História Meu Doce Pecado - Capítulo 5

                        P.O.V. Marinette

— Por que eu fui ouvir vocês?! — pergunto enquanto o loiro me olhava assustado e sempre que eu o olhava de volta ele tentava disfarçar.

— Eu acho que funcionou, ele nem te olhava antes agora olha — Marc fala.

— É um olhar assustado mas olha... — Alya completa.

— Funcionou? Ele deve estar achando que sou uma ninfomaníaca! — bufo.

— Ninguém mandou confiar seu celular logo na Chloé e no Marc — Alya deu de ombros.

— Me respeita, quatro olhos — Chloé a chama pelo apelido antigo que ela mesmo tinha dado quando nos odiava.

— Quatro olhos é seu cu! — Alya revira os olhos.

— Voltando ao assunto... — Sabrina diz — Agora que ele olha mais pra você pode aproveitar

— Depois daquela mensagem? Duvido muito!

— Nem foi tão ruim assim, Mari, não exagera! — Marc me dá um tapinha no braço.

— Você acha que eu estou exagerando? Eu deixei meu celular na mão de vocês por uns segundos e vocês mandaram as mensagens mais obscenas possíveis para o garoto! — exclamei.

— Marcar uma transa é ser obsceno? — Marc pergunta olhando para o nada.

— Porra, você ainda pergunta? — Alya diz o olhando com tédio.

— Se ele tinha inocência depois de ontem perdeu completamente — digo.

Só bastou eu deixar meu celular por uns minutos mas mãos da Chloé e do Marc que eles mandaram mensagens um tanto quanto picantes para o garoto, provavelmente ele deve estar traumatizado.

— Amiga, usa isso como desculpa pra poder ir falar com ele, vai lá! — Marc me empurra.

Me levanto quando finalmente tomo coragem e ando até o loiro que estava parado em frente ao seu armário pegando alguns livros.

— Oi? — digo baixinho e me encosto no armário ao lado, ele me olha assustado — Olha, eu não sou nenhuma louca do sexo tá legal? Isso não passou de uma brincadeira de mau gosto das minhas amigas...

— E-Eu só... Eu tenho que ir pra aula! — diz apressado para sair dali.

Seguro seu pulso antes que ele saia.

— Adrien, eu não mandei nada daquilo tá legal? Foi uma brincadeira idiota, eu já disse — insisto.

— Eu não estou ligando pra isso, eu só não quero que chegue perto de mim! — ele desvia o olhar.

— Adrien... — suspiro.

— Minha aula já vai começar! — ele se afasta de mim e começa a andar pelo corredor.

— É amiga, não foi dessa vez... — Marc aparece apoiando o braço em meu ombro.

— Vocês estragaram tudo! Que merda de idéia foi aquela de mandar aquele tipo de mensagem pra ele? — o olho com raiva.

— Não foi idéia minha, a Chloé que pensou em tudo — ele se defende e aponta para a loira.

— Não mente que quem pensou em tudo foi você! — Chloé revidou.

— Tá, eu posso até ter pensado no plano mas quem foi que deu a idéia foi você! — ele acusa de volta, eu saio dali deixando os dois idiotas pra trás.

— Por que as que usam óculos sempre são as mais sensatas? — me refiro a Sabrina e Alya que estavam sentadas em uma das mesas da cantina.

— Talvez porque somos mais espertas? — Sabrina pisca convencida.

— Não é nada de especial não amiga, é só problema de visão mesmo, miopia pra ser mais exata — Alya diz desviando a atenção do celular.

— O cérebro desses dois é do tamanho de uma ervilha — nego com a cabeça enquanto Chloé e Marc ainda continuavam discutindo.

— Vamos logo porra! Estamos atrasadas! — grito para os dois ouvirem e começo a caminhar com Sabrina e Alya pelos corredores.

Chloé e Marc apressam os passos assim que notaram que ficaram pra trás e param ao nosso lado ofegantes.

— Eu estava pensando em algo aqui que podia aproximar vocês e que não fosse tão traumatizante para o Adrien mas não sei se você vai querer ouvir... — Sabrina diz como quem não quisesse nada e eu a olho curiosa.

— E o que é? — fico interessada.

— Adrien é um nerd não é? — ela pergunta e eu assinto — Então não tem nada que encante mais um nerd do que a matemática! — diz óbvia.

— Você fala isso por experiência própria né? — Chloé zomba e recebe um olhar mortal da ruiva.

