November 2nd 7am
- Então vamos? Ainda estou pensando em que roupa eu vou usar. - Verônica pergunta balançando uma folha em minha frente.
-- Dia dos mortos? - pergunto.
- É, você esqueceu?
-- É Halloween? Amiga já passou, foi mês passado. - ela coloca as mãos na cintura. - O que?
- Esqueceu que hoje era pra ser feriado? Nem deveríamos estar estudando...- ela fala fazendo careta.
-- Feriado? De que? - ela me encara e levanta as sobrancelhas bufando.
- Hoje é dia dos finados Betty, o dia dos mortos. - ela fala animada e cruza nossos braços.
-- Não acho que seja um dia muito feliz...- falo.
- Normalmente as pessoas ficam tristes e solitárias, visitam o cemitério, aquela bobeira de sempre. Mais aqui em Riverdale não.
-- A entendi...
Aqui em Riverdale não...
-- Ah, sim, nossa como eu sou tonta...- falo colocando a mão na testa. - Jughead estava sério hoje de manhã e disse que ele e Jellybean iriam visitar a mãe...
- Nossa, a mãe biológica deles voltou? - ela fala baixo olhando para os lados.
-- Você não soube? - falo confusa. - ela morreu Verônica...
- Aí meu Deus...- ela leva a mão a boca. - Jughead deve estar bem mal...
-- Já faz um tempo isso...- murmuro. - Mas ele está mal ainda, principalmente hoje...- falo e vou até meu armário deixando meus livros lá. - ele só me disse que decidiram distribuir as cinzas hoje, não disse mais nada...
- É, eu nem imagino o quão difícil deve ser pra ele...- ela murmura fechando seu armário e eu faço o mesmo.
-- Ele não quer falar sobre isso...- balanço os ombros lembrando da quase briga que a gente teve de manhã.
- Então quer dizer que você não vai na fogueira...- ela se vira pra mim.
-- Acho que não...- falo sorrindo sem jeito. - acho que eu também vou ir visitar minha família...
- Eu nunca disse isso Betty, mais escuta...- ela sorri apoiando a mão em meu ombro. - eu sinto muito pelos seus pais...- ela sorri sem jeito. - e pela sua irmã...
-- Tudo bem Vee, muito gentil da sua parte...- falo sorrindo murmurando baixo.
- É, isso é uma novidade não? - ela sorri. - eu sendo gentil...
-- Você é gentil Verônica...- falo e bato em seu ombro. - se é sobre o Archie, eu já disse, você tem que falar com ele...
- Eu sei disso Betty...- ela bufa colocando a mão em seu rosto. - mais eu não estou afim de brigar com ele...
-- Tudo isso por causa de um "eu te amo" - falo e ela me encara. - o que?
- Não é só por causa disso está bem? Eu sei que o amo, mais foi bem, confuso, eu não sei o que deu em mim, eu só...- interrompi ela.
-- Você só agiu por impulso? - a encaro e ela suspira. - ei Vee, não fica assim, está bem? - levanto seu queixo com a mão. - O primeiro "eu te amo" é sempre meio difícil quando você está mesmo apaixonado...- falo sorrindo.
- Ah, você está dizendo isso por esperiencia própria? - ela ri.
-- Pode apostar, eu consegui dizer primeiro, mais demorou pro Jughead vacilar e cair nos meus encantos...- falo sorrindo empinando o nariz e ela ri mais ainda.
- Ata, Betty Cooper e seus encantos, é quase impossível resistir...- ela coloca a mão no peito.
-- Chata...- falo mostrando a língua pra ela e a mesma empurra a porta saindo da escola indo até nossos carros.
- Chata é quem me chama cala a boca e não reclama...- ela sorri.
-- Cala a boca já morreu, quem manda na minha boca sou eu...- falo rindo.
- Te vejo mais tarde? - ela abri a porta do seu carro sorrindo.
-- Pode apostar gatinha...- falo e ela sorri piscando um olho pra mim colocando seus óculos de sol. - metida! - fala alto abrindo a porta de meu carro e escuto ela rir antes de sair cantando pneu perto da Ethel e seu grupinho. - Deveria ter atropelado...- falo alto de propósito e elas se viram pra mim. - adeus...- falo sorrindo entrando no carro.
xxx
- Cheguei...- falo fechando a porta. - Nossa já está virando rotina...- falo encarando os garotos sérios sentados no sofá.
