História Meu herói - Capítulo 20

Meu herói

Todoroki sorriu quando Bakugou lhe entregou uma latinha de refrigerante e se sentou ao seu lado, os dois tinham ido até o telhado da escola após o maior finalmente se acalmar. Ficaram em um silêncio confortável.

- Eu não sabia. – Katsuki resmungou – Não sabia que você estava tão fodido assim.

O mais velho riu anasalado.

- Obrigado pela parte que me toca. – lembrou-se de ter contado a situação de Kensuke e a descoberta de que Dabi era seu irmão, sabia que logo a história dele ter um filho chegaria aos ouvidos de Aizawa.

- De nada.

Todoroki revirou os olhos, não esperava que o loiro - de todas as pessoas - seria o que estaria ao seu lado agora. Felizmente, ele não estava agindo como um idiota.

- Você é surpreendente, sabia? – o bicolor perguntou após abrir o lacre da latinha – Estou até com medo, só esperando você agir como um babaca.

- Oye...

- Afinal, você está calmo demais, provavelmente preparando um ataque. – decidiu provocar o garoto.

- Oye, oye... – franziu o cenho.

- Porque você parece aqueles cachorrinhos que começam a latir quando não estão recebendo a atenção que desejam.

- Para com isso! – gritou.

Shouto riu, Bakugou olhando para o rosto sorridente do rapaz e desviando o olhar ao sentir as bochechas ficarem vermelhas, nunca admitiria em voz alta, porém ficava feliz em saber que era o motivo do sorriso do mais velho, pelo menos naquele momento.

- Por que está sendo legal comigo, Bakugou?

- Sei lá, porra. – resmungou – O Deku não está aqui para cuidar do bebê chorão, alguém tinha que fazer o trabalho.

Todoroki deu leves cotoveladas no braço do loiro.

- Ah, vamos, admita que você é uma pessoa legal lá no fundo.

- Eu vou te explodir.

- No fundo você é bonzinho, não é, Kacchan?

- Morre!

Novamente o meio-ruivo riu.

...

- Shouto. – Izuku sorriu ao ver o namorado chegar no hospital, quando o mais velho se aproximou o suficiente o esverdeado deu um rápido selinho no mesmo – Tenho novidades.

- O que houve? – perguntou já preocupado com a situação do filho – O Ken está bem?

- Sim, ele está se recuperando. – o esverdeado sorriu – O médico disse que logo ele vai poder voltar pra casa. – contou a novidade.

- Graças a Deus. – o mais alto suspirou e abraçou Midoriya.

...

- Você tem certeza disso? – Shigaraki perguntou a Dabi enquanto ajudava o herói a decorar o quarto de Kensuke, o moreno fez questão de comprar um apartamento grande para que tivesse quartos o suficiente para Shouto e seu sobrinho – Você nem sabe se o pirralho vai aceitar vir morar aqui.

- Ele vai. – o maior falou determinado – Agora me dá a furadeira.

Tomura revirou os olhos carmesins ao entregar o que o moreno pediu, na sala haviam várias sacolas cheias de brinquedos, tudo para o pequeno ruivinho. Quem diria que o herói seria um tio tão babão? E quem diria que Shigaraki Tomura estaria envolvido em algo tão simples quanto decorar um quarto?

Se alguém lhe dissesse que no futuro ele estaria fazendo isso, o azulado teria dado risada de tal coisa.

- Você esqueceu de comprar um videogame para o cabeça de fósforo. – se referia ao sobrinho.

O moreno parou seu trabalho por um momento.

- Verdade. – concordou com o ex-vilão para a surpresa do mesmo – Amanhã mesmo nós vamos comprar um.

- Eu estava brincando...

- Faça uma lista do que está faltando. – ignorou a última fala.

Shigaraki suspirou.

...

- Não tem como eu aceitar isso, Izuku! – Shouto tentava manter a voz baixa já que estavam no hospital e não queriam acordar Kensuke – Ele surgiu na minha vida do nada, não posso simplesmente ir morar com ele. – se referia a Dabi – Isso tá acontecendo muito rápido.

- Eu sei. – o esverdeado olhou preocupado para o namorado – Mas você está se cobrando demais, pensa um pouco, morando com ele você não teria que se preocupar tanto com as despesas do apartamento. – segurou o rosto do maior – Estou vendo a hora de você desmaiar de exaustão, morar com o Dabi-san pelo menos vai aliviar um pouco as coisas.

- Eu sou pobre, mas tenho minha dignidade.

Izuku cruzou os braços quando o maior se afastou de seu toque, olhava para o homem de olhos heterocromáticos como uma mãe olhava para um filho desobediente.

- Isso é orgulho. – se aproximou do mesmo – Você está sendo orgulhoso e sabe disso. – sorriu quando o outro fez beicinho – Dá uma chance, tenta conhecer o seu irmão.

- Eu não quero. – olhou para o chão apenas para não ter que encarar os olhos esmeraldas – Eu sobrevivi muito bem sem ele.

- Mas não precisa mais, Shou. – sorriu – É muito melhor quando a gente tem uma família.

- ...

Todoroki ficou pensativo por um momento, quando era pequeno vivia se perguntando o porquê de sua mãe tê-lo abandonado, Tomura e ele costumavam inventar histórias de que os pais deles na verdade eram grandes heróis que para protegê-los de terríveis vilões tiveram que os deixar naquele lugar, porém um dia eles voltariam para buscá-los.

Agora ele sabia o quão ridículo era ter esse tipo de pensamento.

No entanto, podia dizer que sua mãe fez... Não, ele não queria pensar nisso.

- Shoucchan? – Izuku o chamou.

- Tá certo. – suspirou ao puxar o menor para um abraço, escondeu o rosto na curva do pescoço do garoto sardento, sabia que o menino tinha razão, aquela era sua chance de ao menos conhecer um pouco de sua família – Mas que fique bem claro que estou fazendo isso por você e pelo Ken.

- Eu sei, eu sei. – riu quando o outro beijou seu pescoço de leve.

Todoroki sorriu ao voltar a olhar o rosto do namorado, estavam se encarando como dois idiotas apaixonados, o que, de fato, realmente eram.

- Vocês vão se beijar? – uma voz fraquinha, porém animada chamou a atenção, o casal sorrindo ao verem os olhos safiras de Kensuke brilhando enquanto os encarava – Vão? Eu fecho os olhos!

Riram quando o garoto levou as mãos aos olhos, no entanto, era perceptível que os observava pelas frestas entre os dedos.

- Há quanto tempo está acordado, mocinho? – Izuku foi o primeiro a se aproximar da cama, Shouto logo atrás.

- Bem pouquinho. – sorriu quando o bicolor passou a mão pelo seu cabelo – Nós vamos morar com o tio Dabi e o tio Tomura? – perguntou ao de olhos heterocromáticos.

- Eu vou falar com ele, Ok?

- Ok. – suspirou contente.