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História Meu trabalho - Capítulo Único


Escrita por: 0rmalux

Notas do Autor


Yeeeeeeyyy
Finalmente alguém tomou vergonha na cara pra começar a postar algum dos escritos ;w;

Tentei fazer algo em uma perspectiva diferente, espero que gostem <3 Boa leitura!!!!

Capítulo 1 - Capítulo Único


Fanfic / Fanfiction Meu trabalho - Capítulo Único

Eu vou lhes contar sobre o meu trabalho, ele não é um trabalho qualquer... É um trabalho raro e existe somente uma pessoa que pode fazer ele, e felizmente ou infelizmente, essa pessoa sou eu.

Meu trabalho é simples, tudo o que eu preciso fazer é buscar as pessoas, fácil, certo? Não é como se eu precisasse de um gps ou mapa para ir até elas, elas não me chamam também, então vocês se perguntam, como eu sei qual é a hora de buscar as pessoas? Simples! Existe a hora de cada um e eu sou aquele responsável por isso.

Isso... Você entendeu certo, você já sabe quem eu sou.

Eu sou a morte.

E existe alguma dificuldade em exercer tal função? É compatível com a minha personalidade eu diria, apesar de quê, ela apenas existe por ser eu aquele que cumpre tal papel. Não sei exatamente como me tornei isso, algum pecado? Eu sou especial? Não acredito que seja isso.

A esse ponto vocês devem estar se perguntando como eu me pareço. Um esqueleto encapuzado com vestes pretas? Passou longe. Eu sou comum, como todos vocês... Corretíssimo! Eu sou um humano, um homem especificamente, como qualquer um, sem parte falhas ou em falta, sou plenamente conservado.

Eu não vivo no céu ou no inferno, não existe um barco velho de madeira caindo aos pedaços para que eu possa leva-los até ao seu respectivo destino. Não navego por um rio amarelado, fervente ou lavas incandescentes.

Já disse e repito, eu sou comum, como todos vocês. A única diferença é que eu posso leva-los em um lugar terrível, um lugar que vocês nunca podem ter certeza sobre, um lugar que todos temem e anseiam por conhecer, posso conduzi-los até o paraíso. Eu gosto de pensar que é o paraíso ao menos... Eu nunca estive lá.

Imaginem-me como um homem esguio, que anda vagarosamente e cabisbaixa, eu sou aquele que vocês ignoram, aqueles que vocês julgam, eu sou o estranho, o solitário, a alma perdida, eu sou várias e várias coisas. Eu sou um homem obscuro, sem vida, uma aura negra anda ao meu lado e consome cada parte do meu corpo, eu não sinto nada.

Se eu sinto prazer em fazer o que faço? Eu já lhes disse: eu não sinto nada. Absolutamente nada, zero. Eu gosto de sentir nada? Eu não sei! Diachos! Eu já lhes disse, eu não sinto nada, como eu posso gostar de alguma coisa?

Existe, entretanto, apenas uma coisa pela qual eu me interesso, eu não tenho certeza se isso faz parte do meu trabalho ou não, eu observo as pessoas, é isso, eu gosto de observa-los. Eu não sei exatamente por que, talvez por quê depois eu saiba que vou me lembrar deles quando for busca-los.

Pois é... Eu me lembro, me lembro exatamente de todos eles.

Desde a criança que mal chegou a 4 meses de vida até a velhinha que resistiu com câncer pelos familiares até os 85. Não dói, não é prazeroso, é apenas curioso.

A curiosidade é a única coisa que me instiga nos meros seres humanos. Ah! Eu não deveria me referir a seres humanos, não é mesmo? Afinal eu sou um deles, eu apenas não sou “vivo”?

Eu me lembro de morrer, não de como foi porém. Eu morri, era gelado, neve caia sobre o meu corpo e flocos de neves ajustavam-se nas minhas pálpebras e elas cederam e fecharam-se. Eu vi o negro, uma tv desligada. Minha vida havia sido desligada e essa foi a última vez que eu senti, incrivelmente, eu não me lembro dela.

