1. Spirit Fanfics >
  2. Meu namorado é um Uchiha >
  3. Não há nada que eu possa fazer, certo?

História Meu namorado é um Uchiha - Não há nada que eu possa fazer, certo?


Escrita por: wasser

Notas do Autor


mn (mano). estou nervoso mas não vou enrolar aqui, desejo uma boa leitura. espero que gostem!

Capítulo 6 - Não há nada que eu possa fazer, certo?


Abri os olhos lentamente, sentindo eles doerem um pouco por conta do sol adentrando o quarto, pisquei algumas vezes, esperando minha visão focar e me senti completamente derretido ao perceber que tinha minha cabeça deitada sobre um dos braços de Madara.

Não sei que horas são, mas que bom que ele não acordou e foi embora, me largando; mas eu acredito que minha cabeça prendendo a circulação do sangue no braço dele por tanto tempo não seja agradável, então levantei da forma mais suave que consegui, sentando na cama e sorrindo enquanto o observava.

Madara ainda estava sem camisa e eu sentia um certo incômodo por causa da calcinha de renda, que ficava roçando em todo lugar, o tempo inteiro (eu deveria ter dado ouvidos ao conselho que o velhinho me deu antes de dormirmos e ter ido tirar esse troço).

Balancei minha mão na frente do rosto do Uchiha, para me certificar de que ele ainda estava dormindo, e saí da cama, tomando bastante cuidado para não acordá-lo. Fui até o closet rapidinho, só para trocar a calcinha por uma boxer, e logo retornei para a cama.

Ver Madara daquela forma, de olhinhos fechados e sem estar com aquela expressão de quem chupou limão, era muito bom, me trazia conforto. Por isso, realmente me esforcei para não despertá-lo enquanto voltava a me deitar sobre o colchão macio. Não que eu não estivesse planejando chamar ele assim que me deitasse novamente, mas queria fazer isso de um jeito fofo e carinhoso, como o bom namorado que sou.

Minha destra foi até sua testa e eu afastei, devagar, os fios de cabelo que estavam ali, colocando-os para trás. Aproveitei para embrenhar meus dedos em seus cabelos, acariciando o couro cabeludo e suspirando ao sentir a maciez dos fios; aquele homem não tinha um defeito?

Me assustei quando meu pulso foi agarrado com força, mas respirei fundo enquanto via Madara abrir os olhos lentamente. Ele ainda parecia sonolento e eu sorri quando nossos olhos se encontraram, me sentia em um filme clichê de romance, mas não era ruim.

— Bom dia. — Ao me ouvir falar, ele finalmente soltou meu pulso e eu recolhi minha mãozinha antes que mais alguma coisa acontecesse.

Arregalei os olhos quando Madara pôs a mão em minha nuca e me puxou para perto, depositando um beijinho na minha testa. Eu deveria estar sonhando, não era possível que ele estivesse sendo tão carinhoso. Só pode ser algum delírio meu, Madara não é assim.

— Bom dia.

Fiquei tão abobalhado com toda a situação que nem me dei conta quando Madara levantou da cama e se retirou do meu quarto, porque se eu tivesse notado, teria impedido sua saído – bem que eu queria ficar mais uns minutos de chamego aqui –, mas só percebi quando ouvi o barulho da porta sendo fechada.

Isso mesmo, Naruto. Fica sonhando igual um bocó e perde o homem de vista. Sou trouxa demais, socorro.

Fui rapidinho ao banheiro, só para escovar os dentes, e logo fui para a sala de jantar, tomar o meu bom café da manhã. A conversa que tive com Gaara ainda rodava um pouco na minha cabeça, pelo menos a parte em que não falamos dos Uchihas, meu amigo parecia realmente preocupado com a minha situação psicológica após meu último relacionamento e eu não o julgo por isso mas não é como se aquele filhote de urubu fosse reaparecer na minha vida ou como se eu não fosse capaz de enfrentá-lo caso isso acontecesse.

Além disso, eu não estou sozinho agora.

