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História Meu burguês favorito - Isso me deixa puto... e feliz.


Escrita por: JohnnyZeppeli

Notas do Autor


ATRASEI UM TECO MAS TO AQUI
e gente, n vou escrever muito aqui pra n dar spoiler do que vai rolar entããão LEIAM AS NOTAS FINAIS PLSSS
mas espero que voces gostem <3

insta: jujufag_

Capítulo 5 - Isso me deixa puto... e feliz.


Sabem quando a vida de vocês começa a mudar de forma um tanto quanto repentina? E, pra piorar, você não sabe se fica feliz ou puto? Pois bem, eu tô bem assim.

Pra começar que, depois do carnaval, eu não tive muito tempo pra fazer coisas mais “divertidas”. Tive muitos trabalhos na faculdade, provas, mais trabalhos, e pra piorar, a porra do meu emprego tira todo o restante do tempo livre que eu tinha. Sinceramente, trabalhar à noite é uma merda. Estou pensando seriamente em, após o feriado, procurar por algo onde eu possa trabalhar no período da tarde. Seria perfeito e, quem sabe, eu fique até — um pouco — menos estressado.

Pelo menos, meu chefe me liberou no dia do meu aniversário, e como temos feriado sexta e domingo, vou ter uns bons dias de descanso.

E por falar em aniversário...

Mina

A tradição do amigo secreto de páscoa vai continuar esse ano, né? :D

Denki

Pode presentear o amigo com guarda-chuvinha de chocolate? Porque é o que meu orçamento permite.

Mina

Se for mais de um, pode ué

Denki

Então eu topo!

Eijirou

:D claro!

Hanta

Já que pode dar chocolate de guarda-chuva, eu topo.

Mina

EBA!!!

Katsuki?

adianta ALGUMA COISA eu dizer que não?

Mina

Não ;)

Inclusive, podíamos fazer a revelação no seu aniversário.

Você chamou o Shoto, né?

… você tá me stalkeando, porra?

Mina

e precisa? você tá tão próximo dele que isso fica bem óbvio

desse jeito, quem vai fugir pra um cantinho durante a festa não vai ser o Denki ;)

Denki

ei >:(

ninguém rouba a minha função nas festinhas!

enfia a função no cu

e nem pense em dizer “quero enfiar outra coisa”

porque eu sei que é o que tu quer falar

Denki

):

pois bem

eu vou falar com ele, então.

 

A ideia de trocar chocolates não era ruim. Inclusive, é uma tradição que temos com o nosso grupo há um bom tempo, e mesmo reclamando de algumas coisas, não vou negar que eu gostava dessa data.

Abri a conversa com Shoto, que era uma das mais recentes, começando a escrever.

Ei

Você vem no sábado?

Ele ficou online no mesmo instante.

Oi.

Seu aniversário, né?

Claro que irei.

Mas Inasa não poderá. Ele pegou algumas provas de recuperação na faculdade.

Diga que desejei boa sorte nas provas, então.

 Ah, sim. Eu e meus amigos sempre fazemos um amigo secreto de páscoa.

E como esse ano a páscoa vai acontecer um dia depois do meu aniversário, vamos fazer a revelação nele.

Tu quer participar?

Que honra!

Eu aceito, sim.

Por sinal, preciso levar algo no seu aniversário?

Hm

Vai ser pão com linguiça.

Então, comida tá de boa.

O pessoal vai trazer bebida, mas tudo alcoólica porque eles curtem encher a cara.

Entendo.

Bem, levarei algumas caixas de suco.

Pode ser?

Claro, tranquilo.

Só me passa teu e-mail, por favor.

Vamos fazer o sorteio do amigo secreto pela internet, ai tu recebe o e-mail com o nome de quem você tirou.

Certo.

Depois que ele me mandou, respondi com um “obrigado” e paramos de conversar. Decidi cuidar da parte do sorteio para evitar que certos “Denkis” colocassem só o seu nome e mandei os outros checarem as mensagens assim que terminei de colocar todos os nomes.

Sinceramente, eu só temia tirar duas pessoas ali: Hanta e Shoto. O vegano era um pouco chato com todas essas coisas de chocolate sem derivados de animais e, consequentemente, era mais complicado achar chocolate para ele. O burguês, por outro lado, já deve ter comido todos aqueles chocolates caros e eleitos como os melhores do mundo. Eu raramente presenteava alguém, e quando o fazia, gostava de ver a pessoa realmente gostando do que eu dei. Então, sim, a ideia de que eu podia tirar aquele cara me deixou um pouco tenso.

Mas logo quando abri o meu e-mail e vi o nome do meu amigo, soube que a sorte não estava comigo.

~~

No dia do meu aniversário, cinco dias depois do sorteio do amigo secreto, concluí que não valia à pena comprar um ovo, e sim fazer. Sabem aqueles ovos de colher que, de repente, todo mundo no facebook começou a fazer pra vender? Pois então, eu fiz um desses pro Shoto. Saiu mais barato e com certeza vai ser mais gostoso, já que foi feito por mim.

Deixei para colocar os morangos no final do dia, quando estivesse mais próximo do horário em que a festa ia começar e coloquei-o numa caixinha, deixando-o na geladeira para começar a preparar as coisas para o aniversário. Não comprei nada além de pão, farofa, linguiça e ingredientes pra fazer um molho à campanha, então, seria tranquilo para fazer tudo dentro de casa, já que tem uma chuva prevista pra hoje. Optei por fazer as linguiças no forno, assim não ficaria fedendo a fritura e elas ficavam mais saborosas.

Não demorou muito para que Eiji, Hanta, Mina e Denki chegassem. Cada um carregava a sua bebida, uma sacola com o presente de amigo secreto e, além dessas duas, um outro pacote.

— A gente trouxe presentes! — afirmou Denki. — Eu sei que não precisava, já que a nossa amizade é o melhor presente e-

— Precisava sim, é meu aniversário — interrompi-o. Sempre fui bem sincero com meus amigos, ou seja, sem essa de “não precisava”. Precisava sim, porra!

— Que amor! — disse Mina com sua doce ironia. — Tudo bem, tudo bem. Aqui, abre o meu primeiro!

