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História Meu Destino é Você - POV. Victória


Escrita por: Karol_Marques

Notas do Autor


Voltei! Esse é o mesmo cap anterior no ponto de vista de Victória ;)

Capítulo 6 - POV. Victória


Reflexões.

Sem duvida é uma ótima coisa a se fazer em uma madrugada solitária e silenciosa, onde se encontram apenas você e sua consciência.

Eu estava pensando sobre mim mesma.

Quem eu era? O que eu fui nesse tempo todo? Em razão do que exatamente eu vivi?

Era uma pergunta bem difícil de responder. Meu passado humano era indistinto, não era algo de que eu me lembrasse com clareza, e as poucas e distorcidas memórias que eu ainda tinha, certamente faria qualquer coisa para me livrar delas.

De qualquer modo, minha existência havia tomado um rumo realmente significativo apenas depois que eu havia encontrado James.

James.

Senti meus lábios se repuxaram acima dos dentes ao lembrar-me desse nome.

Algum dia nesse mundo eu conseguiria calcular o quanto o amei? O quanto ele significou para mim? Como ele era o meu próprio mundo?

Tão boba e tão apaixonada, nunca percebi a verdade. O amor que eu acreditava que tínhamos, a única coisa que realmente fazia sentido em meu mundo, nunca passou de uma farsa. Uma farsa cruel e egoísta. Eu sempre fui útil para ele, como Edward disse útil. E mais nada.

Perdê-lo foi para mim quase o mesmo que morrer. Vingá-lo parecia a única opção aceitável, e passei a dedicar minha existência a isso. Mas deu errado, por mais que minha idéia parecesse genial. Afinal, o que seriam sete vampiros e uma humana fraca perto do meu exército? Seria fácil acabar com eles. Deliciosamente fácil, assim eu pensava. Porém eu não contava que os Cullen tivessem á sua disposição uma ajuda extra (lobos, mais precisamente) e minha única opção foi fugir.

Fugir era o que eu fazia de melhor, era parte de minha essência. Nunca encarar nada de frente, nunca desafiar ninguém, apenas deixar que meus pés me empurrassem para um lugar mais seguro.

Derrota, dor, frustração. Foi o que senti ao perceber que minha luta havia sido em vão, que eu não havia conseguido vingar o amor da minha vida como ele merecia.

Mas será que merecia mesmo? As palavras de Edward (pensar nele me fez sorrir) ecoavam em minha cabeça.

‘’Tola... ’’ ‘’...tinha menos afeição por você do que um caçador por sua presa...’’ ‘’...você nunca passou de uma conveniência para ele. Eu sabia’’

Longe da influência de James, foi possível acreditar em suas palavras. Por mais que no momento ele quisesse apenas me distrair (pra depois me matar), não deixava de ser a mais pura verdade. Sem o meu dom, que era única utilidade que James via em mim, ele já teria sido morto muito antes disso.

Perto dele, eu nunca havia sido exatamente eu. Sempre fui o que ele era, o que ele queria que eu fosse e sempre fazendo tudo para agradá-lo. Acabei me tornando um monstro, cruel e sem sentimentos, exatamente como ele.

Saí de meus devaneios quando ouvi a campainha tocar, antes mesmo de atender, eu sabia quem era.

Edward.

Caminhei até a porta e a abri.

– Olá Victória, te acordei? – ele tentou parecer sério, mas percebi a piadinha contida em suas palavras. Como se eu pudesse dormir pra ser acordada.

Apenas revirei os olhos e sorri.

– Entre, por favor. – foi só o que eu conseguir dizer, mas mesmo assim com medo de que minha voz falhasse ou algo do tipo.

Eu estava nervosa. Era a primeira vez que ele me visitava assim, em minha casa. Por que ele resolveu que queria me ver agora?

Eu o levei até meu quarto; e pude perceber que ele observava tudo com curiosidade. Tive a impressão de ele tentava me encaixar naquele ambiente, tentava associar aquele cenário aparentemente’’normal’’ à Victória que ele havia conhecido. Eu o entendia perfeitamente, também havia me sentido assim no começo.

– Bom, acho que temos muito trabalho a fazer – ao dizer isso, percebi que ele estava, sei lá, angustiado? – Se você quiser entrar logo na faculdade.

É claro. Nosso pequeno compromisso, ‘’inventar’’ um passado para mim. Como eu pude me esquecer?

Então sem que eu esperasse, ele lançou as mãos em minha cintura e me puxou. Não sei bem o que pensei na hora, mas foi como se eu tivesse sido atingida por descarga elétrica de mil volts. Como se de repente, sem mais nem menos, eu precisasse respirar. Edward me soltou, mas foi difícil controlar minha respiração depois disso. Ele pode notar, e eu fiquei constrangida como nunca.

–Hã... é melhor andarmos logo com isso então, não é mesmo? – confesso que não foi a coisa mais genial que eu poderia dizer no momento, mas foi a primeira coisa que passou em minha cabeça.

– Tudo bem.

