4 HORAS DEPOIS
Acordei olho para a janela que havia ali, já estava escuro, começo a lembrar do que o médico havia me falado, e comecei a chorar, não acredito que meus pais me deixaram, tudo por causa do meu sonho idiota de ir para Las Vegas. Deveria ter feito assim como meus parentes falaram e ter deixado esse sonho besta na infância, poderia estar com meus pais agora no conforto da minha casa. O mundo é tão injusto, isso é tudo culpa minha, por causa de mim meus pais se foram, nunca vou me perdoar por isso.
Alguns minutos depois o médico entra no quarto
MÉDICO: você está mais calma agora s/n?
Nada respondo, permanecendo de cabeça baixa
MÉDICO: receber esse tipo de notícia nunca é fácil, eu entendo sua dor, sua reação é normal. Você precisa ser forte
S/N: por que eu não fui no lugar deles, eu deveria ter morrido não eles
MÉDICO: não pense desse jeito, se você ainda esta viva é por algum motivo.
Penso comigo que sei o porquê de ainda estar viva. Pra eu sofrer por perseguir um sonho
S/N: Há quanto tempo estou aqui?
MÉDICO: seis meses
Olho pra ele espantada
MÉDICO: vamos fazer uns exames amanhã de manhã, e então iremos começa uma fisioterapia, para você voltar a andar e ter uma vida normal novamente e poder seguir em frente
Dou um pequeno sorriso sarcástico, minha vida nunca mais será normal novamente.
3 Meses depois
Já fazia três meses que estava fazendo fisioterapia, já estava andando bem, e comendo, eu nem queria fazer essas coisas, preferia definhar até a morte, pra ajudar o médico percebeu meu estado alegando que estou com depressão, então além da fisioterapia tive que passar por umas sessões de terapia com uma psicóloga, ela era muito simpática.
Estava sentada em cima daquela maca, eram umas 8 horas da manhã, o médico veio me ver como sempre fazia, depois de ver alguns exames que eu fiz no dia anterior disse que eu estava de alta. Assinei uns papéis me troquei e sai de lá, era estranho sair na rua de novo, o sol estava forte hoje, como eu estava totalmente desprevenida, e meus parentes moravam todos fora do Brasil, o médico me deu um dinheiro para poder voltar para casa, havia algumas coisas minhas ali que conseguiriam recuperar do dia do acidente, minhas roupas e meu celular e alguns documentos. Pego o táxi e vou em direção a minha casa, olhava pela janela as pessoas andando rápido indo para seus compromissos, as pessoas sempre com pressa, e deixam de aproveitar varias coisas a sua volta, vi uma família com um menininho que devia ter uns 5 anos de idade, andando tranquilos com um sorriso no rosto, aquilo mexeu comigo, fazendo um nó se forma em minha garganta, parei de olhar, não queria chorar dentro de um táxi. Acabo cochilando, sinto então eu ser levemente sacudida pelo motorista do táxi
Xx: moça, já chegamos
Abro os olhos. Olhando para fora e vejo a entrada da minha casa, agradeço ao taxista e pago ele descendo do seu automóvel. Vou até a porta e levanto o capacho que havia na frente da porta, e encontro a chave ali. Abro a porta adentrando a casa, estava com pó nos móveis, algumas teias de aranha pelo tempo que ficou sem uso, parecia que o cheiro dos meus pais ainda estavam impregnados naquela casa, fui até a cozinha pegar um pouco de água, e me veio a lembrança da ultima vez que tomamos café da manhã juntos, eu ja chorei tanto desde que acordei do coma, que parece que as lagrimas haviam secado. Só sentia tristeza, solidão e raiva de mim mesma, subi para meu quarto e abri a porta, assim que entro vejo aquele pôster, mostrando o lugar que um dia sonhei tanto em conhecer, mas que hoje não gostava nem de ouvir o nome ser pronunciado, acabei tendo um ataque de fúria, arranquei aquele pôster, junto de varias outros que havia naquelas paredes
S/n: AAAAAAAAAA
Gritei pela raiva que me consumia
S/N: EU ODEIO TUDO ISSO, ODEIOOOO
Falo me jogando na cama, olho para o criado mudo onde havia um porta retrato peguei o mesmo olhando uma fotografia minha com meus pais
S/n: por que vocês não me levaram junto?
