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Abro meus olhos procurando ar, minha respiração estava acelerada e eu levei minha mão até o peito, tinha acabado de ter um sonho horrível, minha família estava correndo perigo e eu não conseguia ajudá-los. Olho para minha mão, onde pinga algo na palma, só aí que eu percebi que estava chorando. -- hmmm... -- gemi pondo minha mão sobre a cabeça. -- Que dor do caralho.
-- Pai, ele acordou! -- ouço a voz do meu pequeno, e percebo que ele estava ao meu lado.
-- Amor? Você tá bem? -- Ouço Kiba e aceno em confirmação, enquanto pisco.
-- Só estou com um pouco de dor de cabeça. Onde estou? -- pergunto e eles se entreolham. -- Menma, que cara é essa?
-- P-pai... -- Ele falou, levando as mãos aos lábios. Eu não consigo! -- Falou se levantando e saindo.
-- O que aconteceu com ele? -- perguntei. -- Onde estamos? -- Me virei para Kiba, que abaixou a cabeça, sem me responder. -- KIBA?!
-- Sasuke... -- chamou meu nome baixo, antes de suspirar -- Você está em uma ambulância. -- Falou me fazendo franzir a testa.
-- Ué... -- falei olhando para o lado de fora, pela brecha na porta, vendo bombeiros e enfermeiros correndo de um lado para o outro, e derrepente, tudo volta aminha mente. Me levanto, arrancando aqueles bagulhos de mim.
-- Ei! Você não po... -- o ignoro completamente, saio da ambulância e vou em direção ao tumulto. Vejo repórteres mas os ignoro também, chegando em frente a casa de minha mãe, vejo um grupo de bombeiros.
-- Ei com licença.. -- chamo a atenção de um deles -- Minha família está bem, certo? -- pergunto olhando para o moço, que se vira completamente para mim.
-- Você é Sasuke Uchiha, certo? -- confirmo com um aceno de cabeça, e o bombeiro, por sua vez, suspira. -- Venha comigo.
Eu o sigo pela estrada, até um local, onde os bombeiros isolaram, não tinha ninguém lá, além de pessoas autorizadas, chegando lá, vi sacos pretos no chão e algumas pessoas com luvas, fechando o último saco. Meu corpo se arrepiou, e eu me abracei, tentando trazer calor. -- Quantos mortos? -- uma das pessoas perguntou.
-- Seis pessoas, e temos um ômega grávido, de dois meses, na ambulância.-- minha respiração para. Vou em direção à eles, e me agacho perto de um dos sacos, na intenção de abri-lo. -- Ei você não...
-- Cala a porra da boca! Eu tenho pleno direito de saber se são meus familiares! -- a pessoa suspira se afastando, e eu começo a abrir o saco lentamente.
-- Senhor... -- o bombeiro de antes diz, colocando a mão sobre meu ombro, quantdo termino de abrir o saco. -- Eu sinto muito!
-- NÃO! - grito me levantando, e indo em direção à ele. -- VOCÊ NÃO SENTE PORRA NENHUMA! -- digo desferindo "murros" em seu peito, com lágrimas escorrendo sobre meu rosto. -- NÃO É... NÃO É A SUA MÃE QUE ESTÁ MORTA!!
-- Eu sei.... Eu sei -- sem forças, eu caio de joelhos no chão, e deixo a lágrimas tomarem conta de mim. Eles se afastaram, me deixando sozinho, e eu me aproximei do corpo carbonizado da minha mãe, estava irreconhecível. Minhas mãos estavam trêmulas, estava doendo, eu abria e fechava a boca, sem saber o que fazer. Ainda tinha algo que eu pudesse fazer?
-- Sasuke.... Sasuke, olha pra mim! -- Kiba diz, pegando em meu queixo, fazendo com que eu o encarasse. -- Tá difícil pra você, eu sei! Mas tenta ficar calmo, ainda temos o Itachi...
-- I..Ita..chi? -- pergunto e ele confirma.
-- S-sim... -- Sua voz falha e ele acaba abaixando seu rosto.
