História Meu Doce Álibi - Sterek - A Curiosidade

HÁ SEIS ANOS

Stiles caminha pelo quarto de um lado para o outro ansiosamente, dentes perfurando o lábio inferior e punhos cerrados aos lados de seu corpo.

Ele se questiona se deveria dizer a Derek sobre a ligação de Theo, o homem é extremamente poderoso e se livraria de Raeken com uma facilidade quase ridícula. Ele é um chefe da mafia, pelo amor de Deus!

Mas então lá está a sua maldita consciência, gritando com ele por sequer cogitar a idéia. E se Derek acabar matando Theo por ameaçar seu disfarce? Ele jamais se perdoaria por isso e seria atormentado com o fantasma de Raeken pelo resto da vida.

Não, simplesmente não.

Mas isso não quer dizer que Stiles esteja feliz com o rumo que essa bagunça está tomando. Quer dizer, ele mantém um contrato com um chefe da máfia, o mesmo que diz como Stiles pertence a Hale, é algo realmente clichê mas também é a sua realidade.

Por outro lado existe um caso passado que resolveu ressurgir das cinzas para ameaça-lo. Ainda extremamente clichê, mas ele já está se acostumando com tudo isso.

Stiles deveria saber que se envolver com alguém como Theo Raeken traria consequências bastante dramáticas para a sua vida instável, mas uma pequena parte dentro dele ainda precisava do pequeno e frívolo conforto que a presença de Theo lhe causava.

Raeken esteve lá quando Stiles mais precisou e por isso ele jamais se perdoaria se Theo acabasse se machucando por causa dele.

Ainda é uma merda tudo o que ele está enfrentando.

Sem chegar a alguma conclusão Stiles se joga na cama e puxa seu novo celular de debaixo do travesseiro, ele não se espanta ao ver várias mensagens, todas de um contato desconhecido.

9:20 AM - Olá, querido! Bela manhã.

9:32 AM - Dormiu bem? Sei que costuma acordar tarde e é sempre rabugento, mas lembro bem de como você brilha quando está com a boca envolta de um pênis pela manhã. Sinto falta.

9:35 AM - Espero não ter sido indiscreto, sabe que sutileza não é meu forte.

Essas mensagens foram enviadas pela manhã, existem outras da tarde e do começo da noite, Stiles aprendeu a ignorar o celular e assim ignorar Theo.

Stiles revira os olhos, Theo realmente não é nada sutil, e apesar de ser extremamente grudento, não é um cara tão ruim quanto parece.

Ele nunca o machucou, sempre cuidou de Stiles em seus piores momentos, esfregava suas costas enquanto ele vomitava e se desintoxicava, enxugava suas lágrimas sempre que Stiles chorava e lhe dava prazer quando precisava se sentir bem.

Mas então há o outro Theo, o possessivo e vingativo, que machuca todos que invadem seu caminho e busca as maneiras mais destrutivas de resolver os próprios problemas.

Stiles larga o celular e respira fundo, se perguntando o que deve fazer para resolver o assunto Theo Raeken sem destruir a sua consciência no processo. Não deve ser tão difícil… pobre inocente Stiles.

Theo é como um sanguessuga!

Enraivecido com a sua própria inutilidade Stiles levanta da cama e sai do quarto, entrando no comprido corredor que da entrada para vários outros quartos.

Derek disse que ele tinha livre acesso pela casa, menos em seu escritório pessoal, Stiles nunca entrou neste cômodo em específico, ele tinha medo de alguma punição ou algo assim, mas depois de semanas vivendo com o homem Stiles chegou a perceber que Hale não o machucaria por algo assim.

Além do mais, o que de tão terrível pode ter neste escritório, afinal?

Stiles bufa.

— Não entre no meu escritório.

— Porque não? Você guarda corpos lá dentro ou é lá onde você realiza suas festinhas pessoais? Quer dizer, não que seja da minha conta mas assisti filmes o suficiente para saber o que caras como você fazem lá dentro.

Derek ergueu uma sobrancelha, divertido.

— Está com ciúmes?

É uma pergunta inocente mas ainda assim fez Stiles esquentar e seu rosto enrugar.

— E você está funcionando a base de alucinógenos. Não seja estúpido.

Derek franziu os lábios e encarou Stiles, cujo tentou evitar seu olhar profundo.

— Se fosse qualquer outra pessoa a me chamar de estúpido agora existiriam quatro dentes seus no meu tapete — Sua voz rouca causa calafrio na espinha de Stiles, o jovem engoliu em seco, se questionando se passou dos limites — Sorte sua, eu quero manter seu lindo rosto o mais perfeito possível.

Bastardo.

Stiles não sabe o que o possuiu de repente mas ele se encontra indo em direção ao escritório de Derek, o mesmo fica no terceiro andar da mansão e sequer Yolanda costuma subir, o faz apenas quando Derek não está em casa.

