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História Million Reasons (Scorbus) - Explorers


Escrita por: malefiswent

Notas do Autor


Free me
Free me
Free me from this world
I don't belong here
It was a mistake imprisoning my soul
Can you free me
Free me from this world?

Capítulo 5 - Explorers


Albus continuou correndo pelo piso escorregadio de pedra, esbarrando em pessoas que iam e voltavam do corredor, chamando por Scorpius enquanto Filch o seguia. Ele sentia seu fôlego falhar e sua preocupação aumentar a cada segundo, até que foi impedido de continuar por um puxão na gola de seu uniforme.

- Potter! - exclamou um carrancudo Filch, enquanto o garoto percebia, para seu ainda maior desespero, que havia perdido o loiro de vista. - Nada. De. Correr! Cinco anos nesta escola e ainda se recusa a reconhecer as regras básicas? Você é tão insolente quanto o seu pai era.

- Você pode me punir depois, Argus - disse Albus, desvencilhando-se do zelador e olhando preocupado para frente. - Mas agora eu preciso saber se Scorpius está bem. Ele recebeu uma notícia meio chocante e saiu correndo sem falar nada. Eu preciso saber aonde ele está indo!

- Ele provavelmente só vai às masmorras para digerir o que quer que tenha acontecido. Não precisa se desesperar - respondeu Filch.

- Talvez. Mas ele também estava quebrando a regra de não correr. Você devia ir ver aonde ele está indo.

Filch pareceu ponderar, com uma expressão de insatisfação, mas disse:

- Algum professor vai topar com ele e colocá-lo na linha. Não se preocupe, você vai vê-lo daqui a pouco. Agora o que precisa fazer é andar calmamente até o seu dormitório, pegar seus materiais e dirigir-se à aula. Antes que eu resolva tirar pontos da Sonserina ou te dar uma detenção pela petulância.

Albus suspirou. Virando-se, ele pôs-se a andar em direção às masmorras, de forma normal mas ainda apressada, caminhando em passos largos e impacientes entre os olhares curiosos. Enquanto caminhava, notou duas figuras juntando seu andar.

- Ele está bem? - perguntou Bhamina à sua direita, tentando seguir seus passos e acompanhada de Lorcan. - Aonde ele foi?

- Eu não sei - respondeu Albus sem parar de olhar para frente. - Ele não disse uma palavra. Deve ter sido um choque e tanto, mas isso é incomum. Scorpius nunca fugiu de mim. Vou ver se consigo descobrir como ele está.

- Bem, nos avise quando souber, OK?

- E diga a ele que estamos aqui caso ele precise, e esperamos que ele fique bem - completou Lorcan. Albus olhou para o garoto loiro de cabelos longos e feições tão suaves quanto as de um bebê e franziu a sobrancelha, levemente enciumado. O que fazia-os pensar que Scorpius falaria com eles? Ele estava ignorando a pessoa que havia sido seu melhor amigo pelos últimos quatro anos. Mas, pensando que não deveria ser infantil naquele momento, respondeu:

- É claro. - em seguida, apertou ainda mais o passo, enquanto os outros dois paravam de andar atrás dele.

Depois do que pareceu uma eternidade caminhando pelos corredores e descendo degraus de pedra, ele finalmente chegou às masmorras. Disse a senha rapidamente e adentrou o Salão Comunal, que estava vazio, dirigindo-se ao seu dormitório.

- Scorpius? - ele gritou assim que abriu a porta de madeira com força, mas não viu ninguém além de Finn, um de seus colegas, que organizava materiais sentado em sua cama.

- Ele saiu daqui uns dois minutos antes de você chegar - respondeu o garoto em sua voz grave. - Pegou um monte de doces da mala, colocou tudo na mochila, pôs ela nas costas e saiu correndo. Você e seu carrapato conseguiram se desencontrar uma vez na vida? Estou chocado.

- Vai se estupefar - respondeu Albus mecanicamente, enquanto se dirigia até a sua cama, jogando seus livros na mochila e fechando a porta do dormitório com um estrondo.

Enquanto saía pela Sala Comunal e adentrava os corredores, pegou o Mapa do Maroto do fundo da mochila e pôs-se a examinar os nomes que andavam pelo papel. Antes que pudesse procurar pelo de Scorpius, entretanto, sentiu o mapa sendo arrancado de suas mãos rispidamente.

