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História Mil Acasos - Em briga de marido e mulher


Escrita por: MxrningStar

Notas do Autor


Olá, gente, tudo bom com vocês?
Eu vim postar esse capítulo hoje e não no domingo, porque amanhã não terei tempo, então só estou adiantando.
Queria agradecer todos os comentários no último capítulo. Vocês não têm ideia do quanto o retorno que dão incentiva e é importante pra gente continuar escrevendo. Compartilhem suas ideias, teorizem, porque dá um gás pra quem cria as histórias, gente. Fica a dica rsrs.
E muito obrigada mesmo pelo retorno. Fico feliz que vocês estejam gostando.

E vamos ao capítulo de hoje. Sobre ele: sra. Lambertini Mondego.

Capítulo 19 - Em briga de marido e mulher


- Você está me seguindo?

 

- Não muda de assunto, Samantha – a voz dele era quase um sibilo, como se estivesse se segurando para não cometer uma loucura bem ali. Mas se pensou que intimidaria Samantha, ah, não intimidaria mesmo – Que porra é essa?

- Que porra é essa digo eu! Como diabos você conseguiu essas fotos? Por acaso você colocou alguém na minha cola, é isso?

- Não interessa, Samantha! O que interessa aqui é isso, essas imagens, você e a Heloísa! Vocês estavam juntas, porra! Vocês estavam juntas!

Ele quase gritou, havia um certo descontrole no tom de voz que Henrique usou. Mas Samantha não titubeou nem deu para trás. Se manteve firme em sua postura.

- Fala baixo, vai acordar a Marina!

Mas Henrique pareceu nem ouvi-la. Estava possesso demais para isso.

- Eu acordo a porra desse prédio inteiro se for preciso! Mas eu exijo saber o que era isso aqui? O que você estava fazendo a essa hora com a Heloísa? – escrutinou o rosto de Samantha – O que você está me escondendo, Samantha?

- Ironia você falar que eu estou escondendo algo quando claramente é você quem faz isso o tempo todo – ela jogou na cara sem nem medir as palavras – Eu posso responder o que eu fazia com a Lica se você me disser onde diabos se enfia toda noite que nunca chega em casa na hora e some do nada.

Bem na ferida. Henrique calou. Samantha aproveitou a deixa.

- É isso, não é? Eu tenho que te dar respostas, eu tenho que te dar satisfações, mas você, porra nenhuma! – a raiva lhe subiu – Quer saber? Eu estava com a Lica sim, nós só conversamos. Sua vez.

Mentira. Mas não era a única a dizer inverdades ali. Se Henrique podia, ela também podia. Não deixaria a situação pior do que já estava. E pelo visto aquilo ali, eles dois, nem tinha mais jeito mesmo. Uma pá de cal a menos ou mais talvez nem fizesse tanta diferença.

Henrique se virou dando tudo de si para não dizer um impropério e chutou a cama, fazendo-a chacoalhar. Respirava curto como um cão raivoso no ponto de atacar. E atacaria.

- Eu sabia... eu devia saber – virou-se abruptamente para Samantha, a expressão colérica – Desde que aquela mulher apareceu de novo, tudo tem dado errado, tudo! – Henrique parecia alucinado e Samantha teve a leve impressão de que não era exatamente a ela que ele estava se referindo – Aquela filha da puta sempre se mete onde não deve e você, Samantha, é a culpada!

- Eu? – ela repetiu incrédula. Sério que ele faria aquilo? – Claro que a culpa é minha... sou eu que ando escondendo as coisas e agindo com hipocrisia por aí – ironizou – Se você deixasse de ser paranoico, a gente nem estaria aqui agora.

- E me fala, como eu não vou ficar paranoico se você me dá motivos, hum? É Lica pra cá, Lica pra lá... só Lica, Lica, Lica! Até a nossa filha aquela maluca quer roubar.

- Henrique, você está se ouvindo? Ninguém quer roubar ninguém aqui e para de se referir e a mim e à Marina como se a gente fosse um prêmio que você ganhou numa disputa! Eu sou sua mulher e ela é sua filha e o mínimo que a gente merece é respeito!

- Minha mulher, mas fica se esfregando com qualquer uma! – ah, não. Ele não disse aquilo – Me fala, Samantha... desde quando você virou essa vagab....

Henrique não teve tempo de concluir a frase. Samantha foi mais rápida e lhe desferiu um tapa tão bem dado, que sua mãe chegou a arder também. O marido se virou, massageando o rosto.

- Você me respeita – a voz trêmula era pura raiva – Em momento nenhum eu te dei motivo pra você desconfiar de mim e me chamar desse jeito. Você me respeita, porque querendo ou não eu ainda sou a porra da sua mulher e mãe da sua filha! – quase gritou.

- E você pensou na Marina quando resolveu me trair?

- Você pensa nela? – Samantha devolveu – Responde, Henrique! Você é capaz de pensar nela ou em mais alguém que não seja você e esse seu ego absurdo? Um babaca inseguro, é isso que você é. Fica aí posando de machão, quando na verdade morre de medo de alguém chegar e fazer o serviço que você não faz – Samantha falou mesmo para machucar, pisar na vaidade de Henrique. Era o calo do marido, ela sabia. Mas também não estava nem aí. Se ele a acusava, ela jogaria com todas as armas.

- Samantha... – o marido se aproximou visivelmente alterado. Em um passo, estava diante de Samantha, a mão erguida a meio movimento. Ela provocou.

- Vai me bater? – o silêncio que se instalou ali foi absurdo – É assim que você quer resolver as coisas? É assim que você quer ter as respostas? Anda, bate! Bate, Henrique!

- Não me provoca, Samantha – o tom dele era ameaçador – Não me provoca que você não sabe o que eu sou capaz de fazer.

Ela sentiu os pelinhos de sua nuca arrepiarem, mas nem tinha mais senso. A raiva ou seja lá o que fosse aquilo lhe injetava adrenalina nas veias. Queria mesmo era pôr para fora. Extravasar.

- E se eu disser que beijei a Lica? – ai, não, Samantha – Hum? Eu beijei ela, sabia? – ela parecia testar o marido – Agora é a sua vez de contar quem você anda beijando ultimamente que não sou eu. Vai, fala, Henrique. Com quem que você anda transando? É tão bom quanto é comigo?

O efeito foi o contrário. Henrique poderia explodir ante a revelação e a provocação de Samantha, mas tudo que ele fez foi paralisar e limitar-se a olhá-la atônito. O baque, era isso. Quando você é pego desprevenido, você fica estático. Henrique ficou.

- Você achou mesmo que eu não ia desconfiar? – Samantha aproveitou o silêncio dele para colocar tudo para fora – Você realmente me acha tão idiota assim, Henrique? Me fala, com que direito você me exige respostas, me acusa, me chama de vagabunda, quando você faz pior? Meu beijo com a Lica não foi nada perto de tudo que você já deve ter feito – havia desgosto no tom de voz dela - Hipocrisia o nome disso. Você. É. Um. Hipócrita – Henrique ficou em silêncio. Samantha esperou que ele rebatesse, mas ele não o fez. Sua deixa – Tão hipócrita que sequer nega pra me provar o contrário.

Sem dizer palavra, Samantha se virou, mas Henrique foi mais rápido e a puxou de volta. Colou o corpo dela ao seu, um gesto que causou completa repulsa na Lambertini.

