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História Meu Namorado Se Chama "Lily" - Dazed and Confused


Escrita por: missdalek

Notas do Autor


1.Abração pra Lu, que me mandou essa foto de Alicia lá no começo... :3 porque diz que ela lembrou-lhe minha Vintage Girl.
2. Esse lp do Led é sombrio que é o cão, mas eu acho um dos melhores deles. É ele que dará o tom das bad. Quem quiser aproveitar, ouça.
3. Por que já to postando tão já? Porque to sedenta pela treta. Hehe.

Capítulo 40 - Dazed and Confused


Fanfic / Fanfiction Meu Namorado Se Chama "Lily" - Dazed and Confused

Exatas duas semanas passaram-se desde o jogo de golfe entre Edward e seu pai, e embora meu tratamento já tivesse terminado e eu provavelmente já estivesse bem, eu simplesmente não tinha como saber, porque não permitia a ele nada além de beijar-me desde então, e na verdade ele diminuíra drasticamente as ocasiões em que o fazia, queixando-se de que beijar-me só lhe acendia um fogo que eu não ia saciar e que, por isso, já também não queria fazê-lo mais, e a última semana tínhamos passado praticamente como irmãos, embora nem eu  conseguisse explicar a mim mesma porque estava-me negando a ele daquela forma. Mas eu simplesmente tinha perdido por completo à vontade e usei meu problema como desculpa para esquivar-me.
          E naquele final de tarde de um sábado de Maio eu estava na cozinha, silenciosamente arrumando-a, quando Edward entrou, parando no batente da porta, onde escorou-se, cruzando os braços e dirigindo-se a mim:
          - Greta, preciso conversar com você.
          - Diga, o que foi?
          - Eu estive pensando pacas nesses últimos dias, e eu tomei uma decisão.
          Em silêncio, eu engoli em seco, de olhos baixos, ajeitando o paninho na borda da pia, levando as mãos em seguida para o fogão, retirando de sobre ele a panela, e começando a retirar-lhe as grelhas notei o olhar fixo dele sobre mim, mas não disse nada.
          - Dá pra parar isso um momento?
          - Eu te ouço com os ouvidos, não com as mãos.
          Ele respirou pesadamente antes de continuar - Eu agora tenho certeza de que não quero mais essa vida de Edward pra mim, especialmente depois das coisas  que ouvi de meu pai no campo - e fez uma pausa - Quer você aceite quer não.
          - Edward  - falei, tentando soar tranquila - Não começa a forçar a barra novamente - e baixei ligeiramente a voz - Lembre-se do que eu te pedi.
          - Eu lembro. Eu lembro bem. Só o que não lembro é que dia acaba esse teu tratamento. Só o que não lembro é se você me disse em que ano é que você vai estar boa.
          Olhei-o de soslaio, sentindo as mãos meio trêmulas e tentando fazer com que ele não notasse, e de modo sarcástico, ele recomeçou a falar:
          - Vai ser em 78 ainda, ou quem sabe só na próxima década?
          - Edward, se você me ama como diz, você vai compreender que não estou bem - eu falei, muito baixinho, simplesmente por não encontrar outras palavras naquele momento.
           - Na real, Greta? O amor que eu tenho por você não pode ser maior que o respeito que eu devo a mim mesmo, em primeiro lugar.
           - Edward...
           - Porra - ele ergueu a voz - Pára de me chamar assim - e descruzando os braços, ele num gesto cansado enfiou os dedos da mão esquerda pelos cabelos, puxando-os para trás, baixando os olhos para o chão - Dizem que em toda e qualquer relação tem sempre um lado que ama mais do que o outro, e que acaba se sacrificando, e quer saber? - ergueu o rosto novamente para olhar-me, o que eu vi pelo canto dos olhos - Eu estou cansado de ser eu essa pessoa, a que ama mais. Talvez esteja na hora do seu amor ser posto à prova.
          Largando as grelhas do fogão de repente, eu falei, com voz queixosa e rosto baixo:
          - Você está sendo cruel comigo.
          - Não vejo por esse lado. Estou sendo realista.
