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História Meu Desejo - Minha vida


Escrita por: Henriteixeira22

Notas do Autor


"Tem uma parte da vida que você simplesmente desiste de agradar os outros, você esquece que tem uma reputação e só vive a própria vida, foi o que eu fiz, só deixei a vida me levar.

Capítulo 1 - Minha vida


Fanfic / Fanfiction Meu Desejo - Minha vida

Mudar para uma cidade bem pequena é difícil, principalmente quando se é como eu, um cara transgênero. Aos 24 fiz minha tão sonhada mastectomia e mais algumas adaptações em meu corpo, me cuido e faço toda a transição de acordo com o que o médico manda, não tenho desavenças com ninguém, literalmente vivo no meu mundo, na minha casa em uma cidade de no máximo 10 mil habitantes, próximo de onde vivo tem uma 

Cidade maior onde faço faculdade, curso fisioterapia eu gosto de lidar direto com as pessoas, minha turma é legal, mas não falo com ninguém e fico sempre de fora dos grupos, faço tudo que eu puder para não me envolver com as pessoas, só tem uma garota, Helena, linda, cabelos sempre preso, moreno e liso, olhos castanhos cor de café, lábios rosados e um sorriso tão lindo, a única que sorri para mim, bom eu acho que é para mim ou para o marido Gabriel, casada com um babaca que se acha o rei da classe legítimo babaca de filme adolecente, faz perguntas indecentes e ainda por cima fala coisas horríveis dela.


Como eu disse, vivo no meu mundo, quieto no trabalho e quieto na aula, tenho meus xodós, minha cachorrinha Agnes uma labradora marrom, meu carro uma Saveiro Cross rebaixada (meu sonho de criança), tenho o que preciso para sobreviver, mas falta algo para me sentir vivo, eu talvez queria uma família, talvez esteja ficando velho e não tenha construído nada sentimental por alguém, aos 25 anos e não sentir que já foi amado é complicado. Sempre foi só eu, minha família se afastou quando eu comecei a transição e meio que aceitei o fato de talvez ficar sozinho o resto da vida.

-Talvez… Que saco tenho que parar com essa palavra, ela deixa minha incerteza mais incerta. -

Falo comigo mesmo enquanto faço academia. 


Segunda-feira


Dia de aula, um tédio, todos os dias da semana eu trabalho das 8h às 17h no hospital da cidade e minha aula começa às 19h, dá uns 30 minutos até a faculdade que é logo na entrada da outra cidade. Tenho tempo de sobra para fazer... Nada. Todos os dias que chego na aula eu fumo um cigarro, por rotina mesmo, bebo um café e aguento 3h de aula, ninguém da sala sabe quem eu sou, só sabe meu nome por causa da chamada.


18:20

Pego a estrada tranquilo para ir a aula, com a cabeça vazia porquê não tenho muitas preocupações, chegando na faculdade vejo Helena abraçada com o marido na frente do carro no estacionamento, passo na frente deles e meu carro pega no chão, um problema que gosto de ter, mania de esquecer do maldito quebra-mola, nisso Helena me olha e da um risada e eu riu de novo pra ela, queria saber o que sinto por ela, mas acho que Gabriel não gostou muito. Quando encostado na Saveiro no estacionamento saio de dentro, pego meu cigarro e fumo relaxante antes da aula.


-Henrique, cigarro pode matar, tu sabe né? -

 Helena diz sorrindo e olhando com uma cara de querer atenção.


-Helena, cigarro pode até matar, mas esse teu olhar agora é bem pior.-

Falo ironicamente largando meu cigarro que recém tinha aceso, e pego minha mochila, vou em direção a Helena que me acompanha em silêncio, pelos corredores da faculdade só escuto o salto dela batendo no chão, o vestido balançando com o caminhar, tento evitar olhar para ela, mas é quase impossível. 

-Você está linda, sempre está.- 

Falo antes de abrir a porta da sala, não era uma cantada e sim a verdade, ela sempre estava linda.

-Você é o primeiro que me diz isso, de todos nossos colegas você é o único que sorri pra mim quando entro na sala.- 

O sorriso meigo dela e a voz mansa eram tão prazerosas de ouvir. Eu podia conversar com ela o dia todo. 

-Você é a única que sorri pra mim também.-

Dou um sorriso tímido, mas satisfeito por aquela curta conversa e tão boa.

Ao chegar na sala abro a porta e ela entra na frente logo em seguida eu entro, mas o clima na aula ficou estranho, meu coração disparou, queria fugir dali, mas me controlei, talvez eu queria mais uma adrenalina na vida, olho para Gabriel que me encarou feio e dou um sorriso sem intenções de provocação, ou talvez tenha a intenção, mas minhas ações geram reações na Helena, logo ele puxa ela pelo braço e dá uma bronca, minha vontade é socar a cara dele, mas quem sou eu né.


-Henrique...- 

Eu gostava do som da voz dela e nem sabia

- Henrique...-

 uma voz mansa

 - Henrique? Tu está bem?- 

Aquela voz não era da minha cabeça, a voz mansa dela estava do meu lado. Mas eu de cabeça baixa não conseguia decifrar.


-hām? Oi? Helena? Acho melhor tu ficar com seu marido ali o garanhão haha- 

Falo com ironia mas ruim, talvez uma gripe que estou prestes a pegar.


- Tu não está com uma cara boa não, tu vai se gripar?, vai pra casa e me avisa se precisar de alguma coisa, sério.- 

voz mansa de preocupação.


"Ela está preocupada comigo?, até preocupada ela é linda, o que eu estou sentindo?"


- Tá bom, acho melhor eu ir mesmo, tenho que pegar a estrada ainda.

Concordei com ela e levantei.


- Achei que tu morava aqui na cidade, tu mora onde? Vejo alguém pra te levar.-


Que olhar dos deuses.


- Eu consigo ir sim, não te preocupa, vou ficar bem. Obrigado.

Meio tonto vou até o professor e dou tchau, fui até o carro que parecia está muito longe, mais que o normal, entrei e fechei a porta e uma crise de ansiedade forte, a segunda em três dias.


- Talvez eu...-

 Eu suspiro diversas vezes, um aperto no peito e falta de ar incomparável, talvez seja a mais forte que já tive. 

-Meu coração, na moral caralhoooo- 

Levanto a cabeça e bato diversas vezes contra o encosto do banco, com a minha mão no peito quase rasgando o moletom e sem ar. Fico por alguns segundos assim, e quando ligo o carro a porta do carona bate.


-Henrique, você está bem? Ei?- 

Helena coloca a mão no meu rosto que estava suado, sua voz me aliviou um pouco, mas em seguida me preocupou mais, pois Gabriel estava vindo em direção ao carro com a cara de muito bravo.


-Helena acho melhor tu evitar ficar perto de mim, tenho quase certeza que teu marido não gosta da minha cara.


- Ele tem inveja- 

Ela falou ironicamente com uma risada no final


- inveja? Porque seria? Porque ele sabe que eu sou melhor que ele em todos os aspectos?- 

Um silêncio ecoou dentro do carro, eu sentia mais que a ansiedade, a boca dela me chamava o olhar dela me enfeitiçou " o que faço? Será que?"


-Talvez seja isso, espero que seja isso...


Nossos olhares não são inocentes, quem sabe o que passou na cabeça dela, quem sabe o 

que passou na minha, podíamos simplesmente sair dali, mas deveria?


Notas Finais


"Não desista daquilo que é destinado a ser teu, mas não o obrigue a ser teu antes da hora que o destino decidir"


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