História Meu verdadeiro amor - Droga...!

- Q-que? - Laura gaguegou.

- É isso mesmo que você ouviu. Eu estou namorando.

- Ow… Eu não sei o que dizer. Meus parabéns. - soou como uma pergunta.

- Obrigado.

- E quem é?

- É Loran. - falei um pouco sem graça

- Ah… Loran. Aquele garoto misterioso?

- É, esse mesmo.

- Não sabia que já estavam tão próximos. Você disse que eram apenas conhecidos.

- Éramos, mas ele me pediu em namoro.

- Quando?

- No dia da festa.

- No dia da festa?! No dia que você sumiu pra ficar com ele?!

- Foi uma coincidência. - me defendi.

- Bela coincidência, não? - se virou.

- Laura… Eu Juro.

- Olha, Celeste. Eu fiz compras com você, te levei na festa com toda boa vontade, te fiz companhia, pra quê? Pra você fugir com um garoto ridículo?! - paralisei e arregalei os olhos. Eu queria dizer milhões de coisas. Eu não queria nada disso. Não queria compras muito menos festa, e eu deixei bem claro pra ela. Por que ela estava duvidando de mim assim? Respirei fundo enquanto a encarava.

- Se é isso que pensa de mim, não sei o que faz comigo. - neguei com a cabeça e sai dali. Me senti horrível, mas por que não consegui falar o que eu estava sentindo? Mas que droga!

Quando tive certeza que ela não me via corri o mais rápido que pude para algum lugar onde ninguém me visse chorar. Algumas lágrimas já escorriam pelo meu rosto, mas eu tentava detê-las o máximo que podia.

Eu só que queria que ela corresse atrás de mim, me abraçasse e me dissesse que tinha cometido um erro. Eu a perdoaria sem pensar duas vezes. Mas pelo que parecia ela não iria vir…

Sinto minha cabeça bater em algo. Eu senti vontade de xingar a bela tralha que impedia meu caminho, logo minha vontade incensiavel de chorar.

- Desculpe… Você está bem? - ouço alguém dizer.

- Ah, sim. Estou.

- Não parece. Tem certeza?

- Tenho.

- E por que seus olhos estão cheios de lágrimas?

- Eu bati no seu peito. Alguma coisa deve ter entrado no meu olho, provavelmente um cisco. Nada se mais, não se preocupe.

- Então vamos no banheiro lavar esse cisco. - senti vontade de negar e simplesmente sair correndo dali, mas algo não deixava, Talvez minha educação… e como eu a odiava nesse momento. Foi aí que olhei a pessoa que estava me guiando. Um garoto um pouco mais alto que eu, de olhos negros cobertos por seus óculos e pele da mesma cor. Seu sorriso era grande. Foi aí que percebi que ele rodeava seus braços por trás de mim e sorria para me passar confiança. Abaixei meu olhar e o deixei me guiar.

Chegando no banheiro nós paramos e ele me disse que eu entrasse e lavasse meu rosto. Ele não podia entrar, já que o banheiro era feminino.

Eu me encarei no espelho e meus olhos estavam vermelhos. Droga! Eu nem ao menos tinha chorado.

Lavei meu rosto e me escorrei na pia, torcendo que quando eu saísse ele já não estivesse mais lá.

Respirei e inspirei.

- Força, Celeste! - falei com meu reflexo.

Sai devagar, com passos lentos e olhos atentos. Sem sinal do tal garoto.

- Está melhor? - ouço uma voz e me assusto, colocando a mão no coração.

- Estou. Estou sim. Bem, não que eu estivesse mal, não… Como eu havia falado só tinha entrado um cisco no meu olho.

- Ah é?

- É sim, claro que é. Bem, eu agradeço, mas tenho que voltar para a sala de aula. - ele pigarrou. - sim?

- Ainda faltam trinta minutos para o intervalo terminar. Acho que não leva mais de dois minutos daqui para a sala de aula. - ele se aproximou e estendeu a mão. - acho que podemos começar nos apresentando. - apertei sua mão.

- Me chamo Celeste. Prazer.

- Bonito nome. Me chamo Russian.

- Oh… Russian. - que nome estranho…

- Bem, se quiser podemos conversar.

- Ah, não, minha amiga está me esp… - parei no meio da frase, me recordando da última lembrança que eu tinha dela. Logo senti meus olhos lacrimejarem.

- Tudo bem? - se aproximou preocupado.

- Tudo sim, só…- uma lágrima desceu pelo meu rosto. - bobeira da minha parte.

- Não reprima seus sentimentos. Vem, vamos para um lugar mais reservado. - segurou minha mão e me guiou.

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Fomos para as arquibancadas. Os jogadores não tinham treino hoje.

- E então, já está melhor? - falou me estendendo um copo com água.

- Sim - funguei e bebi a água.

- Quer conversar? - me incentivou.

- Não foi nada demais… Só briguei com minha amiga.

- O que ela fez?

- Ela não fez nada, só foi… Só foi culpa minha. Eu magoei ela.

