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História Milhões de Razões - Novos ciclos


Escrita por: dragonqueenbr e Monteiro88

Notas do Autor


Meus amores, muito obrigada pelos comentários do capítulo anterior e mais ainda pelos novos favoritos. Eternamente grata a aqueles que deram uma chance a história, fico maravilhada de saber que vcs tão gostando tanto.

꧁BOA LEITURA꧂

Capítulo 13 - Novos ciclos


Fanfic / Fanfiction Milhões de Razões - Novos ciclos

"Novos ciclos são necessários. Aproveitamos a aprendizagem que tivemos para refletir e escrever uma novo história de encontros e realizações". (Luiz Machado)

JON

8:00 A.M

Tentei organizar o redemoinho de sentimentos que passavam sobre minha cabeça, aquela sensação que eu precisava fazer o certo rodando cada parte da minha mente. Eu não ligava para certo e nunca pensei que um dia iria me importar. É estranho sentir como uma pessoa pode nos mudar em questão de dias, fazer a gente se sentir embriagado apenas com um beijo ou com um toque, nos tranquilizar com um sorriso ou um olhar, ou apenas fazer o mundo desaparecer com sua presença. Parecia coisa que só vemos em filmes, livros e séries clichês que eu revirava os olhos sempre quando era obrigado assistir com Arya ou com Sansa por alguma perda de uma aposta.

Tudo isso parecia engraçado demais, e eu me sentia um belo de um idiota por estar indo contra minhas próprias regras. Eu sabia como um amor podia destruir e devastar uma pessoa, eu não via pontos positivos nisso. Para mim tudo era efêmero, inclusive paixão e principalmente o amor. Porém, eu não podia negar o quanto era bom estar dentro de uma mulher, um escape perfeito da realidade quase tão bom quanto... Não havia o que se comparar. Eu não me importava com sentimentos, apenas o prazer do momento, e isso foi o suficiente para estragar seja qual futuro que algumas queriam comigo. A verdade era que eu nunca havia desejado um futuro com ninguém, pois para mim isso nunca fez sentido. Eu me cansaria e decepsionaria aquela pessoa, então porque se envolver a longo prazo sabendo do resultado final?

Ygritte havia sido uma comodidade, uma rotina que sempre parecia estar de pernas abertas, por mais repugnante que pareça esse pensamento, ela mesmo havia afirmado isso. Que precisava só dessa parte de mim, e eu não pude ficar mais feliz por isso. Eu não era romântico, e Ygritte não se importava, pois, também não era. A verdade que eu constantemente pensava como seria não te-la em minha vida, e a única coisa que eu conseguia sentir era: nada. Ela era linda, de bom nascimento e com diversas riquezas e uma herança que deixaria imperadores com inveja, o sonho westerosi para qualquer um, menos para mim. Por essa razão eu tinha que dar um fim a isso, não dava mais para alimentar essa relação. Eu não a amava e, não queria gastar mais tempo de sua vida. Um tempo onde ela poderia encontrar alguém que realmente desse valor a sua companhia e desejasse estar ao seu lado.

A maior parte do tempo minha mente me arrastava apenas para uma mulher de cabelos prateados e olhos violetas. Eu não lembrava a quanto tempo estava sem o calor de uma mulher sobre mim, porém, isso não me incomodava mais ou causava-me angústia, pois, eu não conseguia pensar em outra. Essa era a terrível verdade. Algo que eu nunca pensei que iria me acontecer, não poderia deitar com outra pensando em uma pois eu achava issovergonhoso. Por essa razão eu sentia que tinha que dar um fim definitivo com Ygritte.

Ao longe consegui notar sua presença, ele estava de costas expondo os cabelos avermelhados que caiam livremente pelos seus ombros. Ela falava com Ramsay tranquilamente, era notório o tom de divertimento e desprezo em cada palavra. Era incrível como eles se completavam em relação a isso.

— Posso falar com você? — Perguntei chamando sua atenção, ganhando um sorriso radiante.

— Quem é vivo sempre aparece! — Interrompeu Ramsay num claro tom de irônia. — O que aconteceu? Simplesmente some sem qualquer explicação.

— Estive ocupado.

— Você, ocupado?

— Sim, Ramsay. Estive ocupado. — Falei sem esconder o tom de rispidez. Com tempo eu percebia exatamente o que Ramsay Bolton era… um sanguessuga que sentia prazer em destruir o psicólogo de vários nesse colégio. Eu estava cansado de ficar ao seu lado e defende-lo de todos seus erros.

