1. Spirit Fanfics >
  2. Meu burguês favorito >
  3. Na tela da TV, no meio desse povo

História Meu burguês favorito - Na tela da TV, no meio desse povo


Escrita por: JohnnyZeppeli

Notas do Autor


ATRASEI MAS O ESPIRITO DE CARNAVAL NÃO MORREU ~disse a pessoa que nem saiu de casa rs~
particularmente eu amei escrever esse capítulo porque né, mesmo n pulando carnaval eu amo escrever coisas sobre ele, ainda mais se tratando de fic no Brasil IUDHAHDU
ah! desde já eu aviso: não vai ter ninguem beeeebado no cap, mas vai ter gente mais alegre
e, nesse caso, os pensamentos desse personagem realmente vão ser por conta da bebida
mas só por enquanto, tá? lembrem bem do jeito que ele vai agir porque, daqui a alguns capitulos, ele vai agir assim sem precisar de bebida rs
outra coisa! como a fic é mais pro lado crack da vida, eu peço que ignorem certas coisas tipo "tempo" IUDASUIDHUA
no caso, Shoto fez 18 em janeiro e o cap se passa em março, mas leva, no minimo, uns 3 meses pra tirar carteira de motorista.
mas A FIC EH MINHA ENTÃO N LIGO UHUL shoto precoce sim fez 18 e já tirou a carteira é isso ai UHDAHUDHU
acho que é isso, se eu lembrar de mais algo eu edito aqui, mas espero que gostem do cap <3

insta: jujufag_

Capítulo 4 - Na tela da TV, no meio desse povo


No fim, eu acabei saindo com os meus amigos no carnaval. Eu inventei desculpas para todos os dias mas, agora, minhas desculpas acabaram e estou aqui, no último dia, pegando um ônibus lotado indo para o bloco do Cordão da Bola Preta em troca de uma promessa de um x-tudo quando voltássemos para casa. Ao meu lado tem o Hanta com uma camiseta de uma vaca e de um cachorro com a frase “se ama um, por que come o outro?” e, atrás de mim, tem três power rangers: um amarelo, um vermelho e um rosa. Esses três, no caso, eu gostaria de fingir que nunca nem vi em toda a minha vida, mas isso é quase impossível.

— Katsuki! — gritou Eijirou — Dá um sorriso, bro! É carnaval, você passou praticamente o feriado todinho em casa!

— E eu estava muito bem, obrigado.

— E hoje vai ficar ainda melhor, queridão — Agora, foi a vez de Denki. — Você vai se divertir, conhecer gente nova, quem sabe dar uns beijos…

— Teu cu. Essa troca de saliva com gente que tu nunca viu na vida é coisa sua e daquele ali — apontei para Eijirou —, eu fico bem de boa.

— Insensível — o ranger amarelo fez um bico, voltando a conversar com os outros dois.

— Relaxa, cara — Sero deu tapinhas no meu ombro —, eu vou estar com você. Sabe que também não curto multidão, então a gente pode achar um canto tranquilo e ficar por lá.

— Se a gente encontrar um canto tranquilo vai ser um milagre, isso sim. — Bufei, mas agradeci em voz baixa por ter alguém com o mínimo de QI dentro daquele grupo.

Pelo menos, esse foi meu pensamento até descermos no ponto de ônibus mais próximo do bloquinho… E eu já tava arrependido para um caralho.

Era gente demais. Muita gente, tipo, muita mesmo. Além de uma barulheira infernal que me deixava impossibilitado de ouvir até o Eijirou, e olha que o cara é escandaloso pra porra.

Para piorar, eu não fiquei nem cinco minutos com os meus amigos porque, assim que eles inventaram de ir para o meio do povão, eu me perdi de todos eles. Só lembro-me de ter ouvido o Eiji falando algo como “que homem másculo” e os outros rangers foram logo atrás.

Sinceramente? Era óbvio que ia dar merda, né? Eu só não esperava que isso ia rolar tão cedo.

Certo, não adianta eu ficar puto — mesmo que isso fosse solução pra quase cem por cento dos casos —, então eu respirei fundo e comecei a andar para a direção oposta à que as pessoas andavam, torcendo para encontrar um mínimo de tranquilidade.

Em pouco tempo de caminhada eu já avistei beijo triplo, quádruplo, sexo, umas encoxadas bizarras, camisinhas no chão — pelo menos estavam usando preservativo, né? — e, obviamente, senti um cheiro de mijo. Nada além do esperado para o carnaval. Continuei andando mais um pouco até sentir meu celular vibrar, mostrando uma mensagem da Mina no nosso grupo.

Mina

Hanta? Katsuki? Cadê vocês???

Hanta

No ônibus voltando pra casa

:D

Ah tá

Lixo do caralho

Nem pra avisar, cuzão

Hanta

Eu me perdi de todo mundo ué

Achei que, numa dessa, você tivesse optado por ficar aí sambando

Aí voltei

Pega o ônibus e vem também cara, se não quer ficar no bloquinho, não se force.

Bem, eu adoraria voltar

Mas tô perdido no meio de uma putaria de gente

 

Mina

Argh, eu vou te procurar

Eijirou e Denki tão se pegando e me deixaram aqui, sobrando.

Daí fui andar e me perdi.

FICAR SOZINHA É RUIM DEMAIS.

Não quero isso.

Consegue me dar um ponto de referência? Uma loja?

Sim

Eu estou numa rua meio que afastada da concentração de pessoas.

Tem um mercado Pão de Açúcar aqui.

Vou ficar bem na frente.

Mina

Sei onde é! Tô indo aí.

 

Tá, menos mal. Vou esperar ela aqui, até para não deixá-la sozinha no meio de toda essa gente e, quando os dois lá pararem de se agarrar e decidirem procurar por nós, eu deixo a Mina com eles e depois volto pra casa. Se o universo colaborar, não vai demorar pra acontecer tudo isso.

Por sinal, ele já está colaborando. A menina de cabelos cor-de-rosa conseguia se destacar mesmo em meio à multidão colorida que a cercava e, assim que me avistou, sorriu, correndo em minha direção.

— Finalmente te encontrei! Obrigada por não ser que nem certos veganos que abandonam os amigos.

— Obrigado o cacete, né? A gente mal chegou e vocês já sumiram. Mais um pouco e eu ia fazer o mesmo que o vegano.

— Não foi minha culpa! O Eiji que não pode ver um macho que já vai atrás, aí arrastou o Denki que também me arrastou… Pelo menos foi engraçado ver o Eijirou chateado pelo cara ser hétero e o Denki chateado por ter levado fora de uma menina, mas não demorou nem um minuto até que eles estivessem dando uns amassos nada inocentes, daqueles que nascem depois de dois amigos levarem um fora, e então… Bom , o resto você já sabe. — Ela deu de ombros, olhando as fotos que, provavelmente, havia recém tirado com várias coisas brilhantes e chamativas, típicas de carnaval.

— Que seja, aqueles dois trocam saliva pelo menos uma vez por mês, nem me surpreendo mais. Eu só vou esperar eles virem até aqui pra você não ficar sozinha e daí vou vazar.