- Você não devia estar com isso em mãos - observou McGonagall, encarando-o com uma expressão severa por trás de seus óculos. - Seu pai não vai gostar de saber que você está com este mapa de novo. A não ser que ele tenha quebrado o compromisso que fez de não deixar que ele parasse em suas mãos… Neste caso, eu e ele teremos que ter uma séria conversa sobre-

- Eu roubei dele nestas férias - interrompeu Albus, desesperado. - Pode ficar com ele depois ou até me punir, mas eu preciso dele agora para encontrar Scorpius, Professora! É uma emergência!

McGonagall franziu o cenho.

- O que aconteceu com o Sr. Malfoy? - perguntou enquanto cruzava os braços e guardava o mapa em um bolso de seu traje. - Se é mesmo algo tão urgente, deixe-me ajudá-lo.

Albus suspirou e mordeu o lábio.

- O Profeta Diário de hoje. A Marca Negra foi avistada em Londres, e alguns babacas deram um jeito de envolver o nome dele. Ele ficou chateado e saiu correndo sem dizer nada. Eu tentei ir atrás dele mas Filch me parou, e agora eu não sei onde ele está, e acabei de ir à Sala Comunal e ao dormitório e ele não está lá também…

A diretora olhou para ele e abriu a boca, levemente abismada.

- Bem - ela suspirou. - Tenho certeza de que ele apenas quis um tempo sozinho e deve estar se dirigindo à sala de aula.

- E se ele não estiver? - Albus protestou. - Eu preciso ter certeza! Ele nunca fez algo assim antes! Por isso recorri ao mapa.

- O Sr. Malfoy é um aluno aplicado - ela insistiu, em uma calma que enfureceu Albus. - Não acredito que ele fugiria da aula. E não acredito que você deva também, então, se quiser vê-lo e evitar uma detenção, comece a andar.

- Por favor! - Albus insistiu, segurando os ombros dela e encarando-a com desespero nos olhos. - E se ele não estiver lá? E se eu não conseguir encontrá-lo? Nós temos que fazer algo.

Ela encarou-o por alguns segundos com indiferença, até que o garoto conseguiu perceber o que poderia ser um resquício de sensibilidade em seu olhar.

- Eu estarei checando no Mapa enquanto vocês estão na aula - disse, por fim. - Se ele não estiver lá, eu saberei onde ele está e irei atrás dele. Não precisa se preocupar.

Albus sorriu, aliviado, colocando a mão sobre o peito.

- Muito obrigado, Professora - falou. - Eu só tenho medo do que ele pode fazer com a cabeça tão cheia de estresse.

Ela assentiu.

- Eu entendo, Sr. Potter. Eu sinto muito pelo acontecido. Nenhum estudante de Hogwarts deveria passar por estas coisas. Verei se posso fazer algo a respeito.

Em seguida, ela virou-se e foi embora. Albus seguiu andando pelo outro lado, em direção à primeira aula do dia; Feitiços.

Quando chegou à sala em que Flitwick já estava à frente dos alunos gesticulando com a mão, pediu licença de forma desconcertada enquanto olhava por toda a sala a procura do rosto pelo qual tanto ansiava.

- Para a sua sorte, eu também acabei de chegar, Sr. Potter - disse o professor com um sorrisinho descontraído. - Eu sei que costumo ser adiantando demais. Sente-se.

Albus olhou para as carteiras espalhadas pela sala, ainda tentando, em vão, encontrar Scorpius esperando por ele em alguma delas. Engolindo em seco e com o coração acelerado, ele andou em direção a um dos dois únicos lugares disponíveis - a carteira ocupada apenas por Archie Wood, o capitão do time de quadribol da Sonserina; o outro assento disponível era ao lado de Michelle Green, com quem Albus não se sentaria nem por trinta galeões.

- Hey - cumprimentou Archie, arqueando as grossas sobrancelhas escuras para ele. Albus respondeu com um tímido sorriso. - Onde está Scorpius?

Albus abriu a boca; pensou em inventar uma história, mas estava tão preocupado que queria que todos soubessem da situação.

- Eu não sei - cochichou enquanto Flitwick prosseguia com a aula. - Ele recebeu uma notícia meio chata logo cedo e saiu correndo da mesa. Eu esperava que ele estivesse aqui.

Archie franziu o cenho.

- Talvez ele esteja no banheiro. É o lugar número um para chorar sem chamar atenção - sugeriu. - Logo ele aparece.