Stiles não o viu o dia todo e mesmo que Derek não seja exatamente presente, ele sempre aparece pelo menos uma vez no dia no horário da tarde ou noite.

Decidido a finalmente descobrir o que tanto Derek esconde Stiles sobe os degraus até o terceiro andar e dá de cara com outro corredor, este porém tem apenas um destino, e é aquilo o que Stiles procura.

Derek é um completo mistério, ele guarda tudo por detrás de sua montanha protetora e Stiles sabe que cada pequena coisa descoberta pode ajudá-lo a desvendar quem Derek Hale realmente é.

As portas duplas do escritório estão entreabertas, e as luzes lá dentro estão acesas, a única luz no comprido corredor escuro. Stiles morde o lábio, agora incerto se deve prosseguir.

De repente ele escuta algumas vozes surgirem de dentro do escritório, lhe provando que realmente existem pessoas alí, rapidamente sua determinação some e ele decide voltar, não vale a pena.

E então ele escuta um grito de gelar o sangue nas veias, Stiles paraliza, seus pés não parecem querer funcionar sem nenhum motivo aparente. Ele olha para a porta entreaberta, para os gritos que continuam, são abafados e estrangulados, como se algo prendesse sua boca.

Com o coração correndo em seu peito Stiles teimosamente se aproxima, ele não sabe porque continua se expondo assim, mas algo lhe diz que ele precisa saber o que está acontecendo lá dentro.

Quer dizer, ele sabe que Derek tem assuntos… secretos, ele faz coisas que pessoas normais achariam grotescas, é isso o que a mafia faz, certo? Pelo menos foi o que ele viu nos filmes.

Mas ele nunca viu Derek fazendo nada realmente terrível — ignorando a pequena conversa que ele teve com Braeden outro dia — Stiles ainda o enxerga como um homem endurecido mas ainda assim um bom homem.

Talvez ver o que acontece naquele escritório possa mudar sua visão de Derek Hale, ou apresentá-lo ao verdadeiro homem por detrás daquele terno elegante.

— Seu filho da mãe, pode me dizer agora onde você e aqueles seus amigos esconderam as drogas ou então terei que arrancar seus dedinhos, um por um — A voz não é exatamente desconhecida, Stiles lembra de já tê-la ouvido antes.

Boyd.

A pessoa com quem Boyd fala geme por trás do que deve ser uma mordaça, Stiles aperta os lábios e se aproxima lentamente.

— Tire isso da boca dele — Foi Derek quem falou agora, há alguns movimentos e então Derek fala de novo — Planejavam isso há meses, foi um plano bem elaborado, eu diria, mas ainda assim falhou, e você junto com aqueles seus parceiros vão pagar por ameaçarem meus negócios.

— N-Não conseguimos levar todo o c-carregamento. C-Caleb fugiu com o que pegamos — O homem que estava amordaçado antes murmura, sua voz arrastada e dolorida — N-Não sei onde ele está.

— Oh, por favor, realmente acha que acreditamos em suas palavras ridículas? — Boyd zomba — Derek, eles sabiam da localização da entrega, derrubaram cinco de nosso homens, estavam armados.

Stiles encosta o ouvido na parede que provavelmente está de frente para Derek. Mais algumas palavras são ditas, Stiles não entende assuntos de mafia para se importar.

— Eu não sei onde ele escondeu a droga! Caleb sabe!

— Vamos dar um jeito em Caleb também, não se preocupe, mas no momento tudo o que temos é você, e isso será o suficiente por enquanto — Derek fala suavemente, mas existe uma ferocidade em sua voz que arrepia Stiles.

— Minha arma.

— Eu não sei de nada! Eu não sei!

— Cala a boca, escória! — Rosna alguém lá dentro, Stiles se encolhe ao ouvir o homem gemer — Você tem sido uma pedra em nosso sapato há muito tempo.

— Caleb era o cabeça! Eu apenas o seguia!

— Pobre coitado — Derek bufa uma risada antipática — Infelizmente não costumo ter compaixão de quem se mete em meus negócios.

— Não!

O tiro é abafado, silencioso, algo que ele jamais ouviria se estivesse em seu quarto, mas é mortal, e silencia o homem numa questão de segundos.

Stiles ofega para si mesmo e cobre os ouvidos, mas ainda conseguiu ouvir com perfeição os gemidos agonizantes de um homem a beira da morte, vai permanecer em sua mente por um bom tempo.

A porta do escritório se abre, Stiles levanta o rosto, sua expressão mortificada vendo quando o rosto de Derek Hale surge em frente a ele, uma pequena arma presa entre os dedos.

— Eu disse para não vir ao meu escritório.