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História Meu ômega - Reddie - Medo


Escrita por: Wolf_Girl345

Notas do Autor


Mais um capítulo aí pra vocês! Espero que gostem, boa leitura 🌈

Capítulo 18 - Medo



— Estamos aqui a mais de uma hora . — O judeu suspirou e tirou o binóculo da frente do rosto e encarou Richie que comia o quinto e último caramelo que havia na mochila, Stan não culpava o amigo por estar comendo, sabia que ele estava um tanto quanto apreensivo devido à altura e com um pouco de tédio devido a demora, não havia acontecido nada de interessante na última hora. Mas será mesmo que isso justificava o barulho irritante que Richie fazia ao comer aqueles malditos caramelos? Achava que não.

— Dá pra comer de boca fechada? — Pediu com o restante da paciência. Estava frustado, não tinha visto nada na última hora, havia visto dois pássaros, dois pardais, e mais nada.

— Não dá pra comer essas coisas sem fazer barulho, fora que eles grudam no dente, um saco, mas são deliciosos! — A raiva de Stan deu uma diminuída mínima, estava ali para relaxar, não para criar uma outra fonte de estresse. Apesar que nesse caso o estresse pudesse ser justificável, Richard com certeza era uma boa pessoa, mas em contrapartida era uma das pessoas mais irritante que já havia tido o (des) prazer de conhecer.

— Só tente dar uma diminuída no barulho e me passe uma goma de mascar. — disse com a mão estendida na direção do amigo, Richie tirou uma goma de mascar da mochila e a colocou na palma da mão do outro, a mão de Stan estava gelada.

— Está com frio? — indagou Richie enquanto observava Stan colocando o doce na boca.

— Não, eu estou bem, por que? — disse enquanto colocava o binóculo novamente em frente aos olhos.

— Sua mão está gelada. — Stan sorriu e Richie tirou a embalagem de uma bala e a jogou na boca, fechando a mochila em seguida e a pendurando sobre um galho abaixo de onde estavam. Se arrepiou assim que olhou para baixo, mas logo voltou a olhar o horizonte, o topo das árvores se mesclavam com o azul do céu e as nuvens brancas e de aparência felpudas, parecendo algodão-doce, mas em um tom branco.

— Elas estão sempre assim. — respondeu com pouco interesse, virando a cabeça para baixo de forma sutil. E foi então que viu tão rápido quanto o flash de uma câmera, algo escarlate e naquele momento soube que era o que ele e Richie buscavam.

— Achei! Olhe lá Richie. — disse Stan apontando para a direção aonde havia visto o pássaro e foi então que viu mais uma vez a cor vermelha, mas desta vez não era um pássaro, era um garoto, e para piorar tudo, era Eddie.

— Eddie? Mas que merda. — disse Stan um pouco confuso e logo sentiu o balançar leve do galho aonde estava sentado com Richard, tirou o binóculo da cara e olhou Richie que descia a árvore com agilidade.

— Stan, fique aqui, eu vou ver o que está acontecendo. Eu já volto. — disse Richie com uma voz firme, aquilo não era um pedido, era uma ordem.

— Droga... está bem, mas se você demorar eu vou atrás! — disse também com um tom de firmeza. Richie não respondeu do continuou descendo, tomando com a maior velocidade que conseguia, tomando cuidado para não cair. Stan observou Richie descer, se questionando se deveria mesmo o obedecer, mas duvidava que chegar perto de Eddie seria uma boa coisa, ainda mais depois de Richie contar que havia sido rejeitado por ele. Assim que colocou os pés no chão Richie começou a correr, e Stan observava ele se afastar cada vez mais.

                                       ...

— Estou indo! — disse em um alto e bom tom, escutando um "vá com cuidado" dito por seu avô que estava na cozinha. Não sabia quantas vezes já havia escutado aquilo, mas sempre seguia, ou tentava seguir o "conselho". Mas era um garoto azarado, não buscava confusão, mas a confusão sempre o encontrava e dava um jeito de mete-lo no meio dela.

E foi exatamente isso que ocorreu naquela tarde de sexta-feira. Aquela cena de certo modo lhe parecia familiar, ou no mínimo similar a de dois anos atrás, que não fora vista por Mike, mas contada pelos amigos, o dia em Ben ganhou a famosa cicatriz na barriga feita por Bowers. Mas a situação ali era diferente, a vítima da vez havia sido o hipocondríaco do grupo, Eddie, e Mike podia dizer com facilidade que a situação não estava nada boa, não somente pelo sangue em excesso que havia no rosto de Eddie e em suas roupas, mas pelo nítido desespero de Richie que só não estava rodando em círculos porque não queria sair de perto de Eddie.