— Eu não quero te prender aqui, Katsuki. Sabe que, ao contrário de você, eu sou uma verdadeira miss simpatia e posso fazer amigos novos em questão de segundos, né? Inclusive, só de vir pra cá já conheci quatro pessoas.

— Eu podia mandar você tomar no cu, mas você não tá errada. E eu já to aqui, não me importo de esperar mais um pouco até que aqueles dois apareçam.

Awn, que atitude fofa, Katsuki! Então pera lá que eu vou dar um jeito de trazer eles aqui rapidinho.

Mina abriu o WhatsApp, xingando o celular por ser muito lerdo e logo começou a digitar uma mensagem em nosso grupo. O sorriso no rosto dela deixava bem claro que aquilo seria algo do tipo infalível, então provavelmente envolveria algo do tipo…

 

Mina

Tem um menino MUITO lindo aqui comigo, gente.

Mostrei foto do Eijirou pra ele e ele se apaixonou, quer conhecer.

*Localização*

VENHAM!

 

Antes que eu pudesse perguntar sobre qual menino ela estava falando, Mina cutucou um rapaz de cabelos verdes que aparentava ter a nossa idade. Tinha umas sardas no rosto e parecia ser o tipo de cara que o Eijirou ia gostar, na verdade.

— Desculpa chegar assim, mas posso tirar uma foto com você?

— C-comigo? — Ele coçou a bochecha, um pouco tímido. — Bem, p-pode sim… — Por fim, sorriu.

Então, Ashido bateu a foto e, novamente, enviou-a no grupo. Depois, abriu uma foto do Eiji e mostrou para o garoto.

— Esse meu amigo aqui te viu na multidão e te achou lindo, quer muito ficar com você. Se eu chamar ele aqui você topa?

— Sério!? — Ele pareceu surpreso. Encarou a menina que estava ao seu lado, que sorriu e fez um sinal do tipo “vá em frente”. — Eu aceito, sim!

Parecia que a timidez havia desaparecido completamente em questão de segundos. Ele apresentou-se como Izuku e ficou ainda mais contente quando Mina mostrou o celular com a mensagem de Eiji dizendo que estava vindo até nós o mais rápido possível. O cara realmente não sossega, né?

— E esse aqui é meu amigo com cara de cu, Katsuki — Mina me puxou pelo braço de forma repentina. — Mas ele é um amorzinho, tá?

— Olá! — Os dois se apresentaram, mas a garota continuou falando. — Eu sou a Ochako, namorada do Izuku.

— Ora essa, um poliamor? — Mina perguntou.

— Basicamente — ela respondeu, tranquila. — A gente fica com outras pessoas desde não seja pelas costas do outro. É bem como vocês viram agora, se alguém quer ficar com outra pessoa é só avisar, e pronto!

— Hm… — Ashido encarou Ochako com um sorriso que, novamente, depois de anos de amizade, eu sabia o que significava. — Então você fica com outras pessoas?

— Fico, sim. — Como já era de se esperar, ela entendeu o sorriso.

Alguns minutos depois, com a chegada do Eijirou, eu percebi que ia ficar de vela naquele local. A troca de olhares entre Kirishima e Izuku deixou bem claro que aqueles dois não iam se desgrudar tão cedo — o mesmo valeu para Ochako e Mina. No começo, Denki tentou algo comigo, mas diferente dele, de Eijirou e de Hanta, eu não beijo meus amigos.

Pelo menos, não mais.

Enfim. Denki acabou indo caçar mais bocas pra beijar e, finalmente, eu estava livre para voltar ao ponto de ônibus. Olhei meu celular e fiquei surpreso ao ver que, mesmo depois de tudo isso, não fazia nem uma hora que eu estava nesse lugar. A hora estava se arrastando, puta que pariu! Espero que continue assim quando eu chegar em casa pra que eu possa ter mais tempo para fazer nada.

Pelo menos, eu estava me afastando da multidão. O ponto de ônibus estava, de certa forma, tranquilo, já que ainda era cedo demais para que as pessoas que gostam do carnaval voltassem para casa. Se tudo estivesse dentro do horário, não ia demorar até que o ônibus chegasse, então me encostei no ponto e fiquei usando o celular. Mas, como Katsuki Bakugou nunca pode ficar em paz, segundos depois surgiu um cara chegou do meu lado e praticamente colou em mim.

— Oizinho! — Quando ele abriu a boca um cheiro insuportável de álcool saiu dela. — Está sozinho?

— Sim. E estou muito bem. — Respondi, me afastando dele.

— Certeza? — ele voltou a se aproximar. — Não quer ficar ali com meus amigos?

— Não, eu disse que estou bem.

— Hm… — encarou-me da cabeça aos pés, abrindo um sorriso. — E se for só comigo?

— Que porra! Não quero, cacete! — Eu me afastei mais ainda, quase perdendo a paciência, que já não era das maiores.

— Poxa vida, mas é só pra gente bater um papinho e-

— Achei você! — Um rapaz enorme, de cabelo raspado e de fantasia do Banguela colocou a mão no meu ombro, exibindo um sorriso radiante. — Caramba, achei que não ia te encontrar nunca! Ah, é um amigo seu? — O careca apontou para o cara que estava comigo, que tinha praticamente a metade da altura dele.

— Não. Nunca nem vi. — Respondi, ainda extremamente puto.

— Entendo. Bem, então, vamos? Shoto tava preocupado com você. — Então, ele me puxou.

Então, parei pra pensar no nome que ele disse. Shoto? Aquele Shoto? Não é um nome tão comum, então… Shoto?

— Desculpa chegar assim — o gigante voltou a falar. — Mas vi que você estava desconfortável com aquele cara e a polícia estava por perto. Acredito que, se tivesse agredido ele, você poderia ter problemas.

— Eu estava quase quebrando a cara dele no asfalto, mesmo. Mas… você falou Shoto?

— Sim. Espera, você o conhece?

— É um com cabelos e olhos bicolores? — O careca assentiu.

— Ele mesmo, o meu Shoto! Que mundo pequeno! — Agora, ele me abraçava como se fossemos amigos de anos. — Eu me perdi dele. Na verdade, estávamos indo a um bloco específico na Cinelândia, mas eu coloquei o endereço daqui e aí vimos que o local estava errado mas eu vi uma barraquinha de caldo de cana e não resisti, aí pedi pra ele parar o carro pra que eu pudesse descer e ele disse que ia dar a volta mas até agora não voltou, então-

— Puta merda, como você fala! Quer dizer, é… — Mesmo ele sendo bem irritante, eu não podia negar que ele me ajudou, já que socar aquele cara realmente poderia me trazer problemas. — Obrigado. É isso.

— Ora, não precisa me agradecer. E ah, que falta de educação a minha! Me chamo Inasa e sou amigo de infância do Shoto! Ah, sabia que o primeiro beijo dele foi comigo!? E o meu foi com ele também! A gente queria saber a sensação e daí nos beijamos, mas nunca namoramos porque aquilo seria estranho, até porque beijar o Shoto já foi estranho. Mas eu dou selinho nele sempre que a gente se vê, sabia? É meu jeito de mostrar carinho por ele, que é meu melhor amigo. — Ele contava tudo na maior empolgação do mundo.

