Eu acordei, eu não queria ir para a escola, eu não estava disposto a mais nada a não ser ir lá na floresta e conversar com o Vérum novamente.
Será que não era coisa da minha cabeça? Me questionei durante todo o caminho até a escola.
Cheguei lá e fui contar para meu amigo Nicolas com toda a empolgação do mundo.
- Pedro… Vo-vo-você está se envolvendo com drogas?
- Nicolas, pare de falar besteira agora mesmo! Ficou maluco?!
- Não é todo mundo que vê um monstro de pedras gigante com árvores.
- Ele não é um monstro, ele é do bom, Nicolas. Eu posso te mostrar se quiser.
- Então tudo bem, mas se não for coisa boa eu contarei a todos. Olhe lá hein!
- Feito, hoje você vem pra casa comigo. Meu pai vai estar trabalhando!
No intervalo fui ao banheiro, me olhei no espelho, lavei meu rosto e olhei de novo. Eu costumo falar sozinho:
- Olhe só para você, Pedro. Pedro de Paula, você vai ser o maior guitarrista que o mundo já viu. - disse a mim mesmo
Lucas e Gabriel entram no banheiro, eles são desrespeitosos e perversos.
- Olha só se não é o tampinha falando sozinho de novo
- Se vocês encostarem em mim eu vou chamar a diretora
Eles riram e debocharam de mim.
E como sempre, os dois me ergueram, me levaram a uma cabine, colocaram minha cabeça na privada e deram descarga.
Acabou a aula, eu fui para casa ansioso para saber de vez se eu estava louco ou não. Abracei minha mãe, corri para meu quarto, arremessei a mochila na cama e corri para o fundo do quintal
Fui preenchido pelo sentimento de satisfação, eu não estava louco. Graças a Deus.
- Graças a Deus eu te vi de novo, Vérum.
- Poderei te ouvir tocar outra vez?
- Tá, mas, você terá que me responder algumas perguntas.
- Feito.
- Você é do bem?
- Como as bromas do mar
- O que você é?
- Sou uma criatura de pedra com árvores nas costas, oras!
- Não pode ser mais específico?
- Eu sou tudo o que você conhece
Eu sorri para ele e fingi ter entendido.
- Vérum, há garotos na escola que me maltratam, você não pode brigar com eles?
- Não. Você pode dizer algo a eles
- Dizer o que?
- Te amo, vocês dois
- Ficou maluco?
- Como ninguém.
Eu ri e abracei ele, seu abraço, mesmo que de pedras e árvores, era mais confortável como nunca.
- Vérum, meu amigo virá te ver hoje a noite, tudo bem para você?
- Tudo bem, mas talvez ele não consiga me ver
- Por que?
- É preciso pureza no coração
- Eu tenho pureza no coração?
- Como ninguém.
À noite:
Meu amigo Nicolas chegou, ele deu oi para minha mãe e fomos ao fundo do quintal. Como eu temia, ele não via nada.
- Nicolas, acho que lhe falta pureza no coração.
- Pelo amor de Deus, Pedro. VOCÊ TEM 14 ANOS!
- O que foi?
- Como pode ainda ter amigos imaginários?
- Mas o Vérum não é imaginário, ele não me deixou cair ontem da árvore
- Pedro, onde deixou minhas coisas? Preciso ir embora, lá tem a minha família que não é IMAGINÁRIA.
Ele foi embora, eu voltei para o quintal – depois de levá-lo a sua casa.
- Oque diremos a ele, Vérum?
- Te amo.
Eu ri e me senti tranquilo e confortável.
- Vou pegar minha guitarra
Eu comecei a tocar e eles me levantou e me colocou na árvore mais alta das costas dele.
- Olhe só, Vérum; é Lua Cheia
- É linda, não?
- É sim
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