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História M.i.a - Hole in my soul


Escrita por: nyymeria

Capítulo 4 - Hole in my soul


De noite era quando ficava mais difícil. Naquele tempo em que o céu vai ficando laranja e começa a escurecer e esfriar. Quando Teddy voltava do quintal para que eu desse banho, janta e lesse uma história para ele. Era nesse horário que minha ferida começava a latejar.

Eu ainda esperava que a porta fosse aberta e Harry entrasse por ela, se ele o fizesse, eu juro pelo meu sangue que não faria perguntas, não diria nada. Apenas o abraçaria, cuidaria das feridas se tivesse e nunca mais o deixaria ir.

▫️

Coloquei o mapa que Teddy havia tirado do guarda roupa aberto sobre a mesa. O caderno com capa de couro ao lado. Marquei com a minha pena tinteiro os lugares anotados nele e fiquei um bom tempo analisando, tentando adivinhar qual cidade ele visitaria primeiro, quantos dias estaria ficando... ou se... Balancei a cabeça em negação. Harry estaria bem.

Ainda assim, tudo que eu tinha ainda era pouco, não iria conseguir adivinhar aonde meu marido estava com apenas alguns rabiscos e um pedaço de papel. Foi então que coloquei minhas vestes e ajeitei Teddy para sairmos.

- Eu prometo que volto, antes de anoitecer. - Respondi, mas o garotinho não soltava meu casaco de jeito nenhum.

Me ajoelhei, olhando diretamente pros meus pequenos olhos doces.

- Não quero que você vá, não quero ficar com a vó Molly. - Resmungou.

- Mas, seus amigos estão aqui... Tia Ginny iria te ensinar quadribol, você mesmo me disse que estava empolgado. - Sorri, tentando passar confiança, mas Teddy apenas balançou a cabeça.

- Eu estava, mas só se você ficasse me olhando para não cair da vassoura. - Sua sobrancelhas estavam franzidas.

- Você fica se eu prometer trazer uma caixa nova de lápis de cor? Aquela grande que vimos da última vez.

- Não! - Teddy bateu o pé em uma característica óbvia de birra. Seus olhos já estavam marejados e eu sem ideias. Molly interveio.

- Certo, talvez Draco possa deixar algo como garantia.

Nós dois nos olhamos sem entender.

- Algo que faça Draco ter que voltar para buscar de qualquer forma.

- Sua varinha! - Teddy disse de imediato.

Molly riu.

- Não tão essencial, Teddy.

O garoto mordeu o lábio. Eu esperei que ele dissesse o que queria.

- Então... deixa o seu anel, o que o tio Harry te deu.

Não era a da minha aliança que a criança dizia. Era sobre um anel quadrado de prata, com uma pequena serpente enrolada nele. Harry me deu quando começamos a namorar, nunca mais tirei do meu indicador. Teddy sabia que a primeira coisa que eu vestia assim que acordava era o anel. E que eu realmente iria vir buscá-lo em algum momento.

Com um pouco de esforço, girei o anel e coloquei em seu dedão. Teddy brilhou o olhar como se estivesse segurando algum tipo de tesouro precioso e me abraçou pelo pescoço. Eu retribui e sussurrei que ele se comportasse até que eu estivesse de volta. Ele concordou e correu até a porta de Molly para se encontrar com as outras crianças.

Weasley, que tinha seus cabelos ruivos lotados de fios brancos, me abraçou antes que eu aparatasse.

- Não o abandone aqui, Draco.

- Eu só estou indo ao Ministério. Nada vai acontecer.

E parti.

▫️

Potter tem uma secretária, sensual demais para o seu próprio bem e eu a odeio. Não por ela ser bonita, mas porque eu não sou capaz de lidar com pequenos sentimentos embaraçosos como ciúmes. Jasmine é educada demais, doce demais, fala manso demais e tem grande devoção por meu marido.

- Eu arrumei todo o escritório do Auror Potter já que o Senhor não conseguiu vir aqui para fazê-lo. - Respondeu entre respirações rápidas. Percebi que era hábito o seu nervosismo quando eu estava por perto.

Retribui a alfinetada com um olhar. A garota passou a me seguir em cada passada que eu fazia pelo cômodo. Me contando todos os detalhes da sua faxina espetacular, e repetindo Auror Potter sempre que lhe era possível. Eu aposto que ela gostaria de fazer isso na cama com ele.