Assim que apertei o pacote, percebi que era roupa. Contudo, eu não reclamava, já que, sinceramente, eu gostava de ganhar esse tipo de coisa. Quando abri, acabei dando um sorriso. Era uma camisa polo — eu não era tão fã de polo, mas usaria sem problemas — na cor azul, o que daria um contraste no meio de tantas roupas pretas que eu tinha.

— Bem, obrigado — dei um abraço nela, que ficou contente por eu ter gostado do presente.

O próximo foi o de Hanta: uma bermuda de tactel nas cores azul e laranja. Pelo jeito, todos os meus amigos queriam colorir meu guarda-roupa, mas de qualquer forma, eu estava gostando das escolhas.

Agradeci, pegando o presente de Eiji. Devo admitir que o dele e o de Denki eram os que eu mais temia, pois aqueles dois já me deram até uma cueca com um pau desenhado na parte da bunda, então, o medo é real. Mas, para a minha “sorte”, o presente não era tão ruim assim.

— Um crocs laranja? — Dei ênfase na cor do calçado, pois além de aquilo ser horrível de feio, era de uma cor praticamente neon.

— Sim! Bem, crocs uma ova, né, é uma imitação, mas bem confortável. E laranja é lindo! Pare de usar só preto, bro! Vai colorir sua vida — me lançou um sinal de “positivo”, dando aquele seu sorriso extremamente radiante.

Mesmo sendo algo que eu usaria somente dentro de casa, sei que ele escolheu com carinho, então, assim como fiz com Mina e Hanta, eu o abracei. Eu sabia ser um cara carinhoso, no final das contas.

— Também quero ganhar um abraço, Katsuki! — Denki empurrou o embrulho dele para mim.

Novamente, só de segurá-lo, eu fiquei com medo.

— Se for cueca com desenho de pau eu enfio ela na sua goela.

— … Não tem desenho, eu juro!

Então, com isso, ele confessou que eram cuecas. Rasguei o pacote e ri ao ver a embalagem com três, cada uma de uma cor: branca, vermelha e azul. Bem, agora, eu teria um guarda-roupa um pouco mais colorido.

— Vocês compraram tudo no Saara, por acaso?

— Ué, claro — a resposta veio de Hanta. — Tem lugar melhor?

— Não, não tem.

Abracei Denki, juntando os meus presentes para levá-los até o quarto. Pouco tempo depois, meu celular vibrou, mostrando uma mensagem de Shoto na tela inicial.

Oi.

Pode me receber aqui embaixo? Não lembro como chegar em sua casa.

E tenho duas coisas grandes no carro.

Claro, já estou indo.

Pare no mesmo lugar do dia do churrasco.

Ele não respondeu, mas visualizou. Avisei meus amigos que já voltava e desci até a entrada do morro, onde o carro levemente chamativo de Shoto já me esperava.

Vê-lo depois de mais de um mês me deixou bem feliz.

— Perdão por fazer você vir até aqui — foi a primeira coisa que ele disse quando desceu do veículo.

— Não peça desculpas. Não quero te ver perdido, afinal.

— Bem, obrigado, então. Ah, claro, e feliz aniversário — ele me deu um aperto de mão. — Entrego o seu presente em sua casa, ok?

— Relaxa, não precisa ter pressa.

Sorriu, abrindo a porta de trás do carro. Entregou-me uma caixa comprida e embrulha em um papel colorido cheio de desenhos de bichinhos juntamente de uma sacola contendo três caixas de suco e, em seguida, pegou uma enorme cesta com chocolates que eu nunca tinha visto na minha vida.

— Que porra!? Quantas pessoas tu tirou nesse amigo secreto?

— Só uma — fechou a porta, trancando o carro e conferindo se estava tudo fechado. — Mas, se é páscoa, acho que devo presentear a pessoa do jeito correto.

Aquilo ali tinha chocolate pro ano inteiro, puta que pariu! Vou até admitir que me deu vontade de fazer a revelação assim que chegasse em casa, porque fiquei bem curioso.

Por sorte, a subida era uma reta só, então chegamos rapidamente. Quando Shoto entrou, cumprimentou todos com um aceno, e logo vi que ninguém ali disfarçou a surpresa ao ver a cesta.

— Vamos fazer a revelação já? — Shoto perguntou.

— Sim-

— Antes — interrompi Denki — eu vou colocar as linguiças no forno, ok? Assim, ganhamos tempo.

Todos concordaram. Como sou esperto, já deixei a comida montada na fôrma, então era só colocar. Optei por fazer o molho à campanha só na hora de servir, então voltei para a sala minutos depois.

— Oh, sim, antes que eu me esqueça: o embrulho que você carregou é o seu presente. — Shoto apontou para a caixa que deixei sobre o sofá.

— Foi mal, quase esqueci.

Como era um presente consideravelmente grande, sentei-me para abrir. Confesso que estava bem curioso, pois claramente não era uma roupa e sei que Shoto não me conhece o bastante para comprar um presente sem consultar alguém.

Pelo menos, é o que eu pensava. Porque foi um presente incrível, puta que pariu.

— Ah, não, Shoto…

— Bem, eu não consegui te ver por esses dias, né? Então, achei que seria melhor resolver o problema dos livros para que você não dependesse de mim para ler.

Era um box com todos os livros de “Como Treinar o seu Dragão”. O foda é que eu era péssimo nisso, então, como eu não tinha tanta afinidade com o meio a meio, eu não sabia nem como agradecer.

— Só abraça ele, Katsuki! Não precisa esconder da gente que é o melhor presente que tu já ganhou — Hanta afirmou.

Eu odiava comparar as coisas, até porque eu sabia que meus amigos se esforçaram pra me dar alguma coisa, então eu nunca “nivelaria” o que eu ganhei. Mas aqueles livros eram algo que eu queria há muito, muito tempo. Então, sim, Shoto merecia um abraço.

Fiquei de pé, um pouco constrangido por fazer isso com alguém como ele, mas caminhei para abraçá-lo, sendo prontamente correspondido. Ele tinha um abraço carinhoso, e eu estaria mentindo se dissesse que não me senti bem em seus braços.

