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História Meu primeiro amor.- Drarry - Quando o presente bate a porta.


Escrita por: firefox1

Notas do Autor


Boa tarde!
Boa leitura.

Capítulo 6 - Quando o presente bate a porta.


Fanfic / Fanfiction Meu primeiro amor.- Drarry - Quando o presente bate a porta.

    Darcy acordou quando Harriet moveu-se a seu lado. Moveu lentamente a cabeça para o lado do criado-mudo, onde o relógio luminoso assinalava a hora avançada: 2:03. Demorou algum tempo para perceber onde estava e apertou-se contra o corpo a seu lado, sabendo que era Harriet.

       — Está com frio? — quis saber Harriet, beijando-lhe o pescoço.

       — Um pouco — admitiu Darcy, erguendo-se para apanhar o cobertor ao pé da cama.

    Um movimento de Potter impediu-lhe o gesto.

        — Não?

        — Não precisa, eu esquento você — afirmou ela, com voz firme e carinhosa.

   Harriet fizera um ótimo trabalho nesse sentido há pouco, e parecia disposta a repetir tudo, sem a pressa e a urgência da primeira vez. Deslizou a mão pelo corpo flexionado e percorreu desde a curva dos seios até o pé delicado. Darcy sentiu que poderia perder o bom senso outra vez.

         — Potter... — começou ela, preparada para colocar de lado as emoções que controlaram seu comportamento antes. — Acho que a gente devia conversar primeiro... acho que precisamos um...

       — Depois. Também acho que a gente devia conversar — admitiu ela, beijando cuidadosamente o umbigo de Darcy. — Mas depois... depois a gente conversa.

   Darcy suspirou, sentindo um calor intenso no ventre, onde o rosto de Harriet repousava. Enfiou os dedos nos cabelos desta, entregando-se aos sentimentos. Os lábios de Harriet faziam uma trilha em seu corpo, à medida que se aproximavam da carne quente dos seios, onde mordiscaram o mamilo, sentindo-o intumescer contra a ponta da língua. Darcy não julgou possível que pudesse ter respostas daquela intensidade depois de acabarem de fazer amor; não sabia que era capaz de sentir tanto.

    Daquela vez os carinhos lentos e intencionais ditaram o ritmo erótico, repleto de sussurros próximos ao ouvido e explorações nas áreas sensíveis atrás do joelho e nas coxas, produzindo reações deliciosas. Darcy não conseguia cerrar os olhos, hipnotizada por cenas que não existiam nem em sua imaginação há poucos dias, de uma certa forma não queria envolver-se outra vez em algo que pudesse lamentar pela manhã. Ainda assim, as sensações eram crescentes, conduzindo-a a não hesitar, não se controlar, abrir a cabeça e o coração assim como o corpo. Ela pertencia a Potter desde que contava dezessete anos, era como se soubesse disso. No passado, no presente, e para sempre.

     Satisfazendo uma fantasia que imaginara na noite em que haviam sido interrompidas, Harriet deitou-a de bruços e beijou-lhe o corpo inteiro,progredindo devagar até a nuca, depois voltando até o outro pé. Em seguida virou o corpo que estremecia de antecipação e repetiu tudo de frente, sem nenhum tipo de repressão, evitando apenas a zona mais quente entre as pernas, pousando ali os dedos provocantes. Quando terminou seu trajeto toda a pele dela estava arrepiada de puro desejo.

        — Sonhei muitas vezes que estávamos assim — murmurou ao ouvido de Darcy. — Algumas noites eu acordava e achava que estava no fundo de um poço escuro, e que estava ali porque tiraram alguém de mim... e esse alguém era você. Então, quando eu percebia isso... era pior do que no sonho. Pior que o sonho.

          — Eu nem posso acreditar que você está aqui comigo — disse ela, encarando-a com os olhos úmidos de desejo.

          — Pois pode acreditar. Estamos aqui de verdade.

        — Desculpe, mas não posso aceitar sua palavra. Acho que vou ter de provar — declarou ela, e em seguida passou a língua no peito de Harriet.

         — Darcy...