- Espero que sim - respondeu Albus, respirando fundo e com dificuldade.

Pelo resto da aula, ele não conseguiu se concentrar em absolutamente nada do que estava copiando ou do que Flitwick dizia; sua mente não saía de Scorpius, de onde ele poderia estar, do que estaria se passando pela cabeça dele. Era completamente nojento que neo-Comensais usassem o nome dele ao fazer aquele tipo de coisa; Scorpius era um jovem inocente, maravilhoso, gentil e que nunca se envolveria em nenhum tipo de atividade das trevas. Eles não tinham o direito de fazer o que estavam fazendo com ele. Era como se o mundo estivesse caindo sobre ele de todos os lados, e apenas Albus estava ali para protegê-lo. Tinha que ser o suficiente, certo? Ele nunca se perdoaria se aquela negatividade conseguisse derrubar Scorpius. O garoto sacudiu aquele pensamento para fora de sua mente rapidamente; não, aquilo não era uma possibilidade. Não enquanto ele estivesse vivo.

Talvez ele realmente estivesse só no banheiro chorando sozinho, pensou. Não que o pensamento fosse menos doloroso, mas era menos preocupante. Afinal de contas, Scorpius não podia se esconder dele em Hogwarts, certo? E, mais importante, ele não faria aquilo. Ele confiava que logo o amigo o procuraria novamente.

Aquilo, no entanto, não o impediu de continuar absurdamente aflito, e quando o sinal para o fim da aula de Feitiços tocou, anunciando o intervalo de quinze minutos até que eles tivessem que seguir para a sala de Poções nas masmorras, ele levantou-se imediatamente e, jogando seus livros de volta na mochila, seguiu em direção à Sala de McGonagall na Torre da Direção.

Chegando ao Corredor da Gárgula na Torre, disse a senha - “Dumbledore”, senha que nunca tinha mudado desde a Batalha de Hogwarts - e subiu as escadas de pedra em espiral que se moviam junto com a gárgula. Quando a escada parou de se mover, ele bateu à alta e larga porta de madeira que surgiu à sua frente e esperou, batendo o pé no chão de nervosismo. Após alguns segundos, a porta foi aberta.

- Sr. Potter - cumprimentou a diretora, olhando-o minuciosamente. - Pelo olhar no seu rosto, suponho que o Sr. Malfoy tenha nos surpreendido e decidido faltar à aula de Feitiços?

Ele assentiu, com a testa enrugada.

- Eu pensei que talvez ele esteja no banheiro, mas como o castelo tem muitos, achei que a senhora pudesse… Você sabe…

McGonagall olhou-o com censura e suspirou. Mesmo assim, assentiu e saiu do caminho para que ele adentrasse a sala.

- Entre - convidou, enquanto se dirigia à própria mesa no cômodo circular amplo repleto de quadros nas paredes e artefatos exóticos. Albus sentou-se na cadeira à frente dela enquanto a diretora tirava o Mapa do Maroto de seu traje.

- Juro solenemente que não pretendo fazer nada de bom - proferiu ela, dizendo cada palavra com certo desprezo. O mapa se acendeu e ela semi cerrou os olhos para examinar. Albus se inclinou para olhar também, e os dois puseram-se a procurar o nome de Scorpius juntos.

Correram os olhos pelo papel por cerca de dois minutos, e o coração de Albus, já acelerado, se enchia de desespero cada vez mais. Em todos os andares, todas as torres, salas, banheiros, dormitórios, Salas Comunais, jardins e onde quer que eles pudessem olhar, vários nomes apareciam, mas nunca o de Scorpius. Ele se sentiu tonto e começou a suar frio.

- Não se desespere, Sr. Potter - pediu ela, olhando cuidadosamente para o garoto, que levou a mão à testa, sentindo que poderia começar a lançar objetos contra a parede a qualquer momento. - Isso só pode significar que…

- Ele está na Sala Precisa - completou Albus, respirando aliviado enquanto analisava a própria conclusão. É claro. Como ele não tinha pensado naquilo antes? - É óbvio. Ele foi para a Sala Precisa.

Sem nem esperar por uma resposta de McGonagall, o garoto saiu em disparada pela porta ainda aberta da sala e pôs-se a descer apressadamente a escada em espiral.

- Sr. Potter, espere! - a diretora fechou a porta atrás dele e saiu em seu encalço.