— Jon! — Chamou Ygritte parecendo não entender e abominar meu comportamento. — no vestiário.

Assenti silenciosamente logo seguindo seus passos até o vestiário masculino. Teríamos meia hora até o próximo time entrar, ela tinha os horários na cabeça e praticamente me fez decora-los para não sermos pegos.

— Aquilo foi um tom de ciúmes. — Quebrou o silêncio, arqueei a sobrancelha tentando entender se ela estava falando sério ou se divertindo. — Esquece, você está me ignorando há dias. Na verdade, está ignorando todos nós. Olha Jon, eu não quero ser estraga prazeres, mas ha muitos boatos correndo nesse lugar sobre você nos últimos dias.

— E eu não me importo com nenhum deles. — Cortei e ela pigarreou, era sabido como Ygritte se importava com aparências, na verdade, ela era a cópia perfeita de Catelyn em relação a isso.

— Eu esperava uma rapidinha para elevar meu humor, mas você sabe como estragar um clima.

— É exatamente sobre isso que quero falar.

Ela estreitou os olhos em minha direção e eu senti como eles queimaram sobre os meus. Os pigmentos do verde suavizando no azul.

— Como assim, Jon?

— Não vejo motivo para continuarmos.

Minhas palavras foram suficientes para suas feições mudarem completamente, por um momento senti que mexi com um vulcão em erupção e eu estava prestes a me queimar.

— Está me dando um fora?

— Estou terminando algo que já deveria ter acabado. — corrigi. — Nunca tivemos nada sério ruiva. O que vivemos juntos foi bom Ygritte, mas acabou. Na verdade, não se pode acabar com algo que nem ao menos começou. Sou grato a você por tudo, mas...

— É outra garota, não é? — Inquiriu com os lábios trêmulos interrompendo-me. — Achou uma alguém melhor para foder e menosprezar?

— Não irei brigar com você. Eu nunca te menosprezei.

— É a Val, não é mesmo? Aquele vadia… é serio que quer um relacionamento com alguém que passou na mão de todos nesse colégio? Na verdade agora so falta os professores e eu não duvido nada.

— Chega Ygritte! — vociferei perdendo a paciência, pela sua ofensa. — Val não tem nada a ver com isso. Ninguém tem nada a ver com isso. Isso é a minha escolha, e se você tem um pouco de amor-próprio também seria a sua.

— Então é isso… — Ela riu nervosamente. — mas de um ano e irá me descartar dessa forma?

— Ygritte — Falei quase numa súplica. — você me prometeu que não deixaria sentimentos tomar conta dessa relação, que isso era apenas algo carnal, era óbvio que teria um fim e você sabe sabia disso desde do início. Por que parece tão surpresa?

Ela virou o rosto sem ao menos olhar nos meus olhos, e naquele momento eu soube que eu havia cometido um erro de começar a me envolver com ela. Mais uma pessoa que magoei, não era uma surpresa. Mas naquele momento eu preferi falar uma verdade dolorosa do que uma doce mentira, eu precisava ser sincero não só com ela, mas comigo e com meus sentimentos.

— Sai daqui! — Mandou ferozmente. — Sai!

Suspirei fundo e logo segui seu pedido, eu sabia que ela precisava de tempo, apesar de não entender sua reação.

— Você vai se arrepender de fazer isso com as pessoas um dia…

Olhei para trás escutando seu murmúrio, naquele momento eu não sabia se ela estava falando comigo ou consigo mesmo. Seu olhar estava na parede enquanto suas mãos praticamente sustentavam seu corpo.

— Não me ameace Ygritte, sabe que isso não mudará nada.

Sai sem qualquer outra palavra, estava furioso e cansado de toda essa situação, havia sido pior do que eu imaginava. Ygritte, aquela mulher fria que dizia não ter coração pareceu bem controversa nesse momento. Mas, meu coração se recusava a sentir nada além de alívio. Eu queria, eu precisava… precisava mostrar a Daenerys que meu coração batia só por ela nos últimos dias. Eu a desejava de todas as formas e sentidos. Era algo que estava além do meu controle, eu sentia que precisava mostrar isso a ela de alguma forma. Mostrar a si mesmo.

Estava sentado num banco quando observei um grupo cochichando e gargalhando, quando notei o motivo, minhas unhas cravaram em minhas palmas. Notei como Dany tentava esconder o rosto de todas as formas, e por um momento temi o porquê.