        — Humm... parece bom, mas ainda está um pouco frio — afirmou ela, entreabrindo os lábios e apertando o mamilo de Potter, que enrijeceu imediatamente. — Agora sim.

   As mãos dela apalparam o corpo de Harriet, sentindo e provocando, enquanto os olhos permaneciam fechados e a boca passava de um mamilo para outro.

         — Agora acredito.

   Harriet a penetrou com os dedos, com a língua com suavidade, de forma diversa do que ocorrera anteriormente, com a febre de dez anos de desejo acumulado. Agora havia movimentos eróticos e intencionais, cada um explorando a sensualidade da companheira. Ela percebeu que não havia vergonha, ou nenhum sentimento desagradável ou pecaminoso, pois o amor de ambas era o que havia de mais necessário e natural para elas. Certo, bom e justo. Entendeu finalmente a parte física da expressão: feitos um para o outro.

    Dracy passou os braços ao redor do pescoço de Harriet, guiando-a para a viagem de prazer mais deliciosa de sua vida. Naquele momento percebeu por que haviam se apaixonado uma pela outra, ainda que nunca tivessem feito amor antes. Eram perfeitas juntas, não havia nada de feio ou obsceno. Pelo contrário, era a expressão dos sentimentos na pele, a conseqüência de se amarem tanto.

    Acabaram por adormecer, exaustas e abraçadas. Harriet puxou a colcha sobre ambos, e permaneceram nus, abraçadas embaixo das cobertas, sem vontade de separar os corpos, ainda que por um instante apenas. Como se de repente uma pudesse fugir da outra. Darcy jamais conhecera, ou mesmo sonhara conhecer tanta felicidade. Não se deteve para pensar que uma quantidade tão grande devia ser frágil, ou pouco duradoura. Não sabia o quanto, até que o telefone tocou, acordando-a.

     O irritante ruído intrometeu-se na quietude morna do sono de Darcy.

    Harriet dera um pulo para a posição sentada, e tinha no rosto o ar de que uma sirene de bombeiros acabara de soar, enquanto olhava ao redor. Novo toque produziu uma careta, como se estivesse de ressaca, apesar de não ter ingerido muito álcool. Sentindo-se na obrigação de ajudá-la naquele momento confuso, por estar levemente mais sóbria do que ela, Darcy interveio:

           — É o telefone. Aí na cabeceira. Do seu lado.

     Harriet tateou na direção do ruído, como se desejasse afastar-se. Terminou por usar as duas mãos e logrou seu intento.

    Darcy olhou para o relógio e gemeu baixinho. Eram quase nove horas da manhã e tinha dormido muito além da conta. Pelo menos para um começo agradável e tranqüilo de dia. Marcara uma reunião com o vice-presidente do Bartholomew Lane Bank, Snape e mais dois executivos às dez horas. Não podia nem pensar em chegar atrasada.

         — Gina — disse Harriet ao aparelho, olhando para Darcy com ar de culpa. — Bom dia, meu bem. Que horas são?

     Meu bem? Ela passava a noite fazendo amor com ela e agora tinha o topete de chamar essa Gina de meu bem?

          — Já são nove horas? Vamos almoçar com o tio Charis e a tia Callidora? Não, claro que não esqueci. Para dizer a verdade, você acabou de me acordar. Acho que dormi demais. Não se preocupe, vou chegar a tempo. Como? Eu também. Não, não estou dizendo só porque você disse. Também amo você.

     Darcy não achou que fosse capaz de continuar escutando sem sentir enjoo de estômago. Essa noiva de Harriet devia ser do tipo que solicita o tempo inteiro, que vence pelo cansaço. Devia falar bastante, também. Harriet esfregava a mão no rosto, obviamente sem graça, evitando olhar para ela. Darcy levantou-se e foi até o banheiro. Fechou a porta atrás de si para não ter de ouvir as despedidas melosas. Atirou água fria ao rosto, esfregando-o e só então erguendo a cabeça para observar o espelho. Não gostou do que viu e fez uma careta. O reflexo revelava uma mulher que fora amada. Que fora bem amada e parecia satisfeita. O problema é que não era a mulher da vida de Potter. Harriet estava noiva e ia casar com outra mulher.