Os dois seguiram juntos em passos afoitos até o terceiro andar, enquanto ela dizia:

- Eu posso ignorar o fato de que vocês dois sabem a localização da Sala Precisa quando claramente não deveriam, mas o Sr. Malfoy ainda vai entrar em detenção por esconder-se lá quando devia estar em aula.

Albus olhou para trás enquanto andava, encarando-a levemente chocado, mas ignorou; nada mais importava a não ser encontrar Scorpius.

Quando finalmente chegaram ao corredor do terceiro andar, os dois pararam diante da parede de pedra que procuravam, o coração de Albus saindo pela boca. Ele fechou os olhos e tentou se concentrar, pedindo, mentalmente, que a Sala surgisse. Manteve-os cerrados por alguns segundos e abriu-os novamente, ansioso, mas ainda não havia nada na parede.

- Isso é incomum - comentou McGonagall atrás dele, com um tom de preocupação.

Um pouco nervoso, ele engoliu em seco e tentou novamente. Com a testa enrugada, fez o pedido novamente, desta vez imaginando cada detalhe da Sala que conseguia se lembrar. Ficou assim por um minuto ou mais e abriu os olhos de novo. Ainda nada. Sentiu-se tonto.

- O que está acontecendo? - perguntou desesperado à diretora, que encontrava-se de olhos fechados e cenho franzido, parecendo tentar também.

- Eu não sei - ela respondeu, abrindo os olhos e suspirando, insatisfeita. - A Sala deveria aparecer para qualquer um que a requisite. Só posso presumir que…

Ela pareceu hesitar, olhando para ele. O garoto ergueu uma sobrancelha, incentivando-a a prosseguir.

- Ele não quer que entremos - concluiu, com pesar.

Albus olhou para a parede novamente, incrédulo, e pôs-se a chorar. Lágrimas desciam suavemente por sua face enquanto ele dizia:

- Não pode ser. Por… Por que ele faria isso? Ele deve estar em outro lugar.

- Por mais que eu deteste aquele artefato que vocês chamam de Mapa do Maroto, ele sempre foi assustadoramente correto, Sr. Potter. Ele não está em nenhum outro lugar do castelo ou das redondezas. Receio que ele precise de um tempo sozinho, e este foi o modo que encontrou para obtê-lo; fora das regras, é claro, o que exigirá uma punição.

Albus balançou a cabeça, recusando-se a aceitar aquilo. Se já doía ver Scorpius sofrendo, saber que ele estava sofrendo sozinho e se recusando a compartilhar seus sentimentos era quase insuportável. Por que ele faria aquilo de repente? Os dois sempre dividiam absolutamente tudo. Pensar no amigo sofrendo, talvez chorando, em algum canto sem que ele pudesse fazer nada para ajudá-lo ou consolá-lo fazia com que um gosto amargo enchesse a boca de Albus.

- Eu sei o que está pensando - a diretora disse, tocando o ombro do garoto. - Que é inaceitável que ele esteja sofrendo sem ter a sua ajuda. Eu sei. É horrível se sentir impotente. Mas talvez isso seja o que ele precise agora. Às vezes… Nós simplesmente precisamos digerir nossa própria dor sozinhos.

Ele olhou para ela com os olhos inchados. A professora falava como se por experiência própria, notou. E ele entendia o que ela estava falando, e já havia passado por aquilo, mas entender não tornava o fato menos doloroso.

- Por favor, Professora - ele disse, suplicante, com a voz embargada. - Nós não podemos simplesmente deixar assim e cruzar nossos braços. Por favor… Ele é tudo pra mim. E ele está passando por momentos tão, tão difíceis… Ele precisa de ajuda. Ele só precisa de ajuda.

Ela suspirou.

- Bem, como eu já disse antes, ele está fazendo algo expressamente proibido, então é claro que não vou cruzar meus braços. Ele precisa sair daí, querendo ou não. Eu darei um jeito de entrar na Sala. Conheço alguns encantamentos… Só preciso dar uma estudada. Quanto às angústias do Sr. Malfoy… Verei o que podemos fazer a respeito assim que ele estiver entre nós de novo. Acalme-se, Potter. Logo ele vai sair daí, por força ou por vontade própria. Vai ficar tudo bem.

O garoto assentiu, enxugando o rosto e tentando se acalmar. Ele poderia ter abraçado McGonagall naquele momento, mas seria estranho demais. Então, apenas disse:

- Obrigado, Professora. Obrigado por entender. Eu esperarei.

