História Meu benzinho - Minha infância tão amarga

Aos 4 anos de idade minha mãe faleceu, por conta de um câncer de mama, nunca odiei tanto uma doença igual essa, pois graças a isso o meu pai começou a beber e nunca mais largou do vício. Eu e minha irmã mais velha, Alice que era 5 anos mais velha do que eu , começamos a apanhar quase todos os dias muitas vezes por motivos que não eram nossa culpa, agradeço muito a ela porquê a maioria das vezes ela assumia a culpa e sempre me olhava e dizia "Você é muito nova para sentir a dor", sempre que ela dizia isso meu coração palpitava e eu chorava como se fosse a pior coisa do mundo, era ingênua, pois aquilo lá só era o começo. 

Após alguns anos eu já tinha 10 anos e minha irmã 15. Meu pai arranjou uma nova esposa, uma mulher linda de olhos azuis como o mar, cabelos escuros, pele clara e bem alta, era a primeira vez que estava tendo contato com uma estrangeira, já que nunca saímos de Seul apesar de ter nome estrangeiro, mas isso é porquê minha mãe sempre amou nomes de fora. Nos primeiros meses eu e Alice nos apegamos a ela, mas com o passar do tempo a moça que parecia um anjo virou o capeta, seu nome era Carmen. Carmen é a típica madrasta de filmes de romance. Sempre mandava eu e minha irmã limpar toda a casa e se a gente respondesse ela, ela fazia nós se sentir arrependida de ter nascido. Muitas vezes queria brincar com as crianças que eram minhas amigas do colégio e minha suposta "segunda mãe" inventava coisas terríveis para todas elas, o que causou um afastamento da parte delas. Foi aí que minha solidão começou, apesar de ter a minha irmã ainda. 

Com o passar dos anos minha irmã, Alice, tentava no seu possível conseguir sua independência e depois de ter uma briga feroz com a Carmen ela se mudou para viver com sua melhor amiga, em Busan, mas me prometeu que iria me buscar. Nisso eu já estava com 13 anos e senti todo o peso de uma responsabilidade que vinha nos meus ombros. Para começar meu pai parou de me bater com frequência, eu até acho que ele sentiu piedade de mim depois que Alice foi embora, sempre falei pra ele que sua esposa era um naja, mas ele nunca me deu ouvidos e sempre achava que eu era um bebê. Mas o inferno bateu na minha porta por conta da Carmen e o colégio. 

Quando entrei no ensino fundamental tudo estava indo bem, mas com o passar dos anos tudo se tornava mais difícil, a minha convivência com a minha madrasta se tornava mais complicada e a falta de amigos começou a me deixar pra baixo, já com 13 anos tinha pensamentos suicidas e queria que Deus tivesse dó de mim e não deixasse eu acordar nunca mais. Mas ele nunca atendeu nenhum tipo de pedido meu. Com 15 anos, quando entrei no ensino médio era frequente as piadinha sobre mim, por ser muito magra (pela má alimentação que tinha) e por sempre ser a 1° da turma, mas após alguns meses isso ficou cada vez mais pesado as pessoas faziam brincadeiras com a morte da minha mãe e isso foi rápido até as meninas da minha sala começarem a me atormentar e me humilhar em todas as oportunidades que elas viam, tapas na cara eram normais, jogar comida na minha cara e apanhar na saída também se tornaram normais.

 Até que tudo mudou quando chegou a metade do ano e os ventos da chuva trouxeram o meu benzinho.