    Tanto tempo para encontrá-la e saber a verdade e agora acontecia isso. Quando tudo parecia bom demais para ser verdade, quando podia parar de pensar em aceitar o pedido de Snape porque sabia que não sentiria amor por ele. Quando encontrara o que sua imaginação já dava como perdida, Harriet estava comprometida com outra.

    Uma sensação de enjoo instalou-se em seu estômago. Sempre fora apaixonada por ela, sempre a considerara sua. Os anos não haviam mudado esse aspecto. Mas não tinha a menor intenção de se intrometer na vida de uma mulher casada, ou praticamente casada, já que era uma questão de horas. Já passara por esta situação antes ao longo da vida. E homens e até mulheres casadas darem em cima dela. Mais sempre se manteve afastada, pois não queria ser a causa da destruição de um lar. Sua filosofia era: existem muitos peixes no mar.

     A ironia da situação se fez perceber no sorriso torcido. Poucas horas antes do casamento de Harriet, as duas se encontraram; isso estava relacionado também com sua decisão de aceitar Snape, mostrando que os sentimentos que nutria por ele eram como uma amizade morna se comparados à tórrida paixão que sentia por Harriet. Era preciso levar isso em consideração antes de se conformar em casar com ele. Mesmo sendo bissexual sempre teve predileção por mulheres. O problema sempre foi sua família que não aceitava muito bem suas escolhas.

         — Darcy!

    Sentindo vergonha de sua nudez, ela olhou ao redor à procura de alguma coisa para se cobrir e apanhou uma toalha. Colocando-a ao redor do torso, retomou ao quarto, e ergueu o queixo como uma princesa.

          — Bom dia — saudou Harriet, no meio de um grande bocejo como se nada tivesse acontecido.

    Harriet estava sentado na borda da cama, um dos lençóis passados pelo tronco como um sarongue, observando-a. Havia algo diferente em seu olhar. Pelo brilho de interesse, era possível calcular o que passava pela mente dela para começar o dia. Darcy achou aquilo ultrajante. Sentiu-se ofendida. Como ela tinha coragem de agir como se nada tivesse acontecido? Como se não tivesse recebido o telefonema?

           — Era sua noiva?

     O rosto dela ficou sério e os olhos perderam o brilho. Harriet teve também a decência de baixar os olhos, evitando encará-la.

           — Desculpe, eu não pretendia...

           — Não tem importância, eu já ia saindo, mesmo — declarou Darcy, aflita pelo fato de continuar nua na frente dela.

     A algumas horas atrás isto parecia tão natural, mas agora...Esticou a mão para apanhar a blusa, e enfiou o braço numa das mangas, sem se dar ao trabalho de colocar o sutiã.

          — O que está fazendo?

          — Estou colocando a blusa.

          — Eu sei... quer dizer, estou vendo. Mas por que agora? Vai sair já?

     Darcy consultou o relógio de pulso, antes de responder.

         — Vou. Na verdade, já devia ter saído, estou atrasada. Tenho uma reunião importante às dez horas. Se correr o suficiente, passo em casa, troco de roupas e saio correndo para o escritório — explicou ela, fechando os primeiros botões.

         — Não acha que a gente devia conversar primeiro?

       — Acho que a gente precisa conversar. Mas agora não vai dar. Simplesmente não tenho tempo — respondeu ela, procurando a saia com o olhar.

    Localizou-a no chão e deu um passo na direção dela. Pisou no interior e abaixou-se para puxar a peça de roupa sob a toalha, erguendo-a até a cintura. Encolheu a barriga para abotoar.

          — Está brincando, não é?

       — Nunca brinco com compromissos comerciais. Agora não tenho tempo. Conversamos depois — afirmou ela, um pouco mais segura com as roupas. — Não sei o que me deu para dormir tanto. Sempre acordo bem cedo.

          — Quando, então? Quando vamos poder conversar?

    Darcy percebeu que Harriet tinha toda a razão. Precisavam conversar, pelo bem do futuro de ambas. Tratava-se de um assunto urgente. Tinha de ser antes do casamento dela, de outra forma não adiantaria. Ela suspirou.

