História Meu delírio - Min Yoongi (Suga) - BTS - 18

Levantei-me atordoada em busca de Yoongi, mas minha porta estava trancada por fora. Era inútil tentar abri-la. Estava me sentindo impotente. A pessoa que eu amava estava sofrendo e não havia nada que eu pudesse fazer.

- Papai! – Batia contra minha porta, tentando através de meus gritos salvar Yoongi da surra que estava levando.

- O que você fez? – Ele gritava enquanto dava tapas em meu irmão. Foi assustador escutar sua voz tão rude, eu nunca havia presenciado tal tom de voz.

- Yoongi!

Após meu grito um último estalo se fez presente e então tudo parou. Não havia mais som algum. Pensei no pior e, portanto, bati com força na porta, gritando sem controle algum sobre minha boca.

Seohyun abriu a porta rapidamente e me afastei, dando a ela espaço para entrar. No mesmo segundo em que a porta foi aberta, meus olhos correram em busca dos de Yoongi. Sua boca estava machucada no canto e ele ainda estava deitado.

O olhar furioso de minha mãe não me incomodava tanto quanto o fato de meu pai estar com a cabeça abaixada. Ele começou a caminhar para seu quarto.

- (S/N), se eu vê-la falando com Yoongi voltará para o Brasil imediatamente. Agora eu preciso pensar sobre o que farei a respeito disso. – Foi a última coisa que ouvi dele naquela noite antes que adentrasse em seu quarto.

- No fundo eu sempre soube. – Uma lágrima escorreu pelo rosto de Seohyun. – E-eu só... Eu só não queria ver. Eu não queria enxergar. – Começou a chorar sem conter suas lágrimas.

Fui até ela querendo lhe abraçar e dizer que eu e Yoongi nos amávamos, queria dizer que nós conseguíamos nos sentir completos, que nós tínhamos que ficar juntos, mas ela empurrou minha mão e virou-se para o corredor, ordenando que Yoongi entrasse em seu quarto. Segui todos os movimentos com os olhos, com a garganta fechada, mais uma vez sem poder fazer nada. O olhar de meu irmão só expressava dor, e tenho certeza que era psicológica. Conhecendo seu jeito, sei que ele podia aguentar aqueles machucados.

- Por favor, deixe-me ao menos cuidar dos machucados de Yoongi.

- Não me peça isso, (S/N). – Ela o trancou e então, pediu que eu entrasse em meu quarto.

A obedeci e logo, pude ouvi o barulho da chave fechando-me dentro de meu quarto.

Corri para a cama, em busca de meu celular. Já havia uma mensagem dele, e por um instante, meu coração acelerou de ansiedade.

Suga Oppa: Ainda não acabou, não se preocupe!

(S/N): O que vamos fazer? Você ouviu o que papai disse? Não posso negar que estou com medo!

Suga Oppa: Eu preciso pensar. Por enquanto saiba que te amo e farei qualquer coisa pra ficar com você!

Agora apague suas mensagens e vá descansar!

Seria difícil descansar, vivendo na situação em que estava. Mas, tomei novamente um banho naquela noite e me deitei sobre minha cama. Procurei em meio aos lençóis o corpo de pele alva que há poucas horas estava ali ao meu lado.

SEOHYUN POVS ON

O dia no trabalho havia sido bastante gratificante, pois eu tinha ganho um aumento! Também era o dia do vestibular de Yoongi e eu mal podia esperar para chegar em casa e jantar com minhas duas preciosidades para botar a conversa em dia, já que há algumas semanas nós não estávamos fazendo isso. Mas, tudo bem, já que (S/N) está namorando com Taehyung e meu outro bebê está com aquela moça do trabalho, Yewon, por sinal, uma moça adorável. Suga não é de conversar muito, mas definitivamente os dois eram um casal. Portanto, entendo os dois não terem mais tempo para os pais corujas.

Parece a vida perfeita, porém, infelizmente, não é.

Justo hoje. Hoje. Quando tudo indicava ser o ápice da maravilha, acabei vendo algo que não desejaria nem para o pior de meus inimigos.

Meu dois têm relações sexuais.

Os dois são criados juntos desde quando Yoongi tinha quatro anos de vida e (S/N) um. Sempre foi dado o mesmo amor, o mesmo carinho, o mesmo respeito. Sempre o mesmo tratamento para ambos. Filhos. Criei (S/N) como se tivesse saído de meu ventre também.

A pior parte disso tudo está na de que eu sabia de tudo.

FLASHBACK ON

Ele tinha apenas uma década de vida. Estavam os dois sozinhos em meu quarto, sentados no chão e só pude identificar seus movimentos pela luz que vinha de lá. Os dois encostaram os lábios, mas se afastaram tão depressa que até sorri comigo mesma daquela ingenuidade.

- Não crianças! Vocês não podem fazer isso! – Tirei o lençol que os cobria e tirei a lanterna da mão de Yoongi.

Saíram de lá correndo e como sempre, lá estava (S/N)... Seguindo tudo o que seu irmão mais velho fazia.

FLASHBACK OFF

Mas, o que eu poderia fazer? Mantê-los separados apenas por querer evitar um possível amor que cresce desde cedo seria loucura.

Toda a situação pareceu difícil de suportar. Os gritos de (N/P) entonaram um clima extremo de suportar. Eu estava tão sem atitude que não consegui pensar direito no que se passava naquele momento. Não sabia se deveria ajudar Yoongi dos tapas que estava levando ou se abraçava minha filha e lhe dava carinho enquanto seu choro cheio de soluços não passava. Só conseguia sentir dor em meu coração.