-- Jughead está lá encima...- Archie murmura.
- Ah sim eu já vou lá...- murmuro colocando a minha bolsa nos guinchos da porta.
-- Não Betty, você não entendeu...- Pea fala.
- Jughead está lá encima...- Jason me encara e eu entendo rapidamente.
-- Vai ficar tudo bem...- falo e encaro a mesinha de bebidas. - merda...- murmuro e corro até as escadas subindo rapidamente abrindo a porta de Jughead.
Ele estava apoiado na sacada, olhando pras árvores, com um dos cotovelos apoiados na grade e a outra mão livre segurando o cigarro tragando devagar.
-- Isso mata sabia? - falo e paro do seu lado tirando o cigarro de sua mão. - Já foi o suficiente...- falo apagando o cigarro.
- Eu estava só me distraindo, observando as árvores...- ele fala calmo.
-- Bebendo...- falo e vejo o vidro vazio de whisky na mesinha ao seu lado. - Quer conversar?
- Não, Betty, eu não quero conversar...- ele se vira pra mim e sorri. - está bom pra você?
-- Sabe que não...- o encaro me aproximando e ele me olha parecendo calcular cada movimento meu. - eu estou aqui com você, sempre...- falo apoiando minha mão em sua bochecha fria.
- Sei que está, você está bem na minha frente agora, enchendo minha cabeça com essa sua voz sexi e chata...- ele fala me encarando e indo pra dentro do quarto.
-- Cadê o Jake...- pergunto tentando puxar assunto.
- Jellybean quis ficar com ele...- ele fala se jogando na cama. - ela e o draminha de sempre...
-- Não é drama você chorar quando sente vontade...- falo me sentando ao seu lado. - na verdade, te faz forte...
- Nossa então eu sou o super homem...- ele ri com desdém se levantando e se sentando na cama. - por favor né Elizabeth? Chega dessa baboseira...
-- Quanto você bebeu? - pergunto o encarando.
- Só aquela garrafa ali no canto, eu iria fumar mais, mas uma chata apagou o meu cigarro...- ele me encara sorrindo.
-- Me sinto honrada sendo chata com você se for pra te ajudar...- falo dando de ombros.
- Chataa...- ele falo balançando a cabeça.
-- Eu não ligo...- falo sorrindo.
- Me deixa sozinho Betty...- ele murmura se deitando na cama novamente.
-- Quer que eu vá embora? - pergunto.
- É, eu quero, vai embora...- ele fala balançando as mãos.
-- Tudo bem eu vou...- falo suspirando e me aproximo dele me sentando em seu colo. - mais antes, abraço...- falo esticando minhas mãos pra ele.
- Tá brincando né? - ele ri.
-- Eu pareço estar brincando? - falo séria sorrindo.
- Não, não, você está muito séria...- ele sorri mais logo fecha a cara. - sai logo daqui Elizabeth...
-- Dá logo um abraço em mim Forsythe...- ele me encara.
- Vai embora, Betty...- ele me encara sério aumentando seu tom de voz. - vai...
-- Sua sorte, é que eu te amo, e que eu sei que a bebida de deixa assim, e sei que está triste, e também sei que quer ficar sozinho...- suspiro. - mais olha, você tem que passar por isso, pela tristeza, as vezes é bom pra gente ganhar forças...- ele prestava atenção em casa palavra que saia de minha boca. - só não faz isso está bem? Não fica ingerindo essas coisas e por favor...- pego a caixa de cigarros na escrivaninha. - pare de fumar...
- Já acabou? - ele fala.
-- Só mais uma coisa...- falo e junto nossos lábios em um beijo lento e calmo sentindo sua língua gelada e seu gosto amargo. - pronto...- falo baixinho ainda com os olhos fechados e meu rosto próximo ao seu.
- E agora, você vai embora? - ele fala baixinho.
-- Vou, vou sim...- balanço a cabeça devagar.
- Mais agora eu não quero que você vá...- ele fala segurando minha cintura.
-- Mais agora eu sei que preciso ir...- ofego sentindo suas mãos firmes em minha bunda.
- Não vá Elizabeth...- ele sobe seu tronco beijando meu pescoço. - fique, quero que fique...
-- Não...- murmuro e encaro seus olhos. - eu vou deixar você sozinho...
- Não quero mais ficar sozinho...- ele faz biquinho com os lábios.
