LETY
Mesmo depois de alguns dias, aquela noite ao lado de Fernando não saiu de meus pensamentos. Eu estava visivelmente mais animada, mesmo que eu tentasse não demonstrar tanto minha animação perto de Dani. Ela já estava desconfiada, era óbvio. Fernando disse o mesmo. Mas, combinamos que não iriamos dizer nada até ele ter a oportunidade de conversar com Gabriel. A ultima coisa que eu queria era ser causa de um desentendimento na família, principalmente uma família tão unida como a dele. Concordei de imediato que deveríamos deixar as coisas calmas até a conversa dele com o irmão. Mas, era impossível fazermos isso quando nos encontrávamos todo o tempo no hotel. Nossos sorrisos cumplices e as piscadas que Fernando dava direcionadas à mim, por pouco não nos entregava.
Por sorte tínhamos com o que nos preocupar. A casa de Ursula já começava a ser reconstruída graças à Fernando e Omar, e também graças à alguns vizinhos que se disponibilizaram à ajudar na reconstrução. Com tantas mãos e boa intenção para ajudar, grande parte do trabalho já estava sendo feito, e os resquícios do incêndio já não podiam ser vistos mais. Úrsula obviamente estava animada, mas o melhor presente era saber que as crianças também estavam empolgadas. Como Úrsula e José passavam grande parte do seu tempo no trabalho da casa, eu me ofereci para cuidar de Pedro e Zola. Não era trabalho algum para mim, muito pelo contrário. Nos divertíamos juntos, e eu adorava ter a companhia dos dois grande parte do dia, principalmente porque Fernando estava dividindo seu tempo entre as coisas do hotel e a reconstrução da casa.
- Nós vencemos, Pedro. Pare de reclamar. – Zola disse de mãos dadas comigo.
- Vocês trapacearam. – Pedro disse emburrado.
- Não trapaceamos nada.
- Trapacearam sim!
- Ei! – Parei de andar olhando para os dois. – Os dois ganharam, tudo bem?
- Então nós dois vamos ganhar sorvete?
- Claro! Eu não daria sorvete para um só.
Os dois comemoraram e eu sorri divertida.
- Mamãe!
- Mamãe!
Antes que eu pudesse segurá-los, os dois saíram correndo pelo saguão e se encontraram com Úrsula, que tinha acabado de entrar no hotel. Eles a abraçaram e começaram a falar sem parar. Úrsula riu e se aproximou de mim, enquanto as crianças a bombardeavam com histórias.
- Teve muito trabalho? – Ela riu.
- Nenhum. – Sorri. – Eles são uns amores.
- Espero que tenham se comportado.
- Mamãe, nós vamos ganhar um sorvete! – Zola disse animada.
- Ah, é mesmo?
- Sim! Nós podemos tomar no quarto enquanto assistimos desenhos?
- Eu não sei. Não queremos abusar e...
- Tudo bem. – Falei. – Eu prometi à eles. Se não tiver nenhum problema para você...
Úrsula sorriu e olhou para os dois.
- Tudo bem. Subam em silencio e eu levo os sorvetes.
- Oba! – Os dois comemoraram.
- Sem correr! – Úrsula disse em voz alta e logo eles diminuíram o passo, caminhando normalmente até o elevador.
Nós duas rimos e Úrsula me olhou.
- Obrigada por cuidar deles. Amanhã voltam as aulas então não vamos precisar nos preocupar mais.
- Que pena. Estava gostando de ter companhia. – Sorri.
- Obrigada, Lety. Como se não bastasse o que todos estão fazendo por nós...
- Não precisa agradecer. Fico feliz que tudo esteja se ajeitando.
- Sim. Seremos eternamente gratos à todos e ao seu Fernando principalmente.
- É...
No mesmo instante, Fernando apareceu no saguão, seguindo diretamente para o balcão da recepção. Sorri inevitavelmente, o que fez Úrsula notar logo de cara.
- Ele é uma ótima pessoa, não é?
- Sim. Concordo.
Percebi que ela riu e desviei meu olhar rapidamente.
- Como... Pessoa. – Falei envergonhada.
- Bom... Pelo menos ele é um homem solteiro. A mulher que se casar com ele terá muita sorte.
- É... – Forcei um sorriso envergonhado.
- Bom, melhor eu ir logo antes que as crianças aprontem alguma. Obrigada mais uma vez, Lety.
- Não há de que. – Sorri.
Úrsula se afastou e eu continuei a olhar para Fernando ao longe. Ele ainda não tinha me visto ali, o que me deu ainda mais tempo de olhar para ele. Eu entendia o que Úrsula queria dizer. Apesar de ainda não termos conversado seriamente sobre como estava nossa relação, eu me sentia uma mulher de sorte. Convivendo com ele e com sua família nas últimas semanas, eu consegui perceber como ele tinha um bom coração, e isso era uma de suas melhores qualidades.