O pensamento fez meu sangue subir até a cabeça e me deixar tonto de raiva.

- Auror Potter... ele faz muito falta.

- Pare de chamar meu marido desse jeito. - Minha voz saiu mais grossa do que eu queria que saísse. Jasmine ficou parada no lugar, mas não abaixou seu olhar para mim.

Cruzei meus braços em frente dela. Esperei que me dissesse algo, que provavelmente ela estaria planejando dizer há tempos, sobre como ela era uma boa secretaria sempre deixando os pergaminhos do Auror Potter em ordem para que ele não se estressasse ou sempre trazendo seu chá na hora certa. Como se isso fosse fazer apagar todo o cuidado que eu tive com ele a vida toda. 

- Qual sua casa em Hogwarts, Jasmine?  - Perguntei.

- Corvinal. - Respondeu. Soltei um curto "ah" com a boca, sim, talvez eu me lembrasse dela pelo castelo.

- Certo, então você é inteligente o suficiente para entender que meu marido está desaparecido e que não são necessárias suas habilidades como secretária nesse andar. Obrigado, você estará dispensada.

Vi o rosto de Jasmine ficar vermelho e sua boca tentar articular alguma palavra, mas a garota só gaguejou.

- Isso não é uma demissão, meu bem, ainda não tenho poder para isso. Mas tenho coisas a resolver aqui então pode sair, por favor? Preciso ficar sozinho.

Me virei de costas para a estante de livros que ficava ao fundo do escritório e quando me virei de volta a garota na estava mais lá.

▫️

Não sabia o que realmente estava procurando. Não havia qualquer outro sinal, a mesa estava como ele mesmo havia deixado. Pena dentro do tinteiro, porque ele era muito preguiçoso para apenas guardar no lugar. Um exemplar do Profeta não lido, uma foto nossa sorrindo para mim. Eu não tinha o que procurar, parecia que ele havia cuidado de tudo para que eu não desconfiasse.

Segurei a nossa foto e sorri sozinho. Eu amava tanto Harry que até agora, anos depois, me fazia sorrir bobo toda vez que eu o via ou escutava seu nome. Eu amava seu nariz de bolinha, o tom escuro da sua pele e seu cheiro, todos elogiam os olhos do meu marido e sim são como dois faróis acesos que sempre me guiaram para casa, mas Harry tem um cheiro forte e confortável como a chuva deixa depois que cai em um dia quente.

Essa falta me doía.

Meu corpo sacudiu com um soluço, abracei o retrato junto ao peito. Quando abri os olhos novamente, Hermione estava ajoelhada ao meu lado.

- Você ficou daquele jeito de novo. - Ela sussurrou.

Comecei com essas crises quando começamos a fugir de Voldemort e seu exército. Não conseguia controlar, era como se desligasse alguma chavinha no meu cérebro e eu apenas parasse de pensar. Estou de olhos, escuto algumas vezes, mas minha voz não sai, meus olhos não focam, eu fico vazio.

Fiz alguns exames no St. Mungus mas não é como se fosse uma doença que me levará a algo pior. É mais uma mecanismo de defesa, quando estou muito assustado ou pensando demais, meu corpo desiste.

- Quanto tempo durou? - Perguntei.

- Alguns minutos, eu acho - Ela respondeu, me servindo um copo com água. - Te encontrei assim e então te trouxe para cá.

Tomei a água devagar, olhando para Hermione que apertava suas mãos uma na outra. Era engraçado como algumas vezes ela se dirigia a mim como realmente, Hermione Jean Granger-Weasley, Ministra da Magia e em outros ficava receosa de me olhar nos olhos como se eu fosse devorá-la. Pousei o copo nas minhas pernas.

- Certo, o que você quer me dizer?

- Encontraram.

Meu coração estava batendo no meu ouvido agora.

- O que? O que encontraram?

Hermione engoliu seco.

- A varinha de Harry e algumas peças de roupas destroçadas. Queimadas... - Ela tinha as mãos no rosto, balançando devagar em negação.

- Aonde?! - Eu estava gritando.

Hermione gritou de volta.

- EU NÃO SEI! Draco, eu não sei! - Soluçou. - Eu não quis olhar, eles... tinha sangue e... eu não sei, por favor... eles deram como caso encerrado. Harry está morto.