— E o que você quer que eu faça? Tatue meu corpo com problemas matemáticos pra ele resolver? — pergunto irônica.

— Não seja boba Marinette, eu estou falando pra você pedir ajuda a ele!

— Por mais que eu seja um lixo com cálculos acho que não preciso de ajuda no momento...

— Por Deus Mari! Se faça de burra, finja que não sabe e peça ajuda a ele! — diz mais uma vez e sai dali indo para seu andar.

Sabrina é uma gênia, por que eu não ouvi ela antes?

Depois de me despedir das outras vou para minha sala junto de Chloé.

Já sei exatamente o que irei fazer.

      ────────── ⚝ ──────────

Saí da sala assim que deu o horário do intervalo. Mandei Chloé ir na frente porque eu iria passar na sala de Adrien pra tentar resolver as coisas.

Fui para seu andar e entrei em sua sala só tinha ele que estava escrevendo algo em uns papéis.

Essa é minha grande chance.

Andei até ele tentando não fazer barulho e parece que está dando certo ele está bem distraído, nem notou minha presença quando parei em sua frente.

— Preciso de ajuda! — jogo meus materiais no espaço que tinha na mesa ao lado e ele se assusta deixando sua caneta cair.

— Que? — me olha confuso depois de ter pego sua caneta no chão.

— Em matemática, preciso de ajuda! — peço e dou a volta para sentar ao seu lado.

Ele me olha por um tempo com uma expressão estranha e balança a cabeça negativamente, como se estivesse me julgando apenas com o olhar.

Depois que ele para de me olhar começa a agir como se eu não estivesse ali, ele guarda suas folhas na mochila e tira de lá um livro, logo depois pega o celular que já estava conectado ao fone e encaixa em seus ouvidos me ignorando completamente.

Que? Quem ele pensa que é pra me ignorar desse jeito?!

Respiro fundo e tento manter a calma e ser o mais paciente possível, eu não vou ser grossa com ele mais uma vez e estragar tudo.

— Eu ainda estou aqui! — falo com calma e puxo um dos fones do seu ouvido.

— Você não desiste né? — rola os olhos e volta a atenção para o livro.

— Não, eu não desisto, o que está lendo? — me estendi pra ver o que ele tanto lia com atenção.

— É sobre administração você não vai entender! — falou sem me dar importância.

— Por que você é tão seco?

— Por que você é tão chata?

— É impossível ter um diálogo normal com você! — reviro os olhos.

— Tá bom, você quer conversar então vamos conversar! — ele fecha o caderno — Porque você está enchendo meu saco? — me olhou atento.

— Eu não estou enchendo seu saco, eu só queria sua ajuda — falei sorrindo para ele.

— Você tem vários amigos e amigas muito melhores que eu e porquê diabos você vai querer logo a minha ajuda?! — falou sério.

— Eu só...

— Entenda que eu não quero me aproximar de alguém como você! — falou com raiva e eu o olhei incrédula.

O que ele quer dizer com "Como você"?

— E quando você vai entender que só quero sua ajuda?! — perguntei séria e peguei minha mochila e os livros saindo dali.

Já que ele não me quer por perto ele não vai ter! Já me humilhei demais pra tentar ganhar a confiança dele, minha cota de boazinha acabou, afinal ainda tenho bom senso dentro de mim.

Saio da sala sem nem olhar pra frente e acabo trombando com Lila Rossi.

Conheci Lila no ensino médio, ela era como a Chloé antigamente, enchia a porra do meu saco e me irritava de tudo quanto é jeito, mas a única diferença é que Chloé mudou, já Lila não tem salvação!

— Olha por onde anda garota! Isso aqui vale mais que sua vida! — ela reclama enquanto pegava sua bolsa do chão.

— Foda-se você e sua bolsa! — reviro os olhos.

— Sua educação ficou na puta que pariu né?! — me olha com raiva e coloca a bolsa em seus ombros.

— Quando se trata de você ela fica sim! — rebati e continuei meu caminho.

Depois de ter conferido no refeitório e no campus e não encontrar meus amigos resolvo mandar uma mensagem para um deles perguntando aonde estão. Não demora muito e recebo uma mensagem de Chloé, eles estavam na parte detrás da faculdade.

Passo entre as pessoas com pressa e enfio as mãos dentro do bolso do casaco assim que saio de dentro da faculdade e o vento gelado me recebe, faço o caminho que eu já conhecia muito bem, antes de chegar lá já conseguia sentir o cheiro do cigarro.

