Notas do Autor
Mais um...
Capítulo 5 - A explosão do Desejo
Minha tarde foi longa... e tediosa. Alice conseguiu arrastar Bella e eu para um shopping, e isso não foi algo que havia deixado Bella muito feliz. Ela odiava compras, shoppings, lugares lotados e cheios de escadas rolantes.
Alice nos fez rodar quilômetros, entrou em umas vinte lojas olhando um milhão de roupas diferentes e no fim voltou à primeira, levando apenas um vestido.
Revirei os olhos. Alice.
Bella passou o tempo todo com a cara amarrada e fazendo caretas diante de qualquer tentativa de Alice de comprar algo para ela. E eu não a culpava de forma alguma.
Voltamos tarde, já era noite escura quando levei Bella para casa. Quando ela saiu do carro, eu disse baixinho:
–Estarei aqui assim que seu pai dormir.
–Estou te esperando – ela sussurrou
Nós ficamos juntos, conversando como sempre. Fiquei abraçado a ela, cantando sua canção de ninar até que ela finalmente adormeceu.
Ainda bem que eu não tenho aula amanhã pensei aliviado.
Eu havia acabado o ensino médio ‘’oficialmente’’(ignorando o fato de que teria que fazê-lo de novo daqui a alguns anos) e então meu próximo passo era ir para uma universidade. Já havia recebido admissões de várias delas, mas não havia me decidido ainda. Então enquanto não decidia meu destino eu tinha um tempo ocioso, férias como dizia Alice.
Pra ser realmente sincero, eu estava adiando minha decisão.
Ir para uma universidade significava sair de casa e, conseqüentemente sair de Forks. Eu não gostava de mudanças embora estivesse acostumado a elas. Sair de perto de minha família, ir pra um lugar completamente diferente, ter de me adaptar novamente...
Mentira.
Tudo isso era o que eu tentava dizer a mim mesmo. A verdade é que todos esses motivos eram minha tentativa de não enlouquecer. A verdade era que havia um único motivo pra que eu não quisesse deixar Forks.
E esse motivo era lindo... Esse motivo tinha cachos ruivos e um sorriso que me tirava o chão.
Victória.
Olhei para Bella adormecida ressonando suavemente abraçada a mim, ciente até na inconsciência de que eu estava ali, ao seu lado.
Um pensamento me ocorreu.
Ah não, Edward. De jeito nenhum. Você não pode fazer isso. Gritava a parte do meu cérebro que ainda mantinha a razão.
Não faz diferença, ela está dormindo. Dizia a outra parte, a parte que eu queria ouvir. E além do mais, você volta.
Lentamente, desenrosquei seus braços do meu corpo, fazendo o impossível para não acordá-la (isso seria o meu fim). Acomodei-a ternamente entre os travesseiros, cobri seu corpo com uma manta e depositei um beijo em sua testa.
‘’ Eu volto meu anjo, durma bem. ’’
Esgueirei-me pela janela, tentando ao máximo não fazer nenhum barulho e olhei para a escuridão da noite.
Pela primeira vez, eu havia feito algo que jamais faria. Algo que em circunstâncias normais, eu consideraria inadmissível. Eu havia deixado Bella.
Eu esperava sentir culpa, arrependimento, vergonha por ter feito aquilo. Mas na real, eu não tive tempo suficiente pra pensar.
Encarei a casa a minha frente. Era rosa salmão por fora, as janelas brancas cortinas em tom de azul-claro. Estilo bem romântico, o que provava ainda mais o quão sensível ela era. Assim que consegui desvendar o mistério de sua mente, eu tive certeza que a Victória fria e cruel que existiu há algum tempo atrás não passava de uma máscara que escondia sua verdadeira essência.
Eu estava conhecendo a Victória verdadeira, aquela que inacreditavelmente só me fascinava a cada dia.
As luzes estavam apagadas, mas eu sabia que ela estava lá. Toquei a campainha.
Eu não me recordava direito como era a sensação de ter o coração disparado, mas tinha certeza de que se isso fosse possível, o meu agora estaria saindo pela boca.
Ela abriu a porta e me olhou espantada.
–Olá Victória, te acordei? – perguntei em tom irônico, dando certa ênfase na palavra ‘’acordei’’.
Ela estreitou os olhos, mas sorriu. Claramente satisfeita em me ver.
–Entre, por favor.
E eu fiz isso. O ambiente era quente, aconchegante. Ela me apresentou seu ‘’quarto’’ (que assim como o meu, era usado pra qualquer coisa, menos pra dormir) que também era branco, tinha alguns quadros na parede e livros. Livros em cada centímetro que você olhasse (ta confesso que exagerei), uma estante toda abarrotada de livros.