Acho plausível todos os receios que Gaara tem e até concordo com muitos pontos do que ele me disse ontem, mas eu não posso deixar isso me perseguir durante o resto da minha vida. Eu venho conseguido me manter de pé durante os últimos meses e duvido muito que algo tão sério possa acontecer a ponto de eu perder o chão; eu vivo diariamente correndo o risco de ter gatilhos por pequenas coisas, então se não tive nenhum até agora, provavelmente está tudo bem. E eu definitivamente não preciso preocupar os Uchihas com esse assunto – como Gaara sugeriu que eu fizesse –, não é um problema deles e talvez até faça com que desistam de ficar comigo. Não é o que eu quero.

Ao chegar na sala de jantar, me surpreendi um pouco ao ver os cinco Uchihas na mesa. Ultimamente não tenho visto todo mundo junto no café da manhã, toda vez que acordo e venho comer, a maior parte já saiu de casa e a mesa fica desconfortavelmente vazia.

Fui direto para Itachi, já que não estamos nos comunicando com muita frequência nos últimos dias porque o coitado está atolado com tanta burocracia da empresa e não está tendo tempo nem de respirar direito. Deixei um selinho em seus lábios e desejei um bom dia, mas antes que eu pudesse me afastar para cumprimentar os outros, sua mão segurou minha cintura firmemente e ele se aproximou do meu ouvido para sussurrar:

— Senta aqui depois de falar com os meus irmãos.

Senti meu rosto esquentar um pouco ao entender que ele queria que eu sentasse no colo dele, mas assenti. Itachi me soltou e tinha um sorriso satisfeito adornando seus lábios, balancei um pouco a cabeça, em uma tentativa de afastar todo pensamento pecaminoso dela e me dirigi ao irmão que estava ao lado de Itachi. Passei por Shisui, Sasuke e Obito, dando selinhos e desejando bom dia, mas quando cheguei em Madara eu me senti um pouco travado. No entanto, respirei fundo e me abaixei para deixar um selinho nele, me surpreendendo quando Madara ergueu o rosto e me encontrou no meio do caminho, selando nossos lábios. Eu não sei quanto tempo ficamos daquele jeito, mas pelo visto o selinho foi bem longo porque só nos afastamos ao ouvirmos uma tosse forçada bem do nosso lado. Me virei, vendo Obito com a mão sobre a boca e uma sobrancelha arqueada.

— Que bom dia demorado.

Revirei os olhos, dando um tapinha no ombro de Obito antes de deixar mais um selinho – dessa vez bem rápido – em Madara e ir sentar no colo de Itachi.

— O que temos hoje? — Perguntei, sentindo um frio na barriga quando as mãos de Itachi pousaram nas minhas coxas — Amor, me passa o suco.

Foi inevitável rir quando os Uchihas, que estavam com as mãos desocupadas e com exceção de Madara, se apressaram para pegar a jarra na mesa no momento em que as palavras saíram da minha boca. Isso foi hilário e eu não me sinto culpado por estar gaitando.

Os três estavam com as mãos na jarra de vidro e eu temia que eles acabassem quebrando ela, então me esforcei para parar de rir, pensar bem e poder dizer:

Sasuke, o suco, por favor.

Quase voltei a rir ao ver as expressões de desgosto tomando conta dos rostos de Shisui e Obito, mas me controlei e me limitei a agradecer quando Sasuke me entregou a jarra. Juro que não falei "amor" com segundas intenções, eu não imaginava que todos iriam se sentir afetados por essa palavra. Acho que preciso organizar melhor os apelidos que dou para os Uchihas, rápido.

Comemos em silêncio, na mais completa paz e harmonia, mas eu percebi que de vez em quando Obito se inclinar para cochichar no ouvido de Sasuke. Meu lado fofoqueiro está se contorcendo para saber o que aquele cachorro safado tanto fala e o motivo para Sasuke ficar vermelho toda vez que alguma coisa é dita. Mas uma coisa é certa: eles vão aprontar alguma.

— Tem alguma coisa para fazer depois daqui?

A voz de Itachi sussurrada no meu ouvido me fez sentir uns negócios esquisitos na barriga, mas me fez ter vontade de derreter no colo dele. Balancei a cabeça de um lado ao outro e dei um risinho quando seus braços rodearam minha cintura. O som acabou chamando a atenção dos outros Uchihas, mas ninguém fez questão de saber o que estava acontecendo; não sei se isso me alivia ou se me deixa preocupado.