Enquanto o observava, vi ele se aproximar de Senhor Smith. Ele parecia se apresentar, e logo apertou a mão dele com satisfação. Os dois engataram em uma conversa que logo de cara imaginei qual seria. Desde quando eu havia contado à Fernando que Senhor Smith se hospedou na pensão de seu pai, imaginei que ele ficaria tentado em se apresentar e conversar com ele. Afinal, ele se hospedava sempre em seu hotel e os dois nunca tinham sido apresentados. Também sabia que a consciência pesada de Fernando por ter dado ouvidos aos boatos que corriam pelo hotel sobre Senhor Smith só deixaria de lhe incomodar quando eles conversassem. E era isso que estava acontecendo.
- Oi!
Olhei assustada para Dani, que pareceu ter brotado do chão ao meu lado.
- Que susto! – Coloquei a mão no peito.
- Desculpe. Você estava tão distraída, acho que não me viu aproximar. – Ela sorriu.
- Não. Eu só... Estava...
- Estava observando qualquer pessoa menos o meu irmão, não é?
Senti meu rosto corar e Dani riu.
- Ai, Lety. Vocês dois são tão bobos à ponto de pensar que me enganam.
- Não sei do que está falando.
- Tudo bem. Vamos fingir que não sei de nada, e que não percebo os olhares cumplices que vocês dois tem trocado nos últimos dias.
Continuei sem resposta.
- Só vim aqui para saber se você quer almoçar comigo.
- Ah... Claro!
- A não ser que você já tenha algum compromisso...
- Não. Não tenho nenhum compromisso. – Respondi rapidamente. – Só vou subir para pegar minha bolsa.
- Tudo bem. – Ela riu. – Vou te esperar aqui.
- Ok.
Me afastei o mais rápido possível para que ela não percebesse que meu rosto estava completamente corado.
•••
O almoço com Dani foi agradável e divertido, como todas vezes que eu estava em sua companhia. Era incrível como a família inteira de Fernando conseguia ser tão cativante e tão bem humorados, fazendo com que a presença deles fosse completamente agradável. Dani e eu já estávamos em um estágio que podíamos nos considerar “amigas”, e por isso eu estava me sentindo tão mal por não contar à ela sobre Fernando e eu. Apesar de saber que ela já estava desconfiada, eu não queria admitir aquilo antes que ele dissesse que estava tudo bem. Não queria causar problemas à família por isso.
- Ah! Olha só quem chegou! – Dani comentou quando estávamos à mesa.
Omar tinha acabado de entrar no restaurante, e logo que nos avistou, caminhou em nossa direção.
- Ele estava em um encontro.
- Como sabe? – Perguntei curiosa.
- A camisa dele está abotoada errada, e tem uma fraca marca de batom no pescoço dele.
- Uau, você é boa!
Ela riu.
- E aposto que foi com a recepcionista do Fernando. A Iara.
- Como sabe?
- Notei os olhares dos dois.
- Olá, moças bonitas! – Omar sorriu.
- Oi! – Respondemos em uníssono.
- Como foi o encontro? – Dani sorriu.
- Encontro? Que encontro?
- O seu, oras.
- Eu não estava em encontro algum.
- Você não sabe mentir, Carvajal.
- Você é muito xereta, sabia? Não perde nunca essa mania?
- Eu sou muito boa em descobrir as coisas, isso sim. – Ela me olhou sorrindo. – Muito boa.
Pigarreei envergonhada e tomei um gole de água.
- A única pessoa que tem encontros aqui é o seu irmão. E por falar nisso, vocês gostaram de ontem, Lety? Eu cheguei aqui e...
- Ontem? O que aconteceu ontem? – Dani me olhou.
- Nada! – Falei rapidamente. – Ah, olha só a hora! Preciso ir.
- Ir para onde?
- Fazer uma coisa.
- Que coisa?
- Do trabalho.
- Mas...
- Eu estou muito atrasada! – Falei me levantando. – Dani, o almoço foi ótimo, obrigada.
Tirei o dinheiro da bolsa e o coloquei sobre a mesa.
- Espera! Lety...
Eu era péssima com mentiras. Eu detestava mentiras. E não conseguiria fazer isso para Dani. Tentei sair do restaurante o mais rápido possível, mas logo senti alguém tocar em meu ombro e quando me virei, Dani estava me olhando assustada.
- Lety, o que aconteceu?
Suspirei, passando a mão em meu rosto.
- Eu disse algo que você não gostou? Se for isso, desculpe!
- Não. Não foi você. – Falei tensa. – Dani, eu realmente queria poder ter essa conversa com você, mas não posso.
- Não pode? Mas que conversa?
A olhei sem saber o que responder, até ela cruzar os braços e sorrir.
- Lety, você acha mesmo que eu não sei sobre você e Fernando?
- Saber... O que?