Certo, se eu passasse mais dez minutos com esse cara eu sabia que ia acabar descobrindo a vida inteirinha dele. Eu nem ao menos queria saber quando ou como ele conheceu o burguês, mas saber de tudo aquilo do mais completo nada foi, no mínimo, engraçado, no final das contas.

— Eu conheci ele numa choppada — acabei continuando o assunto.

— Oh! Você é o que fez o churrascão esses tempos? — Assenti. — Entendi! Shoto elogiou muito a sua comida, sabia disso?

— Claro que sei — sorri, me gabando.

— Então, um dia, eu quero provar, viu? Ah, finalmente, olha o carro dele ali!

Tinha uma vaga bem na frente de onde estávamos, então o meio a meio conseguiu estacionar.

E eu tive de me segurar muito pra não rir da cena que eu vi. Ele usava uma fantasia do Soluço. O pior é que estava muito boa, praticamente impecável, e combinava com ele. Logo o burguês desceu do carro, resmungando algo.

— Eu pensava que era impossível perder alguém do seu tamanho, mas eu consegui- oh. Katsuki, olá! — Sorriu ao me ver. — O que faz aqui? E vocês se conhecem?

— Fui arrastado com a promessa do um x-tudo, mas nem essa bela refeição me deu forças pra continuar aqui.

— E tinha um cara enchendo o saco dele no ponto de ônibus, aí fingi que éramos amigos e trouxe ele pra cá.

— Ah, esse bloquinho é impossível, e é cheio de gente otária, mesmo. Você não quer ir com a gente?

— Mas pra onde vocês… Cacete, é verdade! — Bati em minha testa, só então lembrando-me do convite que Shoto me fez para o tal bloco otaku. — Eu esqueci completamente disso.

— Percebi — sorriu mais uma vez. — Mas o convite ainda está feito.

— Eu… Mas, na real, por que estão de Soluço e Banguela se o bloco não é sobre isso?

— Na verdade — foi a vez de Inasa falar —, agora ele é. Acontece que ia ter um bloco otaku e geek e também um bloco de filmes de animação, tudo no mesmo dia. Como o público era quase o mesmo a gente reclamou e, no fim, juntaram os dois blocos. Inicialmente eu pensei em ir de Naruto e fazer o Shoto ir de Sasuke, mas com certeza mais da metade do pessoal vai usar essas fantasias, então estamos de Banguela e Soluço! — Por fim, Inasa abraçou o meio a meio, contente pelas fantasias que combinavam.

— Entendi.

O pior era que eu não estava achando aquele bloco tão ruim. Eu gostava muito da cultura geek, sempre amei histórias de heróis e tudo que fosse desse gênero.

— E vai continuar sendo mais tranquilo, Katsuki — Shoto me encarava. — Como eu disse, maioria crianças e uma música muito boa pra quem gosta disso.

Obviamente eu não ia dançar, mas curtir as músicas seria… Porra, eu realmente to aprovando a ideia de ir pra um bloquinho de carnaval?

— Eu só não tenho uma fantasia — respondi, ainda sem saber ao certo se eu iria ou não.

— A gente tem uma da Astrid no carro! — O careca era, de longe, o mais empolgado de nós, como se ter uma Astrid fosse a coisa mais perfeita que poderia acontecer naquele carnaval. Se duvidar, esse realmente era o pensamento dele.

Sendo bem sincero, eu não me importava em usar uma fantasia de uma personagem feminina. Até porque Astrid era incrível e, mesmo que eu não fale muito sobre isso, Como Treinar o seu Dragão é minha trilogia preferida, sem contar a série de livros, que também é excelente, mesmo que eu não tenha lido todos os livros por falta de grana. Então, se querem saber, eu vou aceitar isso, sim.

— Onde eu me troco? — Acabei sorrindo para Inasa também.

— Pode ser dentro do carro — Shoto destrancou as portas. — Ele tem insulfilm e ficaremos aqui, então será seguro. Até porque acredito que você não encontrará nenhum banheiro muito limpo a essa altura do campeonato.

— Eu sei que não. Então, se me dão licença…

Shoto e Inasa assentiram. Entrei no carro, fechando a porta e vendo que o burguês trancou-as novamente. Seu carro era bem espaçoso e, convenhamos, eu não era lá tão alto assim, então consegui me trocar sem muitas dificuldades. Era a roupa que ela usava no último filme, então eu não ia morrer de calor, felizmente — até porque, cá entre nós, eu não era tão calorento. Pelo contrário, sentia frio com bastante facilidade.

Eu não tinha nenhum espelho, mas tinha certeza de que aquela roupa estava ótima! Quando terminei, bati no vidro e abri a porta lentamente, cuidando para não bater em Shoto, que estava ao lado. Quando ele me viu, abriu um sorriso discreto — bem diferente do sorriso de Inasa.

— Ficou ótima em você — comentou, com a voz baixa como de costume.

— Ótima!? Ficou perfeita, Shoto! Katsuki nasceu pra ser a Astrid! — Sem perder tempo. o gigante sacou o celular e bateu uma foto minha e do meio a meio. — Olhem, está incrível!

Ele me entregou o celular e… Caralho, que foto ótima! Eu não entendo muito disso, mas posso dizer que a iluminação, foco e enquadramento estavam, simplesmente, perfeitos. Parecia até que Inasa era algum fotógrafo com muita experiência, se não um profissional.

— Caralho, careca, tu sempre tira foto assim?

— Sim — foi Shoto quem me respondeu. — As fotos do meu instagram foram todas tiradas por ele.

Eu não lembrava muito das fotos do burguês, então abri o aplicativo para checar, sendo novamente surpreendido. Era fotos incríveis, com cenários incríveis e, na maioria, Shoto sorria de forma espontânea. O careca claramente sabia como, quando e onde tirar cada foto, e isso era incrível, mesmo que não combinasse tanto com ele.

— Foda demais, careca, meus parabéns.

— Obrigado! Vou tirar mais fotos ao longo do dia, se não se importar.

— De boa — dei de ombros.

— Então, vamos? Para o endereço certo dessa vez, não é?

— Com certeza! — Inasa gargalhou, entrando no carro para o banco do passageiro.

Sentei no banco de trás, atrás do careca, e não vou negar que precisei rir da cena que eu via.

— É engraçado ver você dirigindo, Shoto. Tu tem cara de criança.

— Não é a primeira pessoa que fala isso para mim, mas eu não te culpo, Afinal, sei que minha cara não ajuda. Mas juro que tenho dezoito anos, completados dia onze de janeiro.

— Você é mais novo que eu, então. Faço dezenove em abril. Mas sem previsão pra dirigir, já que essa porra de carteira é cara pra caralho.

— Eu não tiro porque sei que seria uma tragédia no trânsito! Por isso, Shoto sempre me salva. Ainda bem que tirou a carteira de primeira.

— Eu mesmo não via motivos pra ter tanta pressa, mas meu pai queria que eu fosse de carro para a faculdade, tanto é que comprou esse daqui um dia depois de eu tirar a carteira. Ele não confia em condução e nem em uber, na verdade. É bem coruja, mesmo não parecendo.

— Não sei porque, mas acho que pai coruja combina contigo. Como ele é?