          De repente abandonando o estoicismo que eu estava duramente tentando perpetrar desde há tanto tempo, eu ergui a voz e botei fora algo que há muito estava-me engasgado, entravado na garganta:
          - Aquilo que você disse na noite do Halloween, era a isso que você se referia, não é? - e quando olhei-o, a expressão em seu rosto era a de alguém que tinha ouvido uma frase numa língua estrangeira à qual não conhecia e nem sequer havia ouvido antes, e expliquei-lhe, para que ele ou compreendesse ou se lembrasse do que tinha dito - Sobre o fato de que você ia me mostrar como realmente era por dentro... Só que o demônio dentro do gato não era Baal coisa nenhuma, era Lily. Lily é o demônio que te possuiu.
          Ele ergueu as sobrancelhas e sorriu, com uma expressão estranha de descrédito e assombro, misturados com um divertimento pérfido, que foi quase suficiente para enojar-me, e cruzando novamente os braços sobre o suéter que vestia, ele disse:
           - Você está falando como uma velha carola e beata.
           - Talvez eu seja mesmo, já parou pra pensar nisso? - eu respondi-lhe, zangada - Você anda estranho há muito tempo, falando e fazendo coisas estranhas, e eu tenho suportado tudo em silêncio, mas agora chega. Você está fora de si, está possuído - e dei-lhe as costas, afastando-me para o outro lado da cozinha.
           - Eu nunca fui mais verdadeiro na vida do que nos últimos tempos. Antes é que eu era uma fraude. Você prefere a fraude à realidade?
           - Se a "fraude" é o normal, eu prefiro, sim! E além do mais, eu não acredito nessa história de que agindo assim você está sendo  verdadeiro. Você está é confuso. E  louco. Louco de pedra.
          - Quer ir embora daqui?
          A frase e o seu tom de voz causaram-me um profundo choque, e estaquei onde estava, deslizando os olhos sobre as coisas sobre o armário diante de mim de forma tão rápida que por um segundo achei que fosse desmaiar, e apoiei-me nele com ambas as mãos, baixando um pouco a cabeça, fixando os olhos no peito do vestido marrom que eu estava usando, e vendo que eu não tinha reação, Edward falou novamente:
            - Quer voltar pra Alamo Square?
            - Não - consegui responder, com voz firme.
           - E quanto a mim? Quer que eu volte pra Forest Hill?
           - Não! - e virei-me de frente para ele, que encarou-me por um momento, antes de finalmente dizer:
           - Então eu também fico. Mas eu fico como Lily, e você fica comigo.
           - Eu não vou aceitar isso.
           - Então é você quem quer romper comigo, e não o contrário, apesar de ter me acusado disso, se eu entendo bem esse nosso lero todo aqui.
           - Não! Eu te amo! - vi essas palavras saindo-me da boca sem que eu tivesse conhecimento, como se elas tivessem vida própria e tivessem saltado por si mesmas, porque não era o melhor a ser dito naquele instante, ou assim algo dentro de mim dizia-me, e eu quase como que arrependi-me assim que as disse, e talvez como se percebesse isso, ou não, fosse talvez por qualquer outro motivo, Edward descruzou os braços e soltou-se do batente, ao que grunhiu:
          - Não, você não me ama coisa nenhuma - e rapidamente foi até sua Marving parada no canto, rudemente pegando-a e puxando-a na direção da porta, que abriu, e passou para fora, quase caindo com a moto escada abaixo ao que descia feito um furacão, largando a porta aberta atrás de si, e eu corri atrás dele:
          - Edward! Espere!
          Da calçada, montando na moto, ele deu partida e acelerou ao máximo, saindo pela rua em disparada, não sem antes gritar para mim:
          - LILY! É Lily, já cansei de falar!
          E vendo como ele saiu em disparada, quase sendo pêgo por um carro que vinha e que, freando e buzinando, parou atravessado no meio da rua ao que desviando ele empinou a Marving sobre o pneu traseiro por um segundo, fazendo o pneu cantar, eu cobri os lábios com ambas as mãos ao que gemi:
          - Meu Deus, o Edward vai se matar!