- Tudo, oras! Quero dizer, nem tudo... Mas vocês dois são péssimos em disfarçar! Estão esbanjando felicidade nesses últimos dias, e os olhares... Eu já falei com você sobre os olhares.
Abaixei a cabeça envergonhada.
- Você não precisa ter vergonha disso, Lety. Nem de mim!
- Não tenho vergonha de você. É só que... Fernando pediu para não falarmos nada por enquanto.
- E por que não?
- Porque ele quer conversar com Gabriel primeiro.
- Ah, entendi. – Ela riu. – Fernando está sempre querendo fazer tudo certinho.
- Mas ele tem razão. Seria uma falta de respeito com sua mãe se ela soubesse disso.
- O que te faz pensar assim?
- Oras... Até onde ela sabe, eu estava saindo com Gabriel. É claro que ela não vai entender que foram apenas dois encontros, e que não tivemos absolutamente nenhuma relação. Nem mesmo seguramos as mãos.
- Então por que isso é tão importante? Olha, eu até entendo Fernando querer conversar com Gabriel sobre isso. Mas, Lety... Vocês não precisam esconder isso de mim. Desde os meus oito anos eu escuto o Fernando falando de você o tempo inteiro.
- Escuta?
- Sim. Era fofo, na verdade. – Ela riu. – Mas desde quando nós nos conhecemos, eu soube que você combinava com ele, e não com Gabriel. Eu amo os dois, amo muito. Mas você e Gabriel jamais dariam certo, desculpe a sinceridade.
- Não, tudo bem. Eu... Também sei que não daríamos certo. Na verdade foi uma loucura eu ter aceitado sair com ele, porque eu nunca fiz isso na minha vida! Eu não tenho o costume de aceitar ter encontros nem nada. Eu não queria causar todo esse transtorno.
- Você não causou transtorno nenhum. – Ela sorriu. – Olha, eu vou respeitar o fato de Fernando querer fazer a coisa certa conversando com Gabriel antes de vocês decidirem qualquer coisa, mas você não precisa esconder de mim o que sente por ele. Eu consigo notar isso até de longe.
Sorri divertida.
- Obrigada, Dani.
- Agora me conte... O que aconteceu ontem?
Abri a boca para responde-la, quando Omar se aproximou.
- Ah, Lety! Olha, desculpe. Não quis te envergonhar. Se você está tensa porque vocês deixaram as coisas um pouco bagunçadas ontem, não se preocupem. Eu naõ ligo para isso. Aliás, eu fiquei muito feliz em...
Dani abriu um largo sorriso e me olhou empolgada. Fechei os olhos de vergonha e agradeci por Omar ter parado de falar.
- Ah... Entendi. – Ele riu. – Nem todo mundo sabia do encontro.
- Então vocês tiveram um encontro? – Dani perguntou animada. – Lety, que coisa linda!
- Não foi... Um encontro. Foi um jantar.
- E Lety planejou tudo. – Omar sorriu. – Fiquei surpreso quando ela foi até o bar para me perguntar quando eu cobraria para que eles usassem o restaurante para um jantar. Até parece que eu cobraria alguma coisa.
Dani riu.
- Dei a chave do restaurante para ela, e o resto... Eles precisam nos contar.
- Não vamos contar nada. – Falei divertida. – Vocês vão ficar na curiosidade.
- Ah, isso não é justo! – Dani bufou. – Mas tudo bem. Eu descubro de qualquer maneira.
- Então você agora é detetive? – Omar a provocou.
- Sim, e se quer saber minha opinião sobre seu namoro com a Iara, eu acho que você tem que assumir ela logo, porque é muito errado o que você fez.
Omar a olhou surpreso.
- Como sabe disso?
- Eu disse que sei das coisas.
Dani começou a pressionar Omar e eu os observei, rindo.
- Nos vemos depois! – Falei me afastando.
Dani mal percebeu que eu estava saindo, porque estava ocupada demais revelando várias coisas de Omar. Caminhei em direção ao hotel me sentindo um pouco mais leve. Ao menos não precisava esconder aquilo de Dani mais. Eu me sentia péssima estando com ela sem poder dizer o que eu sentia por Fernando. Mas, minha maior preocupação era com a mãe de Fernando. O que Dona Terezinha pensaria de mim? Provavelmente iria pensar que eu estava querendo causar a discórdia entre os dois irmãos, e que na verdade estava fazendo um jogo com os dois. Eu me sentiria péssima se ela pensasse isso de mim.
Enquanto pensava em diversas maneiras de Dona Terezinha ter raiva de mim pelo que estava acontecendo, mal prestei atenção no caminho. Já estava acostumada a andar pela cidade, principalmente aos arredores do hotel. Passei por Sávio sem que ele me visse, já que estava conversando com alguns hóspedes, e caminhei pelo saguão pensativa. Mal notei quando Fernando seguiu em minha direção, e só percebi que era ele quando nos trombamos. Me preparei para pedir desculpa para quem quer que fosse, quando ergui minha cabeça e ele estava sorrindo para mim.