— Eu mostro uma foto! — O careca pegou o celular de Shoto, abrindo o WhatsApp numa conversa com o pai dele, me mostrando as fotos que ele mandava.

Puta que pariu, era tão… pai! Aquelas típicas fotos de tiozão, borradas, tiradas de um ângulo horrível.

— Pode rir. Sei que ele é péssimo fotógrafo.

— Foi mal, Shoto, mas é igual ao meu pai, na verdade. Ele é péssimo com fotos também, mas… Cacete, teu pai é enorme! — Finalmente parei em uma foto onde o cara estava de frente para um espelho numa academia. Ele era uma montanha de músculos, parecia que ia gritar “hora do show, porra” pra qualquer um que falasse com ele.

— Sinceramente, espero não ficar como ele. Digo, provavelmente ainda cresça um pouco, mas não acho que tantos músculos assim combinem comigo.

— Não combinam, não — Foi Inasa quem deu a resposta. — Você é lindo assim, com traços delicados. Não é, Katsuki?

Ah, porra. Por que perguntar isso pra mim? Eu não era de elogiar as pessoas, ainda mais tão diretamente. Shoto era bonito, sim. Bastante, por sinal. Mas não falaria isso em voz alta, de jeito nenhum.

— Você tá vermelho! — O gigante virou o pescoço para mim, parecendo a menina do Exorcista, e aquele sorriso enorme continuava no seu rosto. — Então, concorda, né?

— Q-que raios a minha opinião interfere nisso, cacete?

— Eu já sei que não ficaria bom daquele jeito, Inasa. Por isso não farei academia. Gosto apenas de caminhar ou andar de patins.

— Você curte caminhar? — Continuei nesse assunto antes que o careca desse um jeito de chamar Shoto de lindo de novo e de tentar arrancar minha opinião.

— Sim, principalmente em parques. Você também?

— Gosto. Não tenho muita companhia, já que Eijirou é rato de academia e o resto é tudo sedentário, mas gosto de sair por aí.

— Oh. Não tenho companhia também. Quando Inasa vem me ver nós saímos juntos, mas por ele ser de Petrópolis, isso não ocorre com tanta frequência.

— Eu moro longe! — Disse o “mister óbvio”.

— Sei disso, careca. Tu bem que tem sotaque do interior, mesmo. Mas… hm, se tu quiser caminhar um dia… pode chamar.

Eu não tinha o costume de fazer convites desse tipo. Sempre curti sair por aí sozinho, mas a companhia de Shoto era boa, muito boa. Então, caminhar com ele poderia ser legal no final das contas.

— Eu aceito, sim. — Pude ver que ele deu outro sorriso e não consegui não corresponder, mesmo que de forma discreta.

Então, o assunto morreu por uns dois minutos, até finalmente chegarmos ao local do bloquinho — mas ainda longe da folia, obviamente. Contudo, eu já pude ver as pessoas chegando, e digamos que era tudo exatamente como eles me contaram: crianças, muitas fantasiadas de Naruto, mas também vários super heróis — algumas fantasias profissionais, por sinal —, além de várias fantasias de filmes da Disney e afins. Não vou mentir, parecia um excelente bloquinho!

— Bem, você vai dançar? — Shoto perguntou ao careca enquanto procurava por um local para estacionar.

— Claro! Mas acho que vou querer beber algo antes, o que acha?

— Por mim tá ótimo. Então, se já quiser descer e pegar um lugar no restaurante… vou procurar um estacionamento mais pra frente, ok?

— Certo, te espero nesse daqui — ele apontou para o restaurante que estava ao nosso lado, consideravelmente vazio, para a nossa sorte. — Vem comigo, Katsuki?

— Pode ser. Quero tomar algo também.

Descemos do carro e nos despedimos de Shoto, que soltou um baixo “volto já” e continuou dirigindo.

— Ele vai encontrar algum lugar no meio dessa putaria? — Perguntei de forma sincera.

— Vai, sim! A maioria vem de metrô, uber ou ônibus, justamente pra não se incomodarem com estacionamentos. E tem um estacionamento não muito longe daqui, então logo ele aparece. Vem, vamos nos sentar! — O careca puxou a minha mão, pegando uma mesa do lado de dentro do bar por ser menos barulhento. — O que vai beber?

Eu já tinha recebido meu salário, então podia aproveitar e beber algo que não fosse suco ou refri. Mesmo não sendo fã de álcool, não vou negar que uma caipirinha cairia muito bem nesse calor. Então, seria isso mesmo.

— Vou querer uma caipirinha tropical — pedi assim que o garçom aproximou-se da nossa mesa.

— E eu, uma de kiwi. Tá tendo caipira em dobro? — O rapaz assentiu. — Eba! Então, será que já peço a do Shoto?

— Ele gosta de qual?

— Da tropical. Na verdade, é a única que ele bebe.

— Ah, então deixa que ele bebe a minha e, depois, ele paga a próxima — dei de ombros. Afinal, não tinha motivos pra deixar a mesa cheia de copos se eu e ele vamos beber uma do mesmo sabor.

— Não tinha pensado nisso! — Ele exclamou, como se eu tivesse tido a ideia mais incrivelmente genial do mundo. — Você é incrível, Katsuki!

— Bem, obrigado. — Como sempre, um elogio caía bem.

O garçom pediu licença para que pudesse pegar mais pedidos, me deixando a sós com o Banguela de quase dois metros que tirava fotos de si completamente empolgado.

— Essa fantasia foi ideia sua, né? — Pela alegria do careca com aquela roupa, eu pensava que aquilo era óbvio demais.

— Não foi, não! Foi ideia do Shoto. Como Treinar o seu Dragão é a trilogia preferida dele. Ele também tem a coleção completa dos livros, e vive reclamando que quase ninguém sabe que foram eles que inspiraram o filme.

— Na moral? — Admito que fiquei bem impressionado.

— Aham. Na verdade, eu queria me vestir de Stitch e fazer ele ir de Lilo, mas como eu praticamente arrastei ele pro bloquinho, achei justo deixar que ele escolhesse as fantasias. No final, não fiquei nada surpreso com a escolha. E ele ainda ganhou uma espécie de promoção do costureiro, que é conhecido da família. Por isso estávamos com a fantasia da Astrid, já que ela foi um brinde, digamos.

— Eu podia jurar que ele era daqueles cinéfilos que se pagam de cult só porque assistiram tal filme de 1980 e entenderam o conceito… Sabe? Esses daí.

— Credo, jamais! — A minha descrição fez o careca gargalhar. — Assim como eu, Shoto é fã de animações. Tem uma coleção de dvd’s imensa na casa dele. Inclusive, quando ele se mudou pra cá, trouxe umas três malas grandes só para a coleção, sem contar os livros!

— Eu sou o assunto? — Shoto apareceu atrás de mim, puxando a cadeira ao meu lado para que pudesse sentar. — Consegui achar vaga naquele estacionamento aqui perto.

— Que sorte! E sim, estamos falando de você. Contei ao Katsuki que você é fã de Como Treinar o seu Dragão.

— E fiquei contente — comentei —, porque é minha trilogia preferida também, e nunca conheci alguém que conhecesse os livros.

