História Meu Verdadeiro Amor - Novas Sensações e Uma Promessa

Anna andou tão rápido que nem se deu conta que estava de frente para a porta branca de carvalho de seu quarto. Ela girou a maçaneta e fechou-a atrás de si. Recostou-se à porta fechada e pousou a mão sobre o peito, mais para o lado esquerdo, onde ocorria uma sequência de batimentos desordenados.

— Mas o que... – ela balbuciou para o silêncio que dominava o ambiente – Eu quase beijei a Elsa... Ou eu beijei?

Anna traçou os dedos nos lábios e a sensação era ainda tão presente, seus lábios pareciam estar formigando.

— Será que? Elsa nunca beijou ninguém, então quer dizer que eu fui sua primeira...? Deuses! – exclamou ela, passando as mãos nervosamente nos cabelos. – Por que meu coração simplesmente não se acalma? Oh, Anna, você apenas quase beijou os lábios de sua irmã, óbvio que o coração fica assim tão inquieto! – disse para si mesma

A princesa de Arendelle balançou a cabeça positivamente como se concordasse com o que dissera a si mesma. E passou a andar de maneira inquieta de um lado para o outro com uma mão acariciando os lábios.

— Não me lembro de ter ficado tão eufórica quando Kristoff me beijou... – falou parando de repente. – E se... E se tivesse sido um beijo diferente? Como um beijo de amantes? – Ela mordeu o lábio inferior. – Espere, por que estou pensando nisso? Por que daríamos um beijo de amantes? Devo estar com fome! – ela riu de si mesma – Sim! Provavelmente é isso mesmo!

Anna foi até seu guarda roupas e apanhou vestes de dormir.

— Talvez eu deva tomar um banho antes de deitar-me com Elsa. Elsa? Será que ela ficou chateada pelo... Não foi um beijo, foi?

E lá estava ela novamente em seu monólogo a divagar.

Anna recordou do momento exato em que seus lábios pousaram na lateral dos lábios de Elsa. Em vez de afastar-se, ela permaneceu por uns instantes, o suficiente para sentir a maciez da boca da irmã. Somente isso. Os batimentos acelerados de seu coração mais a realização de seu ato fizeram-na quebrar o quase beijo e sair do local.

— Oh, não, será que eu a deixei chateada? – perguntou-se preocupada

Anna correu até a porta e fez seu caminho de volta muito rapidamente para o quarto da irmã.

— Elsa! – disse abrindo a porta bruscamente

— Anna?! O que houve? – indagou a rainha com uma expressão visivelmente assustada

Anna encarou Elsa que vestia um roupão azul claro, marcando cada parte de seu corpo.

— Belo robe... – Anna deixou escapar

Elsa olhou para si mesma e limpou a garganta.

— Obrigada. – agradeceu timidamente

Anna balançou a mão.

— Você é sempre linda, Elsa! Com ou sem robe. – ela disse e então ampliou os olhos – E-eu quero dizer... Independente da vestimenta. Pode ser um robe, seu vestido de gelo, ou roupa alguma... Espere, o que? – falou Anna confusamente

Elsa permanecia calada sem saber o que dizer. Suas bochechas estavam ruborizadas e ela observava Anna que a encarava com uma expressão envergonhada. Quando a rainha se preparava para dizer algo, a mais jovem falou primeiro.

— Sinto muito! Você está chateada comigo? – perguntou de repente – Por ainda pouco. Eu quase a beijei, na verdade eu beijei. Mas, por favor, Elsa foi um acidente! Eu queria beijar-lhe a bochecha e então... – Anna se calou e colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha.

Elsa engoliu em seco e suspirou profundamente.

— Eu sei que foi acidente, Anna. Não estou chateada com você. – respondeu, tentando disfarçar seu embaraço.

Anna soltou uma profunda respiração que nem tinha notado estar segurando.

— Não que não tenha sido agradável ou qualquer coisa do tipo, porque na verdade foi bom. Quero dizer, eu gostei de seus lábios, eles parecem bons e... – ela encarou a irmã e apertou sua mão contra a boca murmurando algo incompreensível, mas a julgar pela situação, provavelmente, se tratava de outro pedido de desculpas.