Passamos quase toda a madrugada projetando histórias que parecessem convincentes, e não pude deixar de perceber como ele era bom nisso. Eu sabia que os Cullen se passavam por humanos há várias décadas e a falsidade ideológica era uma das coisas com as quais eles tinham de conviver, mas não deixei de me perguntar como nunca deu errado. Será que não havia uma única brecha que levasse as outras pessoas a suspeitar de algo estranho? Apesar de confiar em Edward, eu não estava lá muito segura.

Anne Victória Howard. Sorri ao pronunciar o nome ‘’pomposo’’ que Edward havia criado para mim. Era lindo, e com certeza me caía muito bem.

Ele havia me dito que os documentos, provas e qualquer coisa que envolvesse papeis, ele conseguiria facilmente. Disse que haviam ‘’meios’’ de se conseguir isso sem problema algum. Eu tinha uma clara noção de quais poderiam ser esses ‘’meios’’, também já havia utilizado deles várias vezes.

– Você realmente acha que alguém vai acreditar nisso? – perguntei, insegura, depois de ler varias vezes o nosso ‘’trabalhinho’’

– Por que alguém duvidaria?

– Sei lá. Tenho medo de que algo dê errado.

– Você não confia em mim? – nesse momento ele apertou minha mão. Meu Deus, como eu poderia não confiar nele se o simples toque de sua mão na minha era como um bálsamo de conforto e segurança?

–É... acho que sim - eu ri – Brincadeira. É claro que confio. Você está sendo muito legal comigo, já disse isso?

Era verdade. A presença dele me acalentava, me aquecia por dentro. Era impressionante como ele parecia me entender, como parecia fazer parte de meus sentimentos tão bem quanto eu mesma. Por outro lado ele tinha livre acesso à minha mente, então era absolutamente normal que me entendesse. Mas isso não acabava com a magia. Quando estava com ele, eu podia sentir uma espécie de chama, que inacreditavelmente queimava dentro do meu coração de gelo. Pela primeira vez em séculos, eu havia encontrado alguém que se importava comigo de verdade.

–Humm... de formas diferentes, mas já sim. – disse Edward respondendo à minha eventual pergunta. – Além do mais vai ser um sucesso. Da forma com que gosta de ler você será praticamente uma nerd.

Então era isso que ele estivera olhando em meu quarto, minha coleção de livros.

– Você percebeu não é?

–Eu diria que não há como não perceber. Sua casa parece uma biblioteca.

– Eu gosto de ler. É uma ótima coisa a fazer quando se fica a maior parte do tempo sozinha.

– Deve ser ruim. Ficar sempre sozinha.

– Nem tanto. Por um lado é bom, faz com que você pense sobre muitas coisas. – eu disse relembrando meus pensamentos antes dele chegar.

– Entendo você. – a certeza em sua voz fez com que eu perguntasse se ele por acaso teria visto isso em minha mente. – Às vezes um pouco de solidão faz bem. Pra reordenar a cabeça, pensar um pouco sobre si mesmo.

Se fez um segundo de silêncio, e comecei a pensar o que ele estaria fazendo caso não estivesse comigo. Bella saberia onde ele estava agora?

–Bom, se você precisar ir agora... – eu disse sem conseguir disfarçar o desapontamento em minha voz - Quer dizer, nosso ‘’trabalho’’ está perfeito.

– Você quer que eu vá?

– NÃO – percebi, envergonhada, que minha voz havia saído exaltada demais. – É que você deve ter coisas a fazer e eu não quero atrapalhar.

Ele riu, e eu não sabia exatamente o motivo.

– Meu único dever é estar ao lado de Bella assim que ela acordar, mas ainda falta muito para amanhecer.

Então Bella não sabia que ele estava comigo. Senti-me um tanto desconfortável por isso, mas espantei o pensamento.

– Então o que vamos fazer agora?

Ele fitou meus olhos por um momento.

– Já sei. – seus lábios abriram-se num sorriso de tirar o fôlego – Vamos fazer algo útil e ao mesmo tempo agradável. Vamos caçar.

‘’Ótimo’’ pensei comigo mesma ‘’Terei de fazer isso a qualquer momento, por que não com ele?’’

...

A floresta estava escura e sombria. Seria difícil encontrar alguma coisa viva se movendo por ali naquela hora, mas aguçamos nossos ouvidos e continuamos correndo. Percebi que durante todo tempo ele me olhava demais, com uma espécie de chama brilhando nos olhos que eu nunca havia visto antes. Achei um pouco estranho, mas de qualquer forma, tentei ignorar.

Então algo me chamou atenção, e eu parei. Olhei para Edward e percebi que ele estava igualmente imóvel.

– Sente o cheiro? – ele perguntou num sussurro

Eu assenti.

– Dois? – eu ainda não estava tão acostumada a caçar animais, consequentemente não diferenciava bem o cheiro.

–Na verdade três. E temos que ser rápidos, senão eles fogem.

Imediatamente, disparamos a toda floresta adentro.

Os animais em questão eram alces. Eu me lancei sobre um deles e Edward sobre o outro. O terceiro membro do bando fugiu, correndo assustado pela mata.