— Oh! — Ele abriu um sorriso. — Você sabe dos livros? — Assenti. — Isso me deixa muito feliz. Já leu todos?

— Não. Nunca achei o pdf deles e digamos que comprar quatorze livros não tá dentro do meu orçamento

— Se o problema é esse então eu posso te emprestar.

— Hein? — Fui pego de surpresa. Afinal, nunca vi alguém emprestar livros com tanta facilidade.

— Sim. Sei que você é cuidadoso, então eu não me importaria.

— Se é assim… — sorri — então, eu aceito.

As caipirinhas chegaram bem na hora, e o garçom perguntou se já queríamos os outros copos.

— É em dobro, então pensei em te dar a minha e tu paga a próxima, o que acha?

— Oh… eu fico honrado com a proposta, Katsuki, mas estou dirigindo. Então, fico com um suco de morango.

Eita, rapaz consciente. Gostei, não vou mentir.

Recusamos as outras caipirinhas por ora, e depois disso, não tivemos um assunto muito “fixo”. Conversamos sobre filmes no geral, descobri que “Lilo & Stitch” é o filme preferido do Inasa. Também descobri que a Mulan é a princesa preferida do Shoto, enquanto o careca gosta da Merida e eu gosto da Megara. Quando a primeira caipirinha acabou, estávamos discutindo sobre “Frozen” ser ou não superestimado — todos concordamos que era — e, logo em seguida, Inasa e eu bebíamos a segunda rodada enquanto Shoto pedia por outro suco.

— Se me permite dizer, Katsuki — Shoto colocou o copo vazio sobre a mesa para me encarar —, Megara combina com você. Acho legal o fato de ela ser a sua preferida.

— Combina em que sentido? Tá dizendo que tenho a beleza de um grego? — Perguntei, soltando uma risada alta depois. Notei que Shoto e Inasa se encararam, rindo comigo logo em seguida.

— Hm, bem, eu te acho muito bonito, sim, mas não é isso. Ela é o tipo de personagem que é durona mas, no fundo, tem um bom coração.

— Awn, então eu tenho um bom coração? Que fofo, Shoto. — Mandei um beijo para ele. Dessa vez, quem riu de forma escandalosa foi o careca.

— Caramba, Katsuki. A bebida já fez efeito em você?

— Teu cu. Eu não tô bêbado porra nenhuma, viu? É preciso mais do que dois copos pra isso.

De fato, eu não estava bêbado. No máximo… alegre. Eu só fiquei bêbado uma vez e lembro-me de ter ficado manhoso. Também pedia abraços o tempo todo e, no fim, dormi no colo do Eijirou. Ou seja, provavelmente era um bêbado grudento e carente, coisa que acho um porre. Por isso, sei meu limite e não passo dele.

— Bem, se você se sentir mal, a gente cuida de você. Shoto raramente bebe e eu sou muito forte pra bebida, então não vamos deixar ninguém te incomodar, tá bom?

— Beleza, Superman. Conto com você pra salvar meu dia.

— Amo o Superman, mas hoje você tem que me chamar de Banguela! — O careca fez uma pose chamativa, apontando para a sua fantasia enquanto, mais uma vez, sorria para mim.

Murmurei um “que seja”. Em seguida, decidimos pedir pela conta, já que estávamos naquele bar há um bom tempo e Inasa estava louco para dançar as músicas dos filmes e animes. Então, cada um pagou pela sua parte e combinamos de nos encontrar nesse mesmo bar às dezoito horas, pois ao contrário de Inasa, Shoto e eu não queríamos ficar no meio do povão — mesmo que, dois minutos depois de sairmos do bar, já estivéssemos no meio de uma boa quantidade de pessoas.

— Posso, pelo menos, tirar uma foto de vocês? Essas fantasias não podem ficar sem fotos! — O gigante perguntou, pegando o celular de Shoto e já abrindo a câmera.

— Mas… aqui? No meio de toda essa gente?

— Ué, sim, pra mostrar que vocês estão no carnaval. Até porque conhecendo você como eu conheço, ninguém ia acreditar se você simplesmente dissesse que foi num bloquinho, né?

Shoto deu um sorriso um pouco tímido, daqueles do tipo “é, não tem como negar”. Ali eu percebi que, toda vez que eu encontrava o meio a meio, eu descobria que tínhamos algo em comum. Afinal, ninguém ia acreditar se eu falasse que pulei o carnaval — mesmo que, de fato, eu não estivesse pulando. Mas estou aqui, em um bloquinho e fantasiado. Tá ótimo, não tá?

— Bem, você tem razão. Então, que pose a gente faz? — A pergunta foi pra mim, mas a resposta imediata partiu do careca.

— Façam a pose do começo do segundo filme! Sabe, quando ela mexe no cabelo dele e depois coloca a mão no peitoral, e depois eles se olham? Lembram?

— Sim, careca, a gente lembra. E o que mais? Quer que a gente se beije também?

Eu não estava cem por cento sóbrio e tinha noção disso, mas não tinha bebido o suficiente pra tirar uma foto de casal com o burguês.

— Ué, se vocês quiserem, eu não vou impedir ninguém — deu de ombros. — Mas vocês estão fantasiados do casal preferido do Shoto, então, a foto tem que ser fofa!

Bufei, revirando os olhos. O pior é que Shoto deu outro daqueles sorrisos tímidos que me irritavam, então ele com certeza ele queria a foto. Tá, era só uma foto pra deixar duas pessoas felizes, certo? Além disso, Shoto ia me emprestar os livros que, se dependesse de mim, eu nem sei quando eu conseguiria ler algo daquela coleção. Então, pronto, é uma troca de favores.

— Que seja, mas tire logo e não poste em lugar nenhum, entendeu? — Apontei o dedo para os dois, que concordaram com a minha condição.

Me aproximei do Shoto, passando uma mão em volta do seu ombro e colocando a outra em seu peitoral. Ele passou a mão pela minha cintura e me lançou aquele olhar tão sereno, algo bem típico dele. Acabei sorrindo para ele, e pela empolgação de Inasa, as fotos estavam saindo ótimas.

— Deita no ombro dele! Que nem no terceiro filme!

Outra vez, acabei atendendo ao pedido do careca. Shoto e eu olhamos para a câmera e eu sei que saí de olho fechado, rindo ao escutar Inasa dizer algo do tipo “ficou linda demais!”. E, sendo bem sincero, não duvido que as fotos tenham ficado boas.

— Pronto? — Perguntei, erguendo minha cabeça e pronto para seguir em direção ao gigante para ver as fotos…

… e sendo puxado para perto do meio a meio novamente, mas não por ele.

— Pronto, nada! Vai, tirem foto comigo.

Basicamente: um cara loiro com uma fantasia toda vermelha e com asas da mesma cor nos puxou para um abraço, abrindo um sorriso enorme e fazendo um “V” com os dedos. O pior é que Inasa estava tirando várias fotos, deixando o desconhecido ainda mais empolgado.

— Er… o que faz aqui? — Perguntou Shoto, tirando o braço do loiro de seu ombro.

