História Meu Amado Vizinho- Lutteo (Repostada) - Acusações

P.O.V. Luna

- Onde arrumou o colar?- eu pergunto apontando para o colar no pescoço do meu vizinho. O garoto sorri de canto e coloca a mão em cima do objeto levanto o pingente

- Foi presente de uma amiga- ele responde me olhando fixamente nos olhos. Senti meu corpo todo travar.- Sabe de quem estou falando?

Os fatos estão se encaixando, acho que sei onde ele quer chegar, e confesso estar extremamente ansiosa quanto a isso. Mas antes que eu pudesse dizer algo, o professor nos interrompe, se aproximando

- Pessoal, eu entendo que vocês queiram namorar, mas agora não é hora para isso. Luna Valente, você não está vendo que seu namorado tem que jogar agora?!

- O senhor está enganado, nós não somos namorados- eu retruco dando um passo para trás

- Se vocês são namorados, amigos, amentes ou seja lá o que for, isso não me importa. O que me importa é que você- olha para mim- deixe ele jogar em paz e não fique tirando a concentração dele- o professor me repreende

- Professor, não precisa brigar com ela, a culpa foi toda minha- meu vizinho se põe na minha frente, me defendendo- Eu que chamei a Luna, ela nem queria vir mas eu a convenci. Me desculpa

Ele me defendeu e assumiu a culpa. O olhei sem entender nada

- A culpa foi toda minha

- Você falta no primeiro dia de aula, fica de namorico pelos corredores da escola, e ainda por cima decide atrapalhar a minha aula ficando de conversinha, e atrapalhando a aula dela também?! Você acabou de chegar no colégio e já quer arrumar problemas, Matteo Balsano?!

Travei ao ouvir seu nome, e o encarei com os olhos esbugalhados. Agora tudo se encaixa! Como não percebi antes?! É o Matteo! Tava tão na cara! É o meu Matteo!

Nossos olhares se encontraram e todo o mundo pareceu estar em câmera lenta. Senti o ar abandonar meus pulmões

É o Matteo! É o Matteo! É o Matteo!

Fiquei sem reação.

- Luna, volte para sua sala antes que lhe dê uma castigo também

Fiquei completamente sem reação, apenas assenti, sem tirar meus olhos de o Matteo e saí andando atordoada. Voltei para o ginásio sem conseguir sentir minhas pernas

Assim que ouvi o que o professor disse, eu simplesmente travei, não podia acreditar no que meus ouvidos captaram. É o Matteo! O meu Matteo!

Sentei na arquibancada com o cérebro totalmente travado, eu não conseguia pensar. Sentia meu corpo dormente, e comecei a pensar em todos os momentos que passei com o vizinho desde que o vi naquela festa. Era tão obvio! Como fui tão tonta?! Era tão claro! Tava na minha cara!

Mesmo estando num ambiente aberto e bem grande, me sentia tento crise de claustrofobia, e eu nunca tive isso! Não tenho problemas com lugares apertados, mas naquele momento era como se eu estivesse no meio de uma multidão louca

Eu não conseguia respirar, o som da bola atingindo o piso, os gritos da garotas, o apito da professora... tudo estava me enlouquecendo, eu precisava sair de lá

- Professora, eu não estou me sentindo bem. Posso ir embora?- eu pergunto ao alcançar a prof no canto sozinha

- O que você tem?

- Me sinto mal, posso ir?

Ela me olhou bem e deve ter percebido pela minha expressão que eu estava mal, então assentiu e me levou até a secretária. Fiquei sentada esperando a diretora me receber, e na minha mente só existia o Matteo. Não sei o que estou sentindo, mas sei que preciso de um momento para pensar

Quando a diretora me recebeu afirmei estar com dor de barriga, então ela quis chamar minha mãe, para que venha me buscar. Eu não queria ter que explicar, ou falar muito, só queria ir embora. Mas minha mãe faria perguntas

Por isso, preferi afirmar que ficarei bem, só preciso ir. A diretora pensou um pouco, mas logo me liberou para ir para casa. Senti um peso sair dos meus ombros quando atravessei o portão do colégio

Corri até em casa sem parar, chorando e tremendo. Eu estava tão nervosa que pisava no chão e não sentia meus pés. O caminho todo foi um borrão na minha mente. Só corri e corri como se fugisse de algo. Eu precisava ficar sozinha e pensar, estava muito atordoada

Por um lado, me sentia feliz, Matteo está de volta. Mas, também me sentia com raiva, e enganada. Matteo me fez de idiota, ele estava brincando com a minha cara esse tempo todo!

