A única coisa que restara era aquele frasco de perfume.
- Você está linda - repetiu Jerónimo, atravessando o tapete grosso para lhe segurar os ombros. - E não estamos aqui para impressionar ninguém. Nem mesmo minha mãe -
acrescentou com um sorriso.
Quando a boca de Renata se curvou no começo de um sorriso, ele inclinou-se e a beijou . Manteve o beijo superficial, embora isso estivesse longe do que realmente queria. Apenas uma pressão firme de lábios com lábios, em vez de uma dança sensual de línguas.
Apenas o roçar da ponta dos dedos nos ombros delicados, em vez de suas mãos penetrando a bainha do vestido com avidez. Jerónimo a liberou, dando um passo atrás, antes que a prova de seu desejo se tomasse óbvia demais. O batom recém-aplicado borrou, e ele limpou a mancha com a ponta do polegar.
- Talvez devêssemos pular o jantar e ir direto para a sobremesa - sugeriu-o com voz baixa e grave.
- Não acho que sua mãe ficaria muito contente com isso.
Jerónimo ficou satisfeito em ouvir a mesma rouquidão na voz dela que ouvia em sua própria voz. Significava que não estava sozinho no desejo que acelerava sua pulsação.
- Acho que não dou à mínima - murmurou ele.
- Por pior que essa ideia provavelmente seja eu sinceramente desejaria que pudéssemos pular o jantar. Qualquer coisa seria melhor do que ter de encarar sua mãe novamente.
Jerónimo franziu o cenho. Ela estava insinuando que ficar no quarto e fazer amor com ele seriam apenas um pouco melhor do que uma noite passada na companhia de sua
família?
Mas antes que ele tivesse a chance de protestar, uma batida soou à porta de sua suíte.
- Deve ser a babá - disse ele, conseguindo disfarçar seu desapontamento.
- Você contratou uma babá? - perguntou Renata, o tom de voz tanto surpreso quanto desaprovador.
- Não realmente - replicou ele. - Uma das criadas de mamãe vai ficar com Dann por algumas horas. Tudo bem?
- Eu não sei. Ela é boa com crianças?
- Não sei - respondeu ele. - Vamos conhecê-la e interrogá-la.
Segurando-lhe o cotovelo, Jerónimoa conduziu para a porta do quarto.
- Eu não quero interrogá-la - murmurou ele suavemente enquanto eles atravessavam a sala de estar, onde Dann estava dormindo. - Só quero saber se ela é qualificada para ficar com meu filho.
- Nós estaremos no andar de baixo, de modo que você pode subir para checá-la a qualquer momento que quiser - ele a assegurou. - Esta noite pode ser o teste da garota. Se você gostar dela, podemos pedir-lhe que fique com Dann sempre que você precisar enquanto estiver aqui. Do contrário, contrataremos uma babá de verdade. Uma em quem você confie cem por cento.
- Você está me aplacando, não está? - perguntou ela, uma ponta de irritação na voz.
Com uma das mãos na maçaneta da porta da sala, ele virou-se e sorriu.
- Com certeza. Enquanto você estiver aqui, tudo que precisar tudo que quiser, eu pretendo fazer com que tenha.
Os olhos verdes se arregalaram, e ele soube que ela ia discutir. Então, inclinou-
se e capturou-lhe a boca, beijando-a até a completa submissão.
Quando ele afastou-se, seu próprio corpo estava inundado de calor e desejo.
- Permita-me fazer isso - pediu ele, pondo uma mecha de cabelos dela atrás da orelha delicada, enquanto o gosto de Renata continuava em seus lábios, incentivando-o a beijá-la novamente. - Por favor.
Como sempre, jantar com a família de Jerónimo era exaustivo. Delicioso, porém exaustivo. A mãe dele estava arrogante como de costume, e, embora Renata sempre tivesse gostado do irmão de Jerónimo, Adam, e da esposa dele Clarissa, eles eram feitos do mesmo material de Eleanor.
Nascidos em berços de ouro, nunca haviam conhecido um momento de verdadeira necessidade. E, com a criação que tinham tido, eram extremamente refinados, sem um fio de cabelo fora de lugar, sem jamais falar uma palavra errada. Apesar disso tudo, Adam e Clarissa não eram tão frios e críticos quanto sua ex- sogra.
Desde o momento que ela se casara com Jerónimo, eles a tinham tratado como membro da família, e parecido lamentar genuinamente quando ela eJerónimo haviam se
separado.
Mesmo essa noite, conhecendo as circunstâncias que cercavam o retorno de Renata à Mansão Linhares, e o desprezo óbvio de Eleanor por ela, o irmão e a cunhada de Jerónimo a trataram como no passado. Sem olhares desconfiados ou perguntas que a
fariam se sentir insegura, apenas com sorrisos amigáveis e brincadeiras inofensivas.
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