‘’Ela gosta de ler’’ pensei comigo mesmo. Aquilo me lembrava alguém. Alguém que neste momento dormia tranquilamente pensando que eu estava ao seu lado. Se por acaso ela acordasse...
–Bom, acho temos muito trabalho a fazer – eu disse na tentativa de espantar a angústia – Se você quiser entrar logo na faculdade.
Ao dizer isso, eu a puxei pela cintura sem pensar em muita coisa. Surpreendi-me com o grau de intimidade já criada entre nós. No momento em que nos tocamos dessa forma, tão próximos, foi como se uma corrente elétrica atravessasse nossos corpos. Nós dois ofegamos.
–Hã... é melhor andarmos logo com isso então, não é mesmo? – Victória estava constrangida, e eu poderia afirmar que estaria vermelha como um tomate se isso fosse possível.
– Tudo bem. – respondi, não querendo piorar as coisas.
Passamos a madrugada toda entre nomes, datas e fatos. Provamos um milhão de possíveis passados convincentes que poderiam ser aplicados á vida dela. Eu sabia perfeitamente como era aquilo porque minha família e eu fazíamos isso com freqüência. Já tivemos de mudar muitas vezes ao longo dos anos para que os humanos não percebessem nossa imortalidade.
Carlisle já havia se passado por meu irmão mais velho, por meu tio e certa vez Rosalie havia se passado por minha namorada (argh!!).
Essa era a parte inconveniente de ser um vampiro tentando conviver entres seres humanos. A necessidade freqüente de mudanças. Não poderíamos passar mais que alguns anos em um mesmo lugar sem que as pessoas estranhassem o fato de que não mudávamos nem envelhecíamos nunca.
Mas para Victória era completamente diferente. Ela nunca havia precisado disfarçar sua existência porque ninguém nunca soube de sua existência. Como vampira nômade, ela e seu bando viviam ‘’de passagem’’ em todos os lugares e não se deixavam ser notados pelos humanos a não ser em uma ocasião: quando iam matá-los.
No fim das contas, olhamos satisfeitos para o resultado de nosso trabalho:
Nome completo: Anne Victória Howard
Idade: 22 anos
Data de nascimento: 31/10/1989 (o que a tornava do signo de escorpião. Intensa, forte. Combinava perfeitamente com sua personalidade)
Havia terminado o ensino médio em Nova York e se mudado para Forks há dois anos. Era filha única e seus pais moravam na Ingleterra.
Os documentos necessários para provar tudo isso, eu havia me encarregado de conseguir. Afinal, tinha recursos suficientes para que seu histórico e suas notas fossem absolutamente impecáveis.
–Você realmente acha que alguém vai acreditar nisso?- ela perguntou depois de ler e reler nossa pequena ‘’farsa’’.
–Por que alguém duvidaria?- perguntei
–Sei lá. Tenho medo de que algo dê errado.
– Você não confia em mim? – eu disse segurando sua mão, minha voz exalava confiança.
– É... acho que sim – ela riu – Brincadeira. É claro que confio. Você está sendo muito legal comigo, já disse isso?
–Humm... de formas diferentes, mas já sim. Além do mais vai ser um sucesso. Da forma com que gosta de ler você será praticamente uma nerd.
–Você percebeu não é?
–Eu diria que não há como não perceber. Sua casa parece uma biblioteca.
–Eu gosto de ler. É uma ótima coisa a fazer quando se fica a maior parte do tempo sozinha.
–Deve ser ruim. Ficar sempre sozinha.
–Nem tanto. Por um lado é bom, faz com que você pense sobre muitas coisas.
–Entendo você. Ás vezes um pouco de solidão faz bem. Pra reordenar a cabeça, pensar um pouco sobre si mesmo.
Ambos assentimos, concordando.
–Bom, se você precisar ir agora... Quer dizer, nosso ‘’trabalho’’ está perfeito.
–Você quer que eu vá?
–NÃO! – ela quase gritou – É que você deve ter coisas a fazer e eu não quero atrapalhar.
Dessa eu tive que rir. Ela. Atrapalhar.
– Meu único dever é estar ao lado de Bella assim que ela acordar, mas ainda falta muito para amanhecer.
–Então o que vamos fazer agora?
Olhei para seus olhos. Eram escuros de sede.
– Já sei. – eu disse, satisfeito com a idéia – Vamos fazer algo útil e ao mesmo tempo agradável. Vamos caçar.
...
