Eu não sabia o que fazer. Jeon estava dormindo com minhas coisas, mas eu não seria tão má de tirar as coisas dele. Deve ser muito desconfortável ficar o dia inteiro deitado sem poder fazer nada. Apenas ir ao banheiro e voltar para o quarto. Com certeza ele está exausto com tudo isso, eu não vou atrapalhar. Eu fico encarando ele. Ele estava completamente fofo, de um jeito todo torto por conta do gesso no pé, mas de qualquer modo estava fofo ali. Como não tinha nada do que eu fazer, e também não estava com sono nem nada do tipo, me sentei na poltrona e peguei meu celular, apenas me distraindo nas minhas redes sociais e ora ou outra espiando meu primo pelo canto de olho, percebendo que ele ainda estava dormindo. Ouço uma voz e um carrinho adentrando o quarto, junto de uma enfermeira. Ela se curva, deixando o carrinho, e saindo do quarto. Como sou curiosa, me levanto da poltrona e vou em direção de onde ela deixou o carrinho, percebendo que dentro dele havia duas bandejas com comida. Os dois pratos eram iguais, continham macarrão com carne, um copo de suco do lado e um potinho com algum tipo de doce, sendo assim sobremesa. Sorrio com a comida porque é algo que eu amo.
Assim eu decido acordar Jeon, pois a comida poderia esfriar. Caminho até seu lado, ficando na ponta da cama, ele estava com um biquinho nos lábios e eu sorri com a imagem. Eu apoio minha mão em sua bochecha começando um leve carinho naquela região. Sussurro o nome dele algumas vezes, até que ele arregala os olhos e acorda no susto.
-Me desculpa, não queria te assustar. –Digo me afastando. Demora poucos segundo e Jeon percebe o que aconteceu, assim tomando a fala.
-Tudo bem. –Ele fala tentando se levantar. Eu apoio minha mão em sua barriga e o ajudo a encostar suas costas na cabeceira da cama.
-A comida chegou, eu te acordei porque ela está quente. –Eu explico ainda com a mão apoiada em seu físico, até que percebo e me afasto. –Desculpe. –Falo, envergonhada.
Não é que eu não queira estar ali, é que ele pode entender errado. Por mim nós dois poderíamos dormir juntos, apertados e espremidos ali na cama em que ele está, mas eu respeito às pessoas, e não vou fazer isso por que eu quero. Aliás, eu não tenho muita coragem de chegar e perguntar “então primo, que tal eu e você dormimos juntos, agarrados que nem namorados?”. Eu não tenho essa coragem.
-Poderia me ajudar? Eu não quero ser folgado, mas preciso de você. –Ele diz e eu sorrio, claro que eu ajudaria, estou aqui para isso.
-Claro! Não hesita em me acordar mocinho. Ai de você se não me chamar. –Digo parecendo brava, mas eu acho que estava mais fofa do que brava.
-Ui que medo. –Ele fala irônico.
-Não provoque. –Digo desafiadora e ele sorri. Como eu amo esse sorriso.
-Você sabe que na força eu ganho. Até desse jeito. –Ele fala e ri depois de ver minha cara. Ele tem razão.
-Tudo bem, tudo bem. Vamos comer que eu ganho mais. –Eu falo pegando o carrinho e levando para mais perto da cama de Jeon. –Vou te dar primeiro. –Falo e ele me encara.
-O que disse? –Ele fala me encarando e eu o encaro confusamente não entendo o que ele quis dizer.
-Disse que vou dar pra você primeiro. –Logo percebo o que disse e ele sorri, rindo depois. –Eu quis dizer... A comida... Isso. A comida. –Eu falo travada e envergonhada pelo duplo sentido da frase que eu disse. Ele continuava a rir. Falei na inocência, apenas querendo dizer que eu daria a comida pra ele e depois comeria a minha, mas ele entendeu errado.