— Deus do céu, o que aconteceu? — disse chamando a atenção da dupla, Mike não era nenhum pouco estúpido, sabia que aquilo só podia ter sido causa do por Bowers, mas ainda sim se rendeu ao velho clichê de perguntar o que havia acontecido.

— Mike! Graças a Deus. — exclamou Richie, que não se levantou, sequer se mexeu um centímetro de onde estava, Eddie também o encarou, e em seguida fez uma careta de dor, qualquer mínimo movimento lhe causava uma dor no mínimo incômoda.

— Ele foi atacado por aquele filha da puta do Bowers! Eu preciso arranjar remédios, mas não posso deixar ele sozinho... você poderia ficar aqui? — A idéia de deixar Eddie, mesmo que com outra pessoa era incômoda demais para Richard, mas era preciso, caso contrário a situação só iria piorar para Eddie, que não só parecia como de fato estava com muita dor.

— Claro, pode ir, eu cuido dele. — Disse, o outro apenas ajeitou seus óculos, deu uma última olhada para Eddie e saiu, mas não antes de dizer:

— Cuide dele! — Richard sabia que Mike iria cuidar de Eddie, mas ainda sim precisou dizer aquilo para ter a coragem de sair do lado de seu ômega. Mike observou Richie sumir do beco, e se aproximou um pouco mais de Eddie, sentia pena do amigo, Bowers era doente, como poderia fazer aquilo com outra pessoa? A crueldade e a frieza eram grandes.

Observou o braço de Eddie coberto pelo gesso, um pouco sujo. Da última vez que viu Eddie ele não estava com o braço quebrado, e isso fez Mike se questionar sobre o que tinha acontecido nesses últimos dias em que esteve ocupado tanto na fazendo como nas entregas, que lhe pegaram todo o tempo nos últimos dias.

— Não seria melhor ir para o hospital? — O hipocondríaco virou o rosto para encarar Mike e se ajeitou na caixa aonde estava sentado antes de responder.

— Acho que sim, mas... minha mãe surtaria de novo se eu fosse pra lá. — Mike ficou curioso com o "de novo", então algo de fato aconteceu recentemente.

— O motivo do surto anterior tem a ver com esse gesso? — Indagou, talvez não devesse estar perguntando, mas estava curioso, queria se informar do que tinha acontecido não só com Eddie, mas com o restante dos losers. Faziam pelo menos quinze dias desde que ele havia conservado com eles.

— Também, digo você perdeu muitas coisas nesses últimos dias. Mas creio que a coisa mais relevante que aconteceu nesses últimos dias, foi eu ter sido marcado pelo Richie. — Não tinha motivos para esconder isso, Mike era seu amigo, não iria o julgar nem nada do gênero. Eddie poderia dizer com firmeza que esperava uma reação do tipo "Como assim?!" Dito com uma voz elevada que pudesse ser escutada por pelo menos metade de Derry. Ou no mínimo uma reação de surpresa, mas não veio nada disso, o que veio foi uma voz tão tranquila que fez os músculos de Eddie relaxarem e fez com que ele próprio ficasse surpreso, já que essa foi a reação mais tranquila até o presente momento.

— Sério? Mas vocês estão bem, certo? — O beta estava preocupado, mas não poderia demonstrar sua preocupação de uma forma exagerada, dada as circunstâncias atuais, a última coisa que queria era que Eddie ficasse desesperado ou algo assim.

Tinha vários motivos para preocupação, de ambas as partes, mas em específico para o ômega. Coisas que Mike sabia e coisas que ele não sabia, não só por ser um beta, mas por estudar em casa e não ter um grande acesso à coisas relacionadas a ômegas e alfas. Afinal seus avós eram betas e também não entendiam muito bem, gostava de ir até a biblioteca, mas a bibliotecária, senhora Handerson, não o deixava ler livros referentes a isso, pois dizia que isso não era o tipo de coisa que uma criança deveria saber. Mike as vezes pensava em apenas pegar o livro e ler escondido, mas sempre desistia pensando em que tipo de consequências isso iria acarretar, não podia se dar ao luxo de ser proibido de entrar na biblioteca, ali era um centro de informações excelentes e melhor do que isso, gratuito.