- Me solta – ela exigiu uma vez, mas ele estava implacável – Me solta, Henrique – nada.

- Eu não admito que você fale assim comigo nem que me trate assim, Samantha. Você – desviou dos tapas que ela dava em seu peito – Eu sou seu marido. E você é mi....

Henrique não conseguiu concluir a frase de novo. Samantha lhe acertou em cheio uma joelhada no meio das pernas. Ele ganiu de dor e a soltou.

- Eu sou porra nenhuma! Não pra você! – disse por fim e ainda deu um safanão no braço do marido quando ele tentou alcança-la. Sem forças e completamente tomado pela dor, Henrique se deixou cair na cama, ainda gemendo pelo gesto de Samantha. Onde diabos ela havia aprendido a dar uma joelhada tão certeira?

- Precisava disso? – grunhiu.

- Se você se atrever a chegar perto de mim, eu faço pior – ameaçou e seguiu para o closet. Henrique a acompanhou com o olhar e permaneceu assim enquanto observava Samantha pegar algumas roupas do armário. Doía tanto que ele mal conseguia ficar de pé. Em movimentos ágeis, ela colocou uma mala sobre a cama, jogou algumas peças lá dentro e a fechou.

- Que porra é essa? – Henrique esqueceu a dor no instante em que se tocou do que Samantha estava fazendo – Samantha, o que é isso?

- Sai da minha frente – ordenou uma vez.

- Você não vai sair daqui assim – ele permaneceu impassível.

- Eu vou mandar pela última vez, Henrique, sai da minha frente – adiantou nada. Bom, mas o gesto adiantaria. Não deu nem tempo de ele abrir a boca. Acertou outra joelhada, dessa vez mais forte ainda onde já estava machucado nele. Henrique se contorceu gritando e meio gemendo um “Samantha” e acabou desimpedindo o caminho dela – Eu podia era arrancar o que você tem aí.

- Você não vai sair daqui – ele ainda conseguiu falar e alcançou o braço de Samantha – Eu não vou permitir que você vá atrás daquela filha da puta da Heloísa!

- Vai se foder – Samantha soltou. Tentou se soltar do aperto do marido, mas ele era bem mais forte que ela. Foi o jeito praticamente dar em Henrique com a mala, fazendo-o cambalear e cair meio sem jeito sobre o colchão.

Sob os protestos dele, seguiu até o quarto de Marina, onde entrou e trancou a porta. Ouviu o marido batendo na porta, segundos depois, mandando-a abrir. Marina acabou acordando com o barulho e, meio desorientada com a carinha de sono, sentou-se na cama.

- Filha – Samantha começou – Desculpa por isso, mas eu vou precisar que você pegue suas coisas da escola enquanto a mamãe ajeita uma malinha, tá bom?

- A gente vai viajar, mamãe? – foi o que a menininha conseguiu processar. Então ouviu as batidas na porta e as interjeições de Henrique do lado de fora – Por que o papai está batendo na porta?

- Marina, faz o que eu mandei, filha, por favor – Samantha repetiu e começou a pegar as roupas de Marina e coloca-las numa mala.

- Samantha, abre a porra dessa porta! Você vai mesmo se mudar pro quarto da nossa filha? – sério que ele ainda não tinha entendido? – Me desculpa, eu não devia ter dito aquelas coisas. Eu... eu te amo, Samantha.

- Meu cu – Samantha disse baixinho de modo que Marina não escutasse, enquanto dobrava umas roupinhas e colocava na mala.

- Samantha! – Henrique insistiu – Sai daí, vamos conversar civilizadamente.

Marina juntou seus livrinhos da escola na mochilinha e ficou parada olhando para a mãe. Samantha rapidamente tirou o pijaminha dela, colocando-o na mala também e lhe vestiu um vestidinho

- A gente está indo pra onde, mamãe? O papai não vai viajar com a gente? – ela não estava entendendo nada. Mas que inferno! Era só uma criança, meu Deus. Não merecia passar por aquilo.

- A gente vai passar uns dias fora, mas não vamos viajar exatamente.

- Samantha! – Henrique estava perdendo a paciência.

- A mamãe e o papai não estão nos melhores dias e é melhor a gente ficar um tempinho sem se ver até as coisas se acalmarem – tentou explicar da maneira mais fácil e mais rápida possível. Tinham era que sair dali.

- Vocês brigaram? Foi por causa da tia Lica?

Samantha nem queria, mas acabou rindo.

- A gente conversa depois, meu amor, agora só vamos, vai? Pegou tudo?

Marina assentiu e Samantha a segurou pela mão levando as malas. Quando abriu a porta, quase levou um murro de Henrique que estava a meio caminho do movimento de bater na porta.

- Que merda é essa? – ele ficou atônito vendo Marina e Samantha e malas. Malas demais para quem ia apenas mudar de quarto.

- Sai da frente – Samantha exigiu de novo.

- Eu não...

- Na frente da Marina, não, Henrique, por favor. Só sai da frente – o tom dela era firme e decidido.

Henrique observou a filha, os olhinhos ligeiramente ressacados do sono, mirando-o sem entender absolutamente nada. Se sentiu o pior ser humano do mundo. E pela primeira vez, Marina parecia não ter nada a dizer. Nem uma pergunta, nem uma frase inesperada, nada. Se limitou ao silêncio e a olhar do pai para a mãe como se esperasse algo daquilo. E ligeiramente perdida.

- Pra onde vocês vão? – ele quis saber – Esse apartamento é de vocês. É... nosso.

- Eu não vou dividir meu teto com quem me chama de vagabunda e não me respeita – Samantha disse diretamente a ele, cuidando para evitar que Marina escutasse. Então passou por Henrique com um safanão e saiu de casa levando a filha. Marina permaneceu calada o trajeto inteiro até o carro e mesmo com Samantha puxando assunto, ela não respondia nada além de “umhum” e “tá bom”. E aquilo definitivamente não era bom. Pelo contrário: era péssimo.

Foram para o Intercontinental. Era o hotel mais próximo do prédio onde moravam Na recepção, disse apenas que precisava de uma suíte e um maleiro brotou do nada para lhe ajudar com seus pertences. A primeira coisa que fez ao passar pela porta, foi colocar Marina para dormir. E ela o fez sem dizer nada, sem nem reclamar nem fazer perguntas como sempre fazia para tentar entender toda e qualquer situação. Não havia curiosidade nenhuma na filha e aquilo era um estado anormal para Marina. Samantha sentiu seu peito se encolher, seu coração se partir em mil pedaços.

Precisava colocar as coisas no lugar e com urgência. Havia uma pessoa que não tinha nada a ver com seus problemas no meio daquilo e era simplesmente quem ela mais amava no mundo. Não podia permitir que ninguém saísse machucado daquilo. Ainda mais sua filha.

(...)

- Bom dia, bom dia, bom dia! – Lica acordou naquela quarta-feira bastante animada. Tão bem como há muito não se sentia. Distribuiu beijo para Leide e Marta, se acomodou na mesma do café e saiu se servindo de tudo que via na frente. Seu apetite a mil.

- Leidoca, ‘cê pode preparar aquele ovo mexido que só você sabe fazer pra mim? Eu estou morrendo de fome – e voltou a atenção para a geleia de morango.