Mas não deixei que durasse muito, afinal… ultimamente, tudo que envolvesse Shoto me deixava facilmente constrangido. Quando me afastei, murmurei um “muito obrigado” uma última vez antes de sentar no sofá, notando que Shoto ainda sorria.

— Bem — Mina retomou o assunto —, dá tempo de fazermos a revelação?

— Sim — respondi. — A linguiça demora uns quinze minutos. Hanta, tu vai fazer algo?

— Nah, tô de boa. Vai ter molho à campanha, né? — Assenti. — Então, eu como o pão só com o molho. Fica uma delícia, recomendo.

— Tá, e o molho eu vou fazer só na hora de servir tudo. Então, sim, dá tempo.

— Ótimo! — Ela se levantou do sofá em um pulo. — Então, eu começo.

De dentro da sacola do Guanabara, Mina retirou um pequeno ovo com alguns desenhos de coelhos, embalado em um plástico transparente.

— A sacola é só pra enganar, porque o ovo não veio de lá. Eu não sou lá uma boa cozinheira, mas eu tive de apelar pra algo caseiro porque meu querido amigo secreto não come nadinha com derivados de animais, sabem?

— Ah, olha só você! — Com a revelação óbvia, Hanta levantou, indo até ela com um sorriso enorme.

— Espero que goste, viu? Qualquer coisa, a culpa é da internet.

— Que isso, pô — abraçou-a, dando um beijo em seu rosto. — Com certeza vai estar ótimo.

Agora, foi a vez dele pegar a sacola do supermercado. Era um ovo dos Vingadores, com a surpresa do Thor, o herói preferido do…

— Ah, bro, não creio! — Eijirou praticamente gritou, correndo até Hanta, que o ergueu no colo durante o abraço.

— Poxa, nem esperou eu dar as dicas! — Afirmou, falsamente magoado.

— E precisa? — Foi a vez de Denki comentar. — Esse aí só não deu pro Chris Hemsworth porque eles não se conhecem e porque o cara é casado.

— Ah, tá — Eiji mostrou-lhe a língua. — Como se você não fosse dizer “sim” pra ele na hora, né?

Denki não respondeu. Nem precisava, na verdade.

Eiji colocou o ovo sobre a mesa no centro da minha sala. Depois, pegou o ovo que trouxera, da tortuguita, e sorriu.

— Tinha um com um fone de ouvido de brinde, mas era caro demais. Fiquei feliz por achar esse mais barato, porque eu precisava dar algo assim pro meu amigo, já que a gente se conheceu discutindo sobre fazer o ritual da tortuguita ou não. Acreditam que ele comia o chocolate todo de uma vez, sem começar pela cabeça e patinhas?

— E eu tô certíssimo! — Denki deu um empurrão de leve no ruivo, puxando-o para um abraço apertado em seguida. Eu nunca ouvi tanto “bro” na minha vida, mas não é como se isso me surpreendesse vindo daqueles dois.

— Tudo bem, eu amo você mesmo assim, bro.

— Bom mesmo! Mas, sem mais delongas, vamos para a melhor revelação! — Ele pegou uma caixa colorida de tamanho médio e chacoalhou. — A pessoa que eu tirei é fã de chocolate, então eu realmente não soube qual ovo comprar. Por isso, decidi montar um presente mais… variado? É, acho que posso falar assim.

— Só tem uma pessoa que ama chocolate por aqui. — Sero se manifestou, e todos nós olhamos para Mina, que sorria de orelha a orelha.

— Que coisa mais fofa, gente! — Ela pulou no colo de Denki, beijando sua bochecha e pegando a caixinha, abrindo-a em questão de segundos. — Meu deus, são vários mini ovos! E, ai, tem guarda-chuvinhas também! Denki, eu AMEI! — Agora, ela deu um selinho. Ela adorava fazer isso com os amigos, então, não era uma cena estranha.

— Que bom que gostou, querida. — Denki tinha um sorriso bobo. — Mas, ei… sobrou Katsuki e Shoto, né? — Ele fez uma cara de pensativo, como se precisasse pensar demais para entender o que tinha acontecido.

— Sim! Minha nossa, vocês tiraram um ao outro! — Ashido aplaudiu. — Shoto, se Katsuki tiver feito um ovo caseiro, considere-se a pessoa mais sortuda do mundo.

— E eu fiz — confessei.

Rapidamente, fui até a geladeira, pegando o ovo e entregando-o para Shoto sem encará-lo diretamente. Conheço minha culinária e sei que estaria perfeito, mas eu sabia que, ao receber o presente, ele daria um daqueles malditos sorrisos que me deixavam sem graça — e puto. Então, era melhor não olhar.

— Ah, céus, receber algo feito por você é uma honra, Katsuki. Aqui, espero que goste — empurrou o presente para mim.

Peguei a cesta ainda sem olhar para ele. Era grande demais, puta que pariu.

— São meus chocolates preferidos — informou —, então, espero que goste deles também.

— E-eu vou. E espero que goste do meu também.

Ao mesmo tempo em que Shoto murmurou algo do tipo “sei que vou”, Mina o interrompeu com sua voz escandalosa para, como sempre, soltar algum comentário desnecessário para o momento:

— Ih, Katsuki tá vermelho?

E, pra variar, os outros arrombados olhassem para mim, abrindo um sorriso ao ver que, de fato, eu estava envergonhado.

— Minha nossa! — exclamou Eijirou — Eu posso tirar uma foto, Katsuki?

— Enfia a foto no meio do seu cu. — Foi o que eu consegui dizer antes de subir até o meu quarto com a cesta, ignorando aquelas risadas irritantes e escandalosas.

E pau no cu do Shoto também. Ficar assim cada vez que ele sorri é uma merda, caralho. Lembram quando eu falei que a vida pode mudar do nada? Estava falando disso. Desde o carnaval, que foi o dia em que eu mais falei com ele e descobri várias coisas, nós temos conversado todos os dias, sem exceção, e falar com ele me deixa extremamente feliz. Como não sou nenhum pirralho de doze anos, sei o porquê de eu me sentir dessa forma. Eu tô pensando nisso desde então e sempre que aquele maldito meio a meio vem na minha mente, eu fico assim. Sinceramente, isso é irritante pra caralho! Mas não vou deixar que essa merda atrapalhe meu aniversário, não mesmo.