— Chega aí Mari! — Marc chama assim que me vê.

Essa parte da faculdade é abandonada e meio que virou nosso lugar pra fugir das pressões, ele fica de frente para uma quadra que ninguém usava faz tempo, a não ser quando alguns garotos vem pra cá para jogar basquete.

— Conseguiu falar com ele? — Alya pergunta baixinho quando eu me sento ao seu lado e de Nino no banco de concreto.

— Ele é mais difícil do que pensei... — relaxo o corpo.

— Vai querer? — Kim que estava encostado em uma parede a nossa frente estende o cigarro para mim.

— Valeu, mas hoje não, ainda tenho aula daqui a pouco e não quero chegar na sala cheirando a fumaça — recuso e ele dá de ombros levando o cigarro a boca.

— Estava com o nerd? — Kim pergunta ainda me olhando.

— Não é da sua conta! — desvio o olhar.

— Ela estava sim! — Marc responde por mim depois de dar um gole em um líquido que eu não sei, mas eu acho que era vodca, ele sempre dá um jeito de trazer alguma bebida na mochila.

— Porra Marc! — reclamo e Kim solta uma risada.

— O que você ganha no final disso tudo? — ele pergunta depois de soltar a fumaça lentamente pelos lábios.

— Quinhentos euros — digo sem dar muita importância e desvio o olhar para Max e Sabrina que quase se comiam em outro canto.

— Só?! Se eu fosse você cobrava mais da Chloé, não é ela quem vai ter que dar pra um nerd que não sabe foder! — ele joga o cigarro no chão assim que termina e logo pisa no mesmo.

— Cobrar mais é o caralho! — Chloé que até agora estava tentando ignorar a presença de Nathaniel que estava fumando em um outro canto mais afastado se pronuncia — Você acha que estou cagando dinheiro?! — olha pra ele com raiva.

— Não, mas seu pai sim! — ele estica os lábios em um sorriso debochado.

— Falou certo, quem é a porra do prefeito é ele não eu! — ela revira os olhos e arranca o copo que estava nas mãos de Marc a poucos minutos atrás e dá um grande gole ali.

O pai de Chloé, André Bourgeois é o prefeito de Paris e está rolando alguns boatos por aí de que o mesmo vem desviando dinheiro á um bom tempo, Chloé não sabe se é verdade, ela não pergunta porque tem medo da resposta.

Como ela não gosta de tocar no assunto, nós respeitamos isso, já Kim é um babaca né?

— Mudando de assunto — ele mesmo diz — Que porra é essa no seu rosto?! — aponta para minha testa que ainda estava com o curativo.

— Não é nada — asseguro.

— Olha, sei que sou um babaca a maior parte do tempo mas sabe que pode contar comigo pra tudo né? — ele se aproxima e se abaixa na minha frente se apoiando nos calcanhares — Sei que isso daí não é só, nada — ele pousa as mãos em meus joelhos e me olha esperando a resposta.

— Foi o babaca do Luka! — Marc se intromete mais uma vez, ele está bebendo faz um bom tempo e o álcool já deve estar fazendo efeito.

Jesus, alguém tira a bebida desse garoto?!

Como se Sabrina tivesse entendido o recado ela saí de perto de Max e tira o copo das mãos de Marc entregando para Chloé.

— Sei que você está mal com o lance do seu pai mas a faculdade não é o melhor lugar pra se embebedar! — ela estende a mão para que segurasse e o ajudasse a levantar mas quando ele segura sua mão o que ela recebe em troca é um puxão, fazendo ela cair em cima dele.

— Marc! — bate em seu braço quando ele a aperta.

— Você é tão fofa, está sempre se preocupando comigo — ele diz com a voz embargada prestes a chorar e todos nós rimos daquilo.

Tá, agora eu tenho certeza de que ele está bêbado, Marc não é tão carinhoso assim.

— Nath, você pode levar ele pra casa? — Sabrina pede ao irmão ao mesmo tempo em que segurava a risada e tentava se soltar dele.

Esqueci de ditar esse pequeno detalhe, Nathaniel e Sabrina são irmãos gêmeos mas completamente opostos.

— Vamos lá amigão, chega de bebida por hoje! — Nathaniel se aproxima depois que apaga o cigarro.

— Eu não quero ir! — Marc reclama e solta Sabrina.