Adentramos pela floresta buscando algum animal distraído que estivesse, por acaso, passando por ali. Corremos alguns quilômetros, que pareceram apenas centímetros a julgar por quem estava comigo. Era a primeira vez que eu caçava na companhia de Victória e isso era algo que eu queria aproveitar ao máximo.
Em determinado momento, paramos. Duas estátuas ali, se encarando. A concentração dominava cada parte do nosso ser. A não ser a parte de mim que não deixava de reparar o quanto ela era absurdamente linda e sensual quando estava caçando...
Sacudi a cabeça, tentando me livrar das distrações.
– Sente o cheiro? – perguntei sussurrando
Victória balançou a cabeça como um sinal positivo.
–Dois? – havia dúvida em sua conclusão
–Na verdade três – tentei não parecer convencido – E temos que ser rápidos, se não eles fogem.
Victória assentiu, e então nós disparamos.
Eram alces. Victória agarrou um e eu agarrei o outro. É claro que o terceiro fugiu.
Victória cravou os dentes em sua jugular, sugando-lhe todo o sangue. Eu tentei fazer o mesmo, tentando parar de olhar pra ela...
Quando nossa sede enfim foi saciada, estávamos impecáveis. Nossas roupas estavam perfeitas, nem um pouco manchadas nem amassadas. Caçar era um instinto. Fazíamos quase por reflexo e sem deixar vestígios.
– O que achou? – havia uma pitada de orgulho em sua voz, como se já soubesse minha resposta.
–Você foi elegante. - respondi completamente bobo - Indescritivelmente graciosa.
Nós sorrimos. E ficamos em silêncio.
Nesse momento eu percebi que tudo estava perdido. Completamente perdido.
Aproximei-me dela lentamente. O silêncio preenchia tudo. Tomei seu rosto entre as mãos, contornando a curva de seus lábios carnudos com as pontas dos dedos polegares.
–O que está... Fazendo? – ela perguntou com a voz trêmula
–Eu estou tentando... – respondi num tom hipnótico, sonhador e apaixonado – Eu estou tentando, mas já não sei mais de onde tirar forças...
–Para quê... - sua voz mal passava de um sussurro.
Minhas mãos deixaram seu rosto. Deslizaram em seu pescoço, em seguida em seus ombros e se fixaram nas curvas de sua cintura.
–Para resistir... Eu não estou mais conseguindo resistir a você...
E ainda nesse instante de total perdição, eu a segurei pelos pulsos e lentamente empurrei seu corpo contra uma árvore, prendendo-a ali, entre meus braços. Nossas testas agora estavam coladas; os rostos a milímetros de distância.
– Eu tentei Victória. – nossa respiração; tanto a minha quanto a dela, eram agora um ofegar louco e exasperado. - Eu fiz o possível. Mas você é uma tentação grande demais... Grande demais pra que eu possa suportar.
Meus lábios roçaram de leve a curva de seu queixo, contornaram a linha do seu maxilar, depois fizeram todo a caminho até sua boca. Senti seus olhos aos poucos se revirarem...
O beijo foi intenso, ardente, desesperado.
Era como mergulhar em um turbilhão de cores, sabores e sensações. Quantas vezes eu havia imaginado que sabor teriam aqueles lábios... e no entanto não chegava nem perto. Eram mil vezes mais insuportavelmente deliciosos.
Eu senti naquele beijo, todo o amor que eu rejeitara e que eu tanto havia tentado reprimir e negar, explodir dentro de mim devorando-me com toda sua intensidade.
Era deliciosamente desfrutável deixar-me queimar nesse fogo...
Ela me correspondia, eu pude sentir. Sua boca movia-se tão ávida quanto a minha e ela compartilhava da mesma paixão insana e abrasadora que agora me incendiava por dentro.
Em meio ao sonho, fui acordado quando a realidade veio á tona.
Victória me empurrou com violência. Eu não estava preparado para isso. Sua respiração era ofegante, seus olhos arregalados.
–Edward como você pode? Isso não é certo. Você a está traindo. NÓS a estamos traindo... - sua voz era trêmula, a culpa inundava seus pensamentos.
–Vic me desculpe... Eu não queria... - tentei segurá-la pelo braço, mas ela se esquivou de mim.
–Nunca mais faça isso, ouviu? Nunca mais me procure. Isso é um erro...
Ela virou as costas e desapareceu, rápida como a bala de uma arma. Me deixou ali confuso, atordoado e tentando lembrar o meu nome. E com a impressão de que tudo aquilo não passara de um mero sonho.
Em minha mente confusa as palavras se repetiam mesmo eu sabendo que ela não iria ouvir:
Victória... Vic não vá embora...não vá embora Eu te Amo...
Notas Finais
Espero que goste!