Ela assentiu.

- Agora devia se dirigir às masmorras, antes que se atrase para a aula de Poções - falou enquanto se afastava.

Durante aquela aula, Albus não derramou mais lágrimas, mas seu interior chorava como um bebê. Ansioso, ele não conseguia se concentrar ou fazer mais nada além de olhar para o vazio enquanto pensava em Scorpius e esperava que ele aparecesse pela porta da sala de aula - o que não aconteceu. Ele fez o trabalho daquela aula - uma Poção do Amor, cujo forte cheiro de hortelã incomodou-o levemente - junto com Archie e uma amiga dele, Aideen Finnigan, da Grifinória - que tinha uma tendência levemente irritante de explodir toda poção que tentava fazer. Archie foi simpático e perguntou por Scorpius novamente; quando Albus contou-lhe o que ele e McGonagall haviam descoberto, os dois demonstraram preocupação, mas tentaram tranquilizá-lo, dizendo que o garoto provavelmente sairia logo por conta própria. Albus pensou que eles provavelmente estavam certos; Finn dissera que o loiro havia pegado alguns doces de sua mala, mas eles não durariam para sempre, certo? Scorpius precisava comer. E, se ele aparecesse na cozinha, McGonagall ficaria sabendo. Não tinha como ele ficar lá por muito tempo, pensou, fazendo de tudo para tentar se acalmar e ser otimista.

Archie e Aideen eram realmente legais, e Albus gostou da companhia dos dois - exceto pelo fato de que a garota, de cabelos escuros e ondulados que desciam até a cintura, estava dando em cima dele descaradamente. Ela não parava de lançar elogios aleatórios à aparência de Albus e de pedir a ajuda dele em coisas ridiculamente fáceis, além de passar longos segundos encarando-o com expressões travessas. Quando Albus a encarava de volta, ela dava uma risadinha. O garoto se sentiu um pouco irritado por ela estar tentando investir nele naquele momento em que ele estava claramente abatido, mas tentou relevar.

Em todo intervalo entre as aulas, Albus repetia o mesmo ciclo; dirigia-se ao corredor do terceiro andar, tentava conjurar a Sala Precisa três ou quatro vezes, falhava, engolia uma vontade de chorar e se dirigia à próxima aula para manter-se alheio e agoniado. A cada hora que passava ele ficava mais desesperado, mas em todas as visitas que fez à sala de McGonagall naquela tarde - que foram muitas - ela lhe garantia que estava trabalhando em um encantamento o mais rápido que podia, e que em no máximo algumas horas eles iriam rever Scorpius. Albus simplesmente aceitava as promessas da professora, mas a possibilidade de ter que esperar até o dia seguinte, cada vez mais provável, matava-o por dentro.

Durante as refeições e o tempo livre daquela segunda-feira, ele ficou com Archie e Aideen, conversando e tentando, em vão, se distrair; sem Scorpius, ele se sentia perdido. Quando a noite chegou, ele foi mais cedo para o dormitório, pois tinha um plano; assim que todos os outros estavam dormindo, ele saiu com sua varinha, seu travesseiro e sua Capa da Invisibilidade em direção ao corredor do terceiro andar, esperando que McGonagall estivesse dormindo e não verificando o Mapa do Maroto. Sentando-se contra a parede em frente à do que deveria ser a Sala Precisa, recostado em seu travesseiro, ele passou horas com os olhos fechados e a testa enrugada, desejando que o cômodo surgisse para ele como nunca havia desejado nada antes, fechando-os e abrindo-os o tempo todo e se decepcionando todas as vezes. Por fim, o sono falou mais alto, e ele adormeceu ali mesmo, entre lágrimas e soluços.

Na manhã seguinte, de olhos ainda fechados, ele sentiu algo sacudindo-o.

- Albus - disse uma voz, enquanto um toque em seu ombro tentava despertá-lo. - Al, você está aqui? É você?

Ainda não completamente desperto, ele teve a impressão de reconhecer aquela voz, e virou seu rosto sonolento para a frente. Abrindo os olhos aos poucos, deparou-se com o rosto de um anjo sob uma fraca luz matinal. Não, espere, não era um anjo. Ele não estava mais sonhando.

- Scorpius! Oh meu Deus, Scorpius!

Ele arregalou os olhos, despiu-se da Capa e jogou os braços ao redor do outro garoto, abraçando-o com toda a força e começando a chorar, seu coração a ponto de explodir. - Por que... Por que você fez isso? Como... Por que...