— Então, se arruma quando acabar de comer, vou te levar 'pra dar um passeio.

Assenti, soltando um pequeno muxoxo quando Itachi me pediu para levantar, saindo da sala de jantar logo em seguida – não sem me dar um selinho antes, é claro.

— Ah, não fica triste, gracinha. Meu colo 'tá sempre livre 'pra você.

Ai, esse Obito… Mas quem sou eu para negar colo de homem gostoso? Sou fraco demais.


[ ... ]


Já arrumado, eu esperava Itachi no sofá da sala. Estava ansioso por não saber para onde estávamos indo, mas sabia que ele acabaria me dizendo no meio do caminho – ou até antes – porque Itachi não consegue esconder coisas por muito tempo. Não é estranho um advogado não saber omitir nem mentir?

Ficava imaginando as inúmeras possibilidades de lugares que Itachi poderia me levar e esperava, por tudo que é mais sagrado, que não fosse nada muito fino ou distante da minha realidade de pobre (olha o drama); da última vez que saímos juntos as coisas não foram bem como o planejado, eu não me senti muito bem naquele restaurante bonito e com pratos que custavam o meu rim. Quer me mimar? Vá em frente, mas não exagera, eu gosto de coisas mais simples.

— Você fica tão bonitinho todo emburrado, gracinha.

Senti o sofá afundar do meu lado e revirei os olhos ao ver Obito sentando ali, só de toalha. Nada contra a presença dele, sério, mas assim ele vai molhar o sofá.

— Como vão as coisas entre você e o Madara? — Direto como uma bala — Ouvi dizer que dormiram juntos…

— A gente 'tá tentando melhorar. — Respondi ao mesmo tempo em que fazia um gesto de mais ou menos — Eu não sei porque ele não me joga logo na- — Foram só dois segundos para eu perceber o que estava prestes a dizer. Engoli a seco, sentindo meu rosto esquentar — Deixa quieto.

Mas é óbvio que isso não adiantou muito, Obito havia entendido exatamente onde eu queria chegar e agora carregava um sorrisinho de canto, extremamente convencido. Já estava até me preparando mentalmente para a pérola que ele soltaria, então fiquei surpreso ao vê-lo mudar sua expressão para uma muito mais suave e adorável, um sorriso e um olhar que pareciam me dizer que eu não precisava me preocupar com nada.

— Lembra do que eu te disse? Sobre o BDSM? — Assenti devagar, me assustando um pouco quando Obito segurou minhas mãos — Conhecendo bem o velho, ele deve estar pensando em uma forma de te explicar tudo sobre isso e ver o que você prefere fazer antes de te jogar na parede, ou seja lá onde você queira ser jogado. — Franzi o cenho, claramente descontente com a resposta — Mas, se você quiser acelerar o processo-

— O que eu tenho que fazer? — Interrompi, apertando as mãos de Obito e me inclinando em sua direção.

— Como eu 'tava dizendo, se você quiser acelerar o processo, eu posso ajudar. — Arqueei uma sobrancelha, em um questionamento mudo — Eu posso te explicar o básico sobre o BDSM, pelo menos 'pra você ter uma base, e te mostrar algumas práticas. Mas o resto é todo por sua conta, não vou me meter.

— Hm?

— Eu posso abrir a porta 'pra você, gracinha. — Dito isso, ele se aproximou do meu rosto, seu olhar descendo para a minha boca e subindo para os meus olhos rapidamente — Mas quem decide se vai entrar ou não, é você. No final das contas, vamos fazer o que você quiser, o que te deixa confortável, então não precisa ficar nervoso, nem pensar demais nisso tudo.

— Falando assim até parece que é fácil não pensar demais, não ficar ansioso e com medo disso.

— Eu imagino que não deva ser nem um pouco fácil 'pra você, Naruto. Mas eu te garanto que não tem nada demais aqui, já disse que o que importa é o que você quer. — Ele suspirou e eu acabei me aproximando um pouco mais — E você não precisa saber o que quer nesse exato momento, temos tanto tempo ainda e-

Interrompi Obito, selando nossos lábios. Uma de suas mãos soltou as minhas e foi para a minha nuca, me pressionando ainda mais contra o seu corpo e eu nem pensei muito antes de morder seu lábio inferior, puxando a carne com os dentes devagar para depois soltar e dar um risinho meio sem graça, nervoso.