Abraço aquele retrato, começo a lembrar de alguns momentos que passei com eles. Sinto minha barriga doer, estava com fome. Fui à cozinha não havia nada nos armários, claro que não, fiquei quase um ano fora e estou sozinha, como poderia ter algo. Fui ao mercado que havia ali perto, e comprei algo pra comer. Chego em casa e como, ligo a televisão e deixo em um canal qualquer. A faculdade ficou sabendo sobre o acidente, então manterão minha vaga lá até que eu me recuperasse. Amanhã iria lá, nem sei se ainda queria cursa isso. Mas enfim, fui dormi.
Acordei de manhã, tomei um banho me arrumei e fui à faculdade, nem comi nada. Chegando lá vejo David meu namorado, por um breve momento me permiti sorrir, fui em direção a ele, mas parei assim que o vi indo até uma garota e a beijando, aquilo me desestabilizou, eu realmente achei que ele gostava de mim, eu sou muito idiota pra pensar algo assim, ele nem foi me visitar ao menos uma vez se quer enquanto eu estava internada... Aquilo só me deixou ainda mais brava comigo mesma, por me deixa iludir dessa forma. Eu simplesmente virei as costas para voltar para casa, escuto meu nome ser chamado, reconheci a voz de imediato
DAVID: S/NNNN
Corri para que ele não me alcançasse, não queria ver ou ouvir qualquer coisa que saísse da boca dele. Finalmente cheguei em casa.
No dia seguinte voltei à faculdade, conversei com eles e continuei cursando turismo, David tentou falar comigo varias vezes, mas sempre o ignorei. E ele acabou desistindo, eu me isolei de tudo, minha rotina era sair cedo pra ir à faculdade, estudava, ficava sempre sozinha, e voltava pra casa e ficava vendo TV, minha avó vire e volta me ligava da Coréia, pedia pra mim ir pra la, e eu sempre trocava de assunto. Eu vire e volta me mutilava, pra suportar a dor pela perca dos meus pais, peguei no sono e acabei tendo um sonho, eu sempre tinha pesadelos e sempre era o mesmo que era sobre o dia do acidente... Mas dessa vez foi diferente
SONHO ON
S/M: filha que saudade
S/P: como você está?
S/n: Pai, Mãe
Abraço eles
S/n: por que vocês me deixaram
Falei chorando
S/M: estamos sempre com você amor
S/P: não foi sua culpa ta bom.. Estamos bem... Seja feliz
S/N: Como poderei ser feliz sem vocês
Eles foram desaparecendo, ambos estavam com um sorriso no rosto acenando para mim
S/n: espera, Mãe Pai
Tentei pega-los, mas eles sumiram
SONHO OFF
Acordo em meio a choros, estava suando. Eu não aguentava mais aquilo. Havia muitas lembranças dos meus pais ali, tudo me lembrava eles, não tendo ninguém a recorrer liguei para minha avó
LIGAÇÃO ON
VÓ: alo s/n?
S/n: vó...-falei chorando
VÓ: aconteceu alguma coisa filha
S/n: eu sonhei com eles vó, eu não aguento mais
VÓ: meu amor venha pra cá, eu moro sozinha, eu vou cuidar de você
S/N: eu não quero incomodar a senhora
VÓ: não vai venha pra cá, vou mandar dinheiro para sua conta, e você vem
S/N: mas vó
VÓ: sem mais venha. Venda aí e vem pra Coréia vai ser bom pra você
S/N: ta bom vó, tchau
LIGAÇÃO OFF
Não consegui dormi mais, fiquei pensando no que minha vó falou. Pelo meu sonho acho que meus pais quiseram me dar um recado. E eu vou tentar, por eles. Era 6 horas da manhã, não fui a faculdade, procurei uma corretora de imóveis, depois de umas duas semanas eles me ofereceram uma quantia boa até pela casa e eu aceitei ele iriam me depositar o dinheiro em 3 dias, fui ao banco e peguei o dinheiro que minha vó havia me mandado e já comprei uma passagem só de ida para a Coréia.
No dia seguinte fui à faculdade e cancelei minha inscrição, voltei para a casa e arrumei minhas coisas. Amanhã a corretora iria vir pegar as chaves.
Acordei cedo, fui ver minha conta e o dinheiro já havia sido depositado, deixei minhas malas na sala. Quando deram 9 horas veio o corretor para pegar as chaves, entreguei a ele, e ele foi muito gentil e me deu uma carona até o aeroporto. Depois de uma meia hora meu vôo foi chamado, embarquei e fiquei em minha poltrona olhando pela janela, logo sentou um homem muito bem vestido ao meu lado, que me deu um leve sorriso parecia ser coreano, era muito bonito, dei um sorriso fraco a ele, e fiquei olhando pela janela. Adeus Brasil.
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