Oxente! O príncipe do Copacabana Palace me reconheceu? Que honra! O próximo passo é me chamar de padrasto, viu? E bem, estava aqui dançando, mostrando meu samba, daí te encontrei. Como vai seu pai? Ele ainda não superou a minha amiga nos pesos da academia, acredita nisso?

Shoto começou a conversar com o cara, me deixando bem confuso. De onde surgiu aquele desgraçado? Ou melhor, quem porras era ele?

Eu nem tive tempo de pensar muito sobre isso, pois o cara pegou o celular do burguês e tirou uma foto mandando um beijo. Depois, devolveu o aparelho para o Shoto e, segurando a mão de Inasa após comemorar o fato de ter encontrado alguém pra pular carnaval com ele, simplesmente sumiu em meio à multidão.

Shoto olhou para trás até que eles sumissem, fazendo uma careta engraçada quando parou na minha frente.

— Tu conhece ele? — Perguntei.

— Sim… Não muito, na verdade. Mas sei que ele trabalha no hotel e frequenta a mesma academia que o meu pai. Se não me engano, as pessoas o chamam de Hawks.

— Aparentemente ele é doido pra sentar no teu pai, isso sim. Ah, pera, vamos sair daqui, sim? — Decidi puxar Shoto para uma parte sem muitas pessoas. Acabei encontrando mais tranquilidade no Palácio Pedro Ernesto, então sentamos na escadaria e o meio a meio voltou a falar.

— É, se é isso mesmo, então boa sorte para ele. Meu pai é extremamente lerdo, então se Hawks nunca demonstrar que realmente está a fim, ele jamais vai perceber.

— Gente lerda me irrita. Sou bem mais à favor de falar as coisas na cara do que dar indireta. E, ainda assim, aposto que tem gente que não se toca.

Enquanto eu falava, Shoto digitava uma mensagem em seu celular. Pude ver que ele conversava com o seu pai e estava enviando a foto de Hawks, juntamente da legenda “esse cara aqui te mandou um beijo”. Depois, guardou o celular e voltou a conversar comigo.

— Já se declarou pra alguém, Katsuki?

— Não, nunca. Nunca me apaixonei de verdade, na real. As únicas pessoas que beijei foram os meus amigos naquela época de puberdade, onde você fazia as… “coisas na brotheragem”, sabe?

— Oh, sei sim. Foi assim que beijei o Inasa… e foi bizarro. Nunca mais repetimos isso, apesar de ele ainda gostar de me cumprimentar com selinhos. É o jeito extremamente carinhoso dele, então já nem ligo.

— Ele tem cara de ser carinhoso demais mesmo, mas também não consigo ver vocês namorando. E olha que conheci ele hoje!

— Não é difícil ver isso — deu uma risada baixa. — Inasa é como um irmão pra mim, assim como Momo. Mesmo já tendo outros três irmãos, sinto facilidade em criar laços fraternos com as pessoas.

— Que fofo. Vou virar seu irmão, então?

— Bem, nos conhecemos há pouco tempo, mas gosto da sua companhia. Aliás, você está bem aberto hoje. Não está bêbado mesmo? — Seu tom de voz era levemente debochado, mas não fiquei puto nem nada do gênero.

— Nah, tô de boa. Eu só fiquei bêbado uma vez e me tornei aquela pessoa melosa, grudenta e carente. Achei horrível. Então, nunca mais bebi tanto. Mas reconheço que estou alterado, então, não pense que as fotos que tiramos vão se repetir algum dia, ouviu bem?

— Claro, querida Astrid — O meio a meio piscou para mim, me deixando levemente desconfortável por conta do álcool no sangue.

Aparentemente, ele percebeu que aquilo me deixou constrangido e logo mudou de assunto.

— Nunca fiquei bêbado. Na verdade, só bebo vinho e, de vez em quando, caipirinha, e nunca passo de dois copos.

— Gosto disso. Pessoas bêbadas me irritam, então é por isso que sua companhia me faz bem. Aliás, sabia que, no começo, eu achava que você era um lixo mimado, metido e irritante?

— Sério? — Shoto colocou a mão no peito, parecendo um tanto surpreso. — E eu mudei essa sua opinião?

— Sim, logo no primeiro dia. É que… Ah, por ser da favela, eu já cansei de ver gente me olhando torto por causa de coisas banais, tipo as roupas que eu visto, sabe? Seja na rua, em shopping, em praças, na maioria dos locais públicos. É uma merda. Atualmente eu nem ligo tanto, porque se vierem encher meu saco eu mando enfiar um poste no cu, mas… É, sei lá. É legal ver que nem todo mundo é um otário.

— Fico feliz em ouvir isso. E obrigado por se abrir comigo. Gosto de saber que transmito confiança.

— N-não se acostuma, cuzão. Eu não te contei nada demais! — Virei o rosto, evitando contato visual com ele.

— Certo, certo — Então, com um leve tom de alegria, ele acabou com o assunto.

Procurei me distrair usando o celular. Vi que o grupo estava cheio de mensagens que, com certeza, não seriam nada interessantes, mas decidi olhar mesmo assim. Hanta mandou uma foto deitado em sua cama com um ventilador na cara, Eiji mandou uma foto agarrado ao Izuku, Mina estava elogiando Ochako enquanto enviava incontáveis fotos dela, Denki comemorava que encontrou um cara de cabelos roxos muito lindo e que conseguiu o número dele… É, uma putaria. E infelizmente eu não pude nem passar despercebido.

 

Denki

HMM KATSUKI TA LENDO

ONDE CÊ TÁ, LOIRINHO?

ESTAMOS COM SAUDADES <3

Estou longe de vocês, bem de boa

Obrigado por perguntar.

 

Eu não ia, em hipótese alguma, dizer que estava com Shoto, muito menos contar que conheci um cara novo que, com certeza, Denki e Eijirou adorariam dar uns amassos. Como Denki estava visivelmente bêbado — e só o seu jeito de escrever dedurava isso —, eu sabia que, provavelmente, ele nem pensaria em fazer mais perguntas.

Felizmente, estava certo, já que todos leram a minha mensagem e, após uma foto de Hanta comendo uma salada de frutas, ninguém falou mais nada.

— Bando de bêbado… — murmurei, porém alto o suficiente para que Shoto me escutasse.

— Hm? Seus amigos estão bêbados?

— Como sempre. Bem, já não é problema meu.

— Mas eles são irritantes? Digo, mudam demais?

— Na verdade, Mina fica bêbada mas fica bem consciente, então sei que ela não faria nenhuma merda tão grave. Ela é do tipo que fala merda e só. Eijirou fica mais sério, mas não muda tanto a personalidade. Digamos que… ele fica mais direto, entende? Se quer beijar ele fala que quer beijar, se quer foder ele fala que quer foder. Mas, pelo menos, nenhum dos meus amigos vira bêbado babaca que agarra as pessoas, até porque se isso acontecesse eu enfiava a cara deles no esgoto.

— Atitude radical, mas consigo ver você fazendo isso.

— Vou levar como um elogio — sorri. — Enfim… o Denki fica mais escandaloso do que já é e também fica ainda mais carente, e o Hanta não fica bêbado por nada. É isso. Não considero nenhum irritante, mas prefiro evitar xaveco de amigos que eu conheço desde que eu nasci.