- Claro, eu preparo sim, Lica... mas vem cá, e essa animação toda?

- Pois é, também fiquei curiosa – Marta entrou na conversa – Toda feliz, animada demais... acordou até no horário.

- Eu só dormi bem – foi o que Lica respondeu – Dormi feito uma pedra e acordei disposta. Só isso.

- Umhum – Marta não demonstrou um pingo de convencimento – E o que foi que aconteceu pra que sua noite fosse assim tão boa?

- Nada de mais, dona Marta. Só o universo que eu acho que cansou de me dar tapa.

- Eu não entendi nada, mas achei ótimo! – Leide riu – Te ver assim disposta, animada é bom demais, Lica.

- Valeu, Leide – tomou um gole de suco – Hum, hoje à noite eu tenho um compromisso, então não me esperem pro jantar.

Tomaram o café em um clima ameno e descontraído, Marta vez por outra tentando arrancar de Lica alguma informação sobre o motivo daquele seu estado de espírito maravilhoso pela manhã, mas sem muito sucesso. A mulher ainda deu carona para a filha até o Grupo, ficaria com o carro aquele dia. E Lica lembrou de novo: precisava ir a uma concessionária comprar o seu.

Quem também estranhou e recebeu com curiosidade toda a animação de Lica naquela manhã foi Clara, que, ao contrário de Marta, não foi nem um pouco discreta ao tentar arrancar respostas da irmã.

- Você passou a noite com alguém, não foi? Só sexo explica essa sua felicidade repentina – tentou.

- Clara, não começa – mas Lica corou e a Gutierrez mais nova percebeu – Olha, eu não transei com ninguém essa noite, se é o que você quer saber, mas eu... eu acho que fiquei com uma pessoa. E que pessoa, sério.

- Acha que ficou? – Clara não entendeu – Como uma pessoa acha que ficou com alguém?

- Não me faz pergunta difícil, irmãzinha, sério. E outra, a gente está no meio da escola, aqui não é lugar pra discutir minha vida pessoal, muito menos meus encontros – Lica tomou lugar em sua mesa e começou a folhear uns papéis, aos olhos atentos de Clara.

- Olha... quem te viu quem te vê... Você entrou mesmo de cabeça nessa de administrar a escola, não é?

- Digamos que eu esteja só cuidando do que é nosso – Lica nem levantou a vista para responder – E eu acho, Clara, que você devia começar a cuidar de tudo você mesma.

- Como assim? – a loirinha não entendeu.

- Você administra a parte pedagógica junto com o Bóris, mas a parte jurídica e financeira fica na mão de quem nem está aqui dentro. Você não acha isso estranho?

- Você está falando do Henrique? – Clara quis saber – Lica.... – revirou os olhos – A gente confia no Henrique, eu e o Bóris. E você devia parar de implicância com ele. A gente sabe que isso é pessoal, entendeu?

- Não, Clara, não é pessoal – Lica se empertigou. Seu ânimo de começo de dia indo para as cucuias – Eu só não acho legal deixar a gestão da empresa da nossa família com quem não é dela.

- O Henrique é advogado, Lica – Clara justificou – E tem uma equipe ótima de contadores, ele sabe o que está fazendo. E nosso pai confiava no trabalho da família dele.

- E olha com o que nosso pai andava metido e onde ele está hoje – Lica respondeu de pronto, deixando Clara sem ter como rebater – Convenhamos, Clara, o Edgar nunca foi um bom exemplo de confiança. E eu, assim como você, que conhece todos os podres e falcatruas dele, não devíamos confiar em quem ele tinha como amigo.

Sem dizer mais palavra, Lica pegou seus papéis e foi se instalar na biblioteca. Se permanecesse ali, teria que lidar com as argumentações de Clara e não estava a fim disso. Passou boa parte da manhã lá que nem sentiu o tempo passar. E olhando aquelas planilhas, com a ajuda de Célia, que ia de vez em quando ajudá-la na interpretação de alguns dados, chegou à conclusão de que havia algo de muito errado ali. Ela só não conseguia entender muito bem o quê, mas que havia, havia. Alguns números simplesmente não batiam. Até ela que era meio leiga no assunto notava, como que mais ninguém havia percebido?

Sua mente lhe levou para a noite anterior, quando Samantha pegou um dos papéis e franziu o cenho ao analisa-lo rapidamente. Bom, ela era empresária e devia ter o olho clínico para números.... Talvez devesse seguir o conselho dela e procurar um contador. Célia vinha sendo de grande ajuda, mas ela era operadora do caixa da escola, tinha mais serviço a fazer. Era isso, Heloísa teria que buscar ajuda especializada e assim o faria.

No meio da manhã, ocupou seu costumeiro lugar à cantina do Grupo, mas dessa vez não pediu sua coxinha com milk-shake. Já havia comido demais aquelas besteiras nos últimos tempos, seu corpo a qualquer momento entraria colapso do tanto de gordura e caloria. E, bom.... Lica queria manter a forma. Não era por causa de ninguém, óbvio, era por si mesma... bom, talvez tivesse a ver com alguém.

Mal o sinal do intervalo tocou, ela avistou aquele montinho de cachos se aproximando de sua mesa. Marina tinha uma expressão um tanto amuada, ela notou de longe. O caminhar parecia mais lento e desanimado. Não entendeu muito bem o motivo, mas aquilo lhe doeu no peito, vê-la meio para baixo. Não se furtou.

- Oi, Mari. Tudo bem? – já foi logo emendando. Recebeu apenas um balançar de cabeça como resposta. Lica tentou de novo – Olha só, hoje eu mudei meu cardápio do recreio. Nada de gordices, vou virar fitness. Vai uma salada de frutas aí? – riu, mas não foi acompanhada pela menina. Se preocupou – Mari – chamou – Marina, olha pra mim.

Marina levantou as vistas e Lica percebeu olheiras fraquinhas, mas ainda sim olheiras, sob os olhinhos dela. E eles não estavam com aquele brilho natural que geralmente tinham.

- Ei, o que foi que aconteceu? – sim, porque era óbvio que tinha acontecido algo – Estou te achando meio pra baixo.... está tudo bem?

- Eu não dormi direito, tia Lica – respondeu em um fiozinho de voz.

- Por que? Teve pesadelo? – Lica se preocupou – Está tudo bem com a sua mãe? Ou você ficou dodói essa noite?

- Não... a mamãe me acordou pra gente sair e depois eu não consegui mais dormir.

De fato, depois que chegaram ao hotel e Samantha as instalou na suíte, Marina até que deitou e se agarrou à mãe como quem se agarrava a uma tábua salva-vidas no meio do oceano, nem demorou a dormir.  Mas acordou no meio da noite e encheu a empresária de perguntas, todas que não tinha feito no percurso ao saírem de casa. O que tinha acontecido? Por que elas estavam ali? Por que o pai não estava com elas? Eles haviam brigado? Era por causa da tia Lica? Por que o papai estava com raiva? Ela não gostou de ver o pai com raiva.