Deixei a cesta em cima da minha cama e voltei para a sala, passando reto pelos outros que claramente mudaram de assunto assim que eu apareci para seguir diretamente até a cozinha, vendo que as linguiças já estavam quase prontas.

— Tá quase pronto — parei na porta da cozinha, recebendo a atenção deles. — Eu vou fazer o molho, então fiquem à vontade sem falar nenhuma merda, ok? — Fiz questão de dar ênfase nas últimas palavras.

Com a exceção de Shoto, eles imediatamente voltaram a conversar. O burguês veio até mim, fazendo com parte daquele nervosismo retornasse.

— Precisa de ajuda?

— Não, obrigado. Eu quero que você relaxe.

— Mesmo? — Confirmei, em silêncio. — Bem, ok. Mas, por favor, se precisar, me chame. Se faltar algo podemos ir ao mercado com o meu carro.

— Mercado? — Essa palavra chamou a atenção de Eijirou. — Compra uns biscoitos, Katsuki! A gente vai sair daqui bem tarde, então tem que ter petisco!

— Tá achando que eu sou tua mãe pra te sustentar, arrombado?

— Não — deu de ombros —, mas sei que você não recusa o biscoito da vaquinha.

O pior é que essa parte era verdadeira. Eu amava aquele biscoito pra caralho, e seria realmente bom degusta-la de madrugada.

— Tá… depois que a gente jantar nós juntamos uma grana e vamos lá.

Todos concordaram, e recebi mais um sorriso de Shoto, que não tive como ignorar. Antes que alguém — Ashido — percebesse isso, voltei para a cozinha, começando a preparar o molho à campanha, escutando o assunto que vinha da sala.

— Que tal a gente jogar banco imobiliário? — Era a voz da Mina.

— Eu topo! — Denki. — Até porque é o único lugar onde posso me sentir rico.

— Você sempre acaba falindo porque para nos lugares mais caros e cheios de casas, Denki.

— Para de me expor!

— Ok, que seja — Sero. — Katsuki, quer jogar?

— Sim, eu já termino aqui.

Acelerei um pouco para poder me juntar a eles. Eu adorava jogos nesse estilo, pois eu — quase — sempre vencia.

Terminei o molho no mesmo instante em que as linguiças ficaram prontas. Tirei-as do forno, pegando os pães e seguindo até a sala.

— Eu pego o molho e os pratinhos! — Hanta prontificou-se antes que eu pedisse ajuda. — Senta do lado do Shoto, Katsuki. Vou beber e sei que você não curte muito, então você fica com ele, que ta bebendo suco, e eu fico com as bebidas perto de mim e-

— Eu entendi, matagal. E obrigado pela ajuda.

Ocupei o lugar dele, colocando a comida sobre o sofá para que pudéssemos usar a mesinha para jogar.

Começamos a jogar depois que todos se serviram. O bom de jogar banco imobiliário com várias pessoas era que o jogo era bem mais curto e, obviamente, mais divertido. Passamos quase uma hora jogando, e ninguém segurou a risada quando Denki foi o primeiro a falir depois de parar seis vezes no Higienópolis com hotel do Shoto.

— Mas eu não tenho sorte nem aqui, que cacete! — Exclamou, visivelmente bêbado, dando um gole em sua bebida.

— Só percebeu isso agora, anjinho? — Hanta mandou-lhe um beijo, deixando Denki envergonhado. Era estranho vê-lo assim, mas todos ali sabiam que, quando bêbado, ele ficava tímido e não parecia nada com o rapaz escandaloso que conhecíamos. — Mas, não vou tirar sarro, sei que logo vou falir também.

Dito e feito, ele foi o próximo. Depois foi o Eijirou e eu fiquei em terceiro, perdendo também para a porra de Higienópolis.

— Tinha de ser o bairro que fez protesto contra o metrô. Me faz passar raiva até num jogo.

— Oh — Shoto olhou para mim —, isso do metrô virou notícia aqui?

— Claro, como uma merda daquela não ia?

— Pensei que ficaria só em São Paulo. Eu morava em Higienópolis e vi tudo ao vivo, admito que foi bem péssimo. Por esse motivo que nos mudamos para Moema, e admito que gostei mais de lá.

— E você gosta mais daqui ou de São Paulo? — Mina começou a puxar assunto.

— Não sei dizer. Digo, o Rio ganha em algumas coisas, e São Paulo ganha em outras. Acho que prefiro morar em São Paulo, mas o Rio é incomparavelmente mais belo e gosto daqui também.

— Quando você for visitar a sua mãe você podia levar o Katsuki, né? Ele ia amar viajar do seu lado.

— Viajar comigo? Por quê? — Ele olhou pra mim de novo.

Sinceramente? Eu só pensei “me fodi”. Não esperava por um comentário daqueles, extremamente direto, e na verdade nem cheguei a fiquei puto. Eu fiquei com vergonha. Nunca admiti diretamente que estava gostando do Shoto, mas sabia que aquela maldita de cabelos cor-de-rosa era esperta pra caralho e ia perceber tudo com facilidade. Pra piorar, Mina não tinha filtro entre a boca e o cérebro quando bebia, então não tinha como ficar com raiva, pois sabia que ela jamais falaria aquilo sóbria, mas… Ah, porra, ter o Shoto me encarando me deixou constrangido pra caralho. Eu não queria que ele pensasse que eu sou atirado ou algo do tipo, e o comentário da Mina foi tão direto que, mesmo sendo tapado, eu sabia que ele tinha sacado.

— É-é que…

— Katsuki sempre quis conhecer São Paulo — Hanta me interrompeu. — Ele sempre gostou do Bairro da Liberdade, por exemplo, mas não tem condições de ir pra lá, sabe? E sei que ele não quer se aproveitar de ninguém, mas o fato de conhecer alguém de lá deu essa oportunidade pra ele. Entendeu, né?

