História Meu Médico - Como tudo começou! Parte 2

(Anteriormente)

Um sorriso dominou meus lábios e claro que eu havia aceitado. Sai do meu quarto e fui comunicar a minha mãe e meu padrasto que eu iria jantar fora, mas a notícia não foi muito bem recebida.

-É claro que você não vai. _ Danzou respondeu com os braços cruzados.

(Agora)

-E porque não? É o pai dele. De vez em quando é bom que eles se vejam para matar a saudade. _ Minha mãe me acariciava os cabelos enquanto sorria.

-É que parece que vem uma tempestade por aí.  Não quero que nada de ruim aconteça com ele.

-Vou estar com o meu pai. Não acredito que vá acontecer algo de ruim. E parece que ele vai viajar por um tempo. Eu quero me despedir. _ Minhas caras tristes sempre os convencia e não foi diferente desta vez.

-Tudo bem, mas vou mandar um de meus seguranças com vocês. _ O sorriso maquiavélico dele apareceu de relance em seus lábios.

-Tudo bem, mas mande-o no carro dele. Não quero assustar o meu pai. Vai que ele acha que somos uma família de traficantes ou coisa parecida. Mantenha-o longe. _ Eu já até tentei contar para o meu pai, mas os seguranças de Danzou estavam sempre por perto. Quem sabe, com a chegada da tempestade, essa pode ser a minha chance.

    Sorri para eles e voltei para o meu quarto para me arrumar. Peguei o maior casaco que eu tinha, coloquei uma calça e meus tênis e esperei meu pai chegar. Minutos depois meu celular tocou com uma mensagem dele e segui para a porta já vendo um dos seguranças do velhote me esperando.

-Boa noite senhor Uzumaki. _ Ele me desejou.

-Boa noite Zabuza. _ Sorri para ele.

    Zabuza era o melhor segurança de Danzou. Alto, forte e muito experiente em combate. Ele sempre me respeitou e nunca me fez nada, mas a presença dele me incomodava de alguma forma. O jeito de ele agir era indiferente com qualquer pessoa. Nem mesmo para Danzou ele mostrava seus sentimentos. Ele simplesmente era frio. Apenas uma pessoa conseguia arrancar um sorriso daquele homem de pedra. Haku, que era o motorista de Danzou e ambos estavam sempre com o velhote.

    Haku era alguns anos mais velho do que eu e sempre sorria para mim. A algum tempo eu havia percebido que ele andava distraído e um pouco feliz de mais. E Zabuza também andava um pouco diferente. Até que um dia percebi uma pequena marca no pescoço de Haku. E sem que ninguém percebesse eu o informei para que ele  escondesse. O garoto com rosto angelical ficou vermelho feito uma pimentinha e em seguida olhou para Zabuza. Foi aí que eu percebi algo entre eles, mas me mantive discreto até conseguir uma oportunidade para conversar sozinho com o garoto.

    Em um dia de chuva eu precisava estar mais cedo na escola para fazer uma prova então pedi para que Haku me levasse e saímos antes que Zabuza dissesse que iria conosco. Essa foi a minha oportunidade.

-Haku. _ Eu o chamei sem olhar para ele. Aquela era a primeira conversa que teríamos.

-Sim senhor Uzumaki? _ Ele respondeu sem desviar o olhar do trânsito.

-Você e Zabuza estão juntos? _ O motorista tossiu de tanta vergonha. _ Não se preocupe. Não vou contar pra ninguém.

-Por favor senhor. Se o senhor Danzou souber, ambos seremos demitidos. _ Sua preocupação era coerente.

-O seu segredo está seguro comigo.

    E realmente não contei para ninguém. A minha vida era uma bosta, mas não era por isso que eu ia fazer um inferno na vida dos outros.

    Depois daquele dia, Haku ficou mais confortável comigo e eu com ele. Até contei para ele o que Danzou fazia comigo, mas pedi que não contasse a ninguém para que minha mãe não sofresse e ele me prometeu lealdade e ajuda se eu precisasse.

    A chuva já caia forte e eu tive que correr para dentro do carro do meu pai para não me molhar muito. Ele me abraçou e seguimos para um restaurante qualquer. Eu tive muito tempo para tomar coragem e contar toda a verdade para ele, mas nada saía. Nós jantamos, conversamos sobre coisas aleatórias,sobre o colégio e então fomos embora. Ele estacionou o carro na frente da casa e me encarou. Eu estava olhando fixamente para a porta da casa. Ciente de que meu fantasma estava a minha espera.

-Pai. _ Eu o chamei procurando saber se Danzou estava acordado.

-O que foi meu filho? Está se sentindo bem? _ Pude sentir sua mão preocupada em meu ombro e não consegui segurar as lágrimas. _ O que foi Naruto. Porque está chorando?

-Me ajuda pai. O Danzou é um monstro. _ Nesse momento pude sentir o corpo do meu pai enrijecer e seu olhar se tornar frio.