- Ow. - se virou para frente e pos suas mãos entre suas pernas fechadas. - isso não é legal. O que você fez?

- Bom, eu comecei a namorar um garoto a pouco tempo. - ele assentiu. - mas no dia em que isso aconteceu eu fugi da festa que ela havia me convidado. A festa de boas vindas, sabe?

- Sei. Então é bem recente, né?

- É sim. Bom, eu sempre fugia da festa--

- Pra ficar com garotos?! - perguntou incrédulo.

- Não! Eu só… odeio festas.

- Ah… - relaxou. - continue.

- Bom, nesse dia eu fugi da festa de novo, mas encontrei meu amigo. Na verdade ele havia me dito que estaria lá, mas ele tinha se atrasado. Então, aconteceu que eu falei um monte de coisas pra ele pensando que ele era minha amiga--

- Pera, pera. Como você pensou que ele era a sua amiga?

- Ah… Eu… eu fechei os olhos. Naquela noite eu não falei coisas boas para ela. Não queria saber sua reação… - me encolhi.

- Ah…

- Bom, então, ele propôs que fossemos caminhar. Talvez para quebrar o clima estranho que ficou entre nós, e acabamos nos beijando… e ele me pediu em namoro. Eu estava tentando encontrar o momento certo para contar a Laura. - ele olhou confuso. - minha amiga. - ele sussurrou um "aaah".

- E por que precisava de um "momento certo"? Ela não é sua amiga?

- Laura é minha melhor amiga. Mas de uns tempos pra cá ela está estranha. - pensei alto. - mas uma das razões foi que ela tinha um crush nele no primeiro dia de aula, então eu achei meio fura olho, sabe?

- Ah, entendi. Vocês brigaram porque ela quer o garoto e você também - soou como uma pergunta.

- Não! Eu nunca brigaria com Laura por isso. Na verdade… Na Verdade meu primeiro beijo foi com Loran.

- Pera, pera, pera. Seu primeiro beijo?

- Sim…

- Quantos anos você você tem?

- 17…

- 17?! Uau, eu nunca tinha conhecido ninguém assim. - pensou. - continue.

- Ah… Onde eu parei? - pensei alto. - ah, sim. Mas depois que Laura partiu pra outro eu me senti melhor - suspirei. - mas por pouco tempo… Ontem eu meio que sumi e Laura nem ao menos se preocupou comigo. Ela meio que ficou hipnotizada por um garoto que meu amigo apresentou. No dia eu fiquei mal, mas depois repensando… Eu tive culpa. Eu não devia ter sumido.

- Mas por que você teria culpa de sumir?

- Eu não sumi… Meio que fui raptada. Meu namorado me puxou para debaixo das arquibancadas, já que nós tínhamos vindo ver o time jogar. O cara que Laura gosta joga e meu amigo ficou colocando minhocas na cabeça dela dizendo que as líderes de torcida iriam dar água e secar o suor dele.

- É, líderes de torcida fazem isso… - refletiu e depois me olhou. - ah, mas continue.

- Aí eu fiquei sentida. Ela não me procurou, nem nada. Eu podia ter sido raptada e ela estaria aqui nessa mesma arquibancada gritando por ele… - falei triste. - mas eu me arrependi de pensar assim e fui procurá-la. Mas acabei vendo ela se pegando com esse cara. O pior é que quando ela voltou para a sala não me contou nada.

- E o que você disse do seu sumiço? Contou para ela do seu namorado?

- Não… Eu disse que eu tinha tido uma dor de barriga, e ela apenas me perguntou se eu havia melhorado… eu me senti estranha, sabe? Ela não me contou nada. Então, eu decidi não contar sobre meu namoro. Parecia que ela não confiava em mim. Por que eu deveria confiar nela? Mas depois que a raiva passou eu decidi contar a ela. Percebi que não tinha motivos para esconder nada dela.

- E então ela se zangou por você não contar a ela antes?

- Não. Ela se zangou porque primeiro: eu comecei a namorar Loran no dia que fugi da festa, mas foi tudo uma coincidência. Mas ela acha que eu fugi pra ficar com ele. E segundo : porque é Loran.

- E o que tem ele ser ele?

- Bem, no começo das aulas eu demorei um pouco para chegar às aulas e depois pra chegar em casa. Ela me cobrou uma satisfação e eu contei que eu estava com Loran. Mas deixei bem claro que só éramos conhecidos.

- E agora ela acha que você a enganou desde o começo, né? - ele enfim acertou.

- É. E eu fiquei mal por ela pensar isso. Ela acha que fugi da festa pra ficar com ele e agora está com raiva de mim.

- Ah… Então por isso você estava chorando? - assenti. - não se perturbe tanto. Logo Luara volta a falar com você.

- É Laura. - corrigi.

- É. Laura, Laura. Isso mesmo. Logo ela volta a falar com você e percebe que foi tudo um mal entendido.

- Eu espero. - bufei pesado e ouvi o sinal bater.