Eu espero que não tenha sido assassinado, espero que não tenha tido uma família, filhos, amores ou sido alguém importante. As pessoas me veem, quando elas sabem que é a hora delas, elas conseguem me ver e no momento decisivo, eu vejo suas memórias, uma curta-metragem da vida de todas elas, guardo todas em um arquivo separado.

Fico em um quarto acinzentado, sozinho, não há comida, banheiro ou cama. Não é como se eu precisasse, eu não tenho necessidades por não estar definitivamente “vivo”, meu corpo se mantem em homeostase, eu não sinto dor. Por curiosidade, meu hobbie favorito, já tentei fazer algumas coisas que pareciam ser dolorosas, horríveis e estranhas com o meu corpo, nada funciona, tudo se cura instantaneamente. Acredito que estou destinado a isso, a vida de uma forma “morta”.

Então, o meu trabalho funciona de uma forma clara. Eu vivo em um apartamento no mundo de vocês. É, outro segredo e algo que nenhum de vocês esperam, eu vivo e ando entre vocês. Engraçado, não? Não se sinta mal, não existe algo do tipo, caso você me encoste ou faça contato visual você morrerá. Cada um tem a sua hora, aliás, vocês sabiam que são vocês que me dão a hora? É cômico, aposto que estão surpresos com a notícia. Funciona assim: existe uma chama dentro de cada ser vivo, quando ela se apaga, eu chego. É uma chama de esperança, a ambição de viver, um por quê, uma razão, quando ela acaba, ela morre e se torna cinzas e eu apareço, é nesse momento que vocês conseguem me ver. Eu sou um cara simpático, vocês vão ver.

Voltando ao assunto... No meu apartamento, existe apenas eu, uma cadeira preta de couro desconfortável, onde minha bunda afunda, uma mesa de madeira gigantesca, várias câmeras dispostas em monitores, é como ver filme 24 horas por dia, eu vejo a vida de todos vocês, é fascinante, tudo mesmo, até momentos íntimos. *Risada*

Não se iluda, eu não me importo com vocês, com suas memórias estúpidas ou momentos especiais. Eles não me interessam, eles apenas vem até mim, não existe um outro caminho.

No meu quarto também há um outro cômodo, ele não parece ter fim, eu não tenho certeza se ele tem um fim. É uma sala branca de azulejos com extensos armários cheios de pastas e mais pastas, enumeradas por anos, iniciais, tipo de morte, entre outros. Dá um trabalho danado arruma-las. Ainda bem que não sou eu quem faz isso, os meus olhos se movem tão rápido que chegam a doer, isso é possível?

Existe uma velha senhora que aparece pra varrer o chão as vezes, ela é sorridente, pequena e baixa, corcunda e usa sempre roupas floridas e rosadas, ela exala vida. Sei apenas que seu nome é Amélia. Ela não é burra, sabe das câmeras e evidentemente deve saber ler, então sabe do que faço... Eu não sei o que ela é. Aliás, nem eu mesmo tenho certeza do que sou.

É monótona a outra parte, eu apenas observo, espero, vou e levo vocês.

Verdade... Eu não cheguei a explicar como eu levo vocês. Não vai ser difícil explicar ou entender essa questão, mas é algo que vocês jamais imaginariam. Eu sou como um taxista do inferno/paraíso? *Debocha* Ou o termo certo seria uber? O meu trabalho é gratuito no entanto. Parece meio estúpido considerando esse lado. Eu deveria reclamar? Mas, pra quem eu reclamo? Eu nem mesmo sei se eu tenho algum chefe. E se existirem outras pessoas além de mim? É mesmo muito trabalho pra apenas uma pessoa.