— O que vocês fazem da vida? — Perguntei secamente e eles pareceram não entender, eu sabia que me conheciam, principalmente as meninas. Eram do grupinho do Ramsay. — Se a resposta é nada, vocês deveriam criar um gato, e cuidar das malditas sete vidas deles.

— Jon — Chamou a voz que eu tanto conhecia, Dany enrubesceu parecendo envergonhada. Olhei para o grupo que abaixou a cabeça e logo ficou em silêncio.

Não pensei em duas vezes em me retirar e ir em direção a Daenerys.

— Não precisa me proteger, você sabe disso né? — Questionou com os olhos embargados. — Estou acostumada.

— Ninguém se acostuma com toda essa merda — Rebati passando delicadamente o dedo por sua bochecha. — O que foi? Parece está envergonhada.

— Estou mais para magoada. — Admitiu desviando o olhar. — esses óculos já eram ridículos o suficiente e agora estão quebrados e tudo que eu consegui fazer foi colar. Ele mau se mantém no meu rosto agora.

Sorri um pouco pela ideia que havia passado em minha mente, não aguentava vê-la dessa forma, daria tudo para mudar isso e era o que pretendia fazer.

— Hoje quero te levar em um lugar.

Ela elevou as sobrancelhas e pude notar a curiosidade brilhando em seus olhos violetas.

— Certo. — Falou receosa. — Aonde?

— É uma surpresa, te pego às quatro da tarde. Tudo bem?

Ela assentiu com um leve sorriso, elevei os lábios sobre sua testa sentindo sua pele morna sobre eles.

Me apressei em ir para sala de aula, nos últimos dias estava tentando compensar minhas faltas e acho que estava dando certo. A maioria dos professores havia mudado comigo, as brigas e reclamações se tornaram elogios e conselhos que eu tentava usufruir da melhor forma. Estava focado, talvez pela primeira vez em muito tempo eu parecia pensar no futuro e não apenas viver no presente.

— Já tem alguma ideia do que pretende seguir, Jon? — Indagou a professora de biologia. — Você tem se mostrado excelente na minha matéria.

— Ainda estou pensando sobre isso. Provavelmente algo que envolve medicina, porém, ainda não tenho certeza.

— Ótimo, sei que você ira longe em qualquer profissão que escolher. — Ela sorri. — Parabéns pela força de vontade, continue assim.

Devolveu a prova para mim que possuía um A assenti com um sorriso, nesse momento até eu mesmo fiquei impressionado. Nunca pensei que teria uma nota máxima em uma prova com meu nome.

— Em que mundo paralelo estou vivendo? — Val arrancou a prova das minhas mãos. — Você colou, fala a verdade.

Puxei a prova de suas mãos novamente com sorriso vitorioso no rosto.

— Nunca colei, pois, não me importava o suficiente com a nota para isso. — Lembrei e ela franziu o cenho queimando o olhar no meu — Deve ter sido sorte.

— Você mesmo apaga seus méritos. — Bufou mal-humorada. — Tem que começar a mudar isso…

— E você — Afirmei apontando para seu rosto. — Tem que começar a se opor contra seus pais e mostrar que você tem direito de escolher quem amar. Nem por isso fico jogando na sua cara.

— Fácil para quem olha por cima. — Deu de ombros fugindo do meu olhar. — Eu queria que fosse fácil como você faz parecer com palavras, mas agora não importa. Arianne e eu terminamos o que significa que não terei que me preocupar tão cedo com isso.

Ficamos em silêncio e com isso a puxei para meu ombro, enquanto o filme que o professor havia colocado passava de forma lenta. Até mesmo os filmes que Sandor Clegane eram chatos e cansativos, combinava perfeitamente com ele. Mas o silêncio que se seguia, para mim era extremamente prazeroso.

Às vezes era triste saber que Val não podia ser ela mesmo em sua casa, eu admirava sua força grandemente. A verdade que sua família era antiga e possuía uma mente tão antiga o quanto, ignorantes e extremamente intolerantes aquilo que julgavam ser errado. Era engraçado a hipocrisia de cada um deles, o mundo inteiro podia falar sobre o amor ao lado deles. Os poetas passavam a vida escrevendo sobre isso para suas festas de casamento. Pregavam ser a coisa mais maravilhosa no mundo. No entanto, quando se fala duas pessoas do mesmo sexo se amando ao lado deles, a família de Val aparentava esquecer de tudo e, trocavam as palavras bonitas por falas preconceituosas e desprezíveis.

