Meu cunhado…
Fiquei estática, olhando o homem alto e muito bonito. Mas, não poderia ficar encarando muito, aliás, sua expressão ao me ver não era nada boa.
— É um prazer conhece-lo, ChanYeol. — Estendi minha mão para o cumprimentar.
— Igualmente, cunhada. — Sorriu falsamente para mim.
— Bem, tenho que falar com algumas pessoas. — ChanWoo saiu, deixando eu e seu irmão a nos encarar em silêncio.
— Então você é a nova mulher do meu irmão? — Senti a entonação em sua voz, deixando-a ainda mais potente. — Não pensei que fosse tão nova assim.
— Sim. — Respondi baixo, ele estava me intimidando e eu não sabia como lidar com isso.
— E então, S/N… — Deu um passo a minha frente.
— Preciso de água, com licença. — Segurei a barra de meu vestido e lhe dei as costas saindo em disparada para a cozinha.
Vi o local menos movimento e me senti melhor, pude soltar todo o ar preso em meus pulmões. Peguei um pouco de água e a bebi de uma vez, sem me importar se iria molhar meu vestido ou maquiagem, a presença de ChanYeol me deixou sem jeito, e um pouco desconcertada.
Seu olhar frio ao me ver, demonstrou que não foi nada com minha cara. Mas que culpa eu tenho? Não posso dizer que minha relação com seu irmão é meramente contratual e que não tive escolha de me casar com esse ser desprezível, e mesmo não querendo julga-lo logo de cara, ele parece ser igualzinho ao irmão mais velho.
Ouvi a música clássica, que me despertou. Tive que voltar para o salão, Chan com toda a certeza botará todos seus seguranças atrás de mim se não me ver perto do mesmo.
Fui barrada por um grupo de mulheres casados com os milionários que estão presentes nesse cabaré que chamam de festa. São todas mulheres bem novas, não tanto quanto eu, mas que não tira o fato de que seus maridos tenham a idade para ser pais ou até avôs das mesmas.
Senti-me sufocada, essas fofoqueiras sempre querem saber de tudo que acontece em minha vida, como se eu tivesse uma e ela fossa muito movimentada.
— É impressionante querida, seu marido continua um homem muito lindo. — Sorriu ladino. — Ainda parece aquele homem de vinte aninhos.
— Ele era um garanhão na época de escola. — Outra disse. — Espero que não fique com ciúmes, querida. Você sabe, já faz tempo! — Assenti.
— Porquê fala disso, Bryant? Por acaso teve algo com ChanWoo? — Outra abriu a boca, questionando curiosa.
Ah, essas mulheres… Quando morrerem é um caixão pro corpo e outro para a língua. Não cuidam nem das vidas delas e ainda quer saber da dos outros para fofocar com as outras naqueles malditos chás das damas da sociedade que a vezes ChanWoo me obriga a participar.
Mesmo odiando essa casa e toda essa minha vida, ainda é melhor olhar para o nada trancada nessa casa do que ouvir fofocas da vida alheia com essas barangas.
— Que isso, Joane? — Sorri sem graça, corando. — O que a senhora Park irá achar de mim!
— Bryant, como você mesma disse, está no passado. S/N não terá ciúmes não é querida? — Neguei. — Pois bem, ambas estão bem casadas e estamos entre amigas.
— Aí, tudo bem. — Pegou uma taça de champagne e bebeu do líquido antes de falar. — Nós tivemos um casinho no começo do ensino médio, mas nada duradouro, como eu disse, ChanWoo era muito pegador.
— Mas somente quando solteiro, S/N. Quando ele se casou ele parou com isso.
E não foi comigo, Chan já foi casado antes. Não sei quase nada sobre sua ex mulher, sequer tem uma foto, álbum de casamento ou qualquer coisa do tipo.
Somente vi a mesma uma vez quando ela veio deixar WooHyun, filho de ChanWoo aqui em casa, ela logo saiu, é mais uma que não vai com minha cara sem nem me conhecer.
Não que eu seja uma pessoa maravilhosa, mas ser recebida com cara e olhares feios sem nem ter trocado meias palavras comigo não é nada legal, e um desses fatos é por eu ser bem mais nova que ChanWoo.
Eles não falam mas sei que me acham uma aproveitadora, vadia, dentre outras coisas que prefiro nem pensar.
— Tudo bem gente, ChanWoo está casado com nossa querida S/N. Vamos falar do Park solteiro! — Milla, que tem seus vinte e poucos anos disse. Ela ainda não é casada, mas é noiva de um bilionário do ramo dos carros conversíveis. — ChanYeol está mais gato que nunca.