— Acho que sim. — Teoricamente estavam resolvidos, e estavam bem, mas Eddie, de modo interno ainda não estava totalmente bem, ainda tinha coisas a resolver e alguns demônios para eliminar, e somente depois que fizesse isso finalmente poderia afirmar que estavam bem, e só então poderia dizer que sua relação e de Richie poderia prosseguir de forma pacífica se assim dependesse de si.

— Que bom, e os outros?

— Estão bem também, eu, Bev e Bill mais ou menos fisicamente, levamos uma surra de Bowers à uns dias. — Mike sentiu um pouco de raiva, não de Eddie, mas de toda a situação e em específico Henry Bowers, esse cara nunca os deixaria em paz? Essa era uma pergunta que Mike se fazia todos os dias sem exceção, e que por enquanto não tinha resposta. A frustação por conta disso era grande, saber que não poderia fazer nada a respeito, se não aguentar a violência e tentar seguir a vida, se avô dizia que isso iria passar, mas quando? Poderia parar daqui um mês ou daqui uns anos, mas mesmo que parasse amanhã ainda sim seria tempo demais.

— Vamos fazê-lo pagar por tudo que anda fazendo.  —  Disse Eddie de forma séria.

Mike concordou com a cabeça, com toda a certeza fariam ele pagar, não era a favor de violência e tampouco de vingança, mas haviam casos e casos, e nesse caso em específico isso era necessário. Estavam a muito tempo aguentando isso. Talvez a pior parte fosse saber que a cidade inteira fingia não ver o que acontecia ali, grande maioria tinha medo, e o restante não tinha um pingo de empatia, egoístas que só olhavam para o próprio umbigo. Pessoa que além de não mexerem um único dedo para ajudar o próximo, sempre julgavam e cuidavam da vida uma das outras, sempre esperando um mísero erro de uma pessoa ou talvez um segredo "sujo" ser exposto para que pudessem apedrejar. Um bando de hipócritas, que ao mesmo tempo que repudiam pessoas como Henry Bowers, são tão ruins quanto ele. Talvez no fim o grande vilão da história não fosse Henry e sim as pessoas que fingiam ser cegas, surdas, mudas e "juízes e juízas" que decidem o que é errado e o que não é, e julgam as pessoas pelo achismo.

Richie voltou aos tropeços, com muitos itens nos braços, um pouco suado e com a respiração ofegante, vez ou outra olhando para trás, parecendo checar se não tinha ninguém o seguindo. Mike tinha certeza de que ele não pagou por nada que carregava e sabia que estariam fudidos caso alguém sonhasse com isso, em principal o dono da única farmácia da cidade, e um dos homens mais imundos de Derry, senhor Keene.

— Puta merda. — Disse com várias falhas de respiração no processo, seu peito descia e subia, uma fina camada de suor cobria o seu corpo, e suas pernas tremiam, talvez por medo de quase ter sido pego roubando ou por simples cansaço. Mike analisou o que Richie tinha trazido que nada mais eram que, algodão, álcool, água oxigenada, curativos, gaze, pomada e uma caixinha de remédio para dor, caixinha essa que já vira na casa de Eddie uma vez enquanto remexia no grande armário de remédios.

— Caralho! Como você roubou tudo isso sem ser pego? — indagou Mike espantado com o tanto de coisas que o amigo tinha nos braços.

— Beverly... ela me ajudou a distrair aquele cara bizarro. — Explicou, andando até Eddie de forma não tão calma, colocando as coisas no chão ali perto e ouvindo um pequeno resmungo vindo de Eddie.

— O que eu faço? — indagou, não sabia o que fazer, já cuido de si mesmo em casa, mas apenas de machucados mais leves, pegou o que achava ser o necessário e o que lembrava de ter visto no dia em que ajudaram Ben.

— Água oxigenada e algodão. — Disse o ômega, pois se dependesse de Richie ele só o encheria de curativos.

Richie abriu a garrafa de água oxigenada e Eddie a tomou em mãos, despejando um pouco do líquido na mão e o levando até o rosto, gemeu sentindo os machucado queimarem, Richie esperou um pouco e logo levou o algodão até o rosto de Eddie, começando a limpar o sangue e os cortes que haviam ali. Trocou de algodão talvez três ou quatro vezes, e depois que o rosto de Eddie estava limpo se sentiu um pouco mais tranquilo, estava ruim, mas bem menos sem o sangue.