Quando enfim as aulas acabaram, acenei com a cabeça para Dany que estava ao lado de Margaery e respondeu com um sorriso fraco, notei que Marg e Robb olhavam um para o outro com temor, na verdade, era possível sentir a tensão no ar. Lembrei que esses últimos dias eu quase não via meu irmão saindo do quarto e isso estava começando a me preocupar. Entrei no carro colocando o som mais alto o possível enquanto reclamava mentalmente pela demora, quase adormeci por alguns segundos,mas fui trazido para realidade rapidamente com a batida na porta.

Robb ignorou minha presença e desligou o som, não pude evitar fazer uma careta séria por sua audácia.

— Por favor Jon, hoje não.

Praticamente cuspiu as palavras colocando o cinto, eu sempre rebatia suas farpas, mas naquele momento senti que algo sério estava rolando e eu me sentia na obrigação de ajudar. Terminaram de novo? Será que ele realmente acreditava que dessa vez eles não iriam voltar? Estava de saco cheio disso.

Fiz questionamentos silenciosos na minha mente praticamente o caminho todo, porém, a cada segundo a mais isso estava me irritando. Estacionei o carro rapidamente, logo encontrando um rosto raivoso olhando para mim.

— O que você vai buscar?

— Por enquanto… o motivo de você está assim. Não é de hoje.

— Não quero conversar.

— Então iremos ficar aqui algumas boas horas.

— Eu não estou de brincadeira Jon, se não quer dirigir pode deixar que chamo um táxi.

— Ei. — Segurei em seu braço sem esconder o olhar de repreensão e, ao mesmo tempo, surpresa por seu tom ríspido. — Não sou apenas seu irmão, sou seu amigo. Não esqueça disso.

Ele respirou fundo e encostou no banco do passageiro com uma feição de preocupação que eu jurava nunca ter visto antes em seu rosto.

— Faz cinco dias que Margaery está atrasada. — Confidencio silenciosamente sem conseguir olhar para meus olhos.

Suspirei fundo vendo que término parecia ser fichinha comparado a isso. Sentir as palavras fugirem na minha boca enquanto eu tentava pensar friamente.

— Ela fez o teste?

Ele negou com a cabeça continuando a olha para o horizonte.

— Ela irá fazer um de sangue, é mais confiável.

— Agora você tem que resfriar a cabeça, antes de qualquer dedução. — Falei segurando seu ombro. — Vamos nos preocupar após o resultado definitivo, enquanto isso…

— A porra da camisinha ficou dentro dela Jon! — Cortou-me furioso colocando a mão de apoio para a cabeça, enquanto continuava a olhar para janela. Me segurei para não dá um soco na cara dele, Robb me impressionava com certas coisas.

— Ela não tomou nada no dia seguinte?

— Uma pílula.

— E você acha que não terá efeito, por quê?

— Ela lembrou no último momento para mim na saída que havia ingerido antibiótico no dia, pois, estava com dor de cabeça. Você consegue acreditar nessa mulher? Pois, eu ainda estou tentando.

— Duvido que Margaery tenha feito de propósito. — Afirmei com sinceridade, conhecia Marg o suficiente para saber que ela tinha muito mais senso e responsabilidade do que Robb, porém, deixaria esse pensamento apenas na minha mente. Não queria irritar mais o lobo que já mostrava os dentes.

— Propositalmente ou não, a merda está aí.

— Robb — Falei firmemente. — Não temos certeza de nada, então você irá acompanha-la, um ficará ao lado do outro nesse momento, e quando tivemos certeza veremos o que podemos fazer. Está bem?

— E-eu…

— Está bem?! — Perguntei com mais veemência finalmente tomando sua atenção total.

Ele assentiu com a cabeça.

— Enquanto isso já é bom pensar num nome. — Brinquei divertido logo me arrependendo pelo seu olhar mortal, levantei as mãos em redenção notando que realmente não era um momento bom. Na verdade, eu mesmo, estava tentando não pirar por causa dele. — Tá bom! Não está mais aqui quem falou.

Depois de um banho relaxante o suficiente para eu ficar quase uma hora, vesti um moletom e uma camiseta simples. Peguei minhas economias, sabia que Daenerys irá me odiar por esse presente, porém, se tinha uma coisa que eu tinha certeza era que ela se sentiria melhor depois, e isso era tudo que importava para mim.