- Eu estive te procurando o dia inteiro. – Ele disse charmoso.
- Eu estava almoçando com a sua irmã. – Sorri.
- Ah... Por isso não te encontrei em lugar algum.
- É...
Nos olhamos por um instante, até Fernando olhar em volta.
- Pode vir comigo? Tenho uma coisa para te mostrar.
- Claro.
Eu o acompanhei em direção ao seu escritório, em silencio. Fernando estava misterioso, como costumava ser. Mas, daquela vez eu não consegui desvendá-lo. Assim que ele abriu a porta e fez sinal para que eu entrasse, adentrei a sala e me virei para ele.
- Então...?
Fernando fechou a porta e virou-se para mim, com um sorriso maroto nos lábios. Eu deveria ter notado. Estávamos daquela maneira nos últimos dias, nos encontrando quando podíamos, de preferência sozinhos. Não que tenhamos feito algo errado, mas como tínhamos combinado de que não faríamos nada até sua conversa com Gabriel, precisávamos nos encontrar longe de conhecidos. Não precisei perguntar outra vez, já que ele deu alguns passos à frente e me segurou pela cintura. Sorri divertida e o olhei, esperando que ele fizesse o que eu tanto queria. Não demorou muito para que ele me beijasse, e enfim pude matar a falta que senti dele durante todo aquele dia que mal nos vimos. Retribuí o beijo com gosto, mas depois de um tempo Fernando o interrompeu, mantendo seu rosto próximo ao meu.
- Senti sua falta.
- Eu também senti a sua.
- Eu sei que não é certo ficarmos assim, como adolescentes fazendo algo errado. Mas é que quero fazer tudo certo para não te causar problemas. Se minha irmã nos visse assim, posso imaginar a bagunça que seria e...
- Na verdade... Ela já sabe.
Ele me olhou surpreso.
- Sabe? Mas como?
- Oras... Ela descobriu. Ela também não é boba, Fernando. Temos que ser sinceros, não sabemos disfarçar muito bem.
- E ela disse alguma coisa?
- Não. Só que já sabia que isso iria acontecer.
Ele riu.
- É, é bem algo que ela diria mesmo.
- E parece que Omar também sabe.
- Ah... É. Eu... Meio que contei pra ele.
- Você contou?
- Sim.
- Mas não tínhamos decidido deixar isso entre nós dois?
- Eu sei, desculpe! Mas Omar é meu melhor amigo, e ele me conhece bem demais pra saber quando eu minto. Obvio que ele já desconfiou de tudo desde o nosso jantar.
Balancei a cabeça e ele tocou em meu rosto com delicadeza.
- Mas está tudo bem. Dani e Omar não serão um problema.
- É, eu sei disso.
- O que foi?
Suspirei.
- É que... Eu não acho certo escondermos isso da sua mãe. Quero dizer... Eu entendo toda a situação, principalmente porque nós dois ainda estamos conhecendo todos esses sentimentos. Mas eu sinto que estou enganando ela de certa forma. Não quero que ela pense que eu sou o tipo de pessoa que sai com dois irmãos sem o mínimo de respeito pela sua família.
- Ela nunca pensaria isso de você.
O olhei desanimada.
- Eu entendo que você esteja preocupada, e acredite, eu também não me sinto bem escondendo isso dela. Mas é melhor assim do que dissermos tudo de uma vez e causar uma grande confusão. Ela vai entender porque passamos esse tempo em silencio quando chegar a hora certa de contar à ela.
- Você acha?
- Claro que sim. E não quero que fique pensando essas besteiras, tudo bem?
Balancei a cabeça concordando e ele sorriu.
- Eu queria muito passar mais tempo com você, mas tenho algumas coisas para resolver.
- Tudo bem. – Sorri colocando minha mão sobre a dele. – Podemos jantar juntos?
- É claro. – Ainda sorrindo, ele me deu um demorado beijo que me fez perder os sentidos por alguns segundos, até nos separarmos.
Tomei folego depois do beijo e Fernando abriu a porta para sairmos. Logo quando colocamos os pés para fora da sala, demos de cara com Dani que nos olhou a animada.
- Ah! Que bom que estão aqui! E... Juntos. – Ela riu.
- Aconteceu alguma coisa? – Fernando perguntou.
- Não. Quero dizer... Ainda não. Depende se você vai concordar ou não.
Nós dois nos olhamos curiosos.
- Vocês sabem que dia é depois de amanhã, não é?
- Hum... Não. – Respondi sincera. – Você sabe? – Perguntei à Fernando.
- Não. – Ele riu.
- Como não? – Dani perguntou incrédula. – Em que mundo vocês vivem?
- Quer dizer de uma vez ou vai ficar nos chamando de desligados? – Fernando cruzou os braços.