Senti meu corpo ficar molinho quando Obito me beijou novamente, devagar mas beirando o bruto e eu precisei libertar minhas mãos e colocá-las sobre o peito dele, fincando as unhas na pele – sem muita força – e as arrastando até chegar em sua nuca, onde eu deixei meus dedos se embrenharem nos seus fios curtos, puxando forte quando Obito chupou a minha língua com um pouco mais de força. Senti sua mão deslizar devagar, da minha nuca para a lateral do meu pescoço, mas fiquei muito confuso quando Obito se afastou bruscamente, respirando pesado e parecendo estar em um imenso conflito interno. O que ele tem? Eu fiz algo errado?

— Obito?

— Desculpa. — Pediu, pigarreando um pouco logo em seguida — Eu perdi um pouco a cabeça quando você puxou meu cabelo, eu ia- Desculpa, eu tenho que ir.

Nem tive tempo de reagir, já que Obito levantou de uma vez, saindo da sala praticamente correndo. Ele ia o quê? Por que tanto pânico? Talvez eu precise fazer um belo interrogatório mais tarde, mas eu espero que ele me explique o que rolou por vontade própria, sem que eu tenha que ficar correndo atrás e insistindo.

Desci meu olhar para o sofá, confirmando que a parte em que Obito estava sentado estava úmida, e revirei os olhos. Sabia que isso ia acontecer, pobre mobília.

— Espero que ele esteja bem.

— Tem alguém mal?

Ai, meu caralho!

Coloquei a mão no peito, sentindo meu coração bater rápido – e não era por causa das minhas atividades recentes, garanto –, agarrando uma almofada com minha mão livre e acertando a pessoa atrás do sofá com tudo (mas não com tudo). Isso não se faz, poxa. Chegar por trás sem fazer nenhum barulho, parecendo a porra de um fantasma, e falar do nada, já é o segundo Uchiha que me apronta uma dessa. Porra, Itachi. Se eu te pego, eu te amasso.

— Desculpa. — Murmurou, se abaixando para deixar um selinho no topo da minha cabeça — Foi sem querer.

— Na hora que eu olhei 'pra você, eu juro que vi a Samara do Chamado. Não faz isso de novo, por favor.

— Acabou de me comparar com uma assombração?

— Isso não vem ao caso. Você me assustou!

Eu pareço a Samara?

Eu não tenho um espelho, então não sei bem que cara eu estava fazendo, mas tinha certeza que eu parecia muito indignado naquele momento – e estava mesmo. Tão indignado que nem consegui rir quando Itachi começou a tocar o próprio rosto e olhar os braços e cabelos enquanto murmurava "Samara?" sem parar (mais tarde, quando a raiva passou, eu lembrei disso e ri horrores, mas na hora eu realmente não vi graça).

— Respondendo sua pergunta, Samara. — Falei seriamente, conseguindo sua atenção (e indignação também, talvez pelo novo apelido carinhoso) — Quando você chegou, eu 'tava falando do Obito. A gente 'tava conversando aqui e, do nada, ele saiu correndo. Não sei o que rolou.

— Ele ia te enforcar.

— Ah, isso explica tud- Ele ia o quê!?

Itachi riu, em alto e bom som, mas logo estendeu a mão para mim e só voltou a falar quando eu levantei do sofá e segurei sua mão. Enquanto ele falava, íamos para a garagem e eu tentava captar o máximo de informações possíveis, mesmo que minha cabeça estivesse trabalhando a mil por segundo.

— Eu vi vocês, eu estava bem no pé da escada… mas acho que vocês estavam ocupados demais para notar minha presença lá. — Me encolhi um pouco, mordendo o interior da minha bochecha — Obito desceu a mão para o seu pescoço porque pretendia te enforcar, mas acho que ele se apavorou com a ideia de te assustar, então saiu correndo.

— Você viu tudo, foi? — Murmurei, me sentindo tímido de repente — Espera. Como assim me enforcar? Obito ia me machucar?