Arqueei uma sobrancelha notando Arya abrir a porta sem qualquer batida ou permissão, era engraçado ver que Catelyn nunca iria muda-la.

— Você vai encontrar a Dany?

— Antes, lembre-se de bater na porta e, respondendo sua pergunta, sim irei.

Ela revirou os olhos antes de pedir desculpa com um beicinho irritado.

— Poderia dar isso a ela? — Inquiriu colocando um pingente de dragão em minhas mãos. — Encontrei no meu quarto e tudo que eu conseguia pensar era nela, ela me confidenciou que ama dragões.

Sorri notando sua felicidade e como seus olhos brilhavam, ela realmente gostava da Dany, na verdade, eu suspeitava que quem não gostasse tinha um parafuso a menos na cabeça. Arya com poucas conversas notou que elas tinham muito em comum, viajar pelo mundo era um exemplo.

Desci na esperança de ir à casa de Olenna busca-la, ela conseguia fazer eu cumprir o compromisso na hora exata, coisa que nunca aconteceu. Ela realmente está me mudando, odeio isso. Realmente odeio?

— Para onde você vai Jon? — A voz fria de Catelyn rompeu o silêncio, e naquele momento me amaldiçoei por não ter sido mais silencioso. Essa mulher parecia estar em todos os cantos e lugares, mesmo a casa sendo gigante. Eu só podia estar sofrendo de um carma infinito.

— Vou sair com Daenerys. — Falei tentando manter a calma, qualquer movimento eu sabia que essa víbora tentaria me envenenar.

— Sabia que essa pose de bom moço não iria durar muito. — falou sem mostrar qualquer expressão ou sentimento. Às vezes eu sentia que ela não era nada além de uma estátua. — Pessoas como nós Jon, não sai com a escória.

— Graças aos deuses, eu não me igualo a você. O que você pensa nunca me importou. — Rebati friamente sem paciência para sua ignorância. — Não tenho a mínima noção do porquê você acha que sua opinião importa para mim. Você não é minha mãe, e já deixou isso bem claro. Mas continua perdendo seu tempo gracioso comigo. Por quê?

— Porque você desonra a família que eu estou vinculada com esses comportamentos. Vejo que nada mudará isso. Seu pai deveria manda-lo para o internato militar, só assim você saberá seguir ordens e tratar as pessoas ao seu redor com o devido respeito. Mas eu deveria saber desde do início, um fruto não cai longe da árvore.

Essas palavras finais foram o suficiente para acabar com qualquer pingo de senso que me restava. Um. Dois. Três. Quatro. Cinco. Seis. Sete. Oito. Nove. Dez. Esmaguei a contagem.

— Não insinua sobre minha mãe dentro dessa casa — brandei com asco, senti ela sugar todas minhas forças nesse momento. Eu a odiava. — Você não tem esse direito. Agora, eu preciso ir.

Virei de costas na tentativa de sair logo nesse ambiente, mas novamente escutei seu pigarreou.

— Então… não seja um irresponsável como ela.

Suspirei fundo, novamente eu havia sido picado pela milésima vez e tentava não reagir a isso, pois, sabia que qualquer ato brutal, eu me arrependeria. Eu ainda não tinha controle total da minha raiva, me esforçava para não perder a cabeça. Pois, isso seria prejudicial para mim. Lembrei das palavras do psiquiatra. Conte.

Xxx

"De repente deparo-me com um sorriso meigo e encantador que muitas vezes debruça sobre os meus pensamentos, e que a cada dia parece despertar um sentimento que se encontrava adormecido. Logo em pequenos traços venho a descrever a fascinante poesia que envolve..." (pensador)

DAENERYS

16:00, P.M

Sinto o cheiro das flores que Margaery havia mandado para Olenna, violetas, eu sabia que ela as adorava, assim como minha mãe. Havia ajudado Marg a escolher, afinal ela estava muito aérea pela possível gravidez. Me senti impotente por não ter a mínima noção do que fazer ou ajudar, tudo que podia era dar meu apoio nesse momento difícil. Fiquei tão presa nos meus problemas que pareci esquecer do universo ao meu redor, era normal se sentir culpada de alguma forma?

— Quebrou os óculos, querida? — Inquiriu Olenna tomando a sopa lentamente, às vezes parecia que faltavam forças em seus dedos enrugados, porém, ela odiava que eu a ajudasse com isso. Dizia que eu não era paga como babá, a maioria das vezes eu saia irritada.

— Caí e acabei quebrando.