— Você precisa da sua casa agora! — ele levanta o amigo.

— Minha casa não! Não quero que minha vó me veja nesse estado — ele abaixa o olhar meio triste.

Eu odeio ver Marc desse jeito, e sei que tudo isso é por causa do seu pai, eu juro que se ver esse cara na rua eu corto suas bolas e enfio no seu cu.

— Tá bem, pode ficar na minha até se sentir melhor — Nath sorri compreensivo e sai dali com Marc murmurando coisas sem sentido.

— Que porra Marinette! Como assim o Luka?! — Kim fala indignado e só agora lembro da pergunta anterior.

Suspiro tendo que contar tudo de novo.

— O Luka apareceu na minha casa numa noite dizendo que me amava e o caralho a quatro, só que como eu disse que não o amava do mesmo jeito ele surtou e meio que acabou segurando meu braço na hora da raiva, aí eu fiz força pra sair e quando ele me soltou com o impulso acabei indo pra trás e bati a testa, fim! — puxo ar para meus pulmões quando termino de contar.

— Que merda! Eu odeio esse tipo de cara! — ele bufa de raiva.

A mãe de Kim já passou por uma situação parecida só que muito pior com seu ex marido, o pai de Kim. Eu só sei disso porque nós compartilhamos alguns segredos, eu confio nele nesse quesito e ele também confia em mim. Eu já disse antes que ele é uma boa pessoa, só é um galinha e um babaca quando quer.

— Mas o que você fez? Deu um chute nas bolas dele? — pergunta ainda me olhando — A Marinette que eu conheço não deixaria isso sair barato — ele sorri esperando minha resposta.

— Eu não fiz nada, estava tão surpresa, eu não esperava isso dele — abaixo o olhar.

— Dá próxima vez em que ele te encher o saco não hesite em nos ligar! — ele se refere a todos que estavam ali.

— Obrigada, mas acho que dessa vez não vai ser necessário eu sei me virar sozinha — sorri tentando tranquiliza-lo.

— Você é muito cabeça dura Marinette! — Alya bufa.

— Não sou não, e não precisam se preocupar eu vou ficar bem — me levanto fazendo Kim levantar também — Já deu minha hora — digo assim que olho as horas em meu celular — Chloé, você vem? — olho para ela e a mesma já estava levantando e arrumando sua mochila em seus ombros.

— Vejo vocês mais tarde? — Chloé pergunta para Alya e Sabrina que concordaram.

Começamos a caminhar em silêncio para dentro da faculdade até Chloé dizer:

— Como foi com o Adrien? — ela joga o copo de bebida fora quando passamos perto de uma lixeira.

— O mesmo de sempre, ele é muito difícil — reviro os olhos — Mas e aí? Como estão as coisas com o Nathaniel? — tento mudar de assunto.

— Nós não conversamos sobre isso ainda — sorri fraco e segura minha mão para irmos ao banheiro, Chloé iria escovar os dentes para tirar aquele cheiro de vodca da boca antes de entrar na sala — Ele está me ignorando completamente, e eu nem sei mais o que fazer — abre sua bolsa a colocando sobre o balcão e tira de lá sua escova amarela e sua pasta de dentes.

— Você por acaso tentou? — pergunto apoiando o quadril na bancada.

— Não, mas eu tenho uma ideia pra concertar as coisas — ela coloca a pasta na escova com um sorriso triste — Antes de transarmos nós tínhamos bebido um pouco naquele dia...

— Não vai me dizer que você vai...

— Sim, eu vou colocar a culpa na bebida e talvez tudo volte ao normal — ela fala por fim e começa a escovar os dentes.

— Amiga, você não pode fazer isso com si mesma, isso não vai te fazer bem, reprimir os sentimentos desse jeito é... — paro por não conseguir achar a palavra certa.

— Se eu tiver que fazer isso pra tê-lo de volta então eu faço! — ela diz convicta.

Resolvo só observa-la, Chloé escova os dentes se encarando no enorme espelho, quando ela cospe toda pasta na pia e estava prestes a lavar a boca fez um gesto para que eu segurasse seus cabelos para não molhá-los.

Vou para trás dela e faço aquilo sem nem protestar, mas tenho um pequeno Déjà vu.

— Lembra aquele dia na minha casa? Quando bebemos tanto que vomitamos todas juntas? — pergunto tentando segurar a risada.