- Não acredito que se esqueceram de um dos dias mais importantes do ano. É o dia dos namorados!
- Ahh... – Respondemos juntos.
- Eu não me lembrava. – Falei.
- Eu também não.
- Bom... Vou poupar esse esquecimento absurdo de vocês contando minha ideia para o dia mais romântico do ano!
- Lá vem... – Fernando escorou-se à parede e eu prendi o riso.
- Por que não fazemos uma noite dos namorados no hotel?
- Noite dos namorados?
- É! Você sabe... Decoração romântica, uma valsa entre casais no salão... Essas coisas!
- Eu não sei, Dani. Está muito em cima da hora, e Ursula ainda está dividida entre a arrumação da casa e o hotel, e eu prometi à ela que não iria sobrecarrega-la enquanto isso.
- Úrsula não vai ficar sobrecarregada, todos nós vamos ajudar! Eu já tenho ideias de decoração, Omar me ajuda na divulgação, Lety também pode me ajudar com isso. Você só fica encarregado de ajeitar as coisas do hotel. O que acha?
Dani parecia mesmo empolgada, e de certa forma também fiquei. Fernando parecia um pouco pensativo, mas depois de alguns segundos de mistério, ele me olhou.
- O que você acha?
- Eu?
- Sim.
Olhei para Dani e percebi que ela estava prestes a me implorar para que ficasse ao seu lado. Era realmente uma ótima ideia, e já que ela sabia exatamente o que estava planejando, seria divertido ajudá-la nisso, assim como foi divertido ajudá-la na festa da cidade.
- Bom... É uma ótima ideia, e já percebi que tem muitos casais de férias hospedados no hotel. Eles iriam gostar de participar de um evento assim.
Dani voltou sua atenção para Fernando, com um sorriso animado.
- Já que estão certas disso. Então acho que tenho que concordar.
Ela comemorou e pulou para abraçar Fernando.
- Você não vai se arrepender! Vai ser uma noite incrível e inesquecível pra todo mundo, você vai ver!
Eu ri para os dois e Dani me olhou.
- Lety, você está ocupada agora? Podemos começar com algumas coisas que já tenho em minha cabeça.
- Não, estou livre. Podemos ir.
- Que ótimo! Vou deixar vocês dois se despedirem e vou fingir que tenho algo importante para fazer na recepção. Encontro você lá. – Ela sorriu marota e se afastou, me deixando completamente vermelha de vergonha.
- Você precisa se acostumar com isso. – Fernando riu me segurando pela cintura. – Principalmente agora.
- Posso me acostumar facilmente com isso. – Sorri e o puxei para um beijo. – E com isso também.
Fernando sorriu e eu me afastei lentamente.
- Nos vemos mais tarde.
•••
FERNANDO
Quando aceitei a ideia de Dani, eu deveria ter imaginado que tudo o que ela me disse era apenas metade do que ela realmente queria fazer. Passamos o dia seguinte inteiro só por conta dos preparativos para a noite do dia dos namorados, e eu não me lembrava de ter trabalhado tanto desde quando o hotel foi inaugurado. Dani estava sempre aparecendo com novas ideias, e Lety a seguia, o que resultava em horas de preparativos e alguém, no caso eu, para correr atrás de grande parte das coisas. Fiz ligações para contratar alguma banda de ultima hora, para a arrumação do salão, e depois de tanta insistência de Dani, também tive que correr atrás de algum lugar que estivesse disponível para alguns efeitos especiais para o momento da valsa dos casais.
Desde muitos anos eu não me importava com aquela data. Para dizer a verdade, eu nunca havia me importado com o dia dos namorados, exceto no dia em que tive a ideia de dar um cartão à Lety. Desde então passei a odiar o dia dos namorados, e era como se aquela data não existisse no meu calendário. Iara e Valéria costumavam fazer alguns decorativos na recepção, mas isso não fazia muita diferença para mim. O dia dos namorados para mim era um dia como qualquer outro, com a diferença que eu sempre preferia passar a noite em casa colocando o meu sono em dia. Até então.
Lety parecia extremamente empolgada, tanto quanto Dani, e aquilo me assustava de certa forma. Se Lety estava tão empolgada com o dia dos namorados, é porque ela se interessava pela data. Sendo assim, cabia à mim saber se ela gostaria de ganhar algo especial ou não. Não sabíamos ainda qual era a nossa relação, se já poderíamos nos considerar namorados ou se estava muito cedo para mim. Eu preferia não me arriscar para não passar mais uma vergonha como passei no terceiro ano do colegial, mas Dani e Omar estavam literalmente me enchendo a paciência com aquilo.
- É claro que você precisa comprar algo pra ela! – Dani disse enquanto pregava os folhetos pelo hotel.
- Dani, eu não sei nem se ela me considera um namorado! – Falei impaciente enquanto a seguia.
- Não importa! Você ia dar um cartão para ela no terceiro ano, e vocês mal conversavam.
