História Meu chefe - Capítulo 36

Acordei com os primeiros raios da manhã entrando pela janela. Eu estava morrendo de calor e logo percebi o porque: Sasuke estava quase com o corpo todo em cima do meu, os braços largos me segurando como se eu pudesse fugir a qualquer momento.

Pensei em me mover, em tirar ele de cima de mim, mas lembrei de como o sono dele é leve e considerando o dia anterior preferi deixa-lo descansar em paz.

Depois do nosso pequeno ato de amor no escritório ele me disse que queria ir para casa e como naruto nao estaria lá Sasuke me pediu para dormir com ele e eu, obviamente, não consegui dizer não.

Passei as mãos pelo seu cabelo preto e senti sua respiração pesada sobre meu peito, ele parecia tão em paz, tão frágil, tão lindo.

—Não quero que você saiba ainda, mas...eu te amo Sasuke Uchiha.

Poder dizer aquilo em voz alta foi como tirar um peso das minhas costas. Eu amava aquele homem, mesmo que discutissimos a cada 10 palavras e o gênio dele as vezes me deixasse louca, eu amava aquele homem com todas as forças da minha alma e não seria capaz de afastar esse amor nem que eu tentasse muito.

As mãos de Sasuke se apertaram mais contra meu corpo e por um momento eu pensei que ele estivesse acordado e pudesse ter ouvido o que eu disse, mas sua respiração continuou pesada e ele não se moveu mais.

Estava quase dormindo de novo quando o meu celular tocou alto, despertando a mim e Sasuke em um sobressalto.

—É o meu.

Levantei da cama depressa e achei meu celular  em cima da cômoda. O nome na tela me fez sentir um misto de ansiedade e apreensão.

—Konan.

—Meu Deus, Oi! Eu con certeza te acordei, sinto muito mesmo, mas preciso muito da sua ajuda.—A voz dela estava agitada, preocupada.

—O que aconteceu?

—Os pais de itachi estão...na cidade.

—Merda.

—Pois é. E eles querem me conhecer e eu não sei se estou pronta para isso, porque eles já me odeiam muito.

—O que? Eles não devem odiar você.

—Eu meio que fui um dos motivos para Itachi ir embora amiga, claro que eles me odeiam.

—Calma, não tire conclusões precipitadas e nem entre em pânico. O que quer eu faça?

—Preciso que você dê um jeito de colocar o irmão dele nesse encontro.

Olhei para Sasuke preocupada. Ele esfregava os olhos como um bebê e me olhava curioso.

—Amiga, isso não vai funcionar.

—Eu sei que ele odeia o Itachi também, mas não podemos lidar com isso sozinhos. Se ele estiver lá pode dar algum apoio pro irmão, nem que seja pelo bebe.

Respirei fundo.

—Não te parabenizei pelo bebê ainda. Alguém escondeu isso de mim um bom tempo.

Conseguia ouvir o sorriso dela se abrir do outro lado da linha.

—Eu planejava que as coisas fossem bem diferentes. Íamos nos casar, eu ia contar a vocês do pedido de casamento na semana que tudo ficou ruim, dai podíamos conhecer as famílias, fazer as coisas certo, mas aí o bebê apareceu e a mãe dele...aí amiga, as coisas ficaram difíceis.—Também sabia que o sorriso dela tinha sumido só pela voz.

—Eu entendo, sério, sinto muito amiga, mas...nao sei se posso fazer o que você quer.

Sasuke se levantou e foi ao banheiro em silêncio.

—Vocês são...próximos né? Itachi contou que sasuke disse que trabalhavam juntos, mas ele também viu como ele te olhava e como você olhava para ele. Estão namorando? O que houve com Sasori?

—Isso é...complicado também. — esperei até que o som do chuveiro invadisse o ambiente— Não estamos...namorando. Eu não sei o que somos e é estranho, mas gosto mesmo dele, de verdade, e ele tem muita mágoa de itachi, não sei se vai querer ajudar o irmão.

Konan suspirou.

—Itachi me contou algumas coisas.

—Olha, porque não fala com ele e eu falo com sasuke e tentamos fazer eles conversarem? Antes dos pais e tudo mais?

—Eu vou tentar, prometo.

Nos despedimos e desliguei o telefone. Não sabia por onde começar a falar sobre isso com Sasuke porque sabia que ele odiaria a ideia logo de cara. 

Esperei que ele saísse do banheiro e quase esqueci exatamente o que tinha que dizer quando aquele corpo definido e molhado apareceu no meu campo de visão.

—Quem era no telefone?

Ele estava com a toalha amarrada no quadril e meus olhos deslizaram para baixo, para o lugar que a toalha cobria mas que quase mostrava, um misto quente de euforia e excitação. Merda.

Eu já tinha visto aquilo, aquele corpo, mas sempre parecia que eu nao tinha visto tudo, sempre parecia que não veria tudo nem se acordasse ao lado dele todos os dias, porque, Deus, ele era muito lindo e muito muito gostoso.

—Sakura?

—Sim?

—Você pode por favor olhar para cima?

Meus olhos rapidamente se fixam em seu rosto que tem uma expressão divertida.

—Admirando a vista?

Meus lábios se repuxam em um sorriso apesar de eu sentir meu rosto ruborizar.

—Gosto de olhar você.

Ele caminhou em minha direção até estarmos muito próximos.