— Entendo. Bem, eu nunca fiquei bêbado. Não só porque fiz dezoito há pouco tempo, mas também porque nunca fui tão fã de álcool. Mas, na verdade, ser o mais novo entre os amigos tem suas vantagens. Enquanto eu completei dezoito esse ano, todos os outros, tipo Momo, Kyouka e Inasa, vão completar dezenove. Então eles bebiam livremente e aconteciam coisas que só eu presenciava, o que acabava sendo excelente.

— A Momo, bêbada? — Shoto concordou. — Uau, eu não esperava por isso.

— Foi assim que ela começou a namorar. Primeiro, ela começou a lembrar de como a gente se assumiu um pro outro. Depois começou a rir, falando que odiava homens e que queria ter coragem pra se declarar pra Kyouka, que acabou ouvindo tudo. Então, toda sorridente e emocionada, ela disse que adoraria namorar a Momo e… fim. Eu gravei tudo e por esse motivo elas não bebem mais, porque nenhuma delas tem memórias nítidas de quando elas se declararam, mesmo que tenha acontecido uma declaração mais correta no dia seguinte. Não foi a primeira, entende?

— Caralho, genial! Mas o que vocês terem se assumido teve a ver com tudo isso?

— Eu sei lá — deu de ombros. — Até porque eu me assumi para ela com quatorze anos. Pedi para conversar em particular e não enrolei, apenas falei que eu era gay e ela deu um suspiro de extremo alívio, dizendo que estava com medo de receber uma declaração minha. Ai eu perguntei o porquê e ela respondeu “porque, além de sermos como irmãos, eu sou sapata!” — Shoto imitava a voz de Momo, me fazendo rir. — Daí nós rimos e foi isso. Ela gosta de lembrar disso porque foi tão natural, então acredito que seja algo que fique na cabeça dela, principalmente quando ela está feliz.

— Olha, excelente jeito de se assumir. Mas eu também gostei como eu me assumi, porque na real eu meio que nem precisei — Aqueles olhos bicolores me encararam de forma confusa, e não pude deixar de achar engraçado. — É porque minha mãe sempre soube. Nem eu sei como, ela só… sabia. Ela até flagrou o meu primeiro beijo… com o Denki… — tentei sussurrar o nome do pikachu, mesmo que em vão — e daí… ah, bem, ela saiu dando risada. Depois que o Denki foi embora eu fiquei com vergonha, é claro, e queria pedir desculpas. Mas ela só riu e falou que era melhor eu arranjar um namorado bonito, porque “de bicudo e rabugento, já basta você” — Agora foi minha vez de imitar a voz dela.

— Que bom que foi tranquilo. Eu nunca tive problemas, nem com a minha família e nem com os meus amigos. Ah, mesmo que o Inasa se assumindo tenha sido… bem constrangedor.

Fiquei em silêncio encarando o burguês, que logo entendeu que, sim, eu queria saber a história.

— Inasa é descendente de russo por parte do seu pai, que é fã de vodka. Ele nunca tentou fazer o filho beber antes do tempo, mas também… hm, digamos que não foi esperto. Quando Inasa tinha quinze anos, ele abriu a geladeira de casa e pegou uma garrafa de vidro escuro, pensando ser água, mas… acho que não preciso falar mais, né? — Shoto olhou para o céu, abrindo um sorriso… muito bonito. — Eu estava em São Paulo na época, mas mesmo assim ele me ligou e praticamente gritava coisas como “Shoto, eu gosto de homens! Homens, sabia!? Promete que não vai mudar comigo!?”. Eu disse que não, até porque ele também não mudou comigo e eu tinha me assumido há pouco tempo. Mas o pior vem agora! — Ele até alterou o tom de voz, bem empolgado. — Ele perguntou se, quando fosse maior de idade, poderia ter alguma chance com o meu pai. Eu disse que não, óbvio, mas quem disse que ele me ouviu? Só lembro-me de desligar o telefone e, cerca de cinco minutos depois, ter recebido uma mensagem com o texto “por que seu amigo enorme quer casar comigo?” do meu pai. Desde então, isso virou uma piada entre nós.

A essa altura da conversa eu já gargalhava, e muito.

— Pelo menos — ele continuou —, depois disso o pai dele nunca mais guardou vodka na geladeira. Ele também passou a colocar rótulos em tudo, deixando bem claro o que era vodka e o que era água.

— Mas por que ele queria casar logo com o teu pai? — Perguntei, ainda respirando com dificuldade por conta das risadas.

— Sabe quando você tem, tipo, onze ou doze anos, e sonha em casar com um famoso que é seu ídolo? Por algum motivo, Inasa tinha essa paixão platônica pelo meu pai.

— Entendi. Me lembra o Eijirou e o Denki, que brigavam pelos caras dos Jonas Brothers. Era do nível “só eu posso gostar dele”, sabe? Hilário demais.

— Acho que todos tivemos fases assim, né? Eu tinha paixão pelo Peter Pan, por exemplo. Até já usei fantasia dele.

— Isso eu quero ver!

Imaginar Shoto criança vestido de Peter Pan foi bem agradável, não vou negar. Consigo imaginá-lo sendo aquelas crianças com bochechas e olhos grandes, bem adorável e… Tá, vou parar por aqui. O álcool tá me dando pensamentos estranhos.

— Eu te mando uma foto qualquer dia. Ah, e falando em fotos… quer ver como ficaram as que o Inasa tirou?

— Pode ser.

Shoto se aproximou, colocando o celular entre nós enquanto abria a galeria. Assim que vi a primeira foto não demorou para que, novamente, eu pensasse: puta que pariu, esse careca manda bem demais.

Todas as fotos ficaram ótimas. Até as fotos em que eu saí sorrindo, e olha que eu detesto sorrir em fotos. Estavam tão boas que, sinceramente, eu não ligaria se Shoto postasse uma — a menos romântica, obviamente.

— Caralho, estão boas demais.

— É, Inasa é incrível nisso. Quer que eu te mande?

— Quero. E… se quiser postar uma, eu deixo. Tipo… — voltei algumas fotos, encontrando uma em que não estávamos tão próximos, mas sorríamos um para o outro.

— Oh, posso mesmo? Fico feliz, então. Por sinal… — Shoto puxou o menu do seu celular, vendo o horário — acho que é melhor nós irmos. Se ficarmos até o fim, fica impossível sair daqui.

— “Nós”? Tá dizendo que vai me dar carona? — Perguntei, num tom debochado.

— Ué, claro. Eu te trouxe aqui, jamais deixaria você voltar sozinho. Só preciso mandar mensagem para o Inasa.

Shoto começou a escrever para o careca, sem prestar atenção no Katsuki tão confuso que estava ao seu lado. Não vou negar, era bem estranho ter alguém tão cuidadoso comigo. O meio a meio era o típica amigo “mãezona” e eu gostava disso, até porque… meus pais sempre ralaram demais pra botar comida na mesa, então posso dizer que, mesmo não sendo culpa deles, eles não chegaram a ser tão presentes. Então, eu gosto dessa sensação de ter alguém cuidando de mim e…

Ah, porra, que bando de pensamento de merda! Chega, caralho, não vou pensar nisso e pronto!