Encarei o vegano, extremamente surpreso. Logo ele, que mais gostava de me ver puto e passar vergonha, pensou na resposta perfeita pra me tirar daquela situação? Cacete!

— Ah, sim — Shoto voltou a sorrir. — Você gosta da Liberdade? — Assenti, em silêncio. — Poxa, por que nunca me contou isso? É um dos meus lugares preferidos da cidade, e tenho certeza de que você ia adorar.

— Então isso quer dizer que você levaria ele com você?

— Claro, sem problema nenhum. Porém, eu só irei a São Paulo lá por julho, tem problema para você?

— N-não. Estarei de férias, então, tá de boa.

Eu não tinha certeza de conseguiria férias no trabalho, mas eu daria um jeito.

— Perfeito, então. — Terminou com mais um sorriso antes de voltar a concentrar-se no jogo, determinado a ganhar da Mina.

Quanto a mim, ainda estou meio… sei lá? Tipo, eu acabei de marcar uma viagem com o cara que eu tô gostando assim, do mais completo nada. Nem ao menos sei como a gente vai, mas não acho que Shoto mentiria, por isso… argh, cacete! Eu tô ficando puto só de pensar nisso, acho melhor fazer algo pra me distrair.

— Eu vou lavar a louça enquanto vocês terminam — fiquei de joelhos, pronto para me levantar.

— Espera! — Shoto segurou minha mão com força.

Caralho, viu? Quer me foder, me beija, cuzão do caralho.

Ele observava o tabuleiro atentamente, enquanto Mina carregava um olhar de desespero, até que… É, bem, ela parou em Higienópolis, dando a vitória pro burguês. Ele soltou uma risada baixa, estendendo a mão para agradecer pelo jogo e pedindo perdão por ter derrotado os meus amigos.

— Só perdoo se tiver biscoito da vaquinha. — Denki estava com um bico.

— Eu ia falar sobre isso agora mesmo. Katsuki — virou-se para mim —, eu vou te ajudar com a louça e depois podemos ir ao mercado, o que acha?

— Nem tem tanta coisa, Shoto. Não precisa me ajudar, é sério.

— Tem certeza? Posso secar e guardar.

— Tu já vai no mercado com ele, bolachinha, deixa que eu ajudo na louça.

Sero deu tapinhas no ombro de Shoto e me lançou um olhar do tipo “vamos pra cozinha porque quero conversar com você”. Enquanto ele recolhia os pratos e a fôrma das linguiças, falei pro burguês que aceitava ir ao mercado depois da louça e levante, seguindo o vegano.

— E vocês três, se comportem — falei para o trio de bêbados antes de fechar a porta da cozinha.

Não demorou nem dez segundos para que Hanta começasse a falar.

— Quero um ovo caseiro como agradecimento, tá? — Lançou aquele sorriso debochado tão característico.

— Sabe que, numa situação normal, eu ia mandar você tomar no cu, né? — Liguei a água, começando a lavar os pratos. — Mas só quero dizer que não vou conseguir fazer esse fim de semana.

— Relaxa, sem pressa. Pelo menos, sei que você não mente.

— Que bom que me conhece.

— Por isso, queria que me contasse como tudo começou. Você tá de boa com isso?

— Ah — admito que ainda não tinha pensado em conversar com alguém sobre isso, mas no fundo, poderia acabar sendo bom. — Eu não sei responder a sua pergunta. Não teve um “quando”, meio que só aconteceu? Na real, eu descobri muita coisa sobre ele no carnaval, principalmente o fato de que temos muito em comum. Depois disso, conversar com ele começou a me fazer bem e tipo… a gente não se via desde aquela vez, e eu comecei a sentir saudade dele. Foi isso. E eu tô meio puto porque nunca pensei que algo assim fosse acontecer comigo…

— … ainda mais com um burguês, né? — Ele riu.

— Exato. Mas, na verdade, acho que estou tranquilo.

— Ele é uma boa pessoa, Katsuki. Espero que dê certo, porque seria um casal muito fofo.

Isso me deixou bem envergonhado. Era a primeira vez que eu escutava algo desse tipo, e não esperava que fosse me deixar feliz.

— Eu deixo muito na cara? — Perguntei, preocupado.

— Não, não deixa. Mina e eu só percebemos porque você, do nada, parou de chamá-lo de “burguês de merda” ou “paulistano de merda” e sempre que mandava mensagens pra ele, você tava sorrindo. Fora aquela foto do carnaval, né? Se você ainda não gostava dele, aquilo ali deixou claro que, um dia, isso ia acontecer. — Mesmo ainda envergonhado, eu acabei sorrindo com isso. — Mas Eiji e Denki são duas portas, e Shoto é um tanto tapado, então quanto a isso, sei que eles não sabem de nada.

— Acho que posso ficar mais tranquilo desse jeito. — Fechei a torneira, dando o último prato para ele secar. — E obrigado novamente por me ajudar.

— Relaxa, irmão. Sabe que eu amo te ver puto, mas não é por isso que quero te ver constrangido na frente do cara que você gosta. Mas tu sabe que a Mina não fez por mal, né?

— Sei, mas depois eu falo com ela. Eu só não sei como vai ser daqui pra frente, por isso, se for pra ele saber, que seja pela minha boca.

— Tem meu apoio, Katsuki. Pode deixar que vou cuidar para que ninguém fale merda, ok?

Era estranho conversar tão seriamente com Hanta, visto que ele sempre era debochado e gostava de me provocar. Mas eu também sabia que ele era um puto de um amigo e que eu podia confiar nele.

— Mas — continuou —, é claro que vou mandar indiretas. Tá no meu sangue, afinal.

— Desde que não foda a imagem que ele tem de mim, eu não reclamo.

— Bem… vai te fazer passar vergonha, sim. Mas dentro dos limites.

Sei que não poderia mudar a cabeça dele e, sinceramente, eu nem queria. Mas posso dizer que, mesmo curta, essa conversa foi boa e eu estava precisando compartilhar isso com alguém. Essa merda de gostar de alguém é nova pra mim e eu não sei o que me espera, então fico feliz em saber que tenho com quem contar para esse tipo de coisa.