         — Está bem, hoje de tarde então. Podemos nos encontrar.

         — Não posso.

         — Por que não?

      — Meu irmão e a esposa dele vão chegar à tarde e preciso ir recebê-los no aeroporto. Logo em seguida tenho o ensaio do casamento e um jantar — disse ela.

     Primeiro veio a compreensão, depois a constatação. Falavam sobre os compromissos que antecedem um casamento. Sobre família e compromisso, formalidade e cerimônia. Harriet tinha a vida completamente preenchida por aquele acontecimento e não parecia haver sentido em falar sobre o que sentiam uma pela outra naquele momento.

         — Acho que essa é uma forma bem clara de resumir sua vida nesse instante. Talvez não precisemos conversar, afinal.

        — Darcy, não faça isso comigo. Acabamos de fazer amor, você não pode sair desse jeito — protestou ela. — Especialmente nesse momento.

         — Você vai casar com Gina — afirmou ela, sem saber exatamente o que desejava.

    Não eram mais adolescentes, haviam se transformado em pessoas diferentes, com profissões, a fazeres, conhecidos e parentes. Enfim, Harriet tinha a própria vida, toda construída sem ela, e vice-versa. A vontade física que sentiam um pela outra permanecera, e entregando-se a ela haviam mexido num perigoso ninho de marimbondos. A vida de Darcy, que assumira um ritmo sereno e tranqüilo, complicara-se.

    Harriet passava os dedos pelos cabelos, penteando-os com um gesto habitual, como se assim pensasse melhor. Procurava a racionalidade da situação.

          — Gina... — repetiu ela, como se assim ganhasse tempo. — Acontece que já não sei mais o que quero, Darcy.

         — Deixe que eu facilito para você. — Ela assumiu a postura de quem falava ao telefone, e imitou a voz dela: — "Meu bem, não estou dizendo só porque você disse. Também amo você."

    O rosto de Harriet ficou avermelhado.

           — Vim para Londres me casar. Disse a você.

   Darcy percebeu que estava agindo como uma mulher ciumenta, namorada ou esposa, mas não conseguia evitar. Era como se Harriet sempre pertencesse a ela, desde que resolveram casar-se enquanto os outros estavam no baile; o fato de não se encontrarem em dez anos era apenas um detalhe que não se encaixava em sua lógica emocional. Mas não podia permitir-se esse luxo, não queria ser responsável pela infelicidade de Harriet.

        — Sei disso, estou consciente — afirmou ela, encarando-a em seguida e criando coragem para pronunciar as palavras. — A verdade é que é tarde demais para nós, Harriet. Tarde demais...

         — Isso quer dizer que você pretende casar com Snape — concluiu ela, com ar acusador, livrando-se do lençol e estendendo a mão para sua roupa. — Acho que ele é perfeito para você. Foi seu pai quem escolheu?

    Seu rosto era uma máscara de ciúme. O pior é que passara perto demais da verdade.

            — Snape é generoso, bondoso e se preocupa comigo...

            — Um "coroa" arrogante, isso sim!

          — Não cheguei a conhecer Gina, mas sei exatamente o tipo de mulher que você escolheria para casar. Ela deve ser frívola, a perfeita dona de casa, e não deve ter um pensamento próprio — desabafou Darcy.

    Os olhos de Harriet se estreitaram, mas ela não respondeu. Darcy também passara suficientemente perto da verdade sobre sua noiva.

          — Vamos deixar as coisas do jeito que estão — disse ela, apanhando seu sutiã, sua calcinha e os sapatos na mão.

    Encaminhou-se para a porta, decidida.

          — Não, senhora. Não pense que vai fugir outra vez de mim!

     Aquilo teve o poder de detê-la.

          — Outra vez! — repetiu Darcy, voltando-se. — Foi a coisa mais injusta que você já me disse, sabia?

   Um vislumbre do olhar magoado, onde as lágrimas pareciam a ponto de surgir, e Darcy caminhou para a porta com rapidez. Abriu-a e saiu, apreciando o fato de batê-la com força.

          — Darcy! Não se atreva a sair assim! Darcy!



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