Ele não conseguia dizer nada claro, balbuciando enquanto o loiro também começava a chorar, retribuindo seu abraço.

- Eu sinto tanto, Al - ele soluçou. - Eu... Eu não sei o que me deu. Eu precisava de um tempo. Foi horrível, eu simplesmente não sabia mais o que fazer, eu me desesperei e só queria me esconder... Por favor, me desculpe.

Albus balançou a cabeça, se desvencilhando do abraço para olhá-lo nos olhos e tocar em seu rosto.

- Está tudo bem, Scorp. Está tudo bem. Eu entendo. Mas, por favor... Nunca mais faça isso, OK? Nunca mais fuja e se esconda sem dizer nada... Eu fiquei tão assustado... Eu pensei que... Céus, eu estão tão aliviado.

Ele abraçou-o novamente, ainda sentado no chão, Scorpius ajoelhado.

- Eu preciso de ajuda, Albus - ele disse, tristonho, e Albus fechou os olhos, mais lágrimas descendo por seu rosto ao ouvir aquilo. - O que eu fiz foi estúpido, mas eu fiz porque não consigo lidar com tudo isso. Eu só quero fugir e me esconder. Mas eu não posso. Eu preciso de ajuda.

Albus assentiu, tentando parecer forte e não deixar sua dor transparecer.

- Você vai ter ajuda. Eu prometo. Eu juro. Nós vamos a McGonagall... Ela está muito preocupada também. Eu pedi a ajuda dela, e quando não te encontramos no mapa, nós presumimos que estivesse aqui. Venha, precisamos contar a ela que você saiu.

Scorpius assentiu, e os dois se levantaram. Albus pegou seu travesseiro e cobriu os dois com a Capa de Invisibilidade, e eles seguiram até a Torre da Direção abraçados, com medo de soltarem um ao outro por um segundo que fosse. Apesar de já ter amanhecido, ainda não estava na hora dos alunos saírem dos dormitórios, então o Castelo fracamente iluminado pelo sol continuava completamente parado e silencioso.

Quando chegaram à Sala de McGonagall, eles se despiram da Capa, bateram à porta ainda abraçados e esperaram. Depois de mais ou menos um minuto, a diretora apareceu em um robe verde-escuro, cabelos amarrados em um coque, pantufas e um olhar sonolento e confuso. Ao dar de cara com os dois, seu olhar severo se transformou em alívio.

- Graças a Deus - ela suspirou antes que eles dissessem qualquer coisa. - Entrem.

Os dois entraram, e a diretora teve uma conversa com ambos, na qual explicou a Scorpius que entendia a situação complicada pela qual ele estava passando, mas que ainda precisaria puni-lo por quebrar as regras da escola de forma tão grave - assim como Albus, que também estava fora de seu dormitório em um horário inadequado. Sendo assim, os dois receberam uma semana de detenção; após as aulas, teriam que ajudar Slughorn a polir sua coleção de fotos e troféus. Para Albus era um preço ridiculamente pequeno a se pagar por ter Scorpius de volta.

Em seguida, ela pediu licença a Albus para conversar a sós com Scorpius. Confuso, ele concedeu. Mais tarde, o loiro contou ao amigo que a professora queria saber o porquê dele ter feito aquilo, o que estava acontecendo e como ele estava se sentindo em relação a tudo aquilo que vinha acontecendo. Scorpius lhe dissera tudo; dissera que se sentia horrível em ser visto por todos como o próximo Voldemort, que não conseguia lidar com toda aquela negatividade, que sentia vontade de fugir, se esconder e se privar de tudo, que sua mente lhe incomodava com pensamentos sobre aquilo o tempo todo e que ele não sabia mais o que fazer. A diretora, entendendo que aquela situação era grave e que poderia prejudicá-lo em diversos aspectos, teve uma ideia; todos os dias, após as aulas - e detenções - ele se encontraria com Madame Pomfrey para conversar e receber um pouco de ajuda e direcionamento. Acontece que, nas escolas de medicina para bruxos, aprendia-se não apenas todo o necessário para se cuidar do corpo, mas também da mente. Sendo assim, eles chegaram à conclusão de que ela poderia ajudar Scorpius a lidar melhor com seus sentimentos e acalmar a sua cabeça.