— Como eu poderia esquecer? — ela ri — Nesse dia estávamos uma segurando o cabelo da outra mas vomitando ao mesmo tempo — ela faz uma careta de nojo quando termina de tirar toda pasta da boca — Mas esse dia foi épico! Repetiria essa noite sem dúvidas! — ela diz e começa a retocar seu batom.

— A Sabrina acabou dormindo na pia, lembra? — gargalhei ao lembrar disso.

Sabrina é a que mais passa dos limites quando estava bêbada, ela faz tudo que não faz sóbria.

— Até a Alya que nem é de beber tanto se entregou pra bebida esse dia — ela riu voltando a guardar sua coisas e saimos dali.

Nesse dia estávamos comemorando porque iríamos para faculdade todas juntas, o que era pra ser uma comemoração acabou virando uma noite de bebedeira.

— As chances de uma de nós termos entrado em um coma alcoólico naquele dia foram grandes! —  falo ao entrarmos na sala.

— Senhoritas, estão atrasadas — a professora Fernandez diz assim que entramos na sala.

Apenas vou para minha mesa e pego meus materiais começando a prestar atenção na aula.

— Vai me esperar no ensaio né? — Chloé sussurra para mim enquanto olhava para a professora.

— Claro, não tenho nada importante mesmo — olho para ela quando termino de fazer umas anotações em meu caderno.

Chloé é capitã do grupo de líderes de torcida e todas as quintas ela tem ensaio com as meninas, tem dias que eu a acompanho e outros não, mas como eu quero evitar o máximo ir para casa e encontrar com Luka eu prefiro ficar com ela.

— Vamos começar com o alongamento meninas! — Chloé grita para as garotas a sua frente enquanto eu observava tudo da arquibancada.

Já perdi a conta de quantas vezes Chloé me chamou pra participar do grupo, mas eu sou um desastre quando estou dançando e sou muito bruta para essas coisas, com certeza derrubaria alguma menina na hora de fazer aqueles negócios estranhos de segurar alguém, resumindo, ser cheerleader não é pra mim.

— Você vai ter que se esforçar um pouco mais se quiser continuar no grupo fofa — ela sorri forçado para uma garota baixinha de cabelos castanhos.

— Desculpa, eu vou me esforçar mais — ela abaixa o olhar.

— Assim espero, o campeonato é mês que vem e eu não quero ninguém errando os passos! — ela dita super séria.

Por mais que ela tenha mudado Chloé ainda tem um pouco da patricinha do colégio dentro de si, acho que pra ela é impossível evitar esse lado.

— Sinceramente, acho que Chloé pega um pouco pesado com as meninas — Alya murmura enquanto olhava para a quadra.

— Fico feliz por não fazer parte disso — me refiro ao grupo.

— Dê graças a Deus por ela não ter obrigado vocês a participarem — Sabrina fala e tira um fone do ouvido.

Fiquei até surpresa, achei que não estava ouvindo a conversa.

— Lembro que no início de tudo eu resolvi participar só porque ela implorou muito, sério, eu voltava pra casa com o corpo todo fodido — ela faz careta ao lembrar.

— Isso que é amizade — Alya ri.

— Eu nem fiquei por muito tempo, desisti no segundo dia — ela dá de ombros e volta a colocar o fone no ouvido.

Voltamos a observar Chloé e sua "delicadeza" para ensaiar as meninas.

Faço uma careta quando minha barriga ronca e me xingo mentalmente por não ter comido nada de manhã e nem a tarde.

— Estou indo na cantina, vão querer alguma coisa? — pergunto para as meninas enquanto procurava dinheiro na minha mochila.

— Eu vou querer um salgado! — Alya diz rapidamente e sorri.

— Tá bem minha monstrinha preferida — sorrio para a cacheada a minha frente que apenas me dá a língua — E você Sabrina? — olho para ruiva.

— Quero o que tiver de bom — diz encarando a tela do celular, deve está conversando com Max, tenho certeza.

— Tá bom, já volto — sorriso quando finalmente acho uma nota de vinte.

Deixo minha mochila ali com elas, só levo meu celular e meu fone, começo a descer as escadas da arquibancada, passo pela porta e ando por um pequeno corredor até chegar dentro da faculdade.

Plugo o fone no celular e os coloco em meu ouvido procuro uma música para atravessar o corredor.

Sim, eu tenho músicas específicas para andar pela faculdade, e daí?!