-O que ele fez com você?

-Ele abusa de mim sempre que pode e minha mãe nem sabe. Ele coloca remédios na bebida dela e vai pro meu quarto a noite. Eu não tenho paz. _ As palavras escorriam da minha boca como se fossem água.

-Fique no carro. _ Ele já se preparava para sair quando eu o impedi.

-Ele tem seguranças pai. Sozinho você não vai conseguir fazer nada. _ Eu estava em pânico.

-Seguranças? _ Estava desconfiado. _ Porque ele tem seguranças?

-Eu não sei dizer. _ Eu estava em prantos achando que tinha feito algo de ruim. _ Eles estão sempre por perto. Quem nos seguiu essa noite foi Zabuza. O melhor segurança dele. Ele está no carro de trás. _ E apontei discretamente para o carro preto que estava um pouco mais afastado e levava Zabuza e Haku.

-Entendo. _ Meu pai ficou pensativo por um momento o que me deixou mais aflito.

-Naruto. Vá para o banco de trás. Eu tenho uma idéia.

    Ele saiu do carro enquanto eu pulava para o banco de trás. Meu pai era inteligente e nunca dava furos. Fora o lance de focar muito no trabalho e esquecer que tinha uma família, o que ocasionou no divórcio dele com a minha mãe, mas nós nos dávamos bem. Ele sempre responde quando eu mando uma mensagem, mas encontros como aquele eram raros. Até me surpreendi quando ele me convidou para jantar essa noite.

    Olhei para o outro carro e vi Zabuza desembarcar do veículo pela porta do carona. Haku estava tentando impedir seu amado de fazer alguma besteira e eu apenas me encolhi no banco pedindo a Deus que Zabuza não fosse atrás de meu pai. A chuva ficou mais intensa. Raios iluminavam os céus e trovoadas invadiam meus ouvidos me deixando mais apavorado do que quando contei a situação para meu pai. Minha mãe atendeu a porta com Danzou logo atrás. Eles começaram a conversar e de repente minha mãe enfrentou a chuva para chegar ao carro e entrou no banco da frente.

-O que aconteceu com você meu filho. Esta se sentindo bem? _ Ela me analisava enquanto segurava meu rosto com ambas as mãos e seu olhar era de preocupação. _ Seu pai disse que você não se sente bem. Não se preocupe. Vamos levá-lo ao hospital.

    De repente uma gritaria pôde ser ouvida do lado de fora do carro. Danzou era acusado por meu pai de abusar de mim. Minha mãe ficou aterrorizada com o que estava ouvindo. Seu olhar estava fixo nos dois homens no meio da chuva. Eu apenas olhava apavorado. De repente a briga corporal começou. Meu pai era mais jovem, mas Danzou era mais forte e experiente. Os socos desferidos pelo velho derrubaram meu pai no chão. Minha mãe começou a gritar e ameaçou sair do carro, mas eu agarrei em seus braços não deixando que ela saísse. Depois de derrubar meu pai no chão, ele olhou para o carro, em nossa direção, e seguiu para mais perto.

        Eu estava mais apavorado ainda. Não queria que aquela tortura continuasse então em um último fio de pensamento eu tranquei as portas do carro. Danzou tentou abrir a porta do passageiro batendo com violência contra o vidro e nos assustando ainda mais. Meu pai ainda estava jogado no chão. Eu não via nenhuma saída dali, até que braços fortes agarraram Danzou pelas costas. Zabuza veio ao encontro do velho e o segurou com toda sua força. De relance pude ver Haku ajudando meu pai a se levantar e o trazendo até a porta do motorista e o colocando sentado no banco depois que eu destravei as portas.

-Nós vamos segurá-lo. Aproveitem para fugir.

Eu sibilei baixinho um obrigado para Haku antes que a porta fosse fechada e meu pai ligasse seu carro para seguir em frente. Após a nossa saída da casa, meus pais começaram a discutir sobre o que estava acontecendo. Minha mãe não entendia, mas com calma meu pai explicou tudo. Ela não acreditou nele e olhou para mim exigindo respostas. Eu apenas chorei. Chorei enquanto eles brigavam mais uma vez. Faróis altos podem ser vistos atrás do nosso carro. Provavelmente Zabuza não conseguiu segurar o velho por muito tempo. Só esperava que ele e Haku estivessem bem.

Faróis altos e buzinas circulavam pela rodovia. Uma perseguição incansável onde meu pai fugia de meu padrasto para proteger a vida de sua ex esposa e de seu filho. Em um último ato de preocupação minha mãe me pediu para que eu colocasse o cinto de segurança e foi o que eu fiz. Mal sabia ela que aquele pedido salvaria a vida de seu único filho, pois a última coisa de que me lembro foi de ter travado o cinto e luzes fortes vindo em nossa direção.