Samantha não respondeu nada, mas era porque estava sem cabeça mesmo. E já era tarde da noite, precisavam dormir que o dia seria cheio. Mas Marina não dormiu direito e, consequentemente, nem Samantha. A filha acordada era ela acordada junto. Mari se mexeu, reclamava coisas como “mamãe, eu não consigo dormir”, pedia coisas como “mamãe, me abraça”. Samantha faltou coloca-la de volta dentro de si do tanto que a apertou nos braços, contou historinhas, fez cafuné.... Marina só conseguiu dormir de fato quando a mãe cantarolou baixinho alguma música qualquer. O sono veio, mas ele não teve tempo suficiente para ficar e fazê-la repor as energias. O dia amanheceu e Marina mal tinha dormido. Samantha, então.... Essa, coitada, sequer pregou o olho. E como podia?

- Vocês saíram? – Lica não entendeu.

- Umhum – Mari mordeu seu sanduichezinho, dessa vez preparado pelo chef do Intercontinental. Na hora que soube que seria o lanche de Mari na escola, caprichou. Alberto tinha um carinho todo especial pela menina. Adorava ouvi-la tagarelando enquanto Samantha cuidava do trabalho no hotel. Ela perguntava de tudo: desde a serventia dos ingredientes até se podia comer o que ele estava preparando. Sempre lhe rendia boas risadas.

- Mas saíram pra onde? E por quê? Vocês foram jantar fora, foi isso? – Lica realmente estava meio perdida.

- Não. A mamãe disse que ela e o papai não estavam bem e que era melhor não se verem por uns dias – repetiu exatamente o que ouvira de Samantha na noite anterior.

- Não... não estavam bem? – Lica repetiu – Mari... você e a Samantha saíram de casa?

- Eu acho que a gente vai se mudar, a mamãe levou minha malinha – Mari respondeu tão despretensiosa que nem se tocou da gravidade do que estava dizendo. Mas Heloísa o fez e ficou em riste.

Samantha tinha saído de casa? E levado Marina? Meu Deus, e o que foi que aconteceu. E, espera.... Para ela ter tomado a decisão de sair de casa assim e levando em conta que Mari dissera que ela e o pai não estavam bem, era porque eles tinham brigado, certo? Henrique fizera algo com Samantha? E contra Marina?

- Mari, me conta o que foi que aconteceu, por favor – pediu tentando manter a calma na voz. Estava era preocupada, isso sim – Você e a Samantha saíram de casa e foram pra um hotel... o seu pai ficou em casa, então... eles brigaram, foi isso?

- Eu acho que sim, tia Lica – ela suspirou meio cansadinha. Lica, num gesto automático, tocou a mãozinha dela com a ponta dos dedos, fazendo um carinho ali.

- Você acha?

- Eu estava dormindo, aí a mamãe me acordou e pediu pra eu pegar meus livrinhos e fez minha malinha. O papai estava batendo na porta do quarto, mas ela não abriu.

Ok, definitivamente havia sido uma briga. E pelo que Marina relatara, das feias.

- Sua mãe estava bem? Quer dizer, fisicamente... ela... – como perguntar aquilo a uma criança de cinco anos? – Ela estava sentindo dor em algum lugar? – foi o que conseguiu falar.

- Não. Mas o papai parecia que estava com raiva. Eu não gosto que o papai fique com raiva.

À resposta dela, Lica assentiu brevemente, como que processando a informação.

- Mari... às vezes adultos brigam, isso é normal – tentou amenizar – Mas sempre se resolvem, é só dar tempo ao tempo. Vai ver foi uma discussãozinha de nada, coisa besta e logo, logo eles se entendem.

- Tia Lica – Marina chamou – A mamãe e o papai brigam por sua causa – Lica arregalou os olhos com o que ela dissera – Ele não gosta de você, porque a mamãe já foi sua namorada. Você acha que ele estava com raiva por isso?

E tinha só cinco anos a menina. Lica sentiu como se tivesse levado um soco no estômago. Como assim Henrique e Samantha brigavam por conta dela? Seu nome era pauta na casa dos Lambertini? Ah, mas era só o que faltava. E outra: Marina sabia que elas namoraram um dia, ou seja, Samantha deveria ter lhe contado algo. Se bem que pela naturalidade com que a menina se referiu àquilo, parecia mesmo estar bem com a situação. Menos mal: ao menos Marina continuava lhe tratando normal depois que soube de tudo. Quer dizer, ela deveria saber de tudo, certo? Das partes boas e das ruins.

Abriu e fechou a boca três vezes sem saber como responder.

- Mari – tentou – Eu... eu não sei o que falar – foi sincera – Eu acho que os motivos de sua mãe e seu pai terem se desentendido, não sei, é uma coisa deles. E eu... hã... – meu Deus.... – Eu não queria que eles brigassem por minha causa.

- O papai não gosta de você.

Lica teve vontade de perguntar “e você gosta de mim?” ou de dizer “eu também não gosto dele”, mas ficou em silêncio. Automaticamente lembrou-se de algo que Henrique lhe dissera há uns meses atrás: que a presença dela, Heloísa, causa certa instabilidade na vida dele e de sua mulher. Lica não queria causar instabilidade na vida de ninguém. Era a última coisa que queria.

- Eu... eu não queria ser problema – soltou mais para si que para ser ouvida. Marina lhe olhava com olhos tristes e aquilo lhe encolheu o coração. Respirou fundo – Olha, Mari... eu não sei muito o que sua mãe te contou, mas... Foi tudo há muito tempo. A gente... hã... – não conseguia articular uma frase – A gente não precisa ficar remoendo o que aconteceu há muito tempo. Se seus pais brigam por minha causa – era estranho dizer aquilo – É uma coisa que eles têm que resolver entre eles e... bom, às vezes a distância ajuda a resolver as coisas. Por isso que sua mãe deve ter saído de casa. Pra resolver as coisas.

Marina assentiu sem dizer nada.

- Mari – chamou de novo – Eu não gosto de te ver tristinha assim – pegou na mão da menininha – As coisas vão se resolver.

- Obrigada, tia Lica – foi tudo que ela disse e voltou a devorar seu lanchinho.

O sinal do fim do intervalo soou Lica ainda levou Mari ao banheiro para passar uma aguinha no rosto. Ela estava mesmo um pouquinho abatida. Chegou atrasada com ela em sala. Pediu licença para a professora e a deixou lá, justificou e assumiu a culpa pela demora dela em retornar para a classe. Naquela manhã em especial, não foi embora para a galeria, deixando o espaço aos cuidados de Alice. Ficou no Grupo, na biblioteca, trabalhando nas suas planilhas, mas não conseguiu se concentrar como queria.

Samantha ficava voltando à sua mente. O beijo da noite anterior já não lhe causava frisson, mas um certo mal-estar. Ela lhe dissera que tinha muito mais a perder agora e vendo o estado de Marina ali, entendeu a que a empresária estava se referindo. E a frase da menina ficava martelando em sua cabeça: Samantha e Henrique brigavam por causa dela. Sabia bem do que devia se tratar: ciúmes por parte do marido e justificativas por parte da Lambertini. Mas uma coisa a preocupou: para Samantha ter saído de casa, a coisa devia mesmo ser muito, muito séria. Teria que conversar com ela depois, não só para falar sobre Marina (se preocupava com a menina), mas também para saber se ela, Samantha, estava bem. Se preocupava com ela também. Era preocupação e outros sentimentos mais.