— Vocês querem que eu ajude? — indagou Mike um pouco perdido, não sabia se deveria se arriscar e tentar ajudar, ou se deveria só ficar ali parado olhando, assim como Richie, Mike também era leigo quando se tratava de tratar de feridas e coisas do gênero.

— Não precisa. — disse Richie enquanto derramava um pouco de água oxigenada em uns cortes na perna de Eddie, que fez uma careta e gemeu de dor, o que deixou Richie apreensivo. — Desculpa. — pediu, mesmo sabendo que não era sua culpa, afinal de acordo com Eddie água oxigenada ardia, igual ou pior do que o Merthiolate.

— Para de ficar se desculpando! — disse Eddie, arfando e se arrepiando ao ver os seus machucado borbulhando, sabia que era normal, mas não deixava de ser bem estranho.

— Não consigo. — disse Richie rindo de nervoso, queria só acabar logo com aquilo.

— Deus do céu! — Os três garotos olharam para a recém chegada, que parecia estar espantada com tudo aquilo, e com a atual situação do ômega, Richie lhe explicou bem por cima, não dando grandes detalhes sobre o que tinha acontecido, só disse que Eddie estava machucado e que precisava de umas coisas para tratar das feridas do mesmo. Mas a situação estava um pouco pior do que havia imaginado, se aproximou e analisou de forma rápida o que Richie tinha pego da farmácia, não deu oi para Mike, pois achava não ser a hora e nem haver uma grande necessidade.

— Tem certeza de que pegou as coisas certas? — indagou dando uma olhada mais detalhada sobre tudo que havia ali, assim como os dois amigos Beverly também não conhecia muito sobre como tratar feridas, mas sabia do básico, graças às agressões que viveu no passado.

Olhou para Mike, e ele estava perdido em meio a tudo isso, apesar de estar muito preocupado com a situação em que Eddie se encontrava, também estava preocupado com a entrega que tinha que fazer. Afinal estava sol e a carne estava embrulhada na cesta de sua bicicleta.

— Sabe o que aconteceu? — murmurou baixo a ruiva, Mike fez que sim.

— Bowers. — Só bastou isso para que um ódio invadisse Beverly, geralmente era uma pessoa controlada e equilibrada, mas naquele momento sentiu que poderia até ter um treco, se sentia capaz de matar Henry caso trombasse com ele na rua. E Mike também compartilhava do mesmo ódio dela, mas estava mais controlado, ele sabia que isso era ruim, fazia mal, e por isso acariciou o ombro da garota de leve, um afago carinhoso, ela respirou fundo.

— Precisa de ajuda? — perguntou para Richie que não se virou para responder.

— Não, só fiquem aqui. — pediu, um pedido que era irrecusável, ao menos para Mike e Beverly que ficariam ali mesmo sem que Richie tivesse pedido.

— O senhor Keene desconfiou de algo? — A ruiva se virou para Eddie e negou.

— Não, pelo menos eu acho que não, eu pedi para ele me emprestar os óculos e Deus como aquele homem é cego. — disse o que causou uma risada engasgada pela parte de Eddie, Mike sorriu, e Richie não fez nada, estava tenso, enraivecido demais para rir, mas se não estivesse ele riria.

Mike e Beverly observavam ele cuidando de Eddie, ele era tão cuidadoso, tão gentil que por vezes achavam não ser Richard Tozier ali abaixado naquele beco sujo, que era uma pessoa completamente diferente, mas na realidade não era uma pessoa diferente, era o mesmo Richie de sempre, a diferença era que ele não estava escondendo o que estava sentindo, como fazia quase sempre, com medo de mostrar toda a sua vulnerabilidade. Mas naquele momento Richie não se importava, a única coisa com que estava se preocupando era com Eddie, toda sua atenção, sua gentileza estava focada em Eddie. A um nível que parecia que só existia ele ali.

Seu coração ainda batia mais rápido, por conta do que havia dito para Eddie, havia se declarado novamente e agora mais abertamente do que nunca. E diferente da outra vez, Eddie não recuou, ele pareceu aceitar, e Richie se sentia feliz, mas esse sentimento estava sendo camuflado por toda sua preocupação, concentração e a raiva que sentia de Bowers. Mas sabia que quando todo o resto passasse, a felicidade inundaria seu peito e ficaria ali, por um tempo indeterminado.