Quando saí da cozinha, Denki e Eijirou estavam sentados ao lado de Shoto e, pela cara deles, o assunto parecia ótimo.

— Eu já falei que, quando quiserem ir, basta me avisarem e- oh. Olá, terminou a louça? — Ele desviou a atenção para mim assim que abri a porta.

— Sim, eu disse que não ia demorar.

— Ah, Katsuki — Eiji pegou uma quantia de dinheiro e me entregou. — A gente juntou um pouco pra te ajudar. Não vamos deixar você bancar tudo, até porque quem mais quer biscoito da vaquinha e fandangos somos nós.

— Colocaram fandangos na lista também? — Não pude deixar de rir enquanto pegava a grana. — Certo, vou trazer. E obrigado pela grana. Vamos?

Shoto assentiu, pegando a chave do seu carro e me acompanhando até a porta.

Como o caminho da minha casa até a rua não era muito longo, não houve conversa durante esse trajeto. Voltamos a falar só quando chegamos ao veículo, que estava coberto de pingos de chuva.

— Nem percebi que choveu — comentou o burguês, abrindo a porta.

— Nem eu. Ainda bem que já parou, de qualquer forma.

“Pau no meu cu, né?”, falei para mim mesmo ao ver que estávamos entrando em um típico assunto de elevador. Respirei fundo, pensando em um bom assunto para puxar com ele e, por sorte, lembrei-me de algo que poderia resultar em uma conversa.

— Aquela hora em que eu fui pro quarto… do que vocês falaram? — Confesso que fiquei com medo de ter sido assunto, então, eu realmente queria saber o que era.

Mas Shoto riu.

— Quando você foi deixar a cesta, né? — Concordei. — Não se preocupe, ninguém riu de você. Na verdade, Eijirou e Denki perguntaram se eu, como estudante de medicina, sabia a média do tamanho do pênis em diferentes países.

— Quê? — Mesmo espantado com aquele assunto, na verdade, eu não tinha porque me surpreender. Não quando estávamos falando de Eiji e de Denki.

— É, foi isso. Eles me mostraram uma tabela e eu falei que ela era verídica, mas que não significa que você, necessariamente, vai ter uma medida dentro daquilo só por ser daquele país.

— Peço desculpas por isso, não queria que meus amigos entrassem logo nesse assunto com você. Mas aqueles dois não vivem sem um pau, sabe? É incrível.

— Não se preocupe, Katsuki. Estou acostumado a receber perguntas desse tipo, além de coisas como “posso aumentar o meu?”. E isso que estou no primeiro período da faculdade, então sei que devo me acostumar.

— Eles falaram mais alguma coisa? — Torci muito para que ele respondesse “não”, mas… É, Eiji e Denki.

— Eles perguntaram o tamanho do meu — riu novamente. — Mas você saiu do quarto antes que eu pudesse responder. Por isso as risadas.

— Que bom que você não disse nada então. — Ah, bosta. Isso soou ciumento, o que é uma merda. — P-porque eles não iam te deixar em paz e com certeza iam dar em cima de você. — Completei, ciente de que, no fundo, aquilo era verdade.

— Vou me lembrar de nunca falar isso para eles. Oh, sim, por sinal, enquanto você lavava a louça, eles me perguntaram sobre a viagem para Búzios. O que acha de um fim de semana no começo do maio?

— Se eu conseguir folga no trabalho, fica perfeito. Aliás, esqueci de falar, mas podemos ir a um Carrefour? Acho que lá vamos ter mais variedade.

— Você é quem manda, até porque eu não sei andar por aqui. — Deu um sorriso discreto.

No fim, fiquei guiando ele até o Carrefour mais próximo. Não tinha motivos pra usar gps quando eu conhecia aquela região como a palma da minha mão, por isso, nossa conversa se resumiu a isso.

Quando chegamos, Shoto estacionou próximo à entrada e eu peguei uma cestinha. Como sabia andar bem naquele mercado, fui direto para a sessão de guloseimas e peguei três pacotes de biscoito da vaquinha, além de quatro grandes de fandangos e um biscoito que Hanta adorava comer, já que a de vaquinha não era vegano.

— Tu vai levar algo? — Perguntei ao meio a meio, que olhava os chocolates.

— Vou levar milka, faz tempo que não como. Por sinal, precisa de ajuda com isso? — Apontou para os biscoitos na cesta.

— Ah, o chocolate da vaca? E não, tá de boa. A grana que eles deram vai dar e sobrar.

— Sim, é um dos meus preferidos. Gosta?

— Sei lá, nunca provei — dei de ombros. — Bem, já que você vai olhar algumas coisas, eu vou pegar coca-cola e depois vou pagar isso daqui. Te encontro na saída, pode ser?

Ele concordou em silêncio, voltando a olhar os doces. Como a parte dos refrigerantes era no corredor ao lado, andei até o final do que eu estava e, antes de me virar, dei uma última olhada para o Shoto, que observava os chocolates com aquele olhar tão avoado dele.

E na moral? Ele é bonito demais, vai tomar no cu.

 

Como eu havia calculado, acabou sobrando uma boa quantidade de dinheiro — obrigado, promoção de páscoa. Quando paguei, Shoto já estava na saída me esperando.

— Demorei muito?

— Não, nem um pouco. Fiquei aqui por menos de cinco minutos, na verdade.

— Ok, menos mal.

Como essa era a primeira vez em que ficávamos sozinhos desde que descobri que estava gostando dele, admito que fiquei feliz por conseguir conversar normalmente. Não vou mentir: como qualquer pessoa, eu sentia, sim, meu coração bater mais rápido — assim como meu rosto ficava vermelho —, mas nada que me deixasse nervoso a ponto de gaguejar e não conseguir conversar ou coisas do tipo.

E torço muito para que isso não mude.

Deixamos as sacolas no banco de trás, e quando o carro começou a andar, foi Shoto quem puxou assunto dessa vez.

— Você falou sobre folga no trabalho… Seu chefe não costuma te liberar?