Nem bem o sinal do fim das aulas tocou e ela rumou para o pátio. Sabia que geralmente Samantha já ficava esperando Marina ali por perto. Recolheu suas coisas, jogou a bolsa sobre o ombro e partiu Grupo a fora. Dito e feito. Mal pisou o corredor e viu Samantha entrando. Apressou-se em direção a ela.

- Samantha – chamou. Apesar do cansaço aparente, ela continuava tão linda como sempre. Havia uma sombra no olhar dela e a vontade que Lica teve foi de puxá-la para seus braços e dizer que ficaria tudo bem e que tudo ia se resolver, mas sabia que se fizesse isso seria agredida no meio de sua escola. E causaria ainda mais confusão. Mais do que o que já causara.

Samantha, no entanto, permaneceu estática ao vê-la. Não esperava encontrar com Lica ali, sabia que a essa hora ela já teria ido embora, mas bom, não fora. Quis ignorar o ribombar dentro de seu peito, mas foi meio complicado. Ela estava tão linda, enfiada naquela camisa de linho de mangas compridas, os cabeços ligeiramente desalinhados. Mas havia preocupação no rosto dela e Samantha não soube muito bem o que pensar daquilo. Sua mente foi que lhe traiu, lhe levando para os momentos da noite anterior. Tratou de se livrar daquilo e focar no agora.

- Oi, Lica – ao menos ela não correu, pensou a Gutierrez – Tudo bom?

- Umhum, tudo – ela atalhou – Olha, eu sei que parece loucura minha, mas a gente pode conversar? É importante.

- Lica.... Se for sobre ontem....

- Não. Quer dizer, é sobre ontem sim, mas não a parte da galeria – explicou – A Marina me contou o que aconteceu e eu não sei se entendi muito bem. Você saiu de casa?

Samantha pensou que encontraria expectativa no olhar de Lica quando ela soubesse daquilo (óbvio que Marina lhe contaria). Algo do tipo “opa, minha chance”, mas não. Encontrou apenas preocupação ali e aquilo lhe tocou, de certa forma. Talvez antes de pensar em si e nas suas possibilidades, Lica só estivesse de fato preocupada com ela. De qualquer forma....

- Olha, eu não queria falar sobre isso aqui – atalhou – Não é hora em lugar.

- Claro, claro – Lica assentiu – Se você quiser a gente pode se encontrar depois em ouro lugar e você me falar.

- Lica – Samantha a interrompeu – Qual o seu interesse nisso? – e vendo a cara de surpresa que ela fez, como se tivesse levado um soco – É que tecnicamente é assunto meu, então...

- A Marina falou uma coisa que eu queria entender – explicou – Que você e o Henrique brigam por minha causa.

Samantha se calou. Teria que ter uma conversinha com a filha mais tarde sobre filtros. Suspirou, cansada.

- Olha... aqui realmente não é lugar, Lica – pediu novamente – Se você não se importa....

- Umhum, tudo bem – assentiu de novo e escrutinou o olhar de Samantha – Eu não queria causa problemas – soltou, ante a expressão impassível da Lambertini – Eu sei que o seu marido não vai com a minha cara e ele já deixou isso bem claro, mas eu não queria que os nossos problemas reverberassem na Marina nem... bom, no seu casamento. Não era pra ser assim.

Samantha permaneceu calada, Lica prosseguiu.

- E se você estiver precisando de alguma coisa ou quiser só conversar mesmo, é só falar que a gen...

- Samantha? – Lica se calou com a voz que soou atrás dela. Renata praticamente se materializou na entrada da escola. Linda e majestosa como sempre. A Gutierrez engoliu em seco – Oi, Lica. Tudo bom?

Ela tinha uma expressão amena no rosto. Sorriu para Lica, que devolveu o gesto dando o melhor de si para não transparecer seu incômodo.

- Oi, Renata, tudo bem. E com você?

- Perfeito – respondeu, gentil – Estou indo pagar minha dívida e levar essas duas para almoçar comigo hoje. Oi, Marina!

A mulher acenou para alguém atrás de Lica.

- Tia Renata, você veio! – e o que se viu em seguida foi Marina correndo com tudo para a mulher, que se abaixou e a ergueu com facilidade, deixando um beijo estalado na bochechinha dela.

- Eu vim sim. Eu tinha prometido que levaria vocês pra provarem do meu tempero, não tinha? Pois vim cumprir minha processa.

- Legal – Mari sorriu de orelha a orelha. O efeito de falar em comida perto dela – Oi, mamãe – se jogou nos braços de Samantha.

- Oi, meu amor – Samantha a recebeu, abraçando-a apertado – Tudo bem? Como foi hoje.

- Foi legal. A tia ensinou a gente a fazer a perninha do A.

- Que bacana, minha vida.

Lica permaneceu de pé ali, observando aquela interação, uma coisa horrível martelando em sua mente de forma insistente e incômoda: tinha direito de se meter naquilo?

“Eu tenho muito mais a perder agora”.

“A mamãe e o papai brigam por sua causa”.

- Bom, eu vou indo – anunciou, atraindo a atenção de Samantha e Marina.

- Tchau, tia Lica – Marina respondeu e jogou um beijo no ar para ela, que riu com o gesto. Ela era tão fofa, meu Deus.

- Tchau, Mari – respondeu, se aproximou dela e deixou um beijinho na sua bochecha – Tchau, Samantha. Me desculpa – disse baixinho para só a empresária ouvir. A Lambertini franziu o cenho sem entender o que foi aquele pedido de desculpas. Lica passou por Renata e despediu-se dela também, gentil. Cruzou os portões do Grupo e lembrou-se de novo que estava sem carro.

Não estava com cabeça para lidar com a galeria naquele momento e mesmo sendo hora de almoço, não sentia um pingo de fome. Seu estômago estava era embrulhado, isso sim. Mandou mensagem para Keyla, perguntando se ela estava em casa e disse que iria para o galpão. A amiga ainda disse que colocaria mais um prato na mesa, mas ela recusou mentindo que já tinha comido.

Sem chamar carro por aplicativo ou pedir carona, Lica saiu andando pelas ruas de São Paulo. É que caminhar lhe ajudava e pôr os pensamentos em ordem e pensamentos, ela tinha muitos. Fez algo que há muito não fazia: tirou os fones da bolsa e os colocou no ouvido, a música no volume máximo. Quem a conhecesse a visse de longe ali, veria aquela Lica de sete anos atrás, desbravando São Paulo ao som de My Own Deceiver, provavelmente revoltada com algo ou indo pular mais alguma catraca ou armar algum protesto.

A Lica de sete anos depois, não. Só queria encontrar um pouquinho de paz. A paz na qual seu dia começara se esvaíra em tão pouco tempo. Talvez a paz não fosse feita para durar com ela.

Pegou um metrô. Dessa vez, ela esperava, sem partos.

(...)

Os dias foram se seguindo sem muitas turbulências. Se resumiam a basicamente Lica ler e reler aquelas planilhas do Grupo – e já encontrava tanto ponto fora da curva que já estava era fazendo uma lista. Meu Deus, como que Clara nunca percebeu isso? – Samantha, por sua vez, só tinha feito três coisas na vida ultimamente: desviar das investidas de Henrique, cuidar de Marina e meter a cabeça no trabalho.