A diretora também informou que seria obrigada a escrever para Draco informando-lhe do acontecido e pedindo a permissão dele para se submeter ao tratamento de Madame Pomfrey. O pai de Scorpius, quando recebeu a carta, voou para Hogwarts no dia seguinte para visitar o filho e conversar com ele, e não apenas permitiu o tratamento, como também exigiu que fosse o melhor e mais eficaz possível.

Albus sentia-se um pouco mal por não poder ajudar Scorpius tanto quanto gostaria, mas entendia que, às vezes, o melhor que se pode fazer é deixar que alguém mais competente e habilitado resolva a situação. Ele realmente confiava que as consultas com Madame Pomfrey fariam bem ao amigo, e, depois de passar por aquele susto, só conseguia se sentir inexplicavelmente grato e feliz por tê-lo ao seu lado.

Na quinta-feira à noite, depois das aulas, da detenção e da consulta de uma hora de Scorpius, os dois garotos estavam na Sala Comunal da Sonserina, conversando e brincando com Jack no sofá, quando Albus perguntou:

- Então... Como têm sido essas... Conversas com Madame Pomfrey?

Scorpius olhou para ele e hesitou um pouco antes de responder:

- Oh, legais. É bom poder desabafar com um adulto que entende do assunto, sabe? Quero dizer... Eu amo ter você para dividir as coisas, mas você é tão jovem quanto eu e Madame Pomfrey sabe exatamente o que dizer para me ajudar com absolutamente tudo... Você sabe o que quero dizer, certo?

Albus assentiu.

- Eu entendo, Scorp. Está tudo bem. Às vezes, nós precisamos de uma orientação mais experiente. É normal. Eu fico feliz e menos preocupado.

- Você é incrível, Al.

Os dois sorriram um para o outro, enquanto Jack subia até o ombro de Albus.

- Ela disse que talvez eu até consiga melhorar completamente sem precisar de tônicos para o ânimo. Mas se ela me recomendar eu os tomarei, é claro. Ela têm me ajudado a perceber que isso tudo que eu estou sentindo não é nenhum monstro de sete cabeças, e que eu não preciso fugir, sabe? Está sendo ótimo. Mas, hã... Você não contou a ninguém, certo, Al?

Albus ergueu as sobrancelhas.

- Bem, eu não acho que você precise se envergonhar, mas é claro que não contarei a ninguém. Essa é sua decisão. Quando você estiver pronto.

Scorpius assentiu.

- Não é que eu me envergonhe - ele explicou. - É só que... As pessoas não entenderiam, sabe? Elas já são más comigo, e se soubessem...

- Eu entendo - Albus apertou a mão dele firmemente. - Está tudo bem. Você não tem que se forçar a enfrentar todo tipo de coisa de uma só vez. Leve seu tempo. Eu respeitarei.

Mais uma vez eles compartilharam um sorriso afetuoso, e depois de alguns momentos se encarando como se pudessem enxergar algo muito fascinante nos olhos um do outro, Scorpius quebrou o silêncio:

- Precisamos falar sobre algo - ele disse, sério, desfazendo seu sorriso.

- O que foi? - Albus indagou, assumindo uma expressão de preocupação.

Scorpius suspirou.

- Tem algo que McGonagall disse que não sai da minha cabeça e eu preciso compartilhar com você... Ela disse... Ela me disse que talvez seria melhor para mim se nos afastássemos. 


Notas Finais


perdão a demora amorecos, mas como vcs devem ter percebido, esse capítulo é bem longo e complexo, então não podia ser escrito com pressa.
pois então, eu resolvi abordar um assunto bem sério nessa fic. espero que tenha feito-o de forma satisfatória, eu realmente achei que seria uma boa, é muito importante desmitificar muita coisa em torno dessa questão de tratamentos psicológicos, distúrbios e etc. eu atualmente tenho transtorno de ansiedade generalizada e depressão, faço terapia comportamental e acho importante demais que a gente sempre reflita sobre essa situação e tenha consciência do sofrimento pelo qual tanta gente passa, e que às vezes pode ser melhorado simplesmente com alguém pra ajudar, sabe? Enfim. espero que isso faça vcs pensarem e que quem também passa por isso se sinta representado, e saibam que eu tô com vcs 💚 nunca tenham medo de procurar ajuda e é isso, espero que tenham gostado do capítulo e que o amorzinho entre esses dois bolinhos esteja se desenvolvendo de forma legal, deixem comentários pois eu os amo e leio todos, beijinhos e paz :)


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