Hoseok parecia estar sem graça com toda a situação, mas não podia deixar de perceber o toque de felicidade presente em seu espírito, bem guardado e em estado sigiloso.
Com lentidão ele volta para sua pose normal no banco de motorista e eu permaneço sendo sustentada por meu braço, que segurava a ponta do banco de estofado cinza.
O toque da buzina não parava, Hoseok então acelera para fingir que nada havia acontecido e que não tínhamos ficado um tempo parados no meio do caminho alheio. Um sorriso fino se formara em seus lábios, agora molhados, não pela bebida, mas sim pela saliva de minha boca recentemente tocada. As mãos grandes tocavam a capa emborrachada do volante, girando-o para virar a próxima esquina.
Gradativamente, ele foi diminuindo a velocidade com que dirigia o carro e pudemos andar sem mais a companhia dos sons altos das buzinas.
Ao perceber que minha coluna começava a doer devido a posição extremamente errada, corrijo minha postura, mas levo minha mão até sua coxa, sentido seus músculos meio definidos — provavelmente um resultado das danças — estremecerem levemente devido a segunda surpresa do dia.
Seus olhos se arregalaram em minha direção como anteriormente, e eu apertei a palma de minha mão contra o tecido de sua calça.
Minha outra mão fazia com que meus dedos deslizassem pelos meus fios de cabelo gelados devido ao ar forte do ar condicionado do carro.
Hoseok olhava fixamente para frente, enquanto seu maxilar parecia trincado devido ao nervosismo ou algo do tipo.
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10:57pm
O carro finalmente estaciona no minúsculo estacionamento do prédio, fazendo com que eu escutasse o silêncio do local após o carro ser desligado e levar consigo o barulho do motor.
Minhas pernas pareciam fraquejar quando me pus de pé e deixei que minhas mãos se apoiassem sobre o teto do carro, deixando minha cabeça encostada contra a parede de aço fria do automóvel.
— (S/n)? Você está bem? — Hoseok arregalou seus olhos ao me ver daquela forma, batendo porta do carro com velocidade e correndo até mim com certo desespero. — (S/n)? Me responde, você está bem? — ele põe uma de suas mãos em minhas costas, passando a alisar o local.
— Eu estou fraca. — digo vagarosamente. Minha voz soava como um leve sussurro.
— Vem cá. — ele se aproxima mais de meu corpo. Pude sentir um de seus braços ficar ao redor de meus ombros, enquanto outro se enfiava atrás de meus joelhos, logo me erguendo no ar como uma criança recém-nascida, ou até mesmo uma noiva ao final de um casamento clichê.
— Hoseok-ah... — minha voz manhosa é liberta, meus olhos se fecham e enrosco meus braços ao redor de seu pescoço descoberto.
Ele permanece quieto, eu me aconchego melhor em seus braços, colocando minha cabeça sobre seu peito.
— Hoseok-ah... me responde... — repito minha fala arrastada, já sentindo as fortes luzes amareladas da recepção baterem contra a superfície fina das minhas pálpebras móveis, fazendo com que eu soubesse onde estávamos.
— (S/n), descanse um pouco. — ele diz firme, me ajeitando em seu colo.
Fico quieta, mas ergo mais meu rosto, deixando que meus lábios encostassem em sua pele exposta. Minha vontade no momento era de passar a ponta de minha língua em toda a extensão de seu pescoço, mas Hoseok chama minha atenção, fazendo com que eu pare antes mesmo de fazer o que desejava.
— Você pode fazer isso outra hora... em outro lugar, (S/n)... — sua voz soa meio preocupada. — O recepcionista está olhando. — ele sussurra perto de meu rosto e não para de andar até os elevadores por um segundo sequer.
Estava cansada demais para responder, então apenas distancio meu rosto de seu pescoço em um movimento rápido, deixando minha cabeça pendida no ar.
Não conseguia deixar meus olhos abertos por muito tempo, minhas pálpebras se fechavam com muita facilidade devido ao seu peso, parecendo estarem presas a grandes bigornas. Eu queria olhar para Hoseok o tempo inteiro, sem nem ao mesmo ligar para quem visse e o que achassem disso.