Os únicos momentos de paz que tinha eram quando estava na companhia ou de Marina ou de Renata. A musicista tinha se tornado um verdadeiro alento no meio daquele caos que tinha se tornado sua vida. Vinham almoçando com frequência, se vendo com frequência e ela já estava inclusive ciente dos problemas que Samantha vinha enfrentando na esfera pessoal. E tinha que admitir: não tinha o menor interesse de conhecer o tal Henrique. Tendo ele agido como agira com a empresária, Renata queria vê-lo era longe, isso sim.

- Você ainda está hospedada no hotel? Não pensa em, sei lá, procurar um apartamento ou algo assim.

- Eu não ando com cabeça pra nada ultimamente – Samantha suspirou e bebeu mais um gole do vinho branco. As duas estavam na casa de Renata, que resolvera preparar um salmão naquela noite para receber a Lambertini. Conversavam sobre tudo e sobre nada – A única coisa que eu realmente preciso no momento é criar coragem e enfrentar o Henrique, porque não dá pra mais ficar nessa de ele me procurar e eu fugir toda vez.

- Entendo. E você pretende levar isso à diante? Quer dizer, aquilo que ‘cê tinha comentado aquele dia.

- Sobre divórcio? – sim, era uma ideia que Samantha já vinha cogitando. Cogitando com frequência, ainda mais depois do ocorrido. Henrique levantara a mão para ela, mostrara completo descontrole, isso sem contar os sumiços e a clara traição que para Samantha, já não havia dúvidas de que estava mesmo acontecendo. Só queria paz para si e para a filha e continuar atrelada maritalmente a Henrique definitivamente não a levaria a isso. Pelo contrário: só teria dor de cabeça e andava com zero paciência para lidar com qualquer coisa relacionada ao marido, ainda mais com o próprio. Suspirou e tomou outro gole do vinho – Sim. Não tem porque continuar ligada a alguém que claramente não tem o mínimo de respeito por mim. Ficar casada com o Henrique definitivamente não está nos meus planos.

- É, mas pelo que você conta, Samantha, não vai ser fácil. Ele me parece ser bem... – Renata tentou medir as palavras – Hostil.

- Hostil é bondade sua – a empresária riu – Às vezes eu olho pro Henrique e fico pensando se foi com aquele cara que eu realmente me casei e tive uma filha.

- As pessoas mudam. O tempo mexe demais com a gente, pro bem e pro mal – Renata deu de ombros – Mas, eu acho que você precisa é desopilar um pouco. Sair desse pêndulo entre Henrique e trabalho, e eu tenho a sugestão perfeita – riu animada.

- Por favor – Samantha riu como quem suplicava por algo de bom no meio daquilo tudo.

- Na sexta eu vou tocar num barzinho. Não é nada muito grande não, é uma coisa bem intimista, na verdade. E eu adoraria que você fosse. Prometo música boa, uma noite agradável e um menu maravilhoso.

Samantha se animou.

- Olha... é bem tentador – gracejou – Mas eu estou precisando de um tempinho pra mim mesma e se a noite incluir isso tudo aí que você falou, eu topo. Convite aceito.

- Que bom – Renata riu grande – Eu garanto que vai ser uma noite maravilhosa e que você não vai se arrepender.

- Ah, vai ser na sua companhia. Claro que eu não vou me arrepender – Samantha soou despretensiosa, bebendo mais um gole do vinho, mas aquilo soou como música aos ouvidos de Renata. Não era de hoje que vinha reparando em como a empresária era uma companhia bacana. Inteligente, simpática, divertida e dona de uma beleza absurda. Não a julguem: isso cria encantamento em qualquer alma e Renata não estava imune àquilo. Não estava imune a Samantha. E nem queria estar.

Mas enquanto uns procuravam boas companhias e conversas amenas para desopilar, outros preferiam a adrenalina e o sangue correndo com tudo nas veias. Lica bateu uma vez, duas, três vezes, quatro cinco.... Estava praticamente agredindo Marcos e sendo incentivada a isso.

- Boa! Agora um de direita – mais um soco – É isso aí, Lica! Mais forte agora – dessa vez ela foi com tudo – Boooa! Agora descansa.

- Precisa mesmo descansar? – perguntou ofegante, o peito subindo e descendo num ritmo frenético em busca de ar.

- Precisa. Tão importante quanto o treino são os intervalos entre eles. O corpo precisa repor energia.

- Eu acho que ainda tenho energia de sobra – tirou o protetor das mãos.

- É, mas não é pra gastar tudo de uma vez. Para um pouco – o treinador insistiu e arremessou para ela uma garrafinha de água – Se hidrata.

Ela tomou um longo gole, depois mais outro e mais outro. Secou a garrafa em menos de trinta segundos. Mas estava a mil. Já fazia uma semana que Lica resolvera arrumar outra coisa para fazer que não fosse Grupo-galeria-casa. Precisava de algo novo para incluir em seu dia ou cairia no marasmo e odiava marasmos. Viu na luta uma boa alternativa de exercitar seu corpo, ocupar sua mente e tudo com a vantagem de descarregar o que sentia em uns bons socos e pontapés em quem claramente não sentiria dor nenhuma: o saco de pancadas e o boneco de treino da academia.

Entrou nesse ritual com Clara. Enquanto a irmã fazia musculação e aula de dança, ela Lica, fazia tudo. Musculação, as aulas de luta, os aparelhos aeróbicos.... Gastava energia, se cansava e se sentia bem. Estava só procurando cuidar de si. E estava com tempo livre. Até tentou falar com Samantha sobre as aulas de desenho com Marina, mas a menina já tinha o dia lotado e acabou que os horários das duas simplesmente não batiam.

E por falar em Marina, percebeu que a menina continuava um pouquinho amuada, embora já desse alguns sinais de melhora. Ria mais e já andava tirando de novo com a cara de Lica: Marina Lambertini em condições normais de temperatura e pressão. Menos mal. Mas Heloísa não desistira de ter uma conversa com Samantha sobre o que havia acontecido e que Marina lhe mencionara: a suposta briga com Henrique, elas terem saído de casa e seu nome estar sendo mencionado no meio dessas confusões na casa dela, Samantha. Até tentou chegar na empresária, mas sem muito sucesso.

Via Samantha quando ela ia deixar Marina na escola. Por duas vezes chegou a iniciar um diálogo, mas algo sempre as interrompia. Ou era alguém buscando pela Lambertini no celular, ou era alguém buscando por Lica. Por dois dias se demorou mais no Grupo para tentar Samantha no final da aula, mas de novo sem muito sucesso. Nas duas vezes ela apareceu acompanhada de Renata e, bom, a despeito do incômodo com a presença da musicista, Lica sentia que estava atrapalhando e não queria aquilo.

E o que lhe causou ainda mais incômodo foi a leve impressão que teve de que Renata estava mais por dentro do que andava acontecendo com Samantha a Marina do que ela, Lica. É que pelo que entendera, era seu nome que andava sendo o motivo de brigas entre a empresária e o marido, não se sentiu confortável com a ideia de que talvez a musicista soubesse de coisas relacionadas àquilo que talvez nem ela própria soubesse. Samantha se abrira com ela? Será que já havia dito algo do tipo “pois é, eu e o Henrique andamos brigando por causa da Heloísa, sabe como é. Ela foi minha namorada, fez merda, eu me casei e agora que ela voltou, meu marido surtou e acabou azedando meu casamento. Ah, eu saí de casa por causa disso e dela, indiretamente”.

