cabeça em concordância, me permitindo sentir o conforto que aquela sua declaração me trouxe.

"Não foi minha culpa."

Talvez demorasse pra que eu acreditasse fielmente nessas palavras, mas eu tentaria, com tudo de mim.

- S-sim. - Consegui dizer enquanto chorava e suas lágrimas também desceram livres pouco antes dele me puxar mais uma vez.

Nos abraçamos por infindáveis minutos antes que mais uma vez eu conseguisse fazer minha voz sair.

- Eu entendo. - Senti a sua dúvida pela ligação. - O porquê de você não ter me dito antes, eu entendo... Então... Não precisa se sentir mal por isso. - Apertei mais o tecido da sua camisa em suas costas ouvindo claramente como seus batimentos se aceleraram e como seu peito se encheu de ar antes dele soltar tudo de uma vez com um 'Obrigado' audível e aliviado.

Eu sabia que ele precisava disso, toda a culpa que ele vinha sentindo por tantos dias, pareceu evaporar, e um peso saiu, uma pequena parte da dor também cedeu com isso.

Em certo momento nós nos deitamos, eu ainda enrolado em seu peito enquanto ele me segurava com força, cada um perdido em pensamentos próprios e mesmo assim interligados enquanto lidávamos com aquele pesar.

- Sabemos se... se era um menino ou uma menina? - Senti minha voz falhando, mas consegui terminar a pergunta.

O silêncio durou tanto que eu não tinha mais certeza de que receberia alguma resposta quando ela veio.

- Menino. Era um menino.

Acenei mordendo o lábio.

- Será... Será que ele vai poder nos perdoar? - Era surpreendente como minha voz poderia estar saindo em meio ao nó na minha garganta.

Os braços de Sasuke me apertaram ainda mais.

- Ele com certeza vai. - Sua voz era segura e certa, apesar de toda a falha no timbre. - Nós o amamos, independente do que aconteceu, ele era nosso filho, e nós o amamos.

Assenti sentindo mais e mais choro quente correr pelo meu rosto. Eu com certeza o amava, o pequeno ser que não teve chance de nascer, eu o amaria até o fim dos meus dias.

E foi assim que passamos a noite, algumas perguntas espaçadas, algumas palavras de conforto, lágrimas atrás de lágrimas, e quando o sol da manhã apareceu entre a janela nós não tínhamos dormido por sequer um instante, mas eu podia dizer que nós estávamos juntos pelo doloroso caminho da dor e do perdão, e de certa forma, era mais do que eu poderia almejar nesse ponto.


Notas Finais


Uma estrela brilha mais alto no céu dessa fic hoje galera 🥺🌟

Estão todos bem?

Prometo trazer felicidade em breve!! Até lá se mantenham firmes!

Beijos ❤️


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...