Falei fugindo do seu olhar, sabia que ela podia me ler facilmente, e ver a mentira estampada em meus olhos, eu estava envergonhada demais para contar a verdade.

— Você é a pessoa mais cuidadosa que conheço, Dany. — estreitou os olhos franzindo o cenho. — Sei que não está sendo totalmente honesta.

— Por favor Olenna, não quero falar sobre isso. — Praticamente implorei, pareceu funcionar, pois, ela suspirou pesadamente e acenou com a cabeça. Eu sabia que ela queria ajudar, mas nada podia fazer.

O carro buzinou fazendo borboletas dançarem em meu estômago, era normal ficar assim por ver alguém? Eu não tinha a mínima noção.

Abracei Olenna me despedindo, sentindo seus lábios mornos na minha testa, adorava esse beijinho de vó que ela me dava, algo que Margaery afirmava ser apenas comigo. Afinal ela era uma rosa espinhenta com a maioria das pessoas ao seu redor.

Vejo Jon pelo retrovisor do carro e não posso evitar sorrir, ando em direção a BMW sentindo minhas pernas bambas, não tinha noção por que dessa ansiedade.

— Hoje é o meu dia escolher a música. — Aviso colocando o cinto, e deuses, esse estilo de roupa combinava perfeitamente com ele.

— Tenho escolha?

Apenas neguei com a cabeça. Porém, seu olhar mudou completamente quando coloquei Sweater Weather, eu amava essa música com todo meu coração.

— Achamos um gosto musical em comum — Sorrio fechando os olhos sentindo a energia da música. — Eu também adoro essa música. Vamos?

Afirmei com a cabeça encostando minha cabeça no banco do passageiro, sentindo minha mente viajar com a música, na verdade, todo meu corpo. Nem mesmo notei quando fechei olhos.

Quando o carro parou, eu abrir a porta lentamente tentando me equilibrar com os calcanhares na estrada de terra. Jon parecia nervoso e eu não tinha a mínima noção do motivo. Mantive as mãos no carro e caminhei em direção a ele.

— Onde estamos? — perguntei erguendo o olhar para as inúmeras árvores que se seguiam quase que simetricamente, era lindo.

– Achei que era uma boa ideia. — Suspirou e abaixou a cabeça. Parecia tão preocupado. Dei um passo colocando a mão em seu rosto acariciando com o polegar, tentei levantar seu rosto para lê seus olhos, e lá estavam eles.

Os olhos acinzentados profundos estavam enigmáticos escondendo algo que eu era incapaz de deduzir, cativando-me cada vez mais.

Eu não dei nenhum minuto para hesitar, selei meus lábios com os seus sentindo o gosto de menta.

— Dany... — Ele sussurrou na minha boca, mas fechei o espaço entre seus lábios naquele minuto impedindo seus sons, massageando sua língua com a minha fazendo ele perder todo alto controle. Arranhando sua nuca com as unhas lentamente.

Ele me agarrou pela cintura me tirando da estrada, colocando-me no capô do carro. Eu estava exitada demais. Eu desejava cada parte dele naquele momento. Ele ficou entre minhas pernas e me pressionou com sua masculinidade me mostrando que desejava isso tanto quanto eu. Eu queria senti-lo dentro de mim. Nesse momento não importava que eu nunca havia feito sexo na vida, nunca havia me importado com isso, pois, eu nunca senti isso. Nunca. Eu estava molhada querendo ser enterrada em êxtase com ele. O beijo se tornou mais selvagem e profundo a cada segundo, percebi como ele lutava para desabotoar a calça, eu sorri veemente por isso.

Isso era tudo que eu precisava naquele momento, libertar todo o nervosismo e tristeza do meu corpo. Eu não me importava onde estávamos, ou quem poderia nós ver, e tão pouco ele parecia se importar. Eu não me importava nem que era minha primeira vez. Esqueci de tudo, literalmente tudo ao nosso redor desapareceu. Não tinha ideia de como, mas ele arrancou minha lingerie e no momento que percebi ele estava dentro de mim. — Jon! — Não consegui evitar gemer ao senti-lo dessa forma, tão profundo, tão doloroso… meu corpo ignorava a dor e recusava-se a agir para tirá-lo. Pois, ele estava no lugar certo nesse momento.