A mera ideia de ter uma mão em volta do meu pescoço, apertando, me fez ter náuseas e eu precisei usar todas as minhas forças para não deixar transparecer todo o pavor que me invadiu naquele momento. Espero que Itachi não tenha notado nada, embora eu ache que minhas mãos suando possam ter me entregado e ele só não quis dizer nada a respeito.

— É uma coisa sexual, Naruto. Não é para machucar. — Pisquei algumas vezes, claramente confuso — Sugiro que fale com o Obito depois, conhecendo a peça, ele deve estar se sentindo meio mal agora e vai demorar um pouco até te procurar para conversar sobre isso.

Acabei só assentindo e rapidamente mudei de assunto. Já estávamos prestes a subir na moto de Itachi e eu não queria começar o nosso passeio com pânico correndo nas minhas veias e me enchendo de paranoias. Aliás, ainda não aceito que ele anda nessa moto de terno e gravata todo dia, acho tão estranho. Mesmo agora que vamos sair como bons namoradinhos, ele ainda está todo social (sem gravata, mas ainda assim-). Tem necessidade disso tudo?

— Onde vamos, Samara?

— Dá 'pra parar de me chamar assim?

— De jeito nenhum.


[ ... ]


Tudo bem, eu não esperava que nosso destino fosse ser um bom shopping, mas também não poderia reclamar. Depois de deixarmos a moto no estacionamento, começamos a andar meio sem rumo. Itachi comentou algo sobre compras mas não fez questão de explicar o que exatamente iríamos comprar, eu só espero que ele não tente dar uma de sugar daddy e acabe me comprando, sei lá, um Rolex.

— O que viemos comprar, 'Ita?

— Sasuke comentou algo sobre eu estar sempre formal demais, então eu pensei que você poderia me ajudar a escolher umas coisas mais… despojadas?

— Você 'tá todo duro, relaxa. — Murmurei, dando um soquinho em seu ombro — Se você quer roupas despojadas, então eu sei exatamente em que loja devemos ir. Confia nas minhas escolhas, Samara?

Naruto, pelo amor de Deus.

— Vem.

Ignorei seus protestos sobre a Samara e segurei sua mão, o guiando pelos vastos corredores do shopping e somente no segundo piso foi que encontrei o que eu queria. Certo, era uma loja simples comparada com as marcas das roupas que os Uchihas usavam (sim, eu fucei os guarda-roupas de quase todos eles, então eu sei do que eu estou falando), mas eu não precisava ir comprar uma calça jeans de sei lá quantos mil reais.

E daí que ele é rico? Eu quero economizar.

Adentramos a loja, sendo recebidos por uma vendedora simpática até demais, mas que felizmente não ficou em cima da gente, só falou que qualquer coisa era só chamá-la. Passando pelos corredores da loja, eu quis morrer ao perceber que nenhuma das roupas parecia estar agradando Itachi; tudo que eu mostrava recebia um aceno negativo, mas as roupas eram lindas demais para ele rejeitá-las assim.

— Sabe, 'Ita, — Comecei como quem não quer nada — eu amo te ver de terno, mas eu vou ter que concordar com o Sasuke. Você precisa ousar mais.

— Eu não sei se-

— Olha, eu vou escolher umas coisas aqui. Você vai no provador experimentar tudo bonitinho e se não gostar de nada, a gente não leva. Pode ser assim?

Itachi suspirou, mas assentiu. Comemorei com algumas palminhas silenciosas e logo comecei a pegar peças que eu realmente achei bonitas e que, com certeza, combinariam com Itachi. Não que eu vá vestir ele como um dançarino de brega funk, mas acho que ele precisa mostrar um pouco mais de pele. Se libertar. Quando me dei conta, já estava com uma pilha de roupas nos braços e foi aí que decidi parar de pegar coisas, já tínhamos o bastante ali.

Bem na frente do provador, havia um divã – grande o suficiente para mim e para as roupas que Itachi ia experimentar – e eu sentei ali enquanto meu belíssimo e gostoso namorado ia se vestir. Eu tinha a mais absoluta certeza de que ele ficaria lindo com todas as roupas (não que isso seja difícil, ele é naturalmente perfeito sem nem se esforçar, afinal.