— Você está bem? — O alfa olhou para Eddie com uma cara de "Sério que você está perguntando isso?"

— Não deveria ser eu a te fazer essa pergunta, Eds? — disse com uma careta enquanto ajeitava os óculos.

— Você já fez ela umas duzentas vezes antes de chegarmos até aqui, nada mais justo do que eu perguntar. E não me chame de Eds! — Richie sorriu e fez um leve afago nos cabelos castanhos do ômega que não se incomodou com gesto.

— Se você não está bem, então eu também não estou, Eds. — disse, logo voltando ao "trabalho", Eddie corou levemente, e olhou para os amigos que sorriam o que o fez ficar ainda mais sem graça.

Demorou mais uns poucos minutos até que Richie finalmente acabou de cuidar de Eddie, que parecia razoavelmente melhor, pelo menos não tinha mais sangue em seu rosto nem em suas pernas e braços, só em suas roupas, o que poderia não ser um problema se a mãe de Eddie não lavasse as roupas. Mas como não era o caso, era um problema, fora os novos machucados.

— Gente, tenho que ir fazer a entrega, estou atrasado. — disse Mike com um leve pesar, mas as coisas já estavam por bem dizer, tranquilas, não tinha motivo para ficar ali.

— Tudo bem, bom te ver Mike, uma pena que a situação não foi agradável — disse Eddie em um tom calmo. Beverly acenou e Richie murmurou um tchau e e então ele montou em sua bicicleta e saiu do beco, normalmente faria suas entregar pela porta que havia ali, mas optou por não ir por lá, dada as circunstâncias, se algum dos trabalhadores do açougue vissem o estado em Eddie estava isso poderia ser uma dor de cabeça, explicar tudo que tinha acontecido, e afins. As pessoas que trabalhavam no açougue de seu avô eram pessoas do bem, que iriam com toda a certeza querer ajudar, mas a ajuda já tinha sido prestada, e Eddie iria ficar bem, Mike sabia que sim. Podia parecer que não, mas Eddie era forte, muito forte.

                                      ...

— Porra! Não acredito que aquele merda conseguiu escapar. — Brandou arroto, seu pé ainda estava dolorido da pisada que levou anteriormente, olhava em volta, mas não via nada, nem pegadas, nem vestígios do ômega, poderiam o identificar pelo cheiro, mas ali era complicado fazer isso, os cheiros da floresta camuflavam o cheiro do ômega.

— Foi culpa sua! — rosnou Henry, parecia um cão raivoso, a única coisa que faltava era espumar pela boca.

— Minha? — Disse inconformado, não era sua culpa, aquele ômega mal conseguia ficar de pé, então não imaginava que ele era capaz de pisar em seu pé daquele maneira tão forte.

— Eu gaguejei? — Retrucou, arroto se calou, a última coisa que queria fazer era deixar Henry ainda mais puto, não sabia como ele ainda não tinha lhe dado na cara por conta dos acontecimentos anteriores.

— Desculpe... — Não era respeito, não era arrpedimento, era medo. Tinha medo de Henry, assim como o restante da Bowers gang e esse medo era justificável, ele era insano, com todas as letras. Não que Huggins se importasse com as várias atrocidades que Henry já fez ou planejava fazer, concordava com tudo e participava de tudo, subjugar os mais fracos fazia bem para o seu ego de alfa, não ligava para o que acontecesse com os outros, a unica pesaoa com a qual se importava era consigo mesmo, mas tinha receio de acabar como as várias vítimas que ele e o resto da gangue já fizeram, tinha medo de acabar igual aquelas pessoas. Não iria mentir dizendo que nunca pensou em enfrentar Henry, já teve muitas, diversas oportunidades de fazer isso. Mas não o fez, pois se falhasse seria apenas mais uma vítima. Era melhor ser um simples carrasco do que arriscar ir para a forca.

— O que iremos fazer? — indagou depois de um tempo, Henry rosnou novamente.

— Vamos voltar, tenho contas a aceitar com Victor, no final a culpa disso foi toda dele. — Huggins não acreditava que a culpa havia sido toda de Victor, pensando bem, a culpa havia sido mais sua do que dele, afinal foi ele que deixou o ômega fugir, mas não iria discutir com Henry e nem questionar, não queria que sobrasse para si, ele tinha medo por Victor, Henry estava no ápice da insanidade.

                                    ...