- Aquilo foi diferente.
- Não, aquilo foi uma atitude fofa que você poderia repetir. Dessa vez com algo mais especial.
- Não quero receber um fora para odiar ainda mais essa data.
Dani colocou o ultimo folheto com um pouco mais de força e me olhou, como se fosse me enforcar.
- Sabe de uma coisa? Quando se trata da Lety, você nem parece o mesmo Fernando.
- Como assim?
- De nós três você sempre foi o que não tinha medo de arriscar, de fazer o que tinha vontade de fazer. Você sempre foi decidido, e agora parece... O Omar!
- Isso é uma ofensa?
- Por esse lado é sim! Omar tem medo de falar com as mulheres que realmente gosta, e acaba se passando por bobo. Você está igualzinho à ele. Consegue ter a mulher que quiser, mas age como um adolescente amedrontado quando se trata da que mais importa pra você.
A olhei sem saber o que responder depois daquele sermão.
- Se você quiser a minha ajuda, te ajudarei com prazer. Mas, se não fizer nada e depois a Lety te achar um insensível, não venha choramingar para mim.
Dani bateu o pé e se afastou sem me dar ao menos a chance de me defender. Omar caminhava em minha direção e olhou assustado para ela quando passou por ele como um furacão.
- O que aconteceu?
- Dani deu um ataque só porque falei que não estou pensando em dar nada para Lety amanhã.
- Você não vai dar nada para ela no dia dos namorados?
- Ai, Omar. Você também não, por favor! – Suspirei impaciente e caminhei pelo saguão.
- Mas vocês não estão juntos? – Ele me seguiu.
- Estamos, mas... Não sei se é juntos como... Namorados.
- Então vocês estão se encontrando escondidos há dias e você ainda não sabe se isso é um namoro ou não?
- Não, porque ainda temos muito o que resolver.
- E você não resolveu ainda porquê...?
- Você sabe porquê! Estive ocupado esses dias.
- Mas não acha que está na hora de você fazer uma ligação para um certo irmão para dizer à ele que você está com a garota que tinha saído com ele porque é apaixonado por ela desde a época do colégio e indiretamente ele a roubou de você?
Revirei os olhos e continuei andando.
- Fernando, é sério! É uma noite especial. Eu vi o quanto Lety está empolgada, e à essa altura sua irmã já deve ter colocado coisas na cabeça dela e ela deve estar esperando por um presente especial.
Parei de andar e olhei para ele.
- Eu não tinha pensado por esse lado.
- Então pense, porque você conhece a Dani. Deve ter dito à Lety que você é romântico, que deve estar planejando algo muito especial para os dois...
- Droga, mas o que eu faço? Não posso aparecer com um presente caro para ela porque não sei se ela gosta disso. Mas também não quero parecer um bobo presentando ela com uma coisa romântica demais porque também não sei se ela gosta disso. Na verdade, acabei de me dar conta de que não sei absolutamente nada sobre a Lety!
- É claro que sabe!
Na verdade, eu sabia. Sabia que apesar de detestar filmes românticos, ela gostava de ser surpreendida as vezes. Sabia que ela valorizava muito mais um presente especial e com um grande significado do que joias caras e coisas assim. Mas, eu não fazia ideia do que comprar à ela, e começava a me sentir com dezessete anos outra vez. Eu estava ficando tenso com toda aquela história, e para piorar a situação, vi Lety sair do elevador carregando algumas coisas. Logo ela nos viu e abriu um largo sorriso, caminhando em nossa direção.
- Falamos disso depois. – Omar disse para o meu alívio.
- Oi! – Ela sorriu.
- Oi. – Respondemos um uníssono, sorrindo.
Lety nos olhou como se tentasse decifrar o que estávamos conversando, mas por sorte Omar conseguiu disfarçar bem.
- Estão empolgadas com os preparativos. – Ele apontou para as coisas que ela carregava.
- Ah, é! – Ela riu. – Dani está sempre tendo ideias novas, e eu vou atrás.
- É bem a cara dela mesmo. – Falei. – Mas se você estiver cansada, não precisa fazer isso. Pode dizer à ela que...
- Não, de maneira alguma. – Ela sorriu. – Eu estou adorando ter algo para ocupar meu tempo. E as crianças também estão gostando de ajudar. É uma ótima distração.
- Você se dá muito bem com crianças, Lety. Daria uma ótima mãe. – Omar me olhou provocativo e eu o fuzilei com o olhar.
- Espero que sim. – Lety riu.
- Bom... Eu vou indo. – Omar me olhou. – Conversamos depois.
- Ok.
- Omar, não quero ser indelicada, mas poderia me dar uma carona até a casa da Dona Terezinha? Eu iria a pé, mas estou com todas essas coisas, e...
- É claro!
- Obrigada! – Ela sorriu e me olhou. – Nos vemos depois?