— Ele está vindo, e… está tudo bem? Você começou a balançar a cabeça do nada — Aquela voz grossa acabou me tirando daquele devaneio.

— Está, sim — respondi, curto e grosso. — Onde ele está?

— No mesmo bar em que estávamos mais cedo. Ele disse que o Hawks queria beber algo e decidiu acompanhá-lo, até para já ficar perto do ponto de encontro e… Ah, lá vem ele.

Não era difícil ver aquele enorme Banguela vindo até nós, sorrindo de orelha a orelha.

— Oie! — cumprimentou, empolgado. — Ele é muito legal, Shoto! Espero que consiga ser o namorado do seu pai, porque daria um padrasto e tanto!

— Resta esperarmos pelo futuro, né? Bom, você vai dormir lá em casa, né? — O careca assentiu. — Então, vamos. Não quero trânsito.

De fato, o carro do burguês não estava tão longe. Quando entramos no veículo, Inasa começou a falar de forma super empolgada sobre as músicas que dançou, sobre as fotos que tirou, coisas do gênero.

— Mas o melhor foi o Hawks! Ele é tipo… sei lá, parece que encontrei um irmão gêmeo! Claro que não de aparência, mas ele é igual a mim em muitas, muitas coisas!

— Tipo escandaloso? — A pergunta partiu de mim.

— Sim! — E, honrando o seu título, Inasa me respondeu praticamente gritando. — Ele é mega escandaloso, a gente se entendeu super bem! Já até combinamos de nos encontramos, mesmo que ele seja da Barra da Guaratiba, mas como eu venho te ver, eu aproveito pra ver ele também! Ah, sabia que ele é da Bahia? Eu amei o sotaque dele! E também-

— Só um minuto, Inasa — Inasa prontamente obedeceu e foi até estranho ter o carro em silêncio por alguns segundos. — Onde eu entro aqui, Katsuki?

— Esquerda — ele fez o que pedi, dando de cara com a rua que continha uma escadaria para o morro. — É isso, estou entregue. E… — Certo, Katsuki. Não é difícil. — Obrigado. Pelo dia e pela carona. — Peguei a sacola que continha as minhas roupas, abrindo a porta do carro. — Eu te devolvo a fantasia um dia, ok?

— Não precisa, Katsuki. Essa fantasia ficou perfeita em você, então faço questão de que fique com ela.

Uma parte de mim estava, novamente, sem jeito por conta da gentileza, enquanto a outra… Bem, a outra estava muito feliz por ter ganho uma fantasia de uma das minhas personagens preferidas.

E me esforcei pra deixar esse outro lado mais visível.

— Muito obrigado, então. Fico te devendo mais uma. E, ah — assim que desci do carro, parei ao lado da porta do motorista, encarando Shoto. — Me avise quando chegar em casa, tá?

Ele sorriu.

— Pode deixar. — E então, deu a partida, desaparecendo da minha vista dentro de alguns segundos.

Subi até a minha casa com calma, apreciando o morro tão vazio em comparação aos outros dias. Quando cheguei, como sempre, não tinha ninguém, então eu podia relaxar sem medo de ser visto de Astrid pelos meus pais. Não era vergonha da fantasia, longe disso, eu só não queria piadas do tipo “pulou o carnaval, é?”, já que elas com certeza resultariam em perguntas sobre “beijei ou não”.

Subi até o meu quarto, tirando a fantasia e guardando-a com cuidado. Em seguida, peguei uma roupa confortável e segui em direção ao chuveiro, pois precisava urgentemente de um banho.

Minha cabeça doía um pouco, provavelmente pelo agito que passei durante o dia e também pela bebida. Ah, e falando em bebida… puta que pariu, eu odeio ser fraco com essa merda. Eu realmente torço muito pra que o burguês não tenha estranhado as coisas que eu falei, porque não quero que ele pense que estou dando em cima dele ou algo do tipo, é só que… argh, eu me sinto bem perto dele, e acabei falando demais. Mas não vou mais beber. A partir de hoje, só um copo, fim.

Saí do banho, colocando minha roupa e voltando para o quarto, onde me joguei na cama e desejei, com todas as minhas forças, que eu pudesse ficar ali pelo resto do dia — a menos que os imprestáveis me chamassem pra comer o x-tudo, aí eu saio.

Depois, peguei o meu celular, colocando-o para carregar e percebendo que havia recebido uma mensagem.

Do burguês.

 

Olá.

Estou em casa.

Vou te mandar as fotos.

 

Baixei todas as mídias — cerca de treze, no total.

Obrigado.

Não há de quê.

Ah, sim.

 

Ele me enviou uma foto de uma enorme estante de livros. Tipo, enorme mesmo, maior que meu quarto, se duvidar. Depois, mandou de um canto mais específico, destacando quatorze livros bem coloridos.

 

A coleção :)

Você lê rápido? Pois posso te emprestar mais de um de uma vez.

Leio, pra caralho.

A gente marca um dia pra se ver, então.

Eu quero compensar a carona, então levo algo pra você também.

Gosta de brownie?

Muito!

Seria uma honra provar mais coisas feitas por você.

 

Pela, sei lá, vigésima vez naquele dia, eu sorri. Então, pensei em algo que eu já devia ter feito antes.

Ei.

Sei que tá meio longe ainda, mas…

Dia vinte de abril é meu aniversário.

Então reserva essa data.

Mesmo eu não sabendo o que vou fazer.

E se o careca tiver por aí, leva ele.

Oh.

Claro que vou reservar.

E Inasa ficou muito feliz com o convite.

Por sinal, tudo bem mesmo se eu postar a foto?

Já disse que sim.

Posta logo antes que eu me arrependa.

Você é quem manda.

Postarei e ficarei um pouco ausente, pois preciso fazer um trabalho.

Mas quero te agradecer pelo dia.

Sua companhia é ótima, sabia disso?

É só isso. Até depois, então.

 

Cerca de três minutos depois, recebi uma notificação do instagram, alegando que alguém me marcou em uma foto. E… bem, ela estava lá. Eu gostei bastante, mais do que pensei que ia gostar, na real.

Curti, sem deixar nenhum comentário. Não sabia o que comentar, na real, então… o like tá mais que bom.

Deitei em minha cama novamente, pensando no quanto de coisas podem acontecer em um único dia. Eu acordei simplesmente detestando o carnaval e, no fim, eu vi que, na verdade, ele pode ser uma data muito boa.

Carnaval não é tão ruim. E fantasia de parzinho também não.


Notas Finais


ENTÃO eu andei percebendo que nos dois últimos capítulos eu terminei com eles trocando mensagem
até então tava sendo totalmente acidental/coincidência IUDHASUHDUIH maaas eu tava pensando em tornar isso padrão até, pelo menos, eles começarem a namorar, até pra mostrar uma evolução no relacionamento deles por meio das mensagens hehehehehe
o que acham? comentem pls <3
E acredito eu que o cap saia antes do aniversário do Bakugou, até porque eu tenho fic planejada pro dia dele rs (além da fic de aniversário do tamaki que VAI TER SIM ATRASADA MAS VAI GRR)
então, se tudo der certo, volto em breve ee <3


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...