História Meu tormento... Meu sonho - Vamos recordar uma situação estranha do passado

[...] - E- eu não quero isso- Disse ela quase por impulso [...]

- O que você quer?
Azumy fechou os olhos por segundos, e ao abri-los ela estava encarando o rapaz. Nada foi dito por alguns minutos, ate que o silencio foi quebrado e a espera enfim acabou:
- Eu quero uma vida normal- Sasuke ficou em estado de choque, quase não conseguiu responder, seus olhos não piscaram por nenhum momento, seu corpo ficou rígido:
- Vida normal? Como? Você está sempre colocando sua vida e a dos outros em risco, você salva pessoa; luta o tempo todo, como quer ter uma vida normal?
- Eu poderia abandonar tudo isso
- Você não saberia conviver sem isso, o mundo ninja é o seu mundo, sua família vem desse mundo. Na primeira oportunidade você tentaria salvar quem precisasse
Ela segurou na borda da cama puxou- se para a cabeceira da cama, saindo de cima das pernas do rapaz:
- Eu estou sempre salvando as pessoas, cuidando e protegendo a vida de todos, estou sempre pronta a dar minha vida para salvar meu lar e todos que vivem nele- Azumy juntou as pernas à barriga e as abraçou, soltou um longo suspiro, entrelaçou seus dedos uns aos outros, a franja presa atrás da orelha ameaçava cair e fechar um dos olhos- Mas e quanto a mim? Eu sempre penso-nos outros, e eu? Ninguém cuida, protege ou daria a vida por mim? Será que eu não tenho direito de pedir uma vida tranqüila?
Sasuke observava o modo como ela agarrava as pernas e fazia força nas mãos, sua tristeza era como a água, transparente. O modo como desabafou sobre suas angústias fizeram com que o rapaz sentisse um grande arrependimento por ter dito tudo aquilo, não fazia idéia de que ela sentia esse desejo:
- Azumy, você tem esse direito, mas você nasceu para ajudar quem necessita você esta sempre um passo a frente todo mundo, superou seu pai, já liderou guerras e saiu vitoriosa, conseguiu respeito e admiração de muitos, viver fora disso é quase...
- Impossível- Ela completou – Do que adianta tudo isso, se eu não estou feliz?
- Eu não entendo; você sempre disse que sua vida era essa, missões, lutas, salvar pessoas, matar, queria ficar em função da sua vila... Adorava dizer que era uma ninja, porque esta reclamando? Esta querendo jogar tudo para os ares, porque você quer isso? Sua vida é ótima, você...
- Eu quero o que meus pais tiveram e ainda têm, uma família- Ela berrou, fazendo- o se calar e ficar completamente assustado com a reação. O modo agressivo como ela havia dito, mostrou como ele não a conhecia tão bem quanto antes. A fúria em suas palavras e a tristeza no som delas era de uma angústia agonizante:
- Família?- Ele falou tão baixo que Azumy quase não escutou
- Sim
- Por quê?
- Porque eu quero ter o que meus pais tiveram alegria de se casar com quem ama ter uma casa e decorar do jeito que quiser, e ter a maior benção de todas, um filho... Viver!
- O quê?... Você sempre achou tudo isso uma grande bobagem, dizia que ia sempre ser só, não queria se casar e muito menos ter filho, não queria... –Ele abaixou a cabeça como se algo retomasse na memória e o acertasse em cheio, algo triste e doloroso. Suas mãos se fecharam contra suas pernas, os olhos estavam semi fechados e os dentes quase a amostra roçando- se um no outro - Não queria uma cerca branca
Azumy que encarava o lençol do colchão após ouvir aquelas palavras ergueu a cabeça e o olhou com surpresa. Engoliu em seco e respirava aceleradamente, seus sentidos despertaram, uma lembrança da juventude voltou como um flash em sua memória, só conseguia lembrar-se das palavras:
(Lembranças)

# - Casar é para idiotas que têm medo de viver sozinho, e também casar leva a filhos e filhos levam a dor de cabeça, não. Eu não quero uma cerca branca
- Mas pode não ser do jeito que você imagina isso se for acontecer com o amor da sua vida, pode ser bom
- Não! Admiro-me de você Sasuke, antes você concordava comigo, por que mudou de idéia?
- Por nada, eu apenas pensei, mas acho que seria bom
- Há! Há! Há! Fala sério #

A última frase pairou sobre seu pensamento, um riso de deboche e o modo como falou, era como se estivesse jogando ao fogo sonhos de uma criança. Seu corpo pesou, finalmente havia entendido:
- Eu... Eu disse isso, quando tinha 15 anos
- Sim – Ele ergueu os olhos com tristeza e analisou seu rosto - Naquele dia eu estava muito feliz, por que...
- Por quê?
- Porque eu ia perguntar se você aceitaria casar comigo um dia- Ele abaixou a cabeça e suas duas mechas de cabelo cobriram seus olhos. Azumy fico de boca aberta, nunca notará que aquele dia tinha destruído a esperança dele, falou tão orgulhosamente que não queria compromisso que nem notou que era isso o que ele queria com ela; por isso disse que seria bom ter alguém:
- M- me desculpe... E- eu não sabia- Respondeu gaguejando ainda sem reação
- Esquece
- Não, não fazia idéia de que seria isso, eu nem notei
- Eu sei
- Eu sinto muito
- Foi culpa minha, eu conhecia bem seu jeito e como pensava sobre esse assunto, foi besteira minha
- Não foi não
Ele levantou a cabeça e a virou para o lado e olhou para Azumy que estava com um sorriso no rosto:
- Eu tive culpa, se fosse menos durona e chata teria percebido, se tivesse o jeito da Hinata com certeza aceitaria
- O que?
- Queria ter um jeito mais delicado e gentil, assim certos momentos em minha vida eu saberia decifrar- Com a mão esquerda tocou o rosto do rapaz suavemente e sorriu, virou a cabeça para o lado e sua expressão era igual ao de uma mãe quando vê o filho:
- Delicada e gentil? Mais do que é? Você é hiper feminina, poderia não ser tanto antes, mas agora me surpreende em cada toque
Ela suspirou, colocou os dois pés no chão e levantou, segurou os próprios braços e caminhou lentamente ate a janela.

Continua....