História Meu grande amor, Tom Riddle - O retorno de Jack

Os meus últimos dias com Tom foram os mais perfeitos possíveis. Ele sempre me buscava depois do trabalho, saíamos para caminhar pela praça ou para comer algo em uma lanchonete e depois nos escondíamos em alguns lugares estratégicos para trocarmos beijos e carícias.

Com o tempo, acabei o conhecendo melhor. Tom me contou que era representante de uma loja de antiguidades e estava tentando conseguir clientes novos para seu patrão. Ele alugara um apartamento a algumas quadras de onde Candace e eu morávamos e estava de passagem.

- Então quer dizer que assim que conseguir os clientes que seu patrão deseja, vai me deixar?

Ele riu. O sorriso mais belo que eu já vi de um homem.

- Talvez eu finque raízes por aqui – disse ele, me abraçando e me beijando novamente.

Mas a minha vida não podia ser completamente feliz, pois sempre tinha algo para estragar. E não falo de Candace, que resolveu gastar todo o seu salário em meias de Nylon, e sim de Jack, que descobriu que eu estava aqui e resolveu me propor novamente.

- Cathy? – a voz estridente dele me irritava tanto... – Cathy, é você mesmo? Céus, não acredito. Sabe por quanto tempo te procurei?

Ao rever Jack, pude perceber como Tom era infinitamente melhor do que ele. Começando pela aparência. Jack tinha a pele avermelhada por conta do sol, um corpo levemente acima do peso, que ele costuma confundir com músculos, cabelos louros bem curtos em estilo militar, olhos azuis grandes demais e várias manchas em seu rosto, que na infância eram apenas de sardas, mas na adolescência, se misturaram com as marcas de espinhas. Jack também tinha sobrancelhas grossas e uma eterna cara de menino bobalhão, que é incapaz de soletrar qualquer palavra com mais de três letras.

- Como você veio parar aqui? E sem me dar notícias... Sou seu futuro esposo, esqueceu?

- Não. Você é que esqueceu que terminamos há meses atrás.

- Espere, não terminamos. Apenas permiti que você tivesse tempo para refletir sobre a minha proposta de casamento.

- E eu já disse que não! Não quero me casar agora, Jack, muito menos com você.

- E posso saber o porquê? Pois pelo que eu me lembro, você me amava tanto... Estava sempre atrás de mim, era louca pelos meus beijos, meus abraços – ele se aproximou para cochichar – meus amassos...

- Eu não posso me casar com você, Jack, porque eu... – quase falei de Tom, felizmente, me contive a tempo – Estou trabalhando! Estou tentando me refazer, você sabe como eu sofri na época em que mamãe morreu, eu tenho que encontrar meu rumo...

- E seis meses longe de mim não são o bastante?

- Não, Jack. Eu... Preciso de mais tempo – eu decidi nunca falar com ele a respeito de Tom, Jack não tinha mais nada a ver com minha vida e não precisava saber disto. Porém, a vinda dele me deixou desconfiada.

- Mas... Como você me achou? Já sei. Candace, não foi?

- Ela não fez por maldade. Apenas perguntei onde ela estava e ela respondeu.

Essa minha irmã...

- E você brilhantemente deduziu que Candy e eu estaríamos juntas, logo... – Jack foi ficando cheio de si, realmente, deve ter sido a coisa mais inteligente que ele já pensou na vida – Não me diga que veio apenas por minha causa?

Jack ficou encabulado. Por um momento, pensei até que ele realmente tinha sido capaz desse gesto de romantismo, mas logo descobri que não, que o motivo era outro.

- Ei, Moore, o que faz aqui? – disse um garoto de cerca de treze anos a quem não conhecia – Venha, o Sr. Rafferty já vai partir...

Percebi que Jack não gostou daquela intromissão. Certamente, ele planejava me impressionar dizendo que se deslocou de Gimmerton até York só para me pedir em casamento, mentindo para mim, como sempre fez.