Quando abri a porta da minha casa, entrei e fechei-a atrás de mim, eu ainda não conseguia pensar, meus pensamentos estavam tão bagunçados na minha cabeça que pareciam um escritório com papéis jogados ao vento

Não demora muito e Amanda aparece na sala, ela ficou surpresa em me ver tão sedo, estou bem antes do meu horário de chegada

- Luna? Está tudo bem? O que houve?

- O Matteo... ele.... Matteo voltou!- falo como se estivesse anunciando o premio de Miss Universo. Amanda sorri tranquila

- Você encontrou ele?- ao ouvir, percebi que Amanda ficou calma demais, não ficou nem um pouco surpresa, como se já soubesse!

- Você já sabia?!- eu pergunto indignada

- Ele está morando na casa ao lado, não sei como você não percebeu- eu não poderia acreditar no que meus ouvidos captaram

- Por que não me disse nada?!

- Porque ele pediu- Amanda responde simples, como se não fosse nada! Minha expressão de indignação piorou bastante! Eu estava com raiva!

- Matteo voltou e não queria q eu soubesse?!- minha voz começa a ficar bastante embargada, e sinto um nó na garganta

- Ele pediu para não te contar, queria que você o reconhecesse- não pude segurar, e comecei a chorar mais. Tudo dá voltas na minha cabeça. Como fui burra!

- Luna, o que aconteceu?

Amanda volta a perguntar, mas eu já não consigo falar. Apenas dou meia volta, abro a porta e saio correndo. Preciso de espaço. Saí correndo sem rumo. Chorando!

Não consigo acreditar! Matteo voltou, escondeu de mim, e brincou com a minha cara! Me fez de boba!

Meus pés tremiam, então parei de correr e sentei no meio fio. Respirando ofegante, e chorando. Por que ele fez isso?! O que deu nele?! Matteo estava brincando com a minha cara!

Eu esperei por ele durante anos, e tudo que mais queria na vida era voltar a vê-lo, e ele ficou jogando como se isso fosse uma brincadeira! Estou falando de anos de espera! E ele prolongou minha dor! Estava brincando comigo!

Ao chegar nessa conclusão, senti uma mistura de raiva, ansiedade, culpa, e felicidade. Nem sei por qual dessas estou chorando.

Estava me sentindo enganada. Esperei e sonhei tanto com esse momento, agora... parece que fui trollada! Matteo brincou com meus sentimentos! Só chorei me sentindo afundar no asfalto

Depois de algumas horas, decidi voltar para casa, acho que já devia passar das 16:32, bem depois do meu horário de chegada da escola, com certeza Matteo já deve ter chegado

Entrei lentamente, limpando meu rosto, mas ainda sentia meus olhos vermelhos, Amanda passava pela sala e me encontrou de primeira.

- Onde você foi?

- Andar, eu precisava pensar.

- Esteve chorando?- ela pergunta e não respondo, a resposta é bem obvia.- Matteo esteve aqui te procurando. Você está bem?

- Estou. Quero falar com ele... preciso falar com o Matteo... quero vê-lo

- Ele pediu mesmo para avisar quando você chegasse

- Então deixa que eu mesma aviso- eu digo e dou meia volta mais uma vez

Caminho até a casa ao lado, com as mãos tremendo. A cada passo sentia meu corpo se arrepiar. A distância entre as duas casas nunca foi tão grande.

Em fim, tomo coragem e toco a campainha. Não demora muito e alguém abre, era a tal Nina, por um minuto me senti totalmente confusa em vê-la aqui, mas logo lembrei que ela morar nessa casa. Então me pergunto se são namorados, devem ser

- Oi er... Entra- ela abre espaço e eu entro cautelosamente- Quer falar com o Matteo, não é? Vou chamar

- Espera... você também sabia, não é? Sabia sobre o Matteo e eu?

- Sim, foi por você que ele voltou a Argentina- fico choque assim que escuto, e Nina sai para avisar Matteo.

Ele voltou por mim? Então por que não me contou quem era desde o inicio?!

Eu estava nervosa, queria tirar tudo a limpo com Matteo, agora que ele voltou sinto... sinto meu coração mais e mais acelerado. Se bem que, desde que o vi naquela festa, sem saber quem ele era, meu coração acelerou. Talvez no fundo do meu ser, eu sabia

Quando ouvi passos se aproximando, abandono meus pensamentos e me concentro em ver Matteo chegando. Assim que nossos olhares se encontraram senti o mundo parar de existir

- Luna, eu quero falar você...

- Por quê?- eu o interrompo- Por que não disse quem era desde o começo? Estava brincando comigo?!

- Não! Luna, eu...