—O que vou fazer com você, mocinha?

—Pode começar me beijando.

Os lábios dele tocaram os meus de um jeito quente e provocativo mas ele logo se afastou.

—Você está me desconcentrado. Quem era no telefone?

Você parecia preocupada.

Olhei pra baixo e respirei fundo.

—Coloque uma roupa, vou tomar banho e depois vamos tomar café. Tenho que falar com você.

Tomei um banho rápido e olhei no relógio, tínhamos quase duas horas antes do trabalho então eu tinha um tempo bom para falar com ele.

Quando sai do quarto, vestindo uma camisa de sasuke, o encontrei na cozinha fazendo omeletes.

—Alguém está cozinhando.

Sasuke me olhou e seu rosto se abriu em um sorriso.

—Peguei uma blusa sua, vou precisar ir ao apartamento para trocar de roupa.

—Antes disso, senta aqui e coma, vamos falar sobre o que está te preocupando.

Sentei na mesa e parti o omelete, comendo um pouco antes de falar.

—Você...conhece a Konan?

Sasuke ergueu os olhos do prato, uma máscara indecifrável marcava seu rosto.

—Sim.

Pigarreei.

—Sabe sobre...a gravidez?

Sasuke se engasgou.

—Que porra? Ela está grávida? Tipo...do Itachi?

Assenti.

Sasuke levantou e passou as mãos pelo cabelo de forma violenta.

—Merda. Merda. Merda. Meus pais sabem dessa merda?

—Eu...eu não sei. Acho que sabem, Konan me ligou meio preocupada disse que o bebê apareceu e atrapalhou os planos que eles tinham de resolver as coisas, que seus pais odiavam ela e eu só...eu não sei.

Sasuke se sentou de novo e colocou o rosto entre as mãos.

—Isso é terrível.

—Tem mais.

Ele me olha preocupado.

—Mais?!

—Ela disse que seus pais vão se reunir com Itachi e ela e...ele quer você lá.

Sasuke sorriu. Sorriu diabolicamente e depois riu.

—Puta que pariu. Puta. Que. Pariu. O filho da puta tem coragem de me pedir para ajudar ele nas merdas dele?! Depois de virar as costas para mim ele tem coragem de me querer do lado dele?! É muita cara de pau mesmo. E ainda usa a minha namorada para passar o recado para mim?! Eu não acredito nessa merda.

A palavra namorada rodou na minha cabeça e eu senti um frio na barriga avassalador, mas tentei manter a mente clara e pensar nisso mais tarde.

—Sasuke, por favor, calma. Eu sei que vocês tem muitos problemas, mas ele está sozinho nessa merda e agora tem uma criança no meio e...

—Sozinho?! Ele está sozinho?! Me poupe né, Haruno. Eu estava sozinho quando ele foi embora, eu estava sozinho quando eu apanhava, eu estava sozinho quando o peso do fardo de ser o novo herdeiro, maior, mais perfeito, suficiente, caiu no meu colo, eu estava sozinho. Ele tinha a Konan, ele tinha amigos para receberem ele na sua nova vida, ele não se preocupou com nada nem com ninguém. Então não venha com esse papo ridículo de que ele está sozinho, porque o Itachi que você conheceu é um mentiroso de merda. Agora se ele precisa enfrentar as consequências das ações dele, eu quero que se foda.

—Sasuke, por favor, me escuta. Eu sei que você não conheceu o Itachi que eu conheci, mas o Itachi que eu conheci teria um bom motivo. Converse com ele por favor e...

—Eu não vou falar com ele. Não vou tirar a merda da bunda dele desse problema que ele mesmo se enfiou.

Ele atravessou a sala e depois me encarou.

—Quer saber, isso prova o que eu acabei de dizer. Ele não está sozinho, ele tem você também, porque parece que nem isso eu tenho.

Bati a mão na mesa e me levantei caminhando em sua direção.

—Quer parar de descontar em mim?! Eu amo seu irmão, tá bem? Ele me ajudou quando eu vim para Nova Iorque e nao tinha ninguém, ele me ajudou quando eu sofri um acidente de carro, ficou do meu lado durante toda a minha recuperação. Por causa dele eu conheci a Konan e dividi um ape com ela um tempo e só ela pagava porque eu tinha perdido o emprego de garçonete, com ela eu dividi momentos incríveis e eles se tornaram meus irmãos porque eu nunca tive a chance de ter um. Então eu entendo a sua dor. Quer saber, não, eu não entendo, e não poderia entender porque não passei por nada parecido e eu só posso imaginar que deve ter sido muito, muito difícil passar por isso sozinho e eu odeio itachi por te fazer sofrer dessa forma, mas não posso olhar pros meus amigos e vê-los passar por isso e nem perguntar para você se pode ajuda-los.

Sasuke chorava, suas lágrimas me doíam o coração mas eu continuei.

—Mas se não quer, se nao pode, eu entendo, de verdade, e não vou te pedir para fazer isso de novo. Porque. Eu. Estou. Do. Seu. Lado.

Me aproximei dele, mas Sasuke mordeu o lábio inferior e se afastou de mim.

—Eu vou...pro meu apartamento. Vou te deixar pensar e se precisar de mim vou estar lá, ou no trabalho.

Peguei minha bolsa no quarto dele e saí do apartamento em silêncio.