Volto a guardar celular no bolso do casaco e continuo meu caminho, quando eu estava perto de chegar na cantina vejo um grupo de garotos rindo de algo que não sei, é bem provável que estejam vendo pornô.

Reviro os olhos ao ver que eram do time de basquete, os únicos caras de quem eu gosto no time é o Nath e o Kim, porque o resto é tudo babaca.

Babacas, porém muito gostosos.

Penso e mordo os lábios quando vejo um dos garotos musculosos de costas para mim usando aquela camiseta do time.

Quando me aproximo o suficiente desfaço a cara de safada ao notar que o alvo das risadas era Adrien, eles estavam pertubando ele.

— Acho que o seu livro caiu — Heron um dos integrantes do time falou com um sorriso maldoso nos lábios.

— Onde? — Adrien pergunta endireitando o óculos em seu rosto e olha ao seu redor procurando o tal livro.

— Aqui! — fala depois de jogar o livro que estava nas mãos dele no chão e vira para os seus amigos fazendo um hi-five com cada um enquanto riam escandalosamente, Adrien apenas se abaixa para pegar o livro.

Qual é a graça nisso?! Eu só consigo ver um bando de marmanjos na faculdade fazendo esse tipo de brincadeira idiota como se ainda estivessem no fundamental!

— Hey babacas! — chamei, fazendo todos ali me olharem, inclusive Adrien.

— O que foi Dupain? — Heron pergunta de braços cruzados me olhando sério.

Acho que Heron não gosta de mim pelo fato de eu ter parado a nossa foda pelo seu oral ser péssimo, sem contar que seu pau é muito pequeno, mas a culpa não é minha se ele nasceu assim né?

— Dá pra parar de implicar com o garoto? — tiro os fones do ouvido os guardando no meu bolso e olho séria para eles,

— E se eu não quiser, o que vai fazer? — pergunta se aproximando de mim e com a diferença de tamanho eu tive que erguer um pouco o pescoço para olhar em seus olhos.

— Chega aqui que eu vou te contar — chamo ele na intenção de falar em seu ouvido.

— Por que não fala em voz alta? Está com medo? — ele sorri com deboche olhando para seus amigos.

— Acho que você não vai querer que eu fale isso em voz alta — sorrio desafiadora.

Ele me olhou por um tempo e senti o medo nos seus olhos. Sorri ao saber que tenho esse poder.

Chamei ele com o dedo indicador pra ele se abaixar na altura da minha boca e ele o fez.

— Se não deixá-lo em paz vou espalhar pra toda faculdade que o seu pau é do tamanho do meu dedo mindinho... — sussurrei com um sorriso maldoso nos lábios.

Posso até ter exagerado um pouco, o pau dele é só uns milímetros maior.

— Te odeio Dupain! — falou possesso de raiva e saiu dali junto de seus amigos.

— É recíproco amor! — sorri irônica e acenei para ele que me deu o dedo do meio.

Olhei para Adrien que agora me encarava assustado.

— E aí nerd! — dei um sorriso mínimo — Eles te machucaram? — pergunto tentando achar alguma coisa nele.

— P-Por que fez aquilo? — ele me olha de uma forma estranha.

— Porque não gosto de brincadeiras idiotas como essa! — expliquei dando de ombros.

— O-Obrigado... — agradece depois de um tempo encarando o chão.

— Não tem de quê...

— O que aconteceu com a sua testa? — volta a me olhar curioso.

— Não foi nada, por que está perguntando? Você não se importa né? — olho pra ele com a sobrancelha arqueada.

— E-Eu só... — ele para a frase no meio do caminho.

— Tenho que ir! — o corto e volto a caminhar para cantina deixando Adrien para trás.

Depois de passar na cantina e comprar os lanches eu volto a passar pelo mesmo corredor e Adrien não estava mais lá, deve ter ido para sala, ou embora, sei lá.

Sorrio de lado, ao lembrar da sua cara de surpresa ao me ver o defendendo, talvez ele venha me agradecer e eu posso usar essa oportunidade para mostrá-lo que não sou como os outros.

Refaço o caminho para quadra e ao entrar Chloé já tinha terminado o ensaio e estava na arquibancada junto das meninas.

— Que cara é essa? O que você aprontou? — Chloé pergunta assim que termina de beber a água da sua garrafa quando paro ao lado delas.

— Nada, o que acham de passarmos no Marc depois daqui? — sugiro e elas concordam comigo.