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História Meu Carma - Primos


Escrita por: Lyv__

Notas do Autor


Desculpem qualquer erro

Capítulo 12 - Primos


Abri os olhos ainda com Lucy gritando por meu nome. Estava agarrada aos meus lençóis e levemente irritada por ouvir os gritos de minha irmã de forma tão estridente.

— Meu Deus, Amy! Dormindo a essa hora? — gritou ela puxando os lençóis do meu corpo, que encontrava-se um tanto encolhido na cama.

Sentei-me ainda com os olhos fechados e acho que fiz uma careta, mas não liguei. Meu corpo ainda estava pesado como se eu estivesse dormindo por muito tempo. Lembrei-me de ter deixado Charlotte confusa no submundo e fiquei mais irritada ainda por Lucy ter me chamado, sem ao menos me despedir. Pensei um pouco sobre isso e vi que talvez, a possibilidade de minha visita a Charlotte tivesse sido um sonho. Mas descartei ao lembrar da presença de Andrew aqui. Aquilo foi real.

— Mamãe mandou nossa solução! — disse Lucy, aparentemente sorrindo.

Abri os olhos finalmente e deparei-me com dois garotos ali. Aparentavam ser apenas um ou dois anos mais velhos que eu. Um era loiro, com olhos azuis e expressão séria; seu cabelo liso estava preso em um coque malfeito, com alguns fios soltos que emolduravam seu rosto perfeito. O outro era moreno, a pele em um tom perfeito de oliva; seu cabelo era um tanto curto, em um corte aparado e benfeito, os fios eram negros, assim como a cor de seus olhos: duas perfeitas contas negras que se assemelhavam a dois grandes abismos. Dos dois, era o mais amendrontador.

Ambos estavam com os braços cruzados enquanto me observavam em silêncio. Acho que eu podia sentir o entusiamo de Lucy, que ainda estava em pé ao meu lado.

— Esses são nossos primos de segundo grau. — disse Lucy, com os braços estendidos em direção aos dois, como se estivesse apresentando famosos em algum programa de televisão.

Olhei para minha irmã e tive que conter uma risada ao perceber seu olhar nada discreto para o moreno, porém ele parecia não notar.

— Me chamo Jacob — disse o loiro apontando para si próprio com o polegar — e esse é meu irmão, Noah. — indicou ao moreno ainda usando o polegar.

Engasguei. Eles não podiam ser irmãos, tipo, não mesmo.

— Que estranho — eu disse olhando atentamente os dois, estudando-os de certa forma — não sabia que tínhamos primos de segundo grau.

— Bom, nem eu sabia — admitiu Lucy, ainda com os olhos em Noah — mas mamãe ligou dizendo que enviou os dois para cuidar de você em minha ausência. Ambos moram em Dover, perto da casa da vovó, certo?

Jacob pigarreou antes de responder.

— Hã, sim. Tia Sally pediu muito para que viessemos.

— Viuuu?! — cantarolou Lucy olhando para mim — tudo tranquilo!

Dei de ombros e puxei novamente o cobertor para proteger meu corpo, já que um vento gélido encheu o quarto de repente.

Após isso, Lucy saiu do quarto com ambos logo atrás dela, dizendo com a voz exageradamente animada que mostraria os outros cômodos da casa.

***

— Espero que não arrume problemas na minha ausência. — disse Lucy jogando o último par de roupas na sua mala enorme.

Revirei os olhos.

— Ainda não acredito que vai mesmo me deixar com esses caras. A gente nem conhece eles, Lucy!

— Eles são nossos primos, Amy. — Ela disse indo em direção à sua mesa de cabeceira — de qualquer forma, mamãe mandou eles, então está tudo bem. E irei vir nos finais de semana para saber se está tudo bem mesmo. Ordens da dona Sally.

Cruzei os braços e fiquei parada próxima a porta, que estava aberta. Olhei para o corredor, certificando-me de que estava vazio.

— E o Noah? — provoquei — o que achou dele? Bonito, não é?

Lucy parou o que estava fazendo — colocando alguns perfumes em uma bolsa grande —, de onde eu encontrava-me, ela estava de costas para mim, então não sabia como realmente havia sido sua reação.

— É — disse ela — mas não faz meu tipo.

Lucy estava claramente mentindo. E desde quando ela tinha um "tipo"? Reprimi uma risada e fiquei calada, apenas observando Lucy terminar de arrumar todos os seus pertences.