Pff, eu tive que agradecer por ele ter me liberado hoje. Eu só tenho folga uma vez por semana e em dias aleatórios escolhidos por ele, então não posso reclamar.

— Isso é meio… complicado. Você já tentou procurar outra coisa?

— Estou pensando nisso, mas é foda. Não vou encontrar algo com horários flexíveis e que pague bem assim, num piscar de olhos. Mesmo não ganhando muito bem no lugar onde eu trabalho, eu quero ter grana pra me bancar, porque não quero ver meus pais se sacrificando pra me dar o que eu quero.

Shoto ficou em silêncio por um tempo. Quando paramos em um sinal, ele voltou a falar.

— Já pensou em trabalhar em hotel?

— Hotel? Sei lá, nem conheço ninguém que- ah. Pera, Shoto, como assim? Tu realmente...

— Bem, é o que você tá pensando, sim. Posso conseguir algo com meu pai, se quiser. E como você é meu amigo, sei que ele aceitaria facilmente os seus horários.

— Porra, assim tu me anima demais. É sério? Tipo, mesmo?

— Eu mentiria para você? — Antes de o sinal abrir, ele me lançou um olhar e sorriu.

E tudo aquilo que falei antes sobre gaguejar foi por água abaixo. A merda daquele sorriso, logo o que fez com que eu começasse a sentir algo pelo burguês. Era golpe baixo, e muito.

— E-eu, hm… é… — Caralho, Katsuki, respira! — Eu aceito, então. Quero dizer, como posso fazer isso? Eu teria de conversar com o seu pai, né?

— Sim, mas não se preocupe, sei que vai dar tudo certo. Você comemora a páscoa? Digo, com aquilo de ficar com a família no domingo.

Neguei.

— Não somos religiosos.

— Então, pode ir lá em casa amanhã, se quiser. E falando nele…

Shoto parou o carro no lugar de sempre, na entrada do morro e pegou seu celular, que recebia uma chamada de “Enji”.

— Oi. Oh, é mesmo? O Touya e o Natsuo? Hm, entendi… Sim, sim, eu posso. Certo, não se preocupe, logo estou aí — desligou. — Bem, vou te deixar em casa e terei de ir para a minha.

— Aconteceu algo grave? — Perguntei, preocupado.

— Não, nem um pouco — ele riu. — Meus irmãos mudaram a senha da conta da Netflix e excluíram a do meu pai. Ele tá desesperado porque quer ver um filme com o cara com quem ele tá saindo, então vai valer mais à pena eu ir lá e abrir a minha conta do que explicar como faz uma nova.

— Puta que pariu, isso é sério? — Ele assentiu. — O quão tapado ele é?

— Bastante — riu, puxando o freio de mão. — Então, eu te espero amanhã. Te passo meu endereço depois, tá? Ou, posso te buscar também.

— Eu sei andar nessa cidade inteira, Shoto. Só me fala onde tu mora que eu vou de ônibus.

— Certo, certo, eu mando por mensagem. Ah, Katsuki, espere — ele me segurou enquanto eu descia do carro. — Tenho uma coisa para você.

Shoto abriu a porta de trás, entregando-me as minhas sacolas juntamente de… uma barra de milka.

— … Shoto-

— Precisava, sim — me cortou antes que eu pudesse dizer algo. — Eu te disse que é um dos meus chocolates preferidos e eu ia adorar ter com quem compartilhá-lo, já que ninguém na minha família é muito fã de doces.

Shoto conseguia me deixar sem palavras com extrema facilidade, e ao mesmo tempo que isso me deixa muito puto, também é outro motivo pelo qual eu me apaixonei por ele. Ainda assim, eu realmente não queria que ele visse esse meu lado tão… sentimental. Então, agradeci de um jeito mais característico:

— Mesmo estando agradecido, não pense que vou te considerar um amigo só por isso, “paulixtinha” de “merrda”.

Pensei que ele mandaria um daqueles “oh’s” ou que pediria perdão, mas em vez disso, mais uma vez, ele sorriu.

— Eu continuo adorando o seu sotaque, Katsuki.

E, novamente, aquele burguês de merda me deixou sem reação. Pra piorar, na hora de se despedir, ele me deu um abraço rápido que eu não correspondi por estar com as mãos ocupadas — e também por estar envergonhado, obviamente.

— Se cuida, tá?

Permaneci em silêncio o tempo inteiro enquanto ele ligava o carro e colocava o cinto de segurança. Só consegui falar algo quando, antes de dar a partida, ele me olhou uma última vez para dizer “até amanhã”.

— Avise quando chegar em casa.

Esse era o meu jeito de mostrar que eu me preocupava com a pessoa, já que eu não era lá muito bom nisso. E, mesmo tapado, Shoto percebeu isso.

— É a segunda vez que fala isso pra mim. Está começando a me considerar um amigo?

— Vou desistir disso se você não for pra casa logo. — Eu não o encarava, mas sabia que ele sorria, assim como eu. — E… até amanhã.

— Sim, até.

Esperei que o carro sumisse de vista para voltar para casa. Quando abri a porta, fui praticamente atacado por uma Mina em lágrimas.

— Katsuki! Me perdoa por ter falado merda na frente dele! — Ela chorava a ponto de soluçar. Bêbados são engraçados, né?

Eu já pretendia conversar com ela sobre isso, mas o que aconteceu agora há pouco me deixou tão feliz que, sinceramente, o que ela falou não importava mais.

— Relaxa, eu estou tranquilo. Hanta me ajudou também, então, de verdade, não se preocupe, ok?

— Eh? — Ela se afastou, surpresa. — Você não vai me mandar ir pro inferno? E nossa, como você tá sorridente! Aconteceu algo? E cadê o Shoto?

— Ele foi embora pra ajudar o pai dele em algo — ignorei a outra pergunta. — Mas eu trouxe os biscoitos, toma.

— Ai, mas é um anjo! Hanta, acorda os outros dois. Eles dormiram na sua cama te esperando, sabia disso? Mas não se preocupe, eles não transaram. Olha, você trouxe coca! Excelente pra ressaca, né? — Cacete, Mina já era tagarela por natureza, e isso só piorava com ela bêbada. — E o que é isso na sua mão? Um milka?