Não se sentia muito à vontade na presença de Renata, muito menos na presença dela e de Samantha. Podem julgá-la, mas sempre achava as duas próximas demais e ela como se estivesse sobrando na história.

Resolveu que deixaria as coisas irem acontecendo. Dissera a Samantha que queria falar com ela sobre Marina e sobre o que estava acontecendo, mas ainda não fora procurada e duvidava que um dia seria. Bom, sua parte ela tinha tentado fazer: se não queriam lhe dar ouvidos, não podia fazer nada a não ser tentar distrair Marina nos breves minutos que tinham no intervalo da escola.

Até tocara no assunto com Tina, Ellen, Keyla e Benê e recebeu o mesmo conselho de todas elas: não se meta, é um assunto que não lhe diz respeito.

- Mas a Marina disse que a Samantha e o Marido brigam por minha causa, eu preciso entender isso – argumentou.

- E não é óbvio, Lica? O Henrique deve morrer de ciúmes de você. Aliás... ele sempre morreu de ciúmes da Samantha com qualquer pessoa – Ellen pontuou.

- Lica, sério, fica fora disso. Deixa que a Samantha resolve os problemas dela – Tina assumiu voz – Ela já é bem grandinha pra lidar com isso.

- Concordo – Keyla anuiu – E outra, Lica, não se culpa por seja lá o que for que aconteceu – sentiu o olhar da amiga mais atento sobre si. É que Keyla sabia um pouco mais que as outras ali – Ninguém tem nada a ver com as inseguranças do Henrique, muito menos você.

- Eu sei, é que... – suspirou, dando-se por vencida – Eu só fico preocupada com a Marina, sabe? Poxa, ela é tão pequenininha pra já ter lidar com essas coisas... Eu queria poder proteger ela de tudo.

- Lica, a Marina não é sua filha nem nada sua – Benê foi cirúrgica e a sinceridade na voz dela fez Lica sentir como se levasse um tapa na cara – Você não tem que querer protege-la dos conflitos familiares porque não é da família dela. A família da Marina são o Henrique e a Samantha. Não fique mascarando seu interesse em falar com ela usando a Marina como justificativa e nem tente ocupar um lugar na vida da Mari que não é seu.

- A gente é amiga, Benê. Eu me preocupo com a Mari. E não estou usando isso pra chegar na Samantha. Ela claramente já tem companhia – colocou um bico na boca.

- Então pare com isso. Não fique procurando nem tentando puxar assunto se ela não parece ter interesse em ouvir.

- Benê – Lica começou. Tentaria de outro jeito – O Guto por acaso sabe de alguma coisa? Quer dizer, ele é o melhor amigo da Samantha, né?

- A única coisa que o Guto sabe, Lica, é que a Samantha e a Marina saíram de casa e que o clima entre ela e o Henrique não está dos melhores, ou seja, a mesma coisa que você.

- Eles falaram no meu nome? Não quero ser o pivor da desgraça da família alheia – Heloísa insistiu.

- Não, Lica, não falaram. Os únicos nomes que ouvi na conversa foram Henrique e Marina – Benê pareceu pensar – Ah, e o nome da Renata também. Pelo que entendi, ela e a Samantha são amigas.

Lica murchou.

- Claro – murmurou mais para si que para ser ouvida – Aquele avatar está em todo lugar – e começou a brincar com uma linha da costura de sua blusa – É, talvez vocês tenham razão e seja melhor eu largar isso pra lá e, sei lá, me fazer de doida.

- Lica... a Samantha tem te tratado com gelo desde o dia que você chegou aqui. O que te fez pensar que agora seria diferente? – Tina quis saber.

E aí, Lica? Contar ou não contar. Ah, eram suas amigas ali. Não podia esconder aquilo delas. De jeito nenhum.

- A gente se beijou outro dia.

- Quê? – Ellen foi que se alarmou. Aliás, todas elas – Como assim, mano? Você e a Samantha se beijaram?

- Lica, conta como foi isso – Tina exigiu, abrindo um sorriso de orelha a orelha, e ela relatou brevemente o ocorrido. Que a chamara na galeria, que pedira desculpas (omitiu alguns bons detalhes da conversa, claro) e que no fim, depois de um tapa, acabou beijando Samantha.

- Nossa – Keyla proferiu – Vocês duas, hein... rodam, rodam e sempre terminam trocando saliva.

- Você ficou mexida, não foi? – Tina estava séria. Perscrutou o olhar perdido de Lica.

- E tinha como não ficar? – foi tudo que disse – Enfim, foi bobagem minha achar que mudaria alguma coisa, né? No fim das contas segue tudo igual – deu-se por vencida – E você tem razão, Benê. Eu não tenho nada a ver com os problemas familiares da Samantha. Se é por minha causa ou não, foda-se, eu estou com a minha consciência tranquila. Vou focar em mim e em cuidar de mim.

A academia fazia parte daquele “cuidar de mim”. Estava até se saindo bem. Nos últimos dias, Samantha fora deixar Marina na escola e Lica conseguiu se manter quietinha onde estava, na sala da diretoria. A pilha de planilhas diante de si só crescendo e suas anotações só aumentando.

(...)

Samantha manobrava o carro na vaga diante do pub, o movimento de gente indo e vindo já era frenético, e olha que não era nem tão tarde para que a cidade tivesse ganhado vida plena. Mal colocou os pés na calçada e avistou Renata saindo do estabelecimento, vindo em sua direção.

E olha... a musicista era linda, mas toda produzida como estava, beirava a perfeição. Os cabelos balckpower estavam presos em um lado, deixando-o ainda mais volumosos do outro. A maquiagem marcada lhe dava um ar extremamente sexy, Samantha não poderia negar. Isso sem contar o vestido preto, tubinho, colado, ressaltando bem as curvas, e eram muitas curvas.

- Olha só quem veio – Renata brincou, recebendo Samantha em um abraço – Você está linda, Samantha.

E de fato estava mesmo. Trajava um vestido preto de alcinhas finas que valorizava ainda mais suas pernas. Nos pés, um salto que desafiava o equilíbrio humano e ela o usava com extrema perícia.

- Obrigada, Renata, mas você também está um arraso! – deixou-se envolver pelo abraço dela, depositando um beijinho na bochecha – E eu falei que vinha, não falei?

As duas seguiram pub a dentro. Renata conduziu Samantha a uma mesa praticamente diante do palco e já foi logo dando as ordens: ela era sua convidada e como estrela da noite que era, a cantora lhe exigiu o melhor dos tratamentos. Não demorou nada e já lhe serviam uma cerveja artesanal, o líquido desceu rasgando sua garganta para ter um leve sabor caramelado ao fundo. Gostou daquilo.

Depois de todo o ritual de passagem de som, testes e ajustes, a noite de fato finalmente começou e Samantha ficou completamente encantada por tudo que Renata era ali. Sim, porque ela era e todo o restante simplesmente figurava em seu cenário. Ela tomava o palco para si, tinha uma presença absurda, uma voz majestosa e linda, ninguém se atrevia a olhar para mais nada ali que não fosse ela.