Cravei minhas unhas em seu pescoço, era quase que impossível não descontar aquilo em algo. O carro inteiro estava se movimento conosco, enquanto ele entrava e saia de dentro de mim. Cada vez com mais necessidade. Havia carinho ao mesmo tempo que ferocidade. Não era romântico e isso parecia ser o melhor. Ele agarrou as curvas da minha perna e me deitou por completo no capô, tendo mais alcance. Nossos gemidos altos e voluptuosos enchiam o silêncio ao nosso redor. Seus olhos estavam nos meus, e eu os adorava naquele momento. Nunca os vi com tanto desejo e êxtase.

Eu estava perto assim como ele, porém, uma voz pareceu me trazer para realidade.

— Daenerys — Chamou me balançando. — Acorda.

Quando eu abri os olhos, ele estava na minha frente, vestida, dentro do carro… suspirei frustrada ao perceber que era apenas um sonho. Eu quase gemi de raiva, mas não podia.

— Você é ótima companheira de viajem, adormeceu no momento que saímos do seu bairro. — Comentou divertido.

Notei que seu suéter estava em cima de mim, e sorri pela referência que ele havia feito da música.

— Eu não queria que você ficasse com frio. — Explicou após meu olhar, o cheiro dele estava naquele suéter e tive que me segurar para não rouba-lo naquele momento.

— Obrigada — Murmurei logo ficando confusa por onde a gente se encontrava.

Notei que estávamos no centro da cidade, em frente à Arryn uma das mais luxuosas óticas de Winterfell. Administrada pela família Arryn e patrocinada pelos Stark's de Winterfell. Com certeza era algo que estava muito longe das minhas economias.

— O que estamos fazendo aqui?

— Você precisa de um óculo novo.

Suas palavras me fizeram encara-lo chocada imediatamente.

— Não tenho dinheiro para compra-los aqui.

— Mas eu tenho — Ponderou fazendo eu revirar os olhos, essa conversa novamente... — Me deixa fazer isso por você Dany, também tenho culpa pelo que seu pai te fez.

Eu sabia que ele estava jogando sujo.

— Não irei me aproveitar do seu dinheiro.

Ele bufou parecendo querer rir das minhas palavras.

— Minha família tem desconto aqui, e odeio quando ignora uma ajuda de quem quer te ajudar por opiniões que não é da conta de ninguém a não ser nossa. Nós dois sabemos que você nunca se aproveitaria disso.

Continuei em silêncio, havia verdade em suas palavras, porém, mais comentários julgadores era tudo que eu menos precisava.

— Vamos fazer assim então… você compra os óculos e prometo que todo mês desconto um pouco do seu pagamento. Certo?

Não havia o que eu negar, eu estava ferrada com esses óculos e já sentia que fui humilhada por ele o suficiente através dos anos. Era um dos meus maiores desejos comprar um novo.

— Certo. — Assenti com a cabeça.

— Ótimo. — Falou parecendo extremamente feliz após ganhar uma guerra, aquele sorriso, bem, ele era contagiante.

– Antes – interrompeu-me olhando profundamente nos meus olhos. – Por que estava falando meu nome enquanto dormia? Estava sonhando com o quê?

Enrubesci e as palavras fugiram da minha boca. Fiquei algum a tempo ate dar de ombros atuando da melhor forma que podia.

– Eu nunca lembro dos meus sonhos.

Ele não parecia convencido, mesmo assim descemos do carro e caminhamos até a loja que realmente era surreal, os móveis brancos entravam em sintonia com as bancadas de mármore. Havia diversas fotos de modelos usando os óculos e cada uma parecia mais perfeita que a outra, uma delas inclusive era Sansa, Jon havia me contado que ela adorava desfilar e posar, o que raramente Eddard permitia.

O tratamento era excelente, constantemente era oferecido sucos, cafés e água, além de algumas guloseimas acompanhadas de doces. Os maiores de idade podiam se aventurar na adega chiquérrima, acompanhadas das mais caras e raras bebidas. Tudo parecia muito fora da realidade. As atendentes usavam vestidos dourados, acompanhadas de saltos e de penteados que doíam a minha cabeça só de imaginar o trabalho para serem feitos, a maquiagem era leve realçando o rosto de cada uma delas. Por um momento foi engraçado notar que não havia uma que não tinha uma beleza exótica e chamativa, deveria ter alguma plaquinha falando que só era aceito mulheres sem defeitos e extraordinariamente belas, eu realmente não me encaixava aqui e queria fugir.

— Poderia ajudá-la encontrar os óculos que combinem com a simetria do seu rosto, e principalmente que ela goste. — Escutei de longe a voz do Jon, e risada forçada da atendente que parecia come-lo com o olhar. Era impossível não revirar os olhos a cada instante com a situação dessas mulheres.

