História Meu príncipe - Ninho de Cobras

Após a chegada de Erwin a confraternização continuou como se nada tivesse acontecido, ninguém se atrevia a fazer nenhum comentário sobre o que aconteceu momentos antes, todos sabiam da frieza imensurável e a lealdade mortal por baixo do sorriso amistoso e dos olhos serenos de Erwin – ele era leal ao seu rei e todos sabiam disso – o conselheiro do rei como todos sabiam era o predador não a presa, a perda de um braço em nada mudou esse fato.


— Aos poucos a cidade vai se normalizando _ disse soltando a fumaça aromática do charuto caro _ os comerciantes estão voltando, o concerto dos prédios, casas e ruas estão caminhando bem e os campos voltaram ao plantio, sem contar as pedras preciosas principalmente as esmeraldas, os reinos próximos voltarão a fazer pedidos pelas jóias e outros metais preciosos. _ Erwin terminou seu relato tragando mais uma vez o charuto e logo depois liberando a fumaça deixando a sala em uma neblina leve.


— Isso é muito bom _ disse Sir Philip Albert, o copo com o líquido âmbar do whisky nas mãos _ por causa da guerra estávamos sofrendo com a escassez de alimentos, nossos campos foram queimados e a colheita perdida, os agricultores estavam com tanto medo que não saiam de suas tocas para cumprir com seu dever e garantir nosso alimento.

Esse homem é realmente desprezível, era em suas terras que ficavam boa parte dos campos e por negligência de Philip em não proteger direito suas fronteiras permitindo com que os soldados inimigos invadissem tão facilmente e fizessem a algazarra na porta de sua casa, se não houvesse campos ainda que menores em outros lugares Rose teria sucumbido ainda no começo por falta de provisões, meu pai quase mandou executá-lo em praça pública, mas como rei ele preferiu se acalmar matar um idiota não iria mudar a situação, em contrapartida meu pai fez Philip pagar uma bela quantia pela sua imprudência e esse dinheiro foi usado nos outros campos.


— Se alguém não fosse tão estúpido isso não teria acontecido, realmente em meio a uma guerra deixar terras férteis desprotegidas tsc… tsc… muito imprudente _ Armande Leonhardt alfinetou, os dois homens se encararam com certeza medindo quem odeia mais quem _ mas agora não importa não é mesmo, os erros do passado não podem ser consertados _ outro olhar provocador e zombeteiro.


— Ora Armande isso realmente é verdade, os erros do passado não podem ser consertados _ Philip revidou _ Se não você nunca teria sido desleixado na segurança daquele carregamento de esmeraldas que o rei usaria para comprar mantimentos do reino do norte não é?


— Ora seu…


— Já chega senhores, os cavaleiros tem toda razão _ Eren que até então estava calado resolveu fazer seu papel de príncipe, levando a xícara de porcelana caras aos lábios carnudos o príncipe deu um pequeno gole antes de continuar _ os erros do passado não podem ser consertados, mas... podemos aprender com eles a não cometer os mesmos erros idiotas dignos de tolos sem o mínimo de inteligência em suas minúsculas cabeças, e também a benevolência e paciência são virtudes que se esgotam e os enforcamentos em praça pública são um espetáculo muito apreciado pelo povo _ e então ele sorriu, um sorriso inocente que todos sabiam não ter nada de inocente a ferocidade herdada de seu pai brilhando nas orbes incrivelmente verdes.


Erwin sorriu, parece que as horas perdidas tentando enfiar algo de útil na cabeça dura do príncipe não tinham sido tão perdidas assim. A verdade cruel era que Eren era um príncipe e como tal tinha que honrar seu título e preservar o bem do povo, não era algo que ele tinha escolha se pudesse a vida levada na vila dos druidas seria a que ele escolheria, mas ele sabia ele sempre soube que os anos vividos lá foram apenas um sonho e um dia ele acordaria e voltaria a realidade, o problema era que Eren já era um garoto crescido, e garotos crescidos quando acordam de um sonho enfrentam a realidade de frente. Eren tinha duas escolhas mostrar autoridade e comandar ou ser fraco e servir de marionete para os nobres, e seu pai não o ensinou a ser uma marionete, num ninho de cobras onde uma devora a outra  você tem que escolher se vai devorar ou ser devorado.


— As pedras produzidas em Rose são famosas no mundo todo _ disse William enquanto tomava um gole do seu chá com whisky _ Assim que a guerra chegou ao fim e a segurança de que as pedras chegariam até seu destino voltou, eu fui soterrado de pedidos novamente, com isso creio que aos poucos o reino vai se estabilizar.


— Também temos os recursos de Marley agora _ Levi disse sem nenhum interesse na voz e sem ao menos dirigir o olhar _ Eu pude ver com meus próprios olhos o que nos falta em plantio, em Marley sobra, vai resolver nosso problema de provisões, até porque meus soldados ainda estão em Marley e eles merecem ao menos ter o que comer.


— E terão _ o rei pela primeira vez se manifestou na conversa, Grisha era mais do tipo que observa os mínimos detalhes e então monta seu mirabolante plano, um homem realmente assustador _ Não esqueci de seus homens Levi, te trouxe de volta para instruir e fazer a segurança do meu filho, mas não esqueci que você é um soldado e como tal se preocupa com seus semelhantes, que ainda estão em Marley. O processo burocrático já começou começaremos a trazer alimentos de Marley, também distribuiremos para os nossos soldados e para os próprios Marleyanos, começamos a reconstruir Marley e começaremos a implantar as leis de Rose lá, os intermediários entre nós e o povo de Marley serão os príncipes que foram deixados para morrer, eles têm o amor do povo e nós o necessário para que Marley continue de pé, eles virão para cá em breve e será trabalho seu Levi e de Erwin vigiar os dois e ensiná-los sobre nossa cultura. Enquanto a vocês nobres da corte eu exijo comprometimento e responsabilidade, erros não serão tolerados não se esqueçam que essa não é a casa de vocês onde fazem o que quer, aqui é o meu reino meus domínios e tudo dentro dele estão sobre meu poder inclusive vocês, qualquer transgressão que prejudique o meu reino será devidamente punidas, entendido?