*

           A noite já ia alta quando, jogada sobre a cama e meio adormecida pelo cansaço de tanto chorar, eu de repente sobressaltei-me com o som de música que do nada surgiu alta na sala, e assustada, de um só rompante sentei-me na cama, pondo-me a escutar.
          "Baby, baby, baby, I'm gonna leave you... I said baby, you know, I'm gonna leave you. I'll leave you when the summertime, leave you when the summer comes a rolling.  Leave you when the summer comes along".
          E com um aperto no peito senti que ele colocara aquilo para mim, porque havia colocado alto demais, e ao mesmo tempo em que alegrei-me pelo fato de que ele havia voltado bem, ele voltar colocando o Led Zeppelin One daquela forma soava-me suspeito, e pensar que o verão estava próximo apenas contribuiu para acentuar-me o sofrimento. E  levantei-me no escuro, caminhando para fora, ao que parei na amurada de madeira ao final do corredor, apoiando nela ambas as mãos e olhando para baixo, para vê-lo na sala.
           Havia sobre a mesinha diante do sofá uma garrafa de vinho e uns cinco maços de cigarro espalhados, e de pé diante dela, vi Edward arrancando o suéter e em seguida a camisa branca que vestia por baixo, jogando-os para os lados, e descendo para um pacote que somente então eu vi que estava sobre o sofá, rasgando-o, Edward retirou dele uma blusa de seda feminina, de cor branco-pérola e babados sobre o peito, que vestiu.  E pegando um maço de cigarros ele  sentou-se no sofá, jogando os pés para cima da mesinha, esticando-se para retirar de dentro do bolso dos jeans o isqueiro e acendeu um, começando a fumá-lo, com olhar perdido num ponto qualquer adiante.
          Encolhi-me e saí da amurada, afastando-me novamente na direção do quarto, soluçando, porque já não sabia quem estava naquele sofá e somente querendo meu Edward de volta, apenas isso, e entrei correndo, indo pôr-me sentada à penteadeira, de sobre a qual peguei o porta-retrato com a foto de Edward que Lucinda havia-me dado, agora sem o vidro porque eu o havia quebrado quando o fiz cair no chão no dia em que ele havia beijado Madame Turner e,  segurando-o sobre o meu colo, eu não podia entender por que ele não podia continuar sendo o que eu amava, eu não podia entender por que tudo tinha que mudar, se eu não queria. E minha angústia era tanta que era como se eu estivesse olhando para a foto de um defunto recente,  que eu jamais tornaria a ver em toda a minha vida. E eu naquele momento senti-me irremediavelmente viúva, e essa sensação foi-me terrível ao que acertou-me o espírito sem piedade.
          *
          - Been dazed and confused for so long it's not true. Wanted a woman never bargained for you. Lots of people talk and few of them know, soul of a woman was created below, yeah
          Largando o porta-retrato depois de um longo tempo ergui-me como pude e, atraída pela bonita voz dele que cantava junto com Dazed and Confused, arrastei-me de volta até a amurada da escada, vendo que ele passava suas coisas da carteira que normalmente usava para uma nova, de mulher, guardando-a depois para dentro de uma bolsinha, onde jogou o isqueiro e um maço de cigarros antes de fechá-la, e desviando os olhos cansados para a garrafa de vinho, vi que estava quase pela metade agora, o saca-rolhas largado adiante, mas não havia nenhum copo ao redor. E a música já estava no fim quando, com um sobressalto, eu ouvi batidas na porta, e vi então Edward calmamente levantando-se do sofá, e em desespero eu pus-me a descer a escada correndo, ao que dizia:
          - Não! Edward, não! Eu abro!