— Você não o conhece, não é querida?
— Não, acabei de ser apresentada a ele por meu marido. — E já adicionei as pessoas que não vão com minha cara.
— Senhor Park soube fazer seus filhos direitinho. — Milla diz. Deve estar com fogo já que seu futuro marido tem quase sessenta anos e nem deve conseguir fazer grandes coisas da cama. — Me desculpem senhoras, é a champagne. — Ri fraco, com as bochechas avermelhadas.
— Irei levá-la até o marido. — Bryant diz, segurando Milla pelo braço e logo, todas vão saíndo me deixando sozinha.
— Desculpe, eu não bebo. — Recusei a taça de bebida alcoólica que foi posta em frente aos meus olhos.
— Ótimo, sobra mais para mim. — ChanYeol diz, ficando a minha frente. — Conversando com as peruas?
— Não tive escolha, elas me cercaram. — Encolhi os ombros.
— Por que? Não gosta de conversar com suas semelhantes? — Passou a língua pelos lábios ressecados.
— Não sei se está falando isso por não gostar de mim ou por estar bêbado. Então, por favor me dê licença. — Novamente lhe dei as costas, e fui atrás do infeliz de seu irmão.
Em meio a multidão, andei a procura de ChanWoo, iria fazer uma ceninha, dizer que não estava bem para ficar nessa festa.
Tive que parar algumas vezes para dar atenção há com homens, eles devem achar que sou garoto de recado, para falar de negócios comigo, sendo que nem estendo dessas coisas e que irei falar sobre isso com Woo.
— Oh, você está aqui. — Sorri de lado ao avistar Woo conversar com um homem que nunca vi antes.
— Algumas das mulheres de seus amigos me pararam para conversar um pouco. — Aproximei-me quando sua mão sinalizou para que eu fosse para mais perto.
— Claro, essas madames gostam tanto de fofocar que nem se controlam para conversar nos chás da tarde, ou qualquer outro lugar melhor.
— Sim.
— Ah sim, querida! Esse é Huang Zitao, editor de uma grande revista da China.
— Senhora Park, é um prazer conhecê-la, seu marido fala muito de ti. — Pega minha mão, a beijando, não sei como Woo não deu piti, odiando que qualquer pessoa chegue perto de mim.
— E muito bem! — Falou sorrindo.
— Se me permite dizer, Park. Sua mulher é muito linda. — Sorriu gentilmente para mim. — Gostaria de modelar para minha revista?
— Desculpa, Huang. Mas minha mulher não trabalha com isso. — Woo responde por mim.
— Posso subir? — Pedi antes que me faltasse coragem. — Não estou me sentindo muito bem.
— Claro, não te quero doente. Pedirei para uma das empregadas lhe levar algum chá para beber. — Sei que ele só deixou para não pagar de ruim na frente de Zitao.
— Foi um prazer conhecê-lo, senhor Huang.
— O prazer foi todo meu. — Responde-me sorrindo. Gostei dele, não pareceu ser falso apenas para garantir pontos com ChanWoo.
Reverenciei ambos e andei devagar, fingindo não estar bem e logo subi as escadas em direção ao meu quarto.
Retirei toda a roupa de gala e pus em um canto, precisei de outro banho para poder relaxar, retirei a maquiagem e desfiz o penteado que tinha feito em meus cabelos, os penteie e prendi, ao sair do banheiro vi uma bandeja com um chá e alguns biscoitos em cima da cama.
Coloquei um pijama, e sentei-me na cama para poder come-los. O barulho da festa é quase inaudível aqui em cima, o que me deixa mais relaxada, longe de tudo e de todos. Escovei os dentes, logo após, me enrolei nas cobertas e não demorei a dormir.
No dia seguinte, espreguicei-me sentada na beirada da cama. Olhei para o outro lado da cama, não vendo ninguém alí. Estava tão cansada que nem vi até que horas essa festa foi, e até mesmo que horas ChanWoo veio para o quarto.
Somente sei que esteve aqui, pelo seu lado estar bagunçado. Meu estômago deu sinal de que estava precisando de alimento.
Fui para o banheiro e lavei o rosto. Peguei meu hobby, prendi os cabelos para não incomodar no pescoço. Desci as escadas calmamente, vendo que ela já estava como antes, toda arrumada, nem parece que nesse enorme salão, tinha tantas pessoas a transitar até horas atrás.
Rumei para a cozinha, tento a surpresa de encontrar meu cunhado na mesa, tomando café da manhã, na maior tranquilidade do mundo.
— Bom dia cunhada. — Sorriu largamente para mim.