E eu não poderia estar mais certo, mas meu queixo ainda foi ao chão quando a cortina do provador foi aberta e Itachi entrou em meu campo de visão. O que uma camisa floridas de botões e uma calça jeans branca não fazem por uma pessoa, não é mesmo?

— Eu tenho o namorado mais lindo do mundo! — Exclamei, rindo ao vê-lo revirar os olhos — E aí, o que achou?

— Eu gostei, mas-

— Se você gostou, então leva. O que te impede? — Ele não me respondeu e eu aproveitei o silêncio para agarrar uma calça de moletom e uma camisa vermelha na pilha de roupas e estender para ele — Essas agora. Vamos colocar vida no seu guarda-roupa, chega de preto e branco.

Depois de vestir as roupas e se olhar no espelho, além de ter alguns comentários meus e das vendedoras que passavam por ali de vez em quando, Itachi percebeu que gostava de muita coisa do que eu havia escolhido. A sensação que tenho é que ele só não tinha coragem de tentar roupas muito diferentes do habitual. Mas até uma blusa de arco-íris ele decidiu que ia levar e eu que não sou bobo, pedi para vendedora me trazer outra igual; sim, eu gosto de usar roupinha combinando com meu namorado, acho muito fofo.

— Você não quer mesmo experimentar nada néon?

— E chamar atenção em todo lugar? De jeito nenhum.

— Você chama atenção independente do que veste, 'Ita. — Rebati, rindo ao vê-lo bufar, irritado — Sua família aparece nas páginas de fofoca o tempo todo.

Itachi estava vestindo a última roupa quando eu senti o celular vibrar no meu bolso. Peguei o aparelho, sorrindo ao ver o nome de Gaara no visor; não era lá a melhor hora para ele me ligar, mas não custava nada atender e dar um pouco de atenção ao meu melhor amigo, eu tenho ignorado as mensagens dele desde aquela palhaçada de contar para o Madara que eu- enfim.

— Alô?

— Ainda bem que você atendeu.

Gaara parecia ofegante do outro lado da linha e eu automaticamente tive um pressentimento ruim. Me perguntava se algo grave havia acontecido, eu realmente torcia para que não fosse nada disso.

— Aconteceu alguma coisa? 'Tá tudo bem?

— Você 'tá sozinho?

— Não. — Repondi meio incerto, sem entender o motivo da pergunta — 'Tô com um namorado, por quê?

— Eu 'tava na praça aqui perto, aquela onde eu sempre faço caminhada. Você lembra, 'né?

— Lembro sim. — Vi Itachi sair do provador e fiz um sinal para que ele esperasse um pouquinho — Gaara, o que foi que aconteceu? Fala logo, eu 'tô ficando nervoso.

— Eu encontrei o Yamato lá. — Não — Quero dizer, ele me encontrou. O desgraçado me parou e disse que queria encontrar você mas é claro que eu mandei ele se ferrar e fui embora. — Por favor, não — Olha, eu não sei se ele realmente vai atrás de você, ou se só 'tá sendo o mesmo manipulador estúpido de sempre, mas eu só quero te pedir 'pra tomar cuidado, 'tá? E não pensa duas vezes antes de me chamar se precisar de ajuda.

— Pode deixar. Eu vou fazer isso.

Desliguei a chamada, sem esperar por uma resposta. A verdade é que depois da primeira frase eu não consegui prestar muita atenção no restante, sentia minhas mãos tremerem e minha visão estava perdendo o foco, pontos pretos invadiam minha vista e eu sentia meu peito apertado. Já faz um tempo desde a última vez que eu me senti assim e eu pensei que isso nunca mais aconteceria. Eu me senti tão seguro no dia em que soube que Yamato viajaria para fora do país que não quis nem pensar na possibilidade de que ele poderia voltar um dia, ou melhor, eu esperava que ele melhorasse e não viesse atrás de mim se voltasse.

Dei um pequeno grito ao sentir uma mão no meu ombro e não consegui me acalmar nem ao perceber que era só o Itachi. Eu queria dizer a ele que estava com medo, que queria muito voltar para casa e ficar escondido dentro do meu quarto, sem nunca mais sair.