-- O que foi? -- pergunto levantando seu rosto. -- Você não precisa chorar...
-- E-eu... Sua dor, é a minha dor também! Você acha que eu não me importo com você? -- diz me encarando nos olhos, tento mas não consigo segurar, as lágrimas voltam e eu o abraço. Tava doendo, tava doendo muito! Ver meus pais em sacos plásticos daquele jeito. Meu peito estava em chamas, eu só queria gritar e gritar. Precisava colocar essa dor pra fora de algum jeito.
-- Vamos. -- falei depois de alguns minutos abraçado em Kiba. Enxugo meu rosto e me levanto.
-- Pra onde? -- pergunta.
-- Ver o Itachi.
.....
-- Ei, ei! -- a mulher, que estava em frente a ambulância, me parou, com as mãos em meu braço, me fazendo encará-la dos pés a cabeça.
-- Eu sou irmão dele, não tá vendo? -- pergunto puxando meu braço, enquanto enxugo meus olhos com a mão.
-- Desculpa senhor, temos que levar seu irmão para o Hospital o mais rápido possível. ‐- falou me fazendo passar a língua sobre os lábios e suspirar.
-- Para qual Hospital vocês iram levá-lo? -- pergunto.
-- Para o mais próximo. -- diz entrando no veículo. Eu suspiro fundo enquanto vejo a ambulância dar partida.
-- Meu Deus. -- Susurro olhando para o céu, com lágrimas escorrendo pelo rosto. Sinto braços envolverem meu corpo, enxugo minhas lágrimas e me viro para ver quem é. Forço um sorriso, enquanto afago seus cabelos.
-- Pai... - diz com sua voz baixa. -- O tio Ita vai ficar bem, não é? ‐- eu pego em suas mãos, antes de voltar a encará-lo.
-- Claro que sim, seu tio é forte. -- forço um sorriso, enquanto seco suas lágrimas.
-- Sasuke.... -- Kiba se aproxima. -- Estão te chamando. -- diz e eu confirmo com o aceno de cabeça.
[...]
Os oficiais da polícia pediram para que eu reconhecesse os corpos... Foi a cena mais torturante da minha vida! Os punhos de meus pais estavam quebrados, provavelmente por tentarem quebrar as janelas para saírem da casa. Depois do reconhecimento, e alguns papéis assinados, levaram os corpos para o IML da cidade, para que fosse feito os laudos e só assim pudessem liberá-los.
Solto um suspiro longo, essa foi com toda a certeza, a pior noite da minha vida. Caminho de volto para o carro, e me sento no banco ao lado do motorista, com as mãos sobre o rosto. -- Querido? -- ele me chama e eu o olho entre os dedos, antes de abaixar as mãos. -- Tome. -- Diz me entregando café enlatado.
-- Obrigado. Cadê o Menma? -- pergunto fazendi-o suspirar, enquanto se agacha em minha frente, com a mão em minha perna.
-- Ele ainda está lá em frente a casa dos avós.
-- Vou chamá-lo....Precisamos ir no hospital. -- digo me levantando e ele se levanta também.
-- Quer que eu vá com você? -- eu nego com um aceno de cabeça, e ele suspira -- Que seja.
Eu ando lentamente, pela rua cheia de carros e de pessoas, lembro da época que vivia aqui com meus pais. Éramos felizes, devo admitir... Meu peito arde novamente, perceber que não terei mais os carinhos da dona Mikoto não é fácil. -- Meu Deus! Como direi ao Itachi que o Pain não sobreviveu? -- pergunto para mim mesmo, quando paro em frente a um carro e me olho pelo vidro. -- Você tem que ser forte agora. -- digo para mim mesmo, suspiro e continuo meu caminho.
{....}
-- Menma? -- o chamo, colocando a mão sobre seu ombro.
-- Pai... -- Ele não diz mais nada, fico ali com ele por alguns instantes até ele suspirar, se virar e começar a caminhar. Voltamos para o carro em silêncio, e seguimos para o Hospital.
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