Aquilo ajudara a amenizar um pouco do nervosismo de Renata logo que ela entrara no salão de jantar opulento. E, claro, Eleanor já estava sentada à cabeceira da mesa, como uma rainha... E apenas a expressão dela fez com que Renata se sentisse um inseto sob um microscópio. Para alívio de Renata, sua ex-sogra mantivera o clima leve e impessoal durante a entrada e o prato principal, mas no momento que a sobremesa foi servida, Eleanor deixou cair sua fachada educada, e começou a atirar comentários agressivos na direção de Renata, alguns diretos, outros mais sutis.
Todavia, dessa vez Jerónimo a defendeu... Algo que nunca fizera antes, não com a mãe dele. Possivelmente porque no passado os ataques de Eleanor eram mais reservados para quando as duas estavam sozinhas, de modo que ninguém mais pudesse testemunhar o verdadeiro ódio de Eleanor pela esposa do filho.
Mas, esta noite, Eleanor não se incomodara em esconda seu desgosto por Renata, e Jerónimo respondera a cada ataque da mãe, sempre em defesa da ex-esposa. E
quando a sobremesa acabou, e Eleanor parecia preparada para o ataque completo, ele tinha anunciado que fora um longo dia, desejado boa noite a todos, então pegado a mão
de Renata e a levado para fora da sala de jantar.
Ela estava inundada de alívio, e ainda segurava a mão dele como uma corda de salvamento enquanto eles subiam a escada lado a lado. Sentia-se como se sentira logo que eles haviam começado a namorar, antes que a realidade de ser a Sra. De Jerónimo Linhares se instalasse e lhe roubasse a felicidade.
Chegando à porta da suíte, ambos sorriam, e Renata estava levemente ofegante.
Jerónimo pôs um dedo nos lábios, sinalizando para que ela ficasse quieta, antes que abrisse a porta. O fato de ele ter pedido silêncio a fez perceber como estava perto de dar risadinhas, risadinhas. Como uma menina de 12 anos. Abafando o som estrangulado, ela continuou segurando a mão dele e seguiu-o para dentro da saleta escura. A criada que ficara com Dann estava sentada do outro lado do berço, lendo uma revista sob a luz fraca de um abajur. Quando ela os viu, echou a revista e levantou-se rapidamente.
- Como ele ficou? - sussurrou ele.
- Bem - respondeu a jovem com um sorriso. - Ele dormiu o tempo inteiro.
Boa notícia para uma babá. Não tão boa para pais que estavam ansiosos por uma boa noite de sono.
- Isso significa que ele acordará no meio da noite - sussurrou Renata para ninguém em particular - Então Jerónimo prepare-se para finalmente experimentar o verdadeiro incômodo da paternidade.
Ele sorriu-lhe, os olhos azuis brilhando com um calor que não tinha nada a ver com euforia parental.
- Estou ansioso por isso.
Após dar algumas notas dobradas à jovem criada, algo que Renata sabia que Eleanor desaprovaria, ele acompanhou-a até a porta, então se juntou à ela ao lado do berço do filho. Jerónimo descansou uma mão nas suas costas, e ela teve de engolir um nó de emoção na garganta diante da cena que eles formavam.
Mãe e pai parados diante do berço do filho, observando-o dormir. Era assim que ela sempre imaginara uma família. Era o que quisera quando tinha se casado com Jerónimo, e eles haviam começado a tentar uma gravidez. Era engraçado como a vida nunca saía como você planejava. Mas isso era gostoso, também. Talvez não ideal, talvez não o epítome de seus sonhos de adolescente, mas ainda a aquecia seu coração.
- Espero que ele não esteja adoecendo - murmurou ela, pondo o dorso da mão na testinha do filho. Ele não estava com febre, mas não era possível ter certeza. - Ele
geralmente não dorme tanto.
- Dann teve um dia agitado - apontou Jerónimo. - Você também estaria cansada se essa fosse sua primeira viagem desde o nascimento.
Ela riu, então abafou o som com uma das mãos para não acordar o bebê. Com um sorriso, Jerónimo pegou-lhe a mão e puxou-a em direção ao quarto. Uma vez dentro do quarto, ele a girou, puxou-a para seu peito e cobriu-lhe a boca com a sua.
Jerónimo a beijou por longos minutos, e Renata perdeu o fôlego, a visão, a sanidade, seu mundo inteiro se tornando a única realidade que era estar naqueles braços sólidos.Quando ele afrouxou o abraço para deixá-la respirar, ela piscou e inclinou a cabeça contra a porta enquanto ele continuava a mordiscar-lhe os lábios.
- Isso não era o que eu tinha em mente quando você falou que nós
compartilharíamos sua suíte - murmurou ela, após encher os pulmões com oxigênio tão necessário.
- Engraçado. Foi exatamente o que eu visualizei. - Ele falou as palavras contra sua pele, lambendo o lóbulo ao redor do pequeno brinco.
De alguma forma, Renata não duvidava daquilo. Mas deixar Eleanor pensar que eles estavam compartilhando um quarto, e realmente compartilhar um quarto -uma cama eram duas coisas bem distintas.
- Eu ia dormir no sofá da sala. Ou escapar para um dos quartos de hóspedes quando ninguém estivesse olhando. Isso...
Renata gemeu quando a língua dele traçou um ponto sensível atrás de sua orelha.
- Isso... Não é sábio - conseguiu terminar a sentença, com voz trêmula.
Passando os braços ao redor dela e erguendo-a contra seu corpo uma das mãos nas costas de Renata , a outra lhe segurando sua bunda Jerónimo virou-se e andou diretamente para a cama.
- Eu acho que é maravilhoso - replicou ele, então a derrubou no colchão como um saco de batatas.
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