Mas eu não tinha forças, nem fôlego para dizer uma única palavra. Havia também um zumbido insistente nos meus ouvidos e eu conseguia sentir as lágrimas escorrendo pelo meu rosto. Não quero ser visto assim.

— Você precisa respirar, meu amor. — Murmurou Itachi, doce, suave, a mão em meu ombro indo para minha nuca e me puxando para encostar a cabeça no seu ombro — Será que você pode trazer água 'pra ele?

Eu sabia que ele estava falando com a vendedora, mas eu não conseguia assimilar completamente tudo que acontecia. Minha cabeça estava começando a doer e eu tinha a sensação de que iria morrer. Eu nem sei em que momento Itachi sentou do meu lado e constantemente eu me perdia nas memórias e não tinha certeza sobre a pessoa que estava ali comigo, fazendo carinho no meu cabelo e me pedindo para respirar. Eu sabia que era Itachi e que ele não tentaria me machucar, mas era tão difícil manter essa certeza.

Em meus pensamentos eu ouvia com perfeição as palavras "eu vou voltar" e isso só me deixava ainda mais perdido e confuso. Eu só queria não sentir mais nada e, talvez, esse desejo tenha sido a razão para o meu corpo desligar e eu ver tudo escurecendo lentamente enquanto me sentia ser abraçado pela dor.


[ ... ]


Quando eu finalmente recobrei a consciência, não fazia a mínima ideia de onde eu estava e, para ser bem sincero, eu preferia nem ter acordado. Não queria acordar sabendo que aquilo estava acontecendo mesmo, que a ligação de Gaara não foi só um sonho ruim e que Itachi havia me visto tão fraco e estúpido.

Sentei, deixando meu olhar passar pelo lugar em que eu estava e percebendo que estava no meu quarto, na minha cama. Talvez Itachi tenha me trazido de volta para cá no momento em que eu desmaiei. Mas será que ele contou para alguém o que aconteceu? Será que os outros Uchihas também estão cientes de que eu não passo de um cara fraco e medroso?

Esfreguei as mãos no rosto e levantei da cama, havia um cheiro de hortelã fraco ali e eu só descobri de onde vinha porque levei meu pulso até o nariz; era o blusão que eu estava usando e que eu não fazia ideia de quem era. Andando até a porta, devagar, eu estava apavorado com a ideia de ter que encarar qualquer um dos Uchihas, mas eu sabia que não poderia ficar ali para sempre. No entanto, antes que eu pudesse abrir a porta, eu ouvi vozes claramente alteradas e acabei perdendo a pouca coragem que tinha.

Itachi e Obito estavam do lado de fora e eu tinha certeza de que a situação não era nada boa.

— Agora não é hora 'pra isso, Obito!

— Você sai com o meu namorado, traz ele de volta desacordado e ainda se recusa a explicar o que aconteceu! Qual é a porra do seu problema!?

— Se eu soubesse o que aconteceu, já teria dito. Você acha o quê? Que eu queria que isso acontecesse!?

Após aquilo, um silêncio desconfortável se instalou e eu entrei em um dilema gigantesco. Eu não queria sair, não queria encarar ninguém ainda, mas algo me dizia que eu precisava abrir aquela porta e colocar um pouco de juízo na cabeça daqueles dois idiotas.

— Obito. — Mais uma vez, parei ao ouvir a voz de Itachi, mas dessa vez muito mais calma — Você é o meu irmãozinho e eu amo você, mas precisa parar de agir como se o mundo girasse ao seu redor. Não preciso  que você se envolva em tudo que acontece aqui.

— E você precisa parar de carregar tudo sozinho, você não é um deus. Só 'tô tentando ajudar.

Gente? Eu perdi alguma coisa? Não é possível, eles devem ter dito algo que eu não peguei porque estava surtando ou sei lá. Franzi o cenho, finalmente tomando coragem para abrir a porta; talvez eu tenha sentido vontade de rir ao ver as expressões de Obito e Itachi quando me viram abrindo a porta, mas me segurei. Aquela definitivamente não era hora de risos.

Me surpreendi quando Obito me abraçou, exagerando horrores na força, e dei um sorriso fraco ao ver Itachi balançando a cabeça de um lado para o outro.

— Eu 'tô bem, Obito.

— Tem certeza?