— Ow, esse, não! — Escondi o chocolate atrás de mim. Não queria parecer infantil ou fominha, mas, sinceramente, eu queria ter esse chocolate pra mim.

— Ai, fominha! — Ela olhou em volta, percebendo que Hanta não estava por ali. — Ganhou do Shoto, né?

Não precisei responder em voz alta, já que minha expressão me entregou.

— Ih, eu sabia! Tá certo, amoreco, fica com o chocolate de seu futuro namoradinho. Mas... aquela cesta tá bem cheia de coisa, né?

— Tá bom, tá bom, eu divido algo dela com vocês.

Depois disso, a noite ficou mais tranquila. Eiji e Denki já não estavam tão bêbados e a coca-cola ainda ajudou. Além dos biscoitos, entrei no meu quarto para colocar meu celular para carregar — bateria viciada é uma merda — e peguei uma barra de chocolate enorme que estava na cesta para dividir com todos. Por sinal, era um chocolate delicioso.

Quando comecei a sentir sono, perto da meia-noite, meus pais chegaram do trabalho, alegando que estava chovendo forte e que era mais seguro deixar que meus amigos dormissem aqui.

— Bem, vocês sabem onde ficam os colchões. Podem ficar à vontade na sala, mas eu vou dormir.

Desejei boa noite, sabendo que eles ficariam conversando durante horas, e subi até o meu quarto, fechando a porta para que pudesse ficar em paz.

Quando olhei meu celular, vi que tinha uma mensagem de Shoto de quase uma hora atrás.

Olá, estou em casa.

E meu pai disse que pode almoçar conosco, se quiser.

Em seguida, ele me enviou seu endereço.

Oi, desculpa a demora.

Posso almoçar, sim.

Não se preocupe. E perfeito.

Gosta de risoto de frango com molho de queijo?

Se não, posso pedir pro meu irmão fazer outra coisa.

Relaxa, eu como de tudo.

Inclusive, vou comer algo agora…

 

Peguei a barra de milka e abri, tirando uma foto para enviar para o burguês.

Oh.

Espero que você goste, de verdade!

Por sinal, acabei de comer algo delicioso.

 

Ele me mandou uma imagem do ovo com parte do recheio e da casca devorados. Como de costume, elogios inflavam o meu ego e, quando vindos de Shoto, me deixavam até um tanto bobo.

Sem perder mais tempo — e antes de respondê-lo —, peguei uma tira do chocolate e a devorei por inteira, não demorando para perceber que, de fato, aquilo era bom pra caralho.

Fico feliz que tenha gostado.

E puta que pariu, esse chocolate é bom pra porra.

 

Que bom que gostou.

Tenho mais aqui em casa, se quiser.

Não, pô, relaxa.

Tu me deu chocolate pra cacete, então tô bem de boa.

Certo.

Acho que você vai gostar de todos.

Como eu disse, escolhi os meus preferidos dessa marca, então, ficarei feliz se forem do seu agrado.

Tu tem bom gosto pra chocolate.

E ah, por favor

Não precisa ser tão formal comigo.

Sou teu amigo, afinal.

Acabei sorrindo ao digitar a última mensagem.

Olha só.

Fico contente em ler isso.

E perdão

Digo, foi mal? Pela formalidade.

É algo meio característico, mas tentarei ser mais… de boa.

:)

Bem melhor.

Mas então, eu vou dormir.

Até amanhã, né?

Sim, até.

Me avise quando estiver a caminho.

E durma bem.

Pode deixar.

E… obrigado por tudo.

Durma bem também.

Bloqueei o celular antes de ler qualquer resposta dele. Amanhã eu comeria mais chocolate e começaria a ler o primeiro livro, mas, por ora, eu quero apenas descansar para poder vê-lo.


Notas Finais


sobre esse cap, eu pensei muuuito em como escrever ele. Meu plot pra ele ja tava decidido desde antes de a fic começar (quando eu tava só organizando os acontecimentos de cada capítulo), e isso eu não mudei, MAS depois de conversar com alguns migos eu conclui que: o melhor seria fazer simplesmente acontecer, sem essa de 'hmm acho que to gostando dele mas ai n tenho ctz oq eu faço'. Eu achei melhor deixar isso bem óbvio nesse cap desenvolver isso ao longo dos que serão postados. Eu gosto de colocar coisa fofa no meio, mas também gosto de colocar algo "PÁ" porque às vezes as coisas podem simplesmente acontecerem quando a gente menos espera e eu acho que combina bastante o fato de o Katsuki olhar pro Shoto e pensar 'eh gente to apaixonado' (antes a minha intenção era fazer tooodo esse cap e só no fim botar ele descobrindo que tava apaixonado e ainda negando isso durante varios caps, mas aí não ia ficar fofinho do jeito que eu to planejando com ele já sabendo que gosta do burgues, tomando mais iniciativas com ele e tendo o apoio de amigos e enfiiiiiiiim eh isto).
aliás gente eu raramente vejo as pessoas colocarem Bakugou constrangido/envergonhado/sem resposta pra algo e eu fico tão AAAA porque ninguém e de ferro então poxa vida MAKE KACCHAN ENVERGONHADO SIM.
e, obviamente, ele ainda vai ter inúmeros momentos tsunderes, mas vou equilibrar até porque na fic ele tem 19 anos e mesmo sendo um UA eu vejo ele sendo cada vez mais maduro com os sentimentos dele e sabendo lidar melhor com coisas desse tipo
de resto ele segue sendo o menino puto de sempre, amo

o lance do banco imobiliário com Higienópolis é uma história real que rolou comigo e com meus amigos onde eu ganhei o jogo depois de TODOS eles pararem várias vezes no lugar com hotel e eu fali eles tudo rssss então é isso ai se um dia forem jogar B.I. comprem Higienópolis e as companhias que a grana vem

o proximo cap se passa na páscoa mas na vdd n vai ter nada de páscoa então achei melhor dividir kkk
Katsuki apaixonado ta só começando viu amo


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