-- Tome um banho quente, e vai se deitar tudo bem? Faça isso...- falo tentando me desviar de seu colo mais o mesmo agarra mais ainda minha cintura.
- Não vai...- ele ofega.
-- Você disse que precisava ficar sozinho...- falo e me levanto. - vou te deixar sozinho.
- Tudo bem...- ele bufa. - eu mereço mesmo, eu sei...
-- Ainda bem que sabe...- falo andando até a porta.
- Ei Betts...- ele me chama e eu me viro. - eu te amo...
-- Eu também te amo...- falo e ele sorri mais ainda. Saio do quarto fechando a porta atrás de mim, e desço as escadas.
- Bom, não quebraram nada...- Kevin fala.
-- Não brigamos, por que iríamos quebrar alguma coisa? - falo indo até a mesinha de bebidas.
- Talvez a cama...- Reggie sorri malicioso.
-- Ah cala essa boca...- falo rindo e pego uma garrafa de tequila e outra de bourbon.
- Vai fazer o que com isso daí? - Jason pergunta.
-- Dar pro cachorro...- falo e eles dão risada.
- Estou falando sério Betty...- ele fala.
-- Garantindo que alguém mais velho beba...- falo balançando as duas garrafas em minhas mãos. - fiquem tranquilos, nada vai acontecer...
- Por que eu estou com um pressentimento ruim...- Foca fala.
-- Loirinha eu...- interrompi Jason.
- Eu vou sair, preciso ficar sozinha...- dou de ombros. - relaxem eu vou ficar bem...- falo sorrindo. - e eu não sou doida como vocês.
-- Betty você tem certeza que quer sair mesmo hoje? O dia está feio e vai cair um temporal daqueles...- Archie fala.
- Eu volto antes, prometo que juro amores...- falo sorrindo. - qualquer coisa me liguem...
-- Está bem...- Archie fala.
- Não sei não...- Jason fala.
-- Pare de insistir ruivinho...- falo.
- Se cuida em pequena...- Pea fala.
-- Eu sempre me cuido...- falo e pego o guarda-chuva. - agora, tchau...- falo e eles acenam com a cabeça.
Merda, eles deveriam ter insistido mais...
Deveriam ter insistido mais...
...
xxx
Desço do carro com as garrafas em uma mão e o guarda-chuva na outra. Me aproximo do portão pequeno e empurro ele que range. Entro dentro do cemitério deserto e ando até a grande casa delicada no centro, sentando no piso gelado que tinha ali enfrente ao portão outra vez. Coloco as garras do meu lado esquerdo e apoio o guarda-chuva em minha pernas.
- Ei, eu conheço você...- o velhinho simpático da outra vez aparece.
-- Sim, conhece...- falo sorrindo fraco. - como estão as coisas por aqui?
- Tudo anda muito morto...- ele fala e ri. - mais e você? O que está fazendo aqui?
-- Hoje é dia dos falecidos, vim dar meus pêsames...- falo.
- Ah entendi...- ele me olha desconfiado. - você tem os olhos dela...
-- Dela? - pergunto confusa.
- Os olhos de sua mãe...- ele balança a cabeça. - dês do dia em que te vi aqui, sabia quem você era...
- Engraçado que nem eu sei quem eu sou...- suspiro.
-- Você é Elizabeth Cooper...- ele se aproxima se apoiando na pá que estava em sua mão. - filha dos Coopers...- ele aponta pra casa. - a família não acabou...
- Acabou sim...- encaro o portão preto da casa. - pode apostar...
-- Se você está aqui, quer dizer que ainda a esperança...- ele fala.
- É, talvez...- falo.
-- Eu só não abro o portão pra você porque eu não posso...- ele suspira. - mais faz tanto tempo que ele está fechado que eu fico até meio confuso...
- Não quero que perca seu emprego por conta disso...- falo. - quando for a hora eles vão abrir...
-- Emprego? Não...- ele balança a cabeça. - minha família construio esse lugar.
- Nossa, então foi passado de geração a geração...- falo.
-- É, foi sim...- ele concorda. - bom eu vou te deixar sozinha...- ele balança as mãos e sai.
- Parece que agora sou só eu e vocês...- falo e olho pras duas garrafas. - saúde...- falo e destampo a primeira virando ela em meus lábios queimando minha garganta.
Mal sabia eu...
...que estava praticamente assinando..
..meu atestado de óbito...
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