— Vou ficar melhor se não fizer muitas perguntas.

Obito se afastou só o suficiente para me encarar e eu sabia que ele não acreditava que eu estivesse bem. Eu realmente não estava, mas não custava segurar a onda.

— Obito. — Chamou Itachi — Fica com ele? Eu vou chamar o Shisui.

— Fico.

Enquanto Itachi sumia do nosso campo de visão, eu suspirei, deixando meus braços rodearem a cintura de Obito ao mesmo tempo em que apoiava minha cabeça no ombro dele. Eu queria me enfiar em um buraco e nunca mais sair de lá, queria muito viver debaixo da terra pelo resto da minha vida igual uma minhoca.

— O 'Sui disse que queria falar com você assim que acordasse. — Falou, a destra subindo para acariciar o meu cabelo — Por que ele parece saber exatamente o que está acontecendo enquanto nós ficamos perdidos?

— Te pedi 'pra não fazer perguntas. — Murmurei, desconfortável — Eu prometo que vou explicar tudo, amor, mas não agora. Não consigo fazer isso agora.

— Quando quiser. — Sussurrou — Mas eu quero que saiba que eu 'tô aqui 'pra você, 'pra tudo que você precisar.

Respirei fundo, sentindo um bolo se formar na minha garganta e meus olhos lacrimejarem. Fazendo de tudo para engolir o choro antes mesmo que ele viesse, coloquei minhas mãos no rosto de Obito, o puxando para mim e roçando meus lábios nos dele. Eu não fazia a mínima ideia do que estava fazendo, só sabia que precisava esquecer – mesmo que só momentaneamente – a razão de eu estar com tanto medo.

— Então me faz parar de pensar.

Senti meu peito doer de uma forma inexplicável quando Obito segurou minhas mãos e as afastou de seu rosto, se afastando de mim no processo.

— Eu não sei o que aconteceu, mas eu te garanto que posso te levar para dentro desse quarto, fazer o que você quiser e, ainda assim, você não vai parar de pensar. — Respondeu, um sorriso triste adornando seus lábios — Não vai se sentir melhor assim, não vai adiantar.

Eu sabia que ele estava certo, sabia que não iria adiantar tentar lidar com meus problemas dessa forma, mas foi inevitável me sentir rejeitado ao ouvir aquilo.

— Eu vou esperar o 'Sui dentro do quarto. — Informei, voltando para dentro do quarto e fechando a porta assim que percebi que Obito pretendia entrar também — Agora não, Obito.

— Eu sinto muito, meu amor.

Obito parecia extremamente chateado e eu não o culpo por isso, de verdade. Mas eu sei que vou fazer e falar besteira se continuar na presença dele, então é melhor que eu fique sozinho. Puxei o ar com força, sentindo minha cabeça voltar a latejar. Encostei a testa na porta, tentando manter minha respiração sob controle, eu não poderia ter outra crise.

Por que, de todos os momentos, Yamato havia escolhido justo agora para voltar? E pior, voltar para infernizar a minha vida de novo? Já foi difícil o suficiente me libertar daquela praga e eu não sei se tenho capacidade de fazer isso mais uma vez. Eu não consigo sozinho, mas eu não vou envolver nenhum dos Uchihas nessa situação, não é justo com eles. Não é problema deles que eu tenho um ex pirado da cabeça e eu não posso depender deles para resolver as coisas toda vez que eu tiver medo. Quem suportaria ficar com uma pessoa tão fraca assim?

— Que porra eu vou fazer agora? — Murmurei para o nada, sentindo as lágrimas escorrerem — Eu não quero ficar sozinho.


Notas Finais


sim, ficou menor que os últimos capítulos, mas eu estou satisfeito porque finalmente consegui escrever tudo que planejei, sem ultrapassar minha zona de conforto, vulgo 6 mil palavras-

além disso, espero ter conseguido passar toda a inconsistência que toma conta do nosso narutinho quando ele está em meio a uma crise, a forma como ele muda de ideia em segundos, sem nem se dar muita conta do que está fazendo ou dizendo. nosso menino está sofrendo muito 😔

espero que tenham gostado! se desejarem, comentem suas opiniões sobre o capítulo.

vejo vocês em breve ♡


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...