— Que olhos perfeitos! — Comentou Doreah. — acho que precisamos de algo que realcem bem eles. Irei trazer uns modelos para você experimentar.

— Antes — Intrometeu-se Gilly. — Posso tirar uma foto do seu rosto? Acho que é um pecado uma mulher ter essas feições e olhos.

As palavras delas me faziam querer rir, pois, eu não sabia se elas falavam, por estarem sendo pagas ou por alguma outra razão. Pois, elas aparentavam realmente estarem surpresa. Havia perdido as contas de tantas fotos que tiraram do meu rosto. Nunca fui tão bem atendida.

Experimentei diversos óculos do mais simples aos mais articulados, cores neutras e chamativas, estruturas finas e grossas, mas teve apenas um que achei que ficou perfeito em meu rosto, e com certeza seria o que iria levar. Quando me olhei no espelho me vi como sempre quis.

— Está linda. — Jon sussurrou em meu ouvido fazendo-me sorrir.

— Acha mesmo? — Provoquei.

— Não restam dúvidas. — murmurou no meu pescoço, o toque da sua respiração quente, contra minha pele causando arrepios.

Sai satisfeita após Jon pagar os óculos, nos apressamos, pois, algumas nuvens cinzas surgiram e apesar de boas recordações, sabia que eu não queria vê-lo dirigindo na chuva. Dessa vez eu não havia pego no sono e me sentia feliz, ou não, pois ainda estava com as recordações daquele sonho e claramente estressada por não vê o fim.

Era sempre estranho me despedir de Jon, parecia que meus pés estavam acorrentados sobre o solo para nunca mais sair. Seu calor me fazia falta, sua simples presença mudava tudo, mesmo em silêncio, só o que precisava era ele ao meu lado. Eu me sentia uma garotinha tola apaixonada que não sabia onde estava se metendo ou pisando, apenas seguia o coração.

O beijo de despedida era sempre algo voraz onde parecíamos tentar expandir o tempo juntos, atrasando o inevitável. Sua ida. Ou a minha.

Senti com minhas mãos massageavam seus cachos, algo que eu amava era incrível senti-los macios entre meus dedos, enquanto o cheiro amadeirado de seu perfume inundava meus sentindo até o ar faltar em meus pulmões.

— Um dia ensolarado e quente de verão — Sussurrou na minha boca fazendo-me encara-lo sem entender suas palavras, mas eu ainda estava próxima dele, muito próxima. — Assim é você. Um calor para uma alma tão atormentada. — Acariciou levemente em transe. — Com você, o tempo é sempre bom e parece ser um hiato nos dias atribulados de colégio e de trânsito caótico e sem magia desta cidade. É por isso que, só de pensar em você, já me vem um sentimento de felicidade e de prazer. – Parecia dizer mais para si mesmo do que para mim. – Que bom que eu descobri você nesse momento tão oportuno, antes eu era triste. Perdido. Vazio. Sozinho. Você me faz querer ser alguém melhor. — declarou parecendo estranhar a si mesmo, como se fosse uma revelacão que nem mesmo ele sabia, as palavras faltarem em minha boca, naquele momento eu flutuava em uma bolha, algo que eu desejava que nunca estourasse. Meu coração martelava, enquanto meu corpo reagia em combustão.

Deitei a cabeça no seu peito, sentindo que não conseguiria falar essas palavras olhando em seus olhos, pois também era uma revelação para mim. Uma confisão que eu negava para mim mesmo. — Você preencheu um vazio que existia há um tempo em meu coração. – sussurei, contento a enorme vontade de chorar. – Mesmo quando estamos distantes, sinto que estou ligado a você, solidão é uma palavra que não existe mais em meu vocabulário. É muito bom ter alguém com quem contar sempre, nos bons e maus momentos. — Admiti sentindo as palavras baterem contra seu casaco, seu cheiro. — Às vezes, penso que você nem tem noção do bem que fez e faz para mim. Tudo mudou para depois que te conheci. Você acreditou em mim, mais até do que eu mesma, você me apoia e me incentiva a ir em frente. Eu não sei o que é isso, mas não quero que acabe.

– E não irá.


Notas Finais


Não vou mentir que fiquei com um sorriso bobo enorme escrevendo esse capítulo e essas declarações finais. Não sabia que tinha como eu amar mais esse casal, espero que se sintam da mesma forma.

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