Stan estava andando por entre a floresta a pelo menos uma hora, cansado, e mais do que isso, morrendo de preocupação, Richie não havia voltado, e Stan pensava que algo poderia ter acontecido. Agora o alfa retornava a ponte do beijo na esperança de encontrar Richard lá, com um sorriso idiota nos lábios dizendo que estava tudo bem e que ele havia esquecido da árvore na onde estavam, Stan podia ver aquele cena com mais clareza do pensava, mas tinha algo, ou melhor dizendo alguém que não deixaria isso ser possível, e essa pessoa em questão era Eddie, Richard muito provavelmente tinha o levado para casa ou algo assim e esquecido que havia dito que voltaria, mas Stan estava acostumado a idéia das pessoas sempre esquecerem de si, era triste, mas infelizmente real.

Apertou as alças da mochila e continuou a seguir em frente, os pássaros ali pareciam ver que estava deprimido e tentavam o animar com seus cantos, variados, e misturados, era uma melodia bagunçada, mas que ainda sim agradava Stan. Era um viciado em pássaros, observar, pesquisar, desenhar e ouvir. Era um bom hobby, lhe acalmava e por vezes já lhe ajudou a se distrair e algumas vezes até a esquecer de coisas as quais ele queria esquecer.

No momento o que mais queria esquecer eram de seus sentimentos em relação à Bill, queria poder dizer que estava só um pouco confuso, que apenas confundiu o amor com a amizade, mas sabia se estaria se enganando caso dissesse isso, sabia bem o que sentia, e isso não era algo que podia ser esquecido, pois mesmo se fosse apagado de sua mente, o sentimento sempre permaneceria vivo no coração.

Não adiantava lutar contra isso, afinal o coração escolhe o que quer. Mas ainda sim Stan não aceitava, não porque não queria, mas por medo, um medo que ia bem além da rejeição, um medo de perder até mesmo a amizade de Bill e do restante dos losers. Medo de seus pais, medo das pessoas de Derry, odiava ter medo, e nesse aspecto tinha certa inveja de Richard, que apesar de ter medo, se declarou para Eddie, foi rejeitado e continou seguindo em frente. Richie era forte, como Stan jamais seria e ele próprio sabia disso. Não queria viver a vida com medo, mas sabia que iria viver, e isso doía, mas como mudar? Como criar forças para reagir? Como deixar de ter medo? Essas são todas perguntas que Stan achava que nunca iria conseguir as respostas. E isso machucava. Assim como a melodia dos pássaros, não sabia que pássaro estava cantando e nem iria parar para procurar/investigar a espécime misteriosa, o canto era extremamente melancólico, triste o suficiente para lhe fazer tem vontade de chorar, mas não queria chorar, respirou fundo, enquanto subia o morro de terra cheio de folhas secas, raízes de árvores - as quais ele usava para se apoiar - e um pouco de grama verde, ele ouviu um barulho, um que atrapalhava o canto do pássaro, um som feio, irritante e perturbador. Eram sons de pancada, não muito altos, mas altos o suficiente para Stan ouvir de onde estava, segurou em outra raiz e forçou o corpo para cima, e assim que olhou para frente e viu a origem do som, pareceu que o tempo parou, sua respiração parou, seu coração parou. Mas tudo voltou assim que outro som de batida chegou até seus ouvidos.

Sentiu seu almoço voltar para a garganta e seus olhos se encheram de água, odiava filmes de ação, pois grande maioria tinham cenas de violência, e Stan era sensível a isso, ver pessoas apanharem, sangue, ele ficava em pânico.

"É tudo falso, não precisa ter medo."

Era o que sua mãe dizia, e isso acalmava um pouco o alfa, mas o que estava acontecendo a poucos metros a frente era real, o sangue, a barra de ferro, os olhares insanos e o corpo imóvel de Victor Criss no chão, aquilo não era falso...


Notas Finais


* Demorou um pouco, mas saiu, como é final de ano, eu peço paciência, final de ano é sempre uma correria e eu tenho várias coisas pra resolver esse mês, então a atualização pode demorar, mas não fiquem desesperados, eu não vou parar com a fanfic.

* Nesse capítulo eu inseri o Mike, que a partir de agora vai ser um personagem mais recorrente.

* A relação do Richie e do Eddie, a partir desse ponto terá mais desenvolvimento, em questão de romance.

* E esse final hein, acho que vai pegar alguns de surpresa, ou não né, sei lá haha

Enfim, espero que tenham gostado, um beijo e até o próximo capítulo.


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