Cravei os dentes em seu pescoço, sugando-lhe o sangue. O gosto ainda era um pouco desagradável, mas nem tanto quanto era no começo. De qualquer forma, aplacou a ardência em minha garganta e eu me senti mais forte. Notei que ele ainda me olhava intensamente, mas tentava disfarçar enquanto fazia o mesmo que eu.

– O que achou? – perguntei um pouco presunçosa depois que havíamos acabado.

– Você foi elegante – ele respondeu com aquele sorriso. – Indescritivelmente graciosa.

Nós dois rimos, então houve silêncio.

Um silêncio congelante, interminável, agoniante. Eu pude sentir que seu olhar se tranformava enquanto ele olhava diretamente para mim. O fogo em seus olhos era agora um incêndio, eu quase podia ver as chamas dançando nas órbitas douradas.

Ele se aproximou de mim com uma lentidão exagerada, tornando ainda mais dolorosa minha expectativa.

Ele pegou meu rosto entre as mãos, e levou os dedos polegares aos meus lábios, contornando-os. Senti-me arrepiar dos pés a cabeça, não fui capaz de me mover um só instante.

– O que está... Fazendo? – perguntei sentindo minha voz vacilar com o torpor que ele me causava.

– Eu estou tentando... – respondeu em sua voz hipnotizante – Eu estou tentando, mas já não sei mais de onde tirar forças...

– Para quê... – eu agora já não me sentia mais em mim, era como se eu estivesse sob o efeito de alguma substância incapacitante.

Edward tirou as mãos de meu rosto e logo depois pude senti-las deslizando em meu pescoço, contornando meu ombro e depois parando em minha cintura.

– Para resistir... Eu não estou mais conseguindo resistir a você...

Nesse momento seu olhos assumiram um brilho feroz, mortal e tempestuoso. Exatamente como na clareira tempos atrás onde nós lutamos e quase nos matamos. Mas ali era um tipo diferente de brilho; um brilho de paixão, de desejo, de loucura.

Edward me agarrou pelos pulsos e empurrou meu corpo para trás. No começo achei que iria cair (pois não tinha reação nenhuma diante dele, mesmo sendo forte e poderosa). Mas depois senti algo rígido atrás de mim, e percebi que estava presa entre ele e uma árvore. Sua testa se colou à minha; nossa respiração era exageradamente audível. Ele estava muito perto; tão perto que eu podia sentir seu hálito de hortelã fazendo cócegas em meu rosto, entorpecendo completamente todos os meus sentidos.

– Eu tentei Victória – fiquei me perguntando se poderia reverter o feitiço, mas era muito provável que não - Eu fiz o possível. Mas você é uma tentação grande demais... Grande demais pra que eu possa suportar.

Ele virou a cabeça lentamente em minha direção e pude sentir seus lábios passeando em minha pele, contornando meu queixo, a linha do meu maxilar e lentamente se aproximarem de minha boca. Meus olhos rolaram nas órbitas... E ele me beijou.

Posso dizer que nunca havia recebido um beijo assim antes. Foi um beijo cálido, quente, desesperado. Nossas línguas dançavam em um ritmo perfeito, como se fossem moldadas exatamente uma para a outra. Acima de tudo, o beijo deixava claro uma coisa: ele me queria.

Não era assim com James, eu tive certeza nessa hora. Nem mesmo Riley que sempre havia sido apaixonado por mim jamais havia me tocado daquela forma.

Eu não tive forças para resistir. Em vez disso apenas me deixei mergulhar em um oceano de prazer absoluto.

Mas a parte de minha mente que ainda conseguia pensar gritava para mim:

NÃO! ISSO É ERRADO! COMPLETAMENTE ERRADO!

Pensei especialmente em Bella. Quanto mal eu já havia feito àquela garota? Quantas vezes eu já havia tentado matá-la cruelmente a sangue frio?

Agora eu estava inflingindo-a o pior dos sofrimentos. A traição do amor de sua vida.

Era como se minha vingança estivesse enfim concretizada, mas dessa vez contra a minha vontade. Eu me senti um monstro ainda pior do que era antes, como se eu nunca tivesse mudado nada.

Pensar nisso me deu forças para interromper o beijo. Empurrei Edward violentamente, eu arfava em busca de ar, completamente transtornada.

– Edward como você pode? Isso não é certo. Você a está traindo. NÓS a estamos traindo... – eu gritei sentindo-me culpada como nunca havia me sentido antes em minha existência.

–Vic me desculpe... Eu não queria... – ele fez menção de tentar me segurar, mas de alguma forma consegui ser mais rápida que ele, e me esquivei.

–Nunca mais faça isso, ouviu? Nunca mais me procure. Isso é um erro...

Saí correndo sem olhar nos olhos dele, eu tive medo de que ele viesse atrás de mim, de que me dominasse de novo como acabara de fazer, eu sabia que novamente não teria forças para resistir.

Entrei em casa correndo, fechei a porta atrás de mim, ofegando. Tive a terrível certeza de que eu estava vivendo o mais errado e proibido dos amores.

Eu estava apaixonada por Edward Cullen.

Notas Finais


Até o próximo!


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