          Mas ele simplesmente ignorou-me, e alcançou a porta antes de mim, abrindo-a e passando um braço na minha frente para evitar que eu me pusesse na sua, o que eu realmente tentei fazer, para tentar cobrir-lhe à blusa que vestia, e com olhos vidrados vi diante de mim nossa vizinha do lado acompanhada pelo marido que, preparada para falar perdeu a voz ao que viu a blusa de Edward, e que ficou paralisada diante dele, olhando-no assustada. E bem nesse instante o disco terminou, e o silêncio caiu sobre nós quatro, o som do braço automático da vitrola retornando a seu lugar, com um clique pontuando o momento de estranheza, e com ar de desafio Edward encarou a mulher e perguntou, depois de baforar sobre ela:
           - O que vocês querem?
          Sentindo-me apavorada ao vê-lo falar daquele jeito com a senhora, não reconhecendo-no porque Edward jamais faria tal coisa, tentei pôr-me novamente entre os dois, mas ele outra vez impediu-me, firmando o braço no lugar onde retinha-me o movimento, e repetiu, dessa vez com tom levemente mais bravo:
          - O que vocês querem?
          - A... música - balbuciou a mulher, ao lado do marido que, justamente por conhecerem-nos há seis anos, pois já moravam alí quando nos mudamos, estavam perplexos.
          - Dona Susanne... Desculpe... - eu balbuciei, mas Edward cortou-me.
          - Pois eu não estou ouvindo mais nada agora - e ergueu as mãos no ar, de forma irônica, olhando o ar ao redor - Boa noite - e bateu a porta.
          - Edward! - tencionei abri-la de novo, mas ele trancou-a rapidamente e retirou as chaves da porta, pondo-as no fundo do bolso da frente de seu jeans - Me dá a chave!
            - Vem pegar - ele disse, sério, e tornou a sentar-se no sofá depois de ir até a vitrola e virar o disco, que pôs para tocar na mesma altura de antes - Ou pede pra Lily.
          Eu poderia pegar as minhas chaves, mas a verdade era que já não tinha mais coragem de encarar dona Susanne naquele momento, e fiquei onde estava.
          - Como você aparecesse desse jeito?
          Fumando calmamente, ele falou, de forma simples - Bom pra irem se acostumando. Todo mundo vai me ver assim a partir de agora.
          - Edward, na rua não, por favor - eu implorei-lhe, falando apenas no volume necessário para fazer-me ouvir acima da música alta.
           - Eu te dei a opção de eu ficar assim só aqui, e você não quis - ele dizia, gesticulando com o cigarro aceso no ar - Então cala a boca e não reclama. E é Lily. O nome é Lily.
           Sem reação, fiquei calada, olhando-no do mesmo lugar, pensando que eu é que havia ficado louca, que aquilo diante de mim não estava acontecendo na verdade e eu estava delirando. E vendo que eu encarava-o, ele perguntou:
           - E você, o que quer?
           - Eu quero... Eu quero dormir. Vamos subir - falei, indecisa.
           Olhando-me, ele cantou junto com o disco - That's all I've got to say to ya, mama: Your time is gonna come, your time is gonna come - Ignorando a provocação, fiquei calada, e ele riu - Vá você, eu vou sair daqui a pouco.
           - Onde você vai?
           - Não é da sua conta.
          *
           Subi as escadas correndo e chorando.
           Viúva.
          Edward tinha-se suicidado.
         
          


Notas Finais


Até eu to assustada aqui. Sério.

No próximo capítulo, Vintage Girl vai buscar refúgio e ajuda com sua amiga Jo Anne, que, pra quem estava com saudades dela, vem com tudo e mostrará um lado dela inesperado.


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