História Meu Príncipe Francis ( Frary ) - Casamento de Sangue ( Parte 1 )

Francis Valois

- Preciso de todos os exércitos, cada homem saudável deverá servir, aqui na França, na Inglaterra e na Escócia. – Não vai ser um casamento de faixada que vai me fazer desistir tão facilmente, não conseguiria viver se nem ao menos tentasse, custe o que custar.

- Não queremos uma Rainha adúltera no trono! – Um dos nobres grita, o que me faz levantar no mesmo segundo. Como eles ousam?!

- Prendam-no por traição! Imediatamente! –

- Francis, não devia... – Minha mãe sussurra ao meu ouvido ao segurar um dos meus braços, mas a ignoro.

- Quero deixar algo bem claro aos senhores aqui presentes. Quem se recusar a servir, será inimigo da Coroa e não terei misericórdia. Não tens qualquer questionamento a fazer, ela é sua Rainha e será trazida de volta. Isso é uma ordem. – É só o que digo.

- Já lhe disse mil vezes pra não tratar os nobres como meros súditos, eles são a sustentação, Francis. – Minha mãe me segue até meus aposentos, falando como se eu estivesse escutando uma palavra sequer.

- A Mary é a minha sustentação, mãe. Nada mais me importa. Sempre fui flexível, mas agora nem Narcisse, ou qualquer outro nobre passará pela minha autoridade. Quero ela de volta, não me importa quantos morrerão para que isso aconteça! –

- Você enlouqueceu... –

- Enlouqueci quando a deixei lá. Nunca deveria ter vindo. –

- Se mataria por ela?!

- Sim! Faria isso e muito mais! Finalmente está percebendo, depois de tantos anos. –

- Não te reconheço, meu filho. Colocar uma mulher acima da própria nação, do seu próprio povo. –

- Quando é que ser Rei ou ter uma nação aos meus pés, me deu felicidade?! Onde que isso é mais importante que a mulher que sempre me deu tudo?! –

- Você é um Rei! Aja como tal! Você não é um plebeu qualquer, cuja a vida de resumi a esposa e filhos! –

Não consigo acreditar que ela disse isso, que pode ser tão fria a tal ponto. – Eu que não te reconheço, mãe. Quer a minha substituição? Quer que Charles assuma o trono? Faça isso! Mas, antes, usarei todo o poder que possuo, pra ter a minha esposa de volta. Você goste ou não. –

- Só não quero te perder. –

- Você já perdeu... – É só o que digo antes de sair de meus aposentos, não consigo mais estar em sua presença, não consigo acreditar que seu coração endureceu tanto.

Corte Real Espanhola

Mary Stuart

Sou uma prisioneira, em todos os sentidos da palavra... A cada dia que passa, minha memória retorna aos poucos, mas só resquícios, memórias de momentos felizes, lembranças que conseguem me fazer suportar.

- Farei todo o possível, pra te fazer nascer longe dele, esse homem não é o seu pai. – Sussurro sozinha enquanto deslizo uma das mãos pela minha barriga. – É só um sonho, mas... Sonho todos os dias com os seus irmãos, pelo menos, eu acho que são. E o seu pai, ele é... Ele é um sonho, só isso.  -Tudo não passa de um sonho... Já que nunca o verei de novo, e nunca saberei qual foi a nossa verdadeira história. 

Don Carlos ainda me trata como uma inválida, mas eu lembro muito bem da minha vida, mesmo que sejam apenas resquícios, lembro-me da minha coroação como Rainha da França, lembro-me de minha mãe, da Escócia... Que sou Rainha desde que nasci. Mas, nunca disse nada a ninguém, não posso dizer.

2 semanas depois...

Francis Valois

- Mesmo o exército espanhol, não será páreo para nós, Majestade. – Um dos comandantes diz ao analisarmos o mapa da costa espanhola.

- Mas, precisam seguir o plano corretamente. A vida da minha esposa está em jogo. –

- Não iremos falhar. – O homem faz uma reverência após falar e só consigo pensar que preciso confiar neles, não tenho escolhas, mesmo que finja ter.

Já estamos no mar a quase um dia, para chegarmos a tempo do casamento. Espiões informaram que convites foram enviados a todo o continente, o que nos dará uma vantagem. Mas, não quero chamar nenhuma atenção, e mesmo que seja um disfarce quase que inútil, irei acompanhado.

Retornando a minha cabine no navio...

- Acho que irei me desculpar pela milésima vez, por estar te pedindo pra fazer isso. – Digo a Lola, já que não tive tempo para requisitar uma moça rica da França para me acompanhar, e Lola se tornou uma amiga a longo do tempo, assim como as outras damas de Mary. Achei que fosse ser menos estranho, mas não está sendo.

- Tudo pela Mary. – Lola diz.

- Sim, por ela. Preciso tê-la de volta, e me desculpa por estar te envolvendo. Não vi outro jeito. –

- Mas, sabe que Don Carlos não cairá nessa farça, não é? – Lola ri um pouco ao falar, o que me faz rir também, rir pela primeira vez em tanto tempo.

- Não sabia que era tão difícil um homem se apaixonar por você. – Sou literalmente obrigado a dizer, sentando ao seu lado na beira da cama.

- Ele sabe dos seus sentimentos por Mary... E sentimentos assim... Bom, não somem de repente. Ele suspeitará desde o início. –

- Seremos bem convincentes. – Quando vejo, já falei. Lola abaixa um pouco o rosto ao me ouvir, me fazendo sentir o mais libertino possível.

- Lola... Me desculpe... Não quis dizer que iremos... –

- Eu entendi. –

- Só teremos que dar as mãos. - Digo já meio sem jeito, a verdade é que nem ao menos pensei em como iremos agir.

- Essa é a sua ideia de convencimento? – Ela ri ao falar, me fazendo sentir como se fosse um garoto totalmente inexperiente com as mulheres. Mas, a verdade é que não sei falar com uma que não seja ela...

- Não quero arriscar magoar a Mary, ela ainda está confusa demais. – É só o que digo.

- Entendo. –

- Mas... se estiver disposta a fazer uma cena... –

- Uma cena? –

- Nos beijarmos perto de Don Carlos. Acho que é o máximo que podemos fazer em uma sala cheia de príncipes, Reis e Rainhas. – Digo ainda mais sem jeito que da primeira vez, mas pelo menos, consigo fazer Lola rir.

- Como quiser, Majestade. –

- Sabe que estar com um Rei, te torna uma Rainha também, não é? –

- Aposto que essa é uma frase passada de geração a geração... –

- É a primeira vez que eu digo. – Ela se aproxima de mim nesse mesmo segundo, aproximando os lábios dos meus. – Lola... – Levanto da cama ao perceber que minhas tentativas de afastá-la são inúteis no momento que ela quase deitará sobre mim.

- Acho que você entendeu errado. – Digo ao me virar de costas.

- Achei que estivesse insinuando que queria... –

- Quero a Mary... Ela é a única que eu quero. – Digo ainda de costas, e sem me virar, saio da cabine.