Tum-Tum. Meu cérebro queria parar novamente, eu sentia todo meu corpo endurecer. Tum-Tum. Eu ainda precisava de um corpo, mas Hermione parecia tão perturbada, ela já havia me dado tudo que podia nesses meses. Aquilo era real.

- Hermione...

A mulher segurava meus braços, mas eu não queria me soltar. Precisava de alguém pra não me deixar cair.

- Draco, eu sinto tanto.

- Hermione, não...

- Fique comigo, sim? Não se vá.

Tum-Tum

▫️

Me disseram que eu fiquei três dias em estado catatônico. Não me lembro. Na minha cabeça eu ainda estava no dia em que Hermione havia me contado o que aconteceu e então nós pulamos para essa cama de hospital e esse cheiro azedo de poções e gente doente. Me contaram também que perdi o funeral do meu próprio marido. Não me contaram mais nada sobre a morte dele.

A enfermeira examinou meus estados vitais e fez perguntas sobre mim e minha família que eu respondi de imediato. Minha mãe estava no quarto quando eu acordei, mas agora ela não estava mais. Eu não sei ao certo se ainda fico paralisado de tempos em tempos, mas é confuso porque Teddy estava desenhando aos meus pés e era de tarde, agora as estrelas estão brilhando pela janela e eu estou deitado.

Quando amanheceu novamente, me perguntaram se eu queria receber visitas, poderia ter negado a unica pessoas que eu queria e gostava que ficasse comigo era Teddy. Mas ele só viria mais tarde. Ron veio ao invés disso e tentou me fazer rir, perder o melhor amigo fez dele uns dez anos mais velho e quando ele ria, uma pocinha de água se formava embaixo dos olhos. Hermione também veio, desembaraçou meu cabelo e perguntou se queria algum alimento diferente do hospital. De repente me deu uma vontade desesperadora de torta de maçã. Isso fez ela sorrir. 

Um pouco mais tarde, quando eu já estava conseguindo me comunicar melhor e bater o pé para ir embora, recebi uma última visita. Jasmine. Eu havia me esquecido completamente como a tratei mal naquele dia e me sentei com a postura ereta.

- Olá. - Ela disse, suavemente. Acenei com a cabeça.

- Você está melhor do que dizem por ai. - Ela disse novamente, sorrindo.

- Imagino como devo estar sendo visto lá fora.

- Estão dizendo coisas como você ter ficado louco e cortado seu cabelo com uma faca.

Segurei meu rabo de cavalo com a mão. Eu nunca faria isso.

- Estou acostumado com as fofocas. - Disse, ao que Jasmine concordou.

- Eu só queria te dizer que, junto com você também acreditei que Sr. Potter ainda estava vivo e eu sinto muito.

Abaixei a cabeça, sentia meu corpo querer parar de novo. Jasmine engoliu seco.

- Vim também deixar isso. Harry pediu para que eu guardasse comigo para não perder mas eu acho que ele só não queria que a pessoa errada encontrasse. É trouxa.

A garota estendeu uma pasta cinza para mim. Dentro havia passagens aéreas para todos os lugares. Reconheci algumas cidades no papel, as mesmas naquele caderno de couro. Olhei para Jasmine que deu de ombros para mim.

- Talvez ele só foi dar uma volta sem que ninguém o seguisse.

▫️

"Peanut,

Sei que agora você deve estar com raiva de mim por eu ter te levado para a Toca enquanto dormia. Precisei sair muito cedo e não quis te acordar.

Você vai ficar alguns dias com a Sra. Weasley, mas assim que a Vovó Andy chegar você poderá ir com ela se quiser, tudo bem? Não se esqueça de explicar a vovó como você gosta do seu chocolate antes de dormir e por favor, guarde seus brinquedos e não fique muito tempo do lado de fora. Lembra do que o doutor te disse, sim? Seu organismo é especial, por isso não funciona como o das outras crianças. 

Não fique tão magoado comigo, voltarei logo e vou trazer Dada Harry junto. Prometo.

Seja um bom menino, já estou morrendo de saudades.

Todo seu,

Draco."

▫️◼️▫️

 

 


Notas Finais


Desculpa qualquer errinho e espero que tenham gostado!


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