Bom, eu ainda tenho algo mais estranho ainda pra contar pra vocês. Acima de tudo, isso é bastante curioso, eu aposto que vocês gostam de mistérios, assim como eu. Quem não gosta? A curiosidade é incrível.

Quando eu vou busca-las, as pessoas tendem a fazer a mesma coisa sempre, é entediante. Eles se assustam com a minha escuridão, meus olhos são opacos, eu visto apenas preto e minha cara esbranquiçada deixa tudo mais estranho por eu parecer um fantasma quase transparente e sem cor. Seus olhos se arregalam, eles se ajoelham, imploram por misericórdia, dizem que tem uma missão a cumprir, que estão com medo, que não estão prontos e eu tenho de arrasta-los.

Ah! Como seria tão mais fácil se eles me acompanhassem por si sós. Eu praticamente preciso por uma coleira e puxa-los, mesmo assim eles usam de suas forças restantes para permanecerem. Eles não entendem por que eu vim? Eles desistiram, é por isso. Humanos “vivos” tolos.

Porém, agora vem a parte interessante do meu trabalho. Durantes anos incontáveis de vítimas do meu trabalho, nada diferenciado havia aparecido, eu estava prestes a ceder, quase aceitei que não aconteceria algo diferente, que provocasse minha curiosidade. Esperançosamente, esse dia finalmente chegou.

Eu estava ocupado demais pra ter certeza de como começou o ocorrido, eu “vivo” ocupado. Era uma garota jovem, prestes a ser assassinada, o monitor apitou, e no momento que ele apita, você tem certeza de que vai acontecer, é como uma bola de cristal inteligente. Então, me preparei e fui busca-la, quando cheguei ela estava sozinha, cheia de sangue e esfolada, jogada ao meio de pedras e quase desnuda. Estava cheia de lama, provavelmente havia sido enterrada viva e então sufocada até a morte, apenas o seu espírito vagava por lá no momento em que eu cheguei.

Ela estava estável nas pedras, observando o céu em pé, sem expressão evidente no rosto. Quando eu cheguei, inesperadamente, ela pode me ouvir, incomum já de início. Sua expressão não vacilou ao me ver, ela continuou me observando com certa, curiosidade? Então éramos dois. Aproximei-me dela, prestes a dizer algo, minha voz provavelmente a assustaria, era quase como um programa computacional, era grossa e parecia ecoar no ar.

Eu não precisei dizer nada. Ela sorriu e assentiu com a cabeça. Ela sabia que era a hora dela e ela concordou e sorriu? Como? Como...? Isso pode mesmo acontecer? Não havia nenhum tipo de ação que eu pudesse fazer pra esse tipo de situação, não era rotineiro.

Foi ai que eu percebi que isso me incomodou... Eu já não gostava mais do incomum como antes.

Com uma dúvida em mente, virei as costas e segui pisando nas pedras, quase sem fazer som. Eu era humano presencialmente apenas em situações específicas e essa parecia ser uma delas. Quem era ela pra me tornar um humano “vivo” temporariamente?

Quando virei-me para consultar, ela vinha caminhando calmamente atrás de mim... Sem fazer barulho algum. Ela era um espírito, mas eu não era no momento. Eu apenas vinha fazer meu trabalho, então quem eu era? Quem eu sou nesse momento? Eu sei que sou a morte com absoluta certeza.

Ela me seguia como um cão, mas sem a necessidade de ser puxado. Que chato... Minhas expectativas falharam? O comum agora é incomum? Quanta confusão pra uma cabeça que não sente vontades ou gosto além da curiosidade.

Como diria meros humanos “vivos”, a curiosidade matou o gato... Eu já estou morto porém. Caminhei com ela até o apartamento, adentrei a sala dos arquivos com ela logo atrás e fomos para a porta de “saída”, nada em especial sobre ela, apenas uma porta preta. Não, não há uma porta preta escrita inferno e uma branca escrita céu. Não sou eu quem escolho isso, se é que isso existe.