E Samantha também, em determinado momento, se viu presa a Renata de uma forma que não soube bem como explicar: sentiu leveza e se deixou levar pela imagem diante de si, os agudos, as dancinhas – e gingado, a cantora tinha muito – riu, puxou coro, aplaudia animada.... Não tinha como não bater palmas de pé para Renata e não era só pela sua performance não. Talvez performar ali fosse um mero detalhe.

Quantas horas de show foram, Samantha não soube precisar, mas depois que a cantora deixou o palco e se juntou a ela, ainda passaram um bom tempo ali. Renata tinha um papo leve, descontraído, juntando com a ligeira desinibição de Samantha – efeito da bebida – a companhia se tornou ainda melhor.

- Meu, você canta muito! – ela falava animada – Sério, é uma das vozes mais lindas que eu já ouvi. Onde você se escondia esse tempo todo?

- Ah, eu sempre cantei – comentou, despretensiosa – Mas andei me dedicando mais à orquestra ultimamente. Quem sabe não seja hora de voltar aos palcos – brincou – E é muito bom saber que eu ganhei uma fã.

Discutiram o repertório, o que Renata mais gostava de cantar, o que Samantha mais gostava de ouvir e a cantora inclusive prometeu incluir alguns títulos em sua próxima apresentação, fazendo questão de que a empresária estivesse presente.

Já passava de uma hora da madrugada quando as duas deixaram o pub. Renata levou Samantha até o carro certificando-se de que ela estava em condições de dirigir. A empresária, ciente de sua condição de motorista ali, tinha parado de beber tão logo percebeu o álcool começando a lhe fazer efeito.

- Sério, da próxima vez que você for cantar de novo, me avisa. Eu adorei essa noite – Samantha gracejou. Tinha se divertido mesmo como há tempos não o fazia.

- Pode deixar que eu aviso sim. Você já virou minha convidada de honra, Samantha – Renata riu e abriu os braços para recebe-la, mas Samantha parecia não ter escutado o que ela disse e... bom, na verdade Samantha parecia ter congelado, na verdade. Tinha olhar vidrado em algum ponto atrás da cantora – Samantha?

Mas ela não respondeu, simplesmente permaneceu parada, completamente estática, olhando fixamente para algum ponto. Renata preocupou-se e virou-se para ver para onde ela mirava. A princípio não viu nada de mais. Era só um casal saindo de um restaurante ali perto. Uma mulher de cabelos castanhos cujo rosto estava ligeiramente encoberto pela escuridão da rua, e um homem alto, cabelos cortados em um topete e uma barba cerrada no rosto. Só mais um casal curtindo a noite de São Paulo.

Bom, não exatamente. É que o homem em questão era marido de Samantha. Renata não sabia disso, sequer vira Henrique na vida.

- Samantha – chamou de novo – Está tudo bem? Você está branca. Está sentindo alguma coisa?

Henrique abriu a porta do carro para a mulher, mas antes de ela entrar, ele a envolveu pela cintura em um beijo lascivo que beirava a falta de bom senso para uma via pública. O homem tomava a boca dela de uma maneira tão afoita que parecia querer engoli-la. Um gesto que causou completo nojo e repulsa em Samantha.

- Samantha – Renata chamou mais uma vez.

- Me tira daqui, Renata – pediu em um fio de voz – Por favor, só me tira daqui.

Se sentiu cambalear, o que a cantora percebeu e a segurou a tempo de ela tombar no próprio carro. Percebeu a respiração de Samantha acelerada e descompassada. Deduziu que não, não estava nada bem.

- O que aconteceu? – a cantora parecia querer ter respostas, mas Samantha precisava de atitudes. Atitudes, meu Deus.

- Me leva embora, pelo amor de Deus – sentiu ela engolindo em seco.

- Cl-claro – Renata gaguejou, mas pegou a chave do carro, colocou Samantha no banco do passageiro e assumiu o volante. Durante o percurso inteiro, a empresária permaneceu calada e atônita como se estivesse em um ligeiro estado de choque. A cantora foi o mais rápido que conseguiu.

Deixou Samantha no sofá de casa. Pediu explicações, não queria deixa-la sozinha naquele estado catatônico em que ela se encontrava, mas não obteve mais do que duas palavras: “pode ir, eu vou ficar bem. Foi só um mal estar”.

Meio na dúvida, Renata ligou para Benê. Sabia que o noivo dela, Augusto, era amigo de Samantha, quem sabe ele pudesse ajudar. Foi atendida no terceiro toque. Explicou a situação – ou ao menos o que tinha entendido dela – e perguntou o que fazer. Benê passou para Guto. Em questão de meia hora, estavam os dois passando pela porta de Samantha, que continuava meio atônita, sentada ao sofá da sala.

- Samantha! – Guto se aproximou, ligeiramente cauteloso – O que foi que aconteceu? – dirigiu-se a Renata.

- Não sei, a gente estava saindo do bar e aí ela ficou desse jeito. Só pediu pra vir embora e eu trouxe.

- Ela está chorando, Guto – Benê constatou – Eu vou pegar um lenço.

- Samantha, olha pra mim – Guto pediu de novo – O que aconteceu? Foi algo com a Marina? – Samantha negou com a cabeça, as lágrimas agora ensopando seu rosto – Então o que foi? A gente não pode te ajudar se você não falar.

- O Henrique – sequer gaguejou. Mas não gaguejou porque a única certeza que tinha ali era que – Eu o vi com outra mulher.

Guto estacou, a boca de Renata formou um O perfeito e Benê arregalou os olhos.

- Aquele casal... – Renata se recordou do homem e da mulher saindo do restaurante há pouco - Aquele cara... ele era....

- Meu marido. Com outra mulher – fez um esforço hercúleo para proferir aquelas palavras. Respirou fundo, levantou-se em um átimo e passou o braço pela mesinha de centro, num gesto nada delicado, descarregando tudo. Derrubou tudo que havia ali. O impacto da revelação agora dando lugar a algo próximo de um ódio assassino – Eu vou matar aquele desgraçado!


Notas Finais


E temos a primeira revelação da história. Bom, revelação nem tão impactante assim porque já estava na cara. Mas vejam bem, estava na nossa cara, mas na da nossa Samantha... e aí, quem quer que ela cumpra a promessa e mate aquele desgraçado? Rsrsrsrs.
E vejam bem, não vamos cair de novo naquilo de Lica procurar e Samantha dar rebanada. Samantha não está dando rebanada, elas tentaram falar, mas sempre eram interrompidas. Acreditem, a Lambertini está disposta a ouvir a Lica sim, mas só está com a cabeça cheia. Cheia de pensamentos e outras coisas também kkkkkkkkkkkk (desculpem).
E sobre Renatinha? Felizes com esse Remantha chegando aí ou eu devo arrumar outra serventia pra Renata na fic? Aceito sugestões.
Ah, e eu tenho mais uma curiosidade: As Fives estão certas em sugerir que a Lica fique longe dos problemas da família Lambertini? Ou ela deve meter a colher mesmo na briga dela com o (vou chamar de ex) marido? Eu, particularmente, acho que deve meter sim. Em briga de marido e mulher se mete a colher sim, ainda mais se o marido em questão demonstrar descontrole como o dito cujo daqui.
E por fim, a pergunta que não quer calar: o que Samantha fará com o sr. Henrique Mondego?

É isso, pela atenção, obrigada. Nos vemos no próximo capítulo!


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