Elsa se sentia nervosa com toda a situação que estava ocorrendo. As divagações de Anna e sua falta de jeito com as palavras estavam causando sensações desconhecidas no interior do peito da rainha. A temperatura começou a cair lentamente e alarmada ela decidiu mudar de assunto. Seria muito melhor deixar o tópico do quase beijo de lado.

— Anna, você não tinha ido se trocar? – inquiriu tentando mudar o rumo da conversa

Anna deu um sorriso torto.

— Sim. Eu estava indo tomar um banho quando pensei que deveria me desculpar pelo... Pelo quase beijo... – Ela fez sinal com a mão em direção a sua boca. – Eu pensei que tinha a incomodado.

— Anna, você já se desculpou. Não precisamos mais falar sobre isso. – declarou Elsa com um sorriso educado.

Anna sentiu uma pontada de decepção em seu interior, ela não sabia exatamente o porquê, mas ela não queria simplesmente esquecer o acontecido.

— Certo. – disse tentando disfarçar seu desapontamento – Então, melhor eu ir me trocar.

Após um tempo em seu quarto, Anna retornou preparada para dormir. Quando entrou no quarto da irmã a luz estava mais baixa, vinha da lareira. Ela se aproximou da cama e deitou suavemente, evitando fazer barulhos ou movimentos bruscos.

Ela observou a irmã que parecia já estar adormecida e sentiu decepcionada por ela não tê-la esperado acordada.

— Você demorou, Anna... – murmurou Elsa com voz de sono

— Hey, pensei que você já estava dormindo... – sussurrou Anna em resposta

— Estava esperando por você. – admitiu abrindo os olhos

Anna se sentiu contente.

— Desculpe por demorar. Deixe-me ver se você ainda tem febre. – Ela chegou mais perto e tocou a testa da irmã com as costas da mão. – Ainda está um pouco.

— Quem diria que algum dia eu sentiria frio, hein? – Brincou a rainha aconchegando-se mais ao cobertor.

— Eu posso ajudar com isso. – declarou Anna

Ela se envolveu no cobertor de Elsa e a abraçou na cintura.

— Eu sou quente. Posso aquecê-la.

Elsa soltou uma respiração mais afiada com o contato tão próximo.

— Tudo bem se eu ficar assim? – perguntou Anna

A irmã mais velha não respondeu de imediato. Ela até queria, mas seu nervosismo a deixara em uma incomum falta de palavras. Seu corpo ficou tenso e Anna percebeu.

— Hey, tudo bem, Elsa. Você pode relaxar comigo. – falou suavemente

Elsa engoliu nervosamente e tentou relaxar no abraço da irmã. Após algumas respirações profundas ela sentiu sua tensão esvaindo e seu corpo ficando mais leve. E, ao relaxar no contato ela concordou, mentalmente, com a afirmação de Anna. Seu abraço era quente e aconchegante.

— Desculpe, Anna, eu ainda não tenho muita habilidade com contato humano tão próximo. Mas eu gosto muito de seu abraço. – revelou com um sorriso sincero

Anna abriu um grande sorriso e apertou-se um pouco mais contra a cintura de Elsa.

— Eu também amo seu abraço! E não se preocupe. Temos muito tempo para resolver essa dificuldade de contato humano. Eu serei aquela que fará você superar essa barreira! – falou animadamente – Essa e qualquer outra!

Então elas riram em conjunto.

Agora abraçadas. Elas curtiam a sensação de tranquilidade e serenidade que dominava o ambiente. Aquele dia havia sido singular. O dia mais especial na vida de Elsa, o aniversário de Anna, não tinha saído como o planejado, entretanto a razão pela qual seus planos não se concretizaram fez que com o dia fosse ainda mais inesquecível. Seu resfriado fizera com que elas tivessem uma noite como nunca tinham tido antes.

Elas estavam juntas e isso era o que mais importava. Teriam uma vida inteira pela frente para fazerem muitas coisas em companhia uma da outra. Agora Elsa tinha tempo e oportunidade para preparar um mundo de surpresas para a irmã. Nada mais atrapalharia. Ela não permitiria. Anna não permitiria. E com esse pensamento ela fechou os olhos lentamente e murmurou em voz baixa.

— Amo você, Anna. E prometo que me redimirei pelo dia de hoje.

Anna encaixou o rosto na curva do pescoço da rainha.

— E eu amo você, Elsa. Não há o que redimir, o dia de hoje já foi mais que perfeito! Mas irei cobrar sua promessa. – sussurrou em resposta