— Sim majestade _ Philip e Armande responderam juntos curvando a cabeça em respeito.


Grisha não era nenhum tirano, mas não coloque seu povo em perigo que você verá o quão cruel ele pode ser pelo bem de todos.


— Bom eu vou me retirar por alguns momentos e já volto, com sua licença _ Eren disse levantando e com uma mesura se retirou tendo Levi em seu encalço como um bom protetor.


— O que ouve pirralho? _ Levi perguntou quando já estavam no corredor.


— Estava muito tenso lá dentro, as auras daqueles dois indicavam medo e fúria ao mesmo tempo, uma mistura perigosa, já o meu pai… a aura dele era forte, intensa e autoritária, era como se exigisse obediência, um pouco assustador e sufocante, mas fascinante também alguém como o mesmo título que ele se não tivesse uma força dessas provavelmente já estaria morto _ O moreno olhou para Levi com olhos arregalados meio que para dar ênfase no que ele falou e indicar que não era brincadeira.


— Você pode saber tanto assim sobre alguém pirralho? _ a cada dia Levi se surpreendia mais com os dons anormais de Eren.


— Não é bem assim, eu posso sentir o que a pessoa sente no momento, ela pode estar sorrindo por fora mas cheia de ódio por dentro eu consigo saber disso, quando os sentimentos são mais intensos é mais fácil às vezes um pouco sufocante, mas na maior parte do tempo a aura de alguém é como se fosse um manto de energia envolta da pessoa, mas… _ o rosto do moreno ficou sombrio _ quando a aura de alguém é cheia de intenções ruins é como se a energia se tornasse agressiva, como se quisesse ferir… pessoas mais sensíveis se sentiram desconfortáveis perto de pessoas assim embora não possam ver, como eu sou ainda mais sensível sinto como se me atacassem diretamente um mal estar horrível.


— Pelo visto seus poderes são uma faca de dois gumes pirralho, você tem que lidar com isso da melhor maneira possível, saber quando alguém tem sede de sangue pode salvar sua vida _ a essa altura os dois já tinham chegado no banheiro e ao entrar Levi fez questão de trancar a porta.


Encostando Eren na pia Levi ficou no meio de suas pernas abraçando o moreno pela cintura dando beijos carinhosos na pele morena do seu pescoço, já Eren tinha a cabeça apoiada no ombro de Levi e um dos braços abraçando seu pescoço.


— Você também tem um aura sabia _ o moreno abriu os olhos mirando os cinza do seu capitão.


— É mesmo pirralho? _ Levi perguntou sem interromper os beijos.


— Sim. Ela é prateada e calma não se abala muito, demonstra nervos de aço, é fria na maioria das vezes mas se torna morna perto de algumas pessoas, quando você está de mal humor ela fica cinza como uma tempestade, também sinto raiva, uma raiva antiga, e arrependimento embora já esquecidos, você é como o mar calmo e encantador até que venha uma tempestade e te torne mortal.


— Tsc quando você fala assim nem parece o pirralho que eu conheço _ os dois ficaram em silêncio até Levi voltar a falar _ e a sua como é?


— Eu não sei _ a sobrancelha arqueada de Levi dizia que aquilo não era uma resposta satisfatória _ minha aura é uma confusão, ela não indica nenhum tipo de sentimento e não tem cor só posso sentir a energia em volta de mim e nada mais que isso.


— Hum… eu diria que combina com você pirralho, é como o zero vazio mas ao mesmo tempo com um potencial infinito, não fica assim Eren…


Levi segurou o rosto do moreno com as duas mãos atacando seus lábios logo em seguida, uma mão foi para a nuca segurando os fios castanhos e a outra para a cintura fina puxando o corpo para mais perto, Eren só pode corresponder o ósculo que deixava sua mente nublada querendo apenas mais de Levi.

As línguas duelavam entre si, vasculhando cada canto da boca um do outro gravando os sabores, Levi passava a língua no céu da boca do moreno para logo depois chupar a língua dele como se fosse uma bala, ele se afastou de Eren mordendo seu lábio inferior o suficiente para os dois respirarem antes de atacar o moreno de novo, a mão na cintura foi parar na bunda macia e a outra puxou os fios castanhos, intensificando o beijo, as intimidades roçavam uma na outra e quando Eren soltou um gemido manhoso e Levi sentiu os membros começarem a despertar se afastou do moreno, os dois com a respiração pesada e o corpo em chamas.


— Temos uma reunião para voltar pirralho _ ele soltou Eren desejoso e ofegante tão tentador e se afastou mais _ lave o rosto e se recomponha mais tarde terminamos.


Levi saiu do banheiro ficando de guarda na porta deixando um Eren excitado lá dentro.


— Mal Levi… você é muito mal _ Eren lavou o rosto com água gelada e fez suas necessidades e quando saiu do banheiro encontrou Levi como se nada tivesse acontecido _ extremamente cruel _ sussurrou.


— Disse algo pirralho?


— Não _ e saiu na frente com um bico nos lábios e uma expressão emburrada simplesmente adorável na opinião de Levi.


Já o capitão sorria de forma um tanto sádica atrás do moreno.


Quando eu botar minhas mãos em você Eren.