Entramos, o escuro tomou conta dos meus olhos e dos dela, eu pude vê-la fechá-los por um instante até se acostumar. Quando esta abriu-os, lá estava o escuro e o meu táxi para leva-la.

Entrei, coloquei as chaves, ela é apenas uma passageira, sentou-se atrás e não disse nada. Estranho... Eles normalmente dizem, pedem pra onde vamos e tentam sair do carro. Ela sentou-se com as mãos nos joelhos calmamente e fixou o olhar para o escuro no além. Liguei o carro e comecei a caminhada até onde eu sentisse que fosse sua hora.

Andamos pela escuridão sem caminho certo, nunca houve um, era apenas o escuro, o carro, o passageiro e a hora, que era então quando eles dissolver-se-iam para seus respectivos caminhos. Horas, horas e mais horas. Havia algum problema? Mas o que eu poderia fazer, não havia ninguém para comunicar, reclamar ou pedir ajuda. Isso era apenas responsabilidade minha.

— Você vai me levar pra algum lugar bom, moço? – A sua voz dócil ecoou em meus ouvidos.

Rapidamente voltei-me com os olhos para sua direção, ela parecia sorrir com os olhos, eu conseguia ver o sentimento e coração das pessoas, o dela estava...Vivo.

De repente o carro sumiu, nós dois estávamos parados na escuridão e apenas a porta aberta deixava uma pequena fresta de luz entrar, parecia que a luz aproximava-se vagarosamente mais de nós, como se puxasse nós para o seu conforto, para a sua vida.

Eu devo ter cometido um erro. Em algum momento eu pensei que aquela mulher estava viva, que seu coração batia mesmo em espírito, que seu sorriso era porque ela desejava morrer, mas... ela estava viva e ela tinha consciência disso. Porém a única pessoa que poderia deixa-la viver... Seria eu, inconscientemente eu tive a curiosidade de vê-la viver, acompanhar a sua vida.

Eu desejei pela primeira vez e... Isso se tornou real. A mulher estava viva, vendo a porta e estava calma. Eu falhei, eu deixei ela partir e retornar para sua vida, eu dei uma vida no lugar de tira-la.

Eu sou a morte mais deficiente possível.

Tornei-me uma morte sensível? Emotiva? Que sente? Eu não quero isso.

“Eu não quero isso”? Eu quero coisas? Quando eu passei a não querer ou querer?

O ar... Eu sinto, os batimentos cardíacos, minha barriga se mexer, a luz forte nos meus olhos, meu corpo dói, eu sinto fome, sono, tudo o que eu jamais senti antes.

Eu estou vivo?

Não... Eu sou a morte! Eu gosto de ser a morte! É meu dever ser ela. Somente meu, e se necessário, eu vou ser aquele quem vai tirar a vida dessa falha, porque eu sou o sucesso.

Eu vou busca-la, eu vou escolher a sua hora. Vou me tornar a morte que mata, não que leva.

E ela vai saber, ela me conhece, sabe o que eu sou por que... Ela é a vida, ela luta, mas perde apenas para uma pessoa e este sou eu.

 

(...)

 

Afinal, eles sabem, todos eles sabem que no final, eu vou estar lá.

Eu vou ser aquele que vai busca-los. Portanto, você aí, todos vocês, estejam atentos, vocês também vão saber, lembrem-se de mim. Eu sou aquele que vai busca-los, não sorria para mim, eu detestei conhecer o incomum da curiosidade, eu vou mata-los também e não me importa se vocês são meras vidas espalhadas por aí, eu não gosto de sentir, não gosto de cores, aprendi que no fim das contas, não gosto de muitas coisas e uma delas é isso: a vida. 


Notas Finais


É isso!!!! E aí? Curtiram? Espero que sim!!! Daqui mais um tempo eu volto pra publicar alguns trabalhos já feitos e pretendo continuar postando sem parar <3 Obrigada por lerem *w*


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