- Claro. – Sorri.
Lety acompanhou Omar, e ele olhou para trás fazendo sinal positivo para mim. Balancei a cabeça negativamente e suspirei, sem saber o que fazer. Aquilo não parecia um problema até Dani e Omar me perturbarem com aquela história. Eu não queria que Lety pensasse que era insensível, mas também não queria que ela pensasse que eu era indelicado. Ter algo com Lety estava sendo mais difícil do que esconder o que eu sentia por ela.
•••
Eu deveria ter me ocupado com coisas do hotel ou com os últimos detalhes do evento, mas estava fazendo algo totalmente diferente. Pelo menos na minha sala ninguém poderia me perturbar ou me dizer o que eu deveria ou não fazer naquela data tão especial. Enquanto mexia no computador atrás de alguma ideia, alguém bateu à porta e assim que eu pedi para que entrasse, Úrsula abriu a porta e sorriu.
- Posso entrar?
- Claro. – Sorri.
- Está muito ocupado?
- Não, pode falar.
- Será rápido. É que os quartos estão quase todos cheios, mas Iara acabou de dizer que tem muitas pessoas ligando procurando por reservas. E como nós estamos ocupando um quarto, eu pensei que...
- Úrsula, por favor. – A interrompi já sabendo o que ela iria dizer. – Vocês também são hospedes.
- É, mas não estamos pagando pelo quarto. É um prejuízo para o Senhor.
- É claro que não é um prejuízo. Além do mais, você está nos ajudando mais do que deveria. Eu prometi à você que iria te dar menos trabalho com o hotel para você ter mais tempo de resolver as coisas da casa, e não estou cumprindo isso.
- Mas é o meu trabalho, Seu Fernando. – Ela riu. – E além do mais, estou adorando ajudar sua irmã e a Lety com os preparativos. O dia dos namorados é minha data favorita do ano.
- É mesmo?
- Sim. – Ela sorriu empolgada. – José sempre faz algo para mim. Nada caro, mas isso que é o mais importante. Ele sempre me surpreende de uma maneira romântica, e a cada ano é um presente melhor que o outro.
Me escorei à mesa interessado na conversa.
- Ele... Sempre tem ideias para presente?
- Sim, sempre.
- E quais tipos de presente são, se me permite perguntar?
- Bom... Como eu disse, não é nada caro. Acho que na maioria ele nem gasta tanto. São coisas como um jantar romântico, ou um porta retratos com uma foto nossa. Ah! Sabe o que ele fez no ano passado? Me deu um dia de folga. – Ela sorriu. – Ele fez tudo em casa! Desde o café da manhã até o jantar. É claro que o jantar foi pensado para nós dois, mas ele cuidou das crianças, buscou elas na escola e fez tudo o que eu faço normalmente. Ele costuma me ajudar bastante, mas acredite, foi um ótimo presente!
Me surpreendi com tamanha criatividade, e principalmente por ele ter conseguido agradá-la com algo tão simples. Era o tipo de coisa que Lety gostaria de receber, mas eu não fazia ideia de como fazer algo relacionado à isso, principalmente porque ela não tinha filhos e estava teoricamente de férias.
- Mas por que está tão interessado? – Ela riu.
- Só... Curiosidade.
Ela me encarou por um tempo, e aquilo me deixou tenso. Úrsula era como a minha mãe, e conseguia me decifrar apenas me encarando por alguns minutos.
- Está pensando em dar algo para alguém especial?
- É... Acho que sim.
- Bom... Sabe ao menos o gosto dela?
- Acho que sei, mas não consigo encontrar nada que ela iria gostar muito. Passei o dia inteiro olhando na internet algo para comprar, mas nada parece combinar com ela.
- Posso ver?
- Sim.
Úrsula se levantou e deu a volta à mesa, parando ao meu lado. Ao olhar para o computador, mostrei as coisas que imaginei que poderia comprar para Lety, mas sem ter certeza se ela iria gostar ou se iria me achar um idiota.
- Hum... São coisas realmente lindas. E um pouco caras. – Ela riu. – Mas se for quem eu estou pensando, acho que ela iria preferir ganhar algo mais... Especial. E menos caro também.
- Quem você está pensando?
Ela me olhou divertida.
- Está tão na cara assim?
- Talvez. Mas eu já imaginei que isso iria acontecer desde quando fomos apresentadas. Vocês dois combinam muito.
- Você acha? – Sorri.
- Com certeza.
- Bom... Então agora você pode me ajudar nisso. – Suspirei. – Não faço ideia do que dar à ela. Para dizer a verdade, não faço ideia nem se é uma boa ideia dar algo para ela. Nós não decidimos se estamos namorando ou não, principalmente porque preciso resolver as coisas com meu irmão e minha mãe.
- E o Senhor vai resolver quando?