Após alguns minutos, desci as escadas carregando uma bolsa um tanto pesada, com Lucy vindo logo atrás enquanto conversava com Jacob. Noah estava ao pé da escada e tomou a bolsa de mim de forma gentil, levando-a para fora de casa.

Na garagem, guardamos as coisas de Lucy no porta-malas de seu carro. Lucy balançava as chaves freneticamente. Demonstrava assim toda sua ansiedade.

— Você é louca por viajar durante a noite. — eu disse a ela, quando a mesma entrou no carro e ligou a ignição.

— Vou parar em um hotel durante a madrugada.

— Você é louca.

Lucy sorriu e trocamos um breve "tchau" com ela prometendo em seguida que ligaria assim que chegasse aos dormitórios. O portão automático abriu-se e Lucy deu ré. Não demorou para que o carro acelerasse e sumisse.

— Vamos comprar pizza. Quer vir conosco? — perguntou Jacob enquanto pegava no ar um molho de chaves que Noah jogava para ele.

— Não, obrigada. — respondi, voltando rapidamente para dentro de casa, para o conforto da minha cama.

***

Eu estava deitada e lendo um livro qualquer quando Andrew apareceu. Passava das 23h, mas sabia que provavelmente, seria uma noite longa de insônia e mais leituras.

— Andrew! — eu disse um pouco alto, com tom de repreensão — você não pode entrar em meu quarto sem algum tipo de aviso! Está realmente invadindo a minha privacidade.

Estava meio brincando, meio falando sério.

Andrew olhou sério para mim e em seguida para a porta. Lancei um olhar para ele que dizia "isso mesmo". Então ele atravessou o quarto, abriu a porta e passou por ela, fechando-a novamente em seguida. Após alguns segundos, ouvi batidas na mesma e gritei pedindo para que ele entrasse.

— Olá. — ele disse sorrindo, assim que passou pela porta.

— E aí. — ri em seguida.

Andrew explicou enfim por que estava ali. Disse que precisava explicar sobre minha projeção, já que não era mais para eu arranjar problemas, pois na ocasião do tabuleiro, Andrew disse que eu havia aberto um portal em meu quarto. Um portal que ligava a Terra ao inferno. Fiquei surpresa ao ouvir aquilo, pois eu simplesmente não imaginava. E nem sabia como eu havia feito aquilo.

Andrew disse que se eu ficasse longe do meu corpo por muito tempo, talvez eu não voltaria. Senti um calafrio percorrer minha espinha após ouvir isso.

— Prometo não ficar muito tempo no submundo. — eu disse seriamente.

Andrew pareceu aliviado após eu dizer isso, ou apenas era impressão minha. Ele sentou-se na beirada da minha cama, relativamente próximo de mim e continuamos conversando. Eu sentia que devia contar a ele sobre meus primos, mas de certo modo, não fazia sentido.

Comecei a estalar os dedos. Sempre faço tal gesto quando esqueço algo ou alguma palavra que meu subconsciente insiste em fazer-me esquecer bem no momento em que mais preciso.

— Por favor, pare. — disse Andrew levando os dedos às têmporas — odeio quando faz isso, é profundamente irritante.

Olhei-o confusa. Tentei lembrar-me de pelo menos alguma vez em que fiz esse gesto próximo de Andrew, e se minhas memórias estivessem certas, era a primeira vez. Parei imediatamente para passar a encará-lo, pois deveria haver uma explicação coerente para isso, certo?

— Quero dizer, quando as pessoas fazem isso em geral. — ele disse ao perceber meu olhar confuso.

— É — eu disse hesitante, não muito crente do que ele acabara de dizer — ok.

Estava pedindo permissão a ele para que Charlotte viesse a minha casa, ao invés de eu ir ao submundo quando toquei sem querer, no assunto dos meus primos. Dos meus estranhos primos.

— Primos? — indagou Andrew claramente curioso.

— Sim — respondi — mas como eu disse, eu nem sabia da existência deles. Eles apareceram hoje, por isso voltei tão repentinamente.

Antes de Andrew responder, a porta foi aberta e os dois irmãos — Jacob e Noah — adentraram o meu quarto. Eu vi quando os olhares de ambos pousaram no corpo imóvel de Andrew em minha cama. E antes de qualquer outra coisa, ele não estava mais lá.



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