— Bom dia. — Respondi somente por educação, e já comecei a me servir.
Não tenho nada para fazer, normalmente eu vou para a biblioteca que tem na casa, sem pressa alguma, mas a presença de ChanYeol me incomoda, prefiro comer logo e sair do que ficar aqui, e ter que ver ele.
— Seu marido sabe que você anda assim pela casa? — Bebia seu café descaradamente, e me olhava esperando uma resposta.
— Essa é minha casa, acho que posso andar como quero. — Sei que ele por alguma razão quer me intimidar, mas ele não irá conseguir fazer isso, não comigo.
— Sim, mas agora não é somente mais você e meu irmão.
Tentei não demonstrar que fiquei surpresa com isso, Woo logo surgiu, já vestido em seu terno.
— Bom dia. — Toca no ombro do irmão mais novo, e se aproxima de mim dando um selar na testa. — Vejo que estão se dando bem…
— Pois é irmão, estava agora mesmo dizendo a minha cunhada que vim morar com vocês! — Sorri largamente. Estou começando a odiar o fato dele sempre está sorrindo.
— O que achou querida? ChanYeol está retornando a trabalhar no hospital da família. Depois de tanto tempo longe, conversamos e decidimos que ele vem morar conosco.
— Por mim tudo bem. — Com tanto que me deixe em paz e finja que eu não exito. — Seja bem vindo, ChanYeol!
— Muito agradecido cunhada, e seja bem vinda a família Park também. Como eu falei a meu irmão, estava ocupado demais trabalhando e estudando, não tive como vir no casamento de vocês.
— Ah, não se preocupe. Foi uma cerimônia fechada e muito pequena. — Pelo menos esse meu pedido ChanWoo respeitou.
— Foi o que eu disse. — Woo ri. — Mas, eu e meu irmão somos muito próximos. — Tão próximos que eu nem sabia da existência dele até poucas horas atrás. — E por isso, gostamos sempre de comemorar o sucesso um do outro.
— Minhas pesquisas foram longas mas irão valer a pena irmão, você verá!
Eles esqueceram que eu estava ali, o que foi bom já que não entendo nada do que eles estão falando, essa coisa de negócios, eu prefiro não me envolver. Pedi licença e me retirei da cozinha onde os dois se entretiam ainda mais.
Subi para meu quarto, já todo arrumado, sequer arrumar uma cama eu não posso.
Tomei um banho para terminar de despertar, e fui atrás de roupas confortáveis, mesmo que eu não saia, sempre tenho que estar bem apresentável, esses velhos amigos de ChanWoo as vezes tem uns surtos e aparecem aqui, mesmo já sabendo que ele não se encontra, sobra para mim recepciona-los e conversar com eles até meu marido dar o ar da graça. Perdi a conta de quantas vezes, esses velhos que já estão com o pé na cova, já deram em cima de mim.
Aliás, parando para pensar tenho sim uma ocupação, sou secretária em tempo integral do ser que chamo de marido.
Terminei de me arrumar em frente ao grande espelho, e me direcionei a biblioteca. Um pedido que fiz e que foi muito difícil para que ele aceitasse, foi para deixar esse cômodo sob minha responsabilidade.
E como ninguém mexe, lá estava o livro que eu tinha começado a ler, incrivelmente se parecendo muito com minha vida no momento, só espero que ele tenha um final bom, e que eu também tenha.
Sentei-me na poltrona confortável, e lá fiquei, perco a noção do tempo quando estou aqui.
Fiquei com sede e tive de interromper minha leitura, iria somente pegar um copo de água e retornar para o cômodo, mas ao descer as escadas fui parada na sala pelo homem que chamo de cunhado.
— Hum, você não trabalha? — Me pergunta assim que para de mexer no celular. Engraçado é que o médico cirurgião é ele aqui, e não eu.
— Não. — Respondi diretamente, querendo saber até onde ele vai com essas perguntas.
— Então o que faz da vida? Fica gastando o dinheiro do marido que nem aquelas barangas? — Coçava o queixo enquanto me questionava na maior tranquilidade.
— E se for ChanYeol, o que você tem haver com isso? Se eu gasto ou não o dinheiro do seu amado irmão, isso é problema meu e ele. Até porque, se ele não se incomoda, por que você está incomodado?
— Olha, mostrando as asinhas… — Fala com deboche. — Irei descobrir quem você é S/N.
— Pois bem, eu mesma digo. — Estendi minha mão. — Prazer, S/N Park sua cunhada.
— Não adianta vir com esse deboche para cima de mim, eu conheço o seu tipo, e você não sabe com quem está se metendo, garota!
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