- Você ficou brincando com a minha cara!- eu afirmo alterada

- Eu só queria que você me reconhecesse, mas você não fez isso

- Eu... você deveria ter me dito quem era desde o começo- o culpo e ele me encara indignado

- Por quê?! Você nem lembrava da minha existência até ontem!

- Claro que eu lembrava!- rebato na hora

- Então por quê não me reconheceu?! Seus pais, e a amanda conseguiram de primeira.- sua expressão não é nada boa, isso tá me cheirando mal

- Meus pais também sabem que você está aqui? E ninguém me falou?!

- Eu pedi q ninguém contasse, você não lembrava de mim

- Claro que lembrava! Eu nunca te esqueci

- Então cadê minha pulseira? Deve ter perdido, quebrado, ou jogado fora mesmo- parece magoado

- Não, não!

- Então cadê?!

Eu não sei, perdi há muito tempo, não faço a mínima ideia! Imediatamente abaixo a bola, e fico menos na defensiva

- Tá lá em casa- minha voz tremeu pela mentira. Eu não faço ideia de onde aquela pulseira pode estar. E acho que Matteo percebeu isso

-Você perdeu, não foi?- sua voz é bastante decepcionada

- Eu só perdi o contato visual com ela, mas se eu procurar...

- Esquece isso, você não vai mais encontrar- ele parece muito decepcionado- Nesses cinco anos não teve um só dia em que eu não pensasse em você. Mas você não pode dizer o mesmo, né? Eu guardei seu colar por todo esse tempo, e nunca tirei do pescoço, nunca te esqueci, e sempre senti muita falta da minha melhor amiga

Matteo diz com lagrimas nos olhos, e não posso evitar as minhas também, suas palavras são como facas. Sinto meu coração apertado!

- Matteo, eu...- solto o ar- Você me deixou sozinha!- digo e começo a chorar- Eu te esperei, te esperei muito! Mas você nunca apareceu

- Eu prometi que voltaria, não é? Cumpri a promesa, mas você não cumpriu as suas, me esqueceu e perdeu a pulseira que te dei

- Eu não te esqueci! Eu...

Não soube o que dizer, então abaixei a cabeça e chorei com as mãos no rosto. Não podia vê-lo, mas senti que Matteo não estava diferente

- Você foi embora- eu digo ainda chorando e levanto o rosto, encontrando seus olhos também cheios de lagrimas- Você me deixou sozinha, e eu fiquei sozinha!

Matteo passa as mãos nos cabelos e no rosto, em seguida se aproxima de mim. Parando bem perto, na minha frente. Ele também chorava, ver lagrimas em seus olhos sempre vai me incomodar. Odeio isso!

- Perdão. Mas eu também fiquei sozinho. Sem você, e sem os meus pais.- sua voz soa tão triste, acho que esse assunto ainda dói.

- Eu senti tanta saudade!

Sem pensar duas vezes, o abracei bem apertado. Achei que ele não corresponderia, mas Matteo correspondeu imediatamente. Abraçou-me com força e dedesespero. Choramos juntos

Apertei meus dedos em seus ombros e afundei meu rosto em seu pescoço. Senti suas mãos nas minhas costas e cabeça, com força e carinho. Ficamos assim por incontáveis minutos

- Desculpa- eu disse, sussurrando.- Eu perdi sua pulseira.

Matteo acariciou meus cabelos, e deu um beijo no topo da minha cabeça, em seguida nos afastou um pouco, só o suficiente para nossos olhos se encontrarem. Ele secou minhas lagrimas com os polegares e fiz o mesmo com ele

- Isso não vai quebrar nossa amizade, não é? Você não vai me odiar para sempre, né?- eu pergunto com medo que ele não me perdoe por ter perdido a pulseira

- Claro que não! Nem se eu tentasse muito. Nunca poderei te odiar, eu te amo...- quando percebe o que disse, ele se corrige rápido- Te amo como amiga- eu assenti e sorri

- Eu também te amo! Como amigo

Sorrimos e voltamos a nos abraçar. Pude sentir seu cheiro e fechei os olhos sentindo meu coração acelerar. Matteo é tão cheiroso! Tão lindo. Seu abraço é tão bom!

Eu queria prolongar aquilo, queria ficar assim para sempre, ou pelo menos, ficar perto de ele! Já passamos muito tempo separados, tempo demais!

- Matteo, vem jantar na minha casa?- pergunto assim que separamos o abraço, mas continuamos bem perto. Ele abriu um largo sorriso me olhando nos olhos, e senti meu coração mais acelerado

- Claro!

Sorrimos e voltamos a nos abraçar, bem apertado.