-Eu entendi. –Ele fala cessando o riso. –Não precisa se explicar, me desculpa. –Ele fala sorrindo. –Pode me dar primeiro então. –Ele diz sorrindo. –A comida. –Completa e eu coro.
Eu estava envergonhada, essas brincadeiras não eram algo que eu e ele fazíamos. Ele namora. Bom... Namorava. E nós não conversávamos sobre isso. Ver que a cabeça dele tem um lado malicioso comigo por um lado é bom. Na verdade todos os lados.
Caminho ainda envergonhada, pegando a bandeja colocando-a em cima do colo de Jeon, seguro o garfo que tinha ao lado do prato e pego a comida, levando em direção da boca dele, que logo abre e saboreia. Ele sorri e comenta sobre a comida estar ótima e muito saborosa. Assinto e continuo dando a comida pra ele. Depois de alguns minutos ele termina tudo, apenas sobrou o potinho que continha o doce, ele disse que comeria depois e assim eu assenti, e me sentei na poltrona pegando minha bandeja e colocando em meu colo. Pego uma garfada generosa por estar morta de fome e disfarço uma careta quando percebo que a comida estava fria.
-O que foi? –Ele pergunta e percebo uma careta, me levanto na hora e me aproximo dele. –Aish. –Ele reclama.
-O que está sentindo? –Pergunto preocupada e ele apóia a mão na cabeça.
-Está latejando. Dói muito. –Ele fala e eu logo caminho até uma estante que havia ao lado da porta, vendo alguns remédios e um quite de primeiros socorros, pego ele e abro encontrando exatamente tudo que a enfermeira usou na ultima vez que veio aqui ajeitar o curativo de Jeon. A meu ver está na hora de trocar, e era isso que eu ia fazer.
Caminho novamente a cama e o ajudo a ficar sentado com os pés para fora da cama. Abro a caixinha de primeiros socorros e tiro de dentro tudo que precisaria usar para fazer um novo curativo. Ali dentro havia uma pequena tesoura, eu a peguei e me aproximei de Jeon. Ele abriu as pernas e eu me encaixei ali. Engoli em seco.
-Preciso cortar. –Aviso e ele assente, assim eu, sem demora, corto a faixa de sua cabeça, retirando ela dali.
[...]
-Pronto. –Falo assim que eu termino de fazer o curativo na cabeça dele.
Ajudo-o a se deitar novamente, o cobrindo com o lençol do hospital. Ele agradece e eu assinto. Depois de guardar tudo que usei no lugar, me sento na poltrona e encaro a bandeja, com toda certeza aquela comida já estava quase congelada, mas eu estava morrendo de fome. Coloco a bandeja em cima de meu colo e Jeon me encara.
-Você não vai comer isso. –Ele fala e eu encaro confusa.
-Eu vou sim. –Falo e ele sorri.
-Não foi uma pergunta. –Ele fala e eu arregalo levemente meus olhos. Curto e grosso. –Você acha que depois de tudo que está fazendo por mim eu vou deixar você comer comida gelada? Sério S/n? –Ele diz e eu sorrio mínimo. Ele está cuidando de mim.
-Obrigada. –Falo e ele assente.
Depois de um tempo, vejo a mesma enfermeira voltar e com um novo carrinho, ela retira a bandeja de Jeon e o carrinho que trouxe horas atrás, deixando apenas o carrinho que trouxe agora. Encaro o carrinho e me aproximo, vendo a mesma comida ali, sôo que com fumaça saindo do prato. Sorrio.
-Agora sim. –Ele fala e eu sorrio para ele pegando a bandeja e caminhando para a poltrona.
Eu me sirvo do delicioso macarrão. Estava faminta. Como tudo que tinha no prato. Estava indo para aquele doce que eu não sabia exatamente o que era, até que vejo Jeon tentar pegar o potinho de sobremesa que ele havia deixado separado.
-Quero comer com você. –Ele fala e eu fico surpresa.
Realmente ele sabe ser fofo quando quer. E eu adoro isso.
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