Aperto minhas pálpebras tentando reunir forças para olhá-lo, nem que fosse por mais alguns míseros segundos. Seu rosto era tão bonito, quase uma estátua feita por gregos. Meus pensamentos não se fixavam em uma coisa apenas, estavam alterando a todo o momento, e um desses pensamentos foi em como deveria ser viver com Hoseok, mas não apenas dividindo um apartamento, e sim dividindo carícias, segredos, confiança, beijos, amassos, tristezas, felicidades, momentos bons e ruins, desejos e até mesmo alianças.
Como dever ser ter seu rosto angelical perto do meu quando acordássemos, ver seus fios de cabelo bagunçados, seu rosto inchado e amassado, dar beijinhos de bom dia, comermos comida industrializada no almoço e no jantar por pura preguiça de cozinhar, limparmos a casa juntos enquanto escutamos alguma música aleatória, assistir a filmes abraçados enquanto comemos besteiras, entre outras coisas.
Eu admito querer fazer tudo isso, mas é cedo, bem cedo, para pensar em coisas assim. A culpa me invade por um momento, me fazendo lembrar de como sou precipitada. Eu sou o tipo de pessoa que pensa nas coisas boa, e não nas ruins.
E se ele não gostasse de mim? E se ele nem ao menos tivesse gostado do beijo que demos no carro?
Um aperto no coração me atinge por um momento, e eu fecho meus olhos com força, tentando fazer com que nem mesmo a ideia de lágrimas escorrendo por meu rosto se formasse.
Quando observo o local, já havíamos saído há um tempo do elevador e Hoseok parecia ter dificuldade para abrir a porta comigo em seu colo. A culpa novamente me alcança.
E se ele realmente só estivesse fazendo isso para mostrar o quão educado é? Ele me pegou no colo como forma de me ajudar... só isso.
Tiro minhas mãos de seu pescoço e tento sair de seus braços, mas ele me aperta contra seu corpo.
— Não saia ainda, você pode cair — sua voz soa tranquila e serena, e ao fundo era audível o barulho do bolo de chaves, cada uma delas se chocando contra as outras. — Se acha que está pesada ou algo assim, pode ficar tranquila, você não pesa nada. — ele sorri de maneira fofa e consegue finalmente abrir a porta, me levando até a sala e pondo meu corpo sobre o sofá com extrema calma.
Meu olhar encontra o seu por um momento, e não paramos de nos olhar. Outro sorriso magnífico se forma em seu rosto e ele deposita um selinho em minha testa, logo se levantando e indo na direção da porta de entrada para fechá-la.
Quando ele retorna, seus braços tomam meu corpo novamente, me levando até meu quarto. Ele me põe sentada na cama e logo me analisa por uns poucos segundos. Suas mãos se aproximam do botão de minha calça e ele a desabotoa.
Deixo minhas costas caírem e darem um salto por causa da maciez do colchão, sem nem ligar para o que ele estava fazendo.
Ele rapidamente abaixa e tira meus sapatos com cuidado, colocando-os um ao lado do outro, em frente a mesinha de cabeceira. Ao perceber que nem mesmo um som ecoava pelo quarto, franzo meu cenho e ergo minha cabeça para olhá-lo, mas nesse momento, vejo sua imagem de olhos fechados, puxando minha calça, até retirá-la por completo. Não pude deixar de rir com aquela cena.
Quando ele termina, começa a tatear a cama à procura de um cobertor ou algo parecido, logo me cobrindo por completo. Finalmente ele abre seus olhos e me ajeito na cama com um sorriso bobo, esquecendo de todos os meus pensamentos tristes que tive anteriormente.
Ele se aproxima, estalando a língua em forma de repreensão ao meu risinho e deixa um selinho demorado em meu lábios.
— Obrigado por tudo, (S/n)... Eu gosto muito de você... — ele diz, me erguendo um pouco para me dar um apertado abraço.
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