Céus, qual o meu papel diante dessa situação?

(...)

Acordei e preparei o café da manhã como sempre.

Eu já havia destrancado (S/N) e Yoongi, e mesmo assim ninguém havia descido ainda. Quando me apressei para chama-los, vi os dois descendo atrás de (N/P). Dei bom dia a todos e voltei-me para a mesa.

Todos sentamos em silêncio e observamos que o único que estava realmente preocupado em comer era meu marido. Ele colocou arroz em sua tigela, serviu-se de sopa e depois de alguns aperitivos. Levou um pouco de comida até a boca e respirou fundo.

(S/N) e Yoongi se olhavam quase que sem piscar. Os olhos dela estavam inchados e a única ferida que meu menino tinha era um pequeno corte no lábio, agradeci mentalmente por não ter ficado pior. Era tão ruim vê-lo naquele estado, sentia vontade de abraça-lo e lhe cuidar... Mas...

Mas, o que (N/P) pensaria? Que estou contra ele ou mesmo, que aprovo este tipo de relação?

- Há quanto tempo? – (N/P) quebrou o silêncio.

- Appa... – (S/N) choramingou.

- Só responda o que eu perguntar. – (N/P) continuou do mesmo modo frio que estava. Ele comia e perguntava, sem ao menos nos direcionar o olhar.

- Alguns meses.

Todos o ouvimos suspirar, soltando os hashis sobre a mesa. Ele fechou o punho e o bateu sobre a mesa.

- Eu te criei tão bem, minha filha... O que aconteceu?

- Nós não estamos cometendo nenhum crime. – Yoongi se manifestou e eu temi que ele apanhasse mais uma vez. Eu não suportaria.

- Por favor, papai... – (S/N) pediu, mas foi interrompida.

- Ele te obrigou a fazer essas coisas nojentas?

- (N/P)! – O repreendi. Era inaceitável ouvir tais acusações sobre Suga. Ele nunca seria capaz de fazer isso a mulher nenhuma.

- Desculpe. – (N/P) olhou para baixo, e em seguida, levantando-se da mesa. Passou a mão sobre os cabelos, os botando para trás. – Eu não sei o que fazer...

- Então não faça nada... Por favor. – (S/N) mais uma vez pedia.

- Por que você não se coloca no meu lugar, (S/N)? Hum? – Voltou-se para a frente da mesa e sem sentar-se, apoiou os dois braços sobre a mesma. – Pense hipoteticamente, o que você acharia se seus dois filhos transassem enquanto você trabalha? Ham? O que acharia?

- Nós não somos irmãos. – Ela levantou-se e ficou de frente para ele, o encarando. – Nós nunca seremos irmãos. O senhor está dificultando tudo. Por favor, apenas me deixe ser feliz, apenas me...

(S/N) parou de falar ao perceber a mão de seu pai levantando-se para ir de encontro a seu rosto. Yoongi prontamente ficou de pé assim como eu. As quatro respirações que estavam ali tornaram-se ofegantes.

- Quer me bater? – Finalmente (S/N) falou depois de uma longa mudez. O braço de (N/P) que queria bater já estava abaixado novamente. – Eu amo Yoongi e não tem nada que o senhor possa fazer a respeito disso.

Ela subiu as escadas correndo. Suga foi atrás dela, mas não foi impedido. Levei minhas mãos a meu coração e senti aquele músculo bater tão forte que poderia sair para fora do meu peito.

- O que eu faço, querida? – Se meu marido soubesse que eu estava perdida, não teria me perguntado isso.

Eu fui até ele e o abracei.

- A principal coisa a se fazer agora é parar com esse seu jeito. Você não pode mais encostar neles.

- E depois?

- Nós vamos saber o que fazer. – Acariciei suas costas.

Devagarzinho, ele sentou-se novamente para retomar sua refeição. Ele não proferiu nenhuma palavra enquanto comeu, com certeza, estava pensando. Fiz o mesmo e quando acabamos, tirei a mesa e guardei tudo em seu respectivo lugar.

- O que vai fazer? – O seguia pelas escadas. Afligia-me sobre o que poderia se passar naquela casa.

- Yoongi! Para o seu quarto e você, (S/N), se arrume. Você vai pro trabalho comigo.

- O que?

- Agora.

- Eu não quero ir.

- Não me faça faltar o emprego para te vigiar.

- Mas, o Yoongi vai trabalhar, eu vou ficar sozinha...

- (S/N). Eu não vou encostar nenhum dedo em vocês, mas, eu preciso que coopere comigo.

- Vá! – Yoongi sussurrou para ela antes que lhe desse um beijo na testa. Ele saiu de lá e foi para seu quarto.

- Eu tenho 20 anos, o se...

- Eu pago a comida que você come, as roupas que você usa e essa cama nojenta que você está deitada também fui eu que paguei. Então, enquanto viver sobre meu teto, é assim que vai ser.

Ela calou-se e assentiu a cabeça, os olhos já estavam marejados.

Nós saímos de seu quarto e ouvimos uma forte batida da porta do banheiro.

Em meio a todo esse caos, eu me perguntava mentalmente se aquilo tudo era realmente necessário? Será que poderia existir a possibilidade de nós – eu e (N/P) – estarmos errados?

Tudo que eu preciso é de uma luz...

SEOHYUN POVS OFF