- Quero resolver o mais rápido possível. Eu não queria conversar sobre isso com Gabriel por telefone, principalmente porque a ultima vez que conversamos, não terminamos muito bem. Mas tentei ligar para ele hoje e o telefone estava desligado, então...
- Acha que é melhor esperar resolver tudo e passar o dia dos namorados em branco com ela?
- Não em branco. Nós iremos participar do evento. Só não sei se será como... Você sabe.
- Olha, se me permite dizer, Seu Fernando, Lety é uma moça com o coração muito puro. Tenho certeza que vocês dois não estariam juntos se não fosse o que ela realmente quer. Sendo assim, ela vai ficar muito feliz em receber algo especial amanhã, mesmo que vocês ainda não tenham oficializado essa relação. É uma noite especial, você só tem que mantê-la especial para vocês dois.
Eu a olhei pensativo.
- Infelizmente não posso te dar sugestões do que fazer, porque o romântico da relação é José. – Ela riu. – Normalmente compro uma camisa nova para ele ou uma calça, porque sei que ele gosta de ganhar essas coisas.
- Acha que ele se importaria de me dar algum conselho?
Úrsula sorriu.
- É claro que não. Ele iria adorar.
•••
Eu estava envergonhado de pedir esse tipo de dica para José, principalmente porque apesar de tudo, não tínhamos tanta intimidade assim. Eu preferia esperar que ele voltasse para o hotel para conversarmos, mas Úrsula disse que seria melhor fazermos isso em um ambiente mais descontraído. Fui até a obra para conversar com ele, mas demorou um tempo para eu criar coragem, e acabei me entretendo em um assunto totalmente diferente.
- E aqui vamos aproveitar essa parte da parede. Só precisa de uma pintura. – José apontou.
- Vai ficar ótimo! Na verdade, está ficando ótimo. Estão fazendo um bom trabalho.
- Obrigado. – Ele sorriu. – Com tanta ajuda fica muito mais fácil, e acho que daqui à algumas semanas já conseguimos terminar.
- Fico muito feliz com isso, de verdade. – Sorri.
- Obrigado, Seu Fernando. Mas, então... O Senhor veio mesmo saber sobre a obra?
Suspirei e coloquei as mãos no bolso.
- Na verdade, não. Não sei como começar dizendo isso, mas... Eu queria... Algumas dicas suas.
- Dicas? Sobre o que?
Tentei pensar em uma maneira menos constrangedora de dizer aquilo, mas não veio nada em minha cabeça.
- Sobre... Como agradar alguém no dia dos namorados.
José me encarou por alguns segundos, e esperei que ele começasse a rir ou me perguntasse se eu estava falando sério. Mas, para o meu alívio e menor constrangimento, ele apenas sorriu e bateu em meu ombro.
- Me conte um pouco sobre ela.
- Bom... Ela é uma pessoa doce, ao mesmo tempo que é sensível ela é bem forte e determinada. Ela tem o coração enorme, é gentil... – Sorri enquanto pensava em Lety. – Ela gosta de surpresas, mas não sei exatamente se ela é do tipo romântica.
- Se o Senhor não tivesse falado no feminino, teria pensado que estava falando de si mesmo. – José riu. – Bom... Parece que o Senhor a conhece bem, mas ainda está com o pé atrás sobre como agradá-la.
- É exatamente isso.
- Acredite, mulheres como essa que o Senhor citou ficam gratas com qualquer tipo de presente, mesmo os simples. Isso é muito mais fácil. Minha Úrsula é assim, por isso eu sempre costumo agradá-la com coisas sentimentais, e ela adora.
- É, ela me contou sobre isso. Por isso vim pedir sua ajuda. Ela acha que a... – Fiz uma pausa me lembrando que não tinha citado que a mulher era a Lety. – Pessoa que eu quero presentar vai gostar mais se eu fizer algo por minha conta, que não seja material e caro.
- Ela tem toda a razão. Olha, por que não pensa em fazer uma coisa especial para vocês dois?
- Como um jantar?
- É... Um jantar seria ótimo. Mas pense mais além disso. O Senhor parece conhece-la bem à ponto de saber o que vai agradá-la, e como o Senhor disse, ela é uma mulher decidida. Ela vai gostar que o Senhor faça algo com a certeza de que ela vai gostar.
Encarei a parede pensativo.
- Talvez eu a convide para um lugar romântico...
- Isso!
- Mas tem certeza que isso vai ser suficiente? Não parece... Uma coisa para se fazer no dia dos namorados.
- Então o Senhor pode pedi-la em casamento.
O olhei assustado até que ele riu.
- Estou brincando. Mas o Senhor pode usar isso nos próximos dias dos namorados. As mulheres gostam de serem pedidas em casamento nessa data.
- É... É um pouco cedo para pensar nisso, mas obrigado pela dica.
Ele riu.
- Espero ter ajudado.
- Sim, me ajudou. – Sorri. – Acho que tenho uma ideia do que vou fazer.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.