- Olha, Cathy... Eu ia te explicar, eu estou aqui a trabalho... O Sr. Rafferty, ele veio trazer carregamentos de lã para vender

- Trabalho esse para o qual você nunca deu a mínima, não é?

- Bom, não vou dizer que sou o melhor trabalhador da região, mas...

- Aí quando soube que o Sr. Rafferty estava vindo descarregar lã aqui em York, nem pensou duas vezes.

- Você está certa! Eu detesto trabalhar no campo, só vim por sua causa, pra vir atrás de você, satisfeita? Porque eu te amo muito...

Jack estava a ponto de me agarrar para um beijo forçado, a minha sorte é que o tal garoto retornou.

- Ei, Moore, vai demorar muito? A carroça já vai sair!

Ele deu um longo suspiro e me disse:

- Eu já vou indo. Volto daqui a um mês. Se mudar de ideia, já sabe onde me encontrar.

E então ele se foi novamente.

[Tom]

Tudo está indo tão bem como deveria ser. Estava conseguindo cada vez mais conquistar a confiança das pessoas que me interessavam: Cathy e a Sra. Smith. E estava prestes a conseguir tudo o que eu queria das duas: sexo e as relíquias de dois fundadores de Hogwarts. Sim, porque não era apenas o Medalhão de Slytherin que se encontrava naquela casa. A Sra. Smith também tinha a Taça de Helga Hufflepuff, não era uma relíquia tão importante quanto a de meu antepassado, mas era boa para o meu objetivo principal, que é a criação de Horcruxes.

Se tudo der certo, termino meu serviço na primeira quinzena de fevereiro. Aí, eu aproveito e uso as duas relíquias para fazer logo duas Horcruxes de uma vez. Uma delas será feita após eu eliminar a Sra. Smith. Mas precisarei dividir minha alma novamente para fazer a outra, e ainda não sei direito como fazer.

Antes era mais fácil decidir quem seria a próxima vítima: era só escolher quem atravessasse meu caminho, e pronto! Mas ultimamente, isso tem sido particularmente difícil. Pensei em usar o Sr. Burke, poderia matá-lo antes de deixar o emprego, como vingança por ele ter roubado o Medalhão de Slytherin da minha mãe, mas agora... Não sei o que há comigo, de repente, fui acometido por um estranho sentimento de gratidão, afinal, sem o Burke, jamais teria conseguido achar duas relíquias dos fundadores de Hogwarts. Tampouco sei como explicar, talvez seja culpa da Cathy.

Talvez a Cathy esteja despertando em mim sentimentos que eu nem achei que tivesse. Sempre fico ansioso para encontrá-la, e meu coração bate depressa quando ela se aproxima de mim. Eu achava que era só desejo, mas agora, nem sei mais.

Talvez eu devesse poupar Burke e matar Cathy em vez disso. Afinal, pelo que aprendi durante a nossa convivência e pelo que conheço de garotas trouxas, sei que ela tentará me forçar a subir ao altar com ela após nossa “noite de amor”. Ou pior, pode ser que ela engravide de mim, e uma filha mestiça é tudo o que eu não preciso nesse momento. Jamais seria respeitado no círculo de bruxos das trevas se aparecesse com uma esposinha trouxa e uma criança mestiça a tiracolo. Já foi complicado convencê-los a me adorar, com essas duas então, eu teria sérios problemas para consolidar meu plano de dominação mundial. E outra: sempre odiei crianças. Sempre detestei choro de crianças perto de mim, tanto que foi por muito pouco que não as atirei da janela durante meu período no orfanato. E não preciso de descendentes, já sou Lorde Voldemort, e em breve, serei eterno, não preciso de mais alguém para perpetuar meu legado, apenas de mim mesmo e de meus poderes.

Matar Cathy não seria nada difícil. Eu poderia usar a maldição da morte nela sem que ela percebesse e fazer parecer acidente, assim como fiz com meu pai e meus avós trouxas. Eu poderia usar um pouco do veneno que pretendo usar na Sra. Smith em seu refresco durante um de nossos encontros. Eu poderia fazer qualquer coisa, sei que escaparia impune. Mas será que consigo?