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História Mine - Não é só fase, não!


Escrita por: princesadelesbos

Notas do Autor


sei, sei, demorei

mas não tive como fazer isso antes, desculpem amores

sem falar muito, não tenho nem o que dizer

até lá embaixo!

Capítulo 29 - Não é só fase, não!


Pov Júlia

Estava no banheiro da escola, me olhando no espelho e me distraindo com meu cabelo, que parecia estar de bem comigo, como quase sempre.

Garotas entravam e saíam a todo momento, algumas me ignoravam, outras olhavam pra mim rapidamente, outras secavam a minha pessoa, provavelmente se perguntando por que eu estava sozinha na frente do espelho e não com uma das garotas da minha “panelinha” (Bárbara, Marina ou Yasmin).

Mas, graças a Deus, ninguém falou comigo.

E, na verdade, eu só tava ali esperando a Marina sair, mesmo.

Continuei a me olhar. Parecia tão linda, confiante e inabalável. Nem parece que tô com o cu na mão.

- Eu não sei há quanto tempo tô aqui em pé e você viajando na própria cara, Júlia. – noto a Marina atrás de mim, encostada como se tivesse ali há um tempão mesmo.

- Desculpa, tô avoada. Me abraça amiga. – virei-me pra ela e abri os braços. Ela me abraçou.

- Own, uma vadia triste. – ela fez um carinho nas minhas costas, de baixo pra cima, me confortando. O abraço da Marina é tudo às vezes. – O que houve? Notei você distante hoje. – e o melhor é que ela só me largava quando eu quisesse soltá-la. Não tem coisa pior do que estar no meio de um abraço bom e a pessoa tentar sair.

- O banheiro do colégio não é o melhor lugar pra compartilhar minha aflição. – falei baixinho.

- Vamos sair daqui, então. – ela diz, mas não se move, espera eu dar sinal de que quero separar o abraço. Separamos o abraço assim que me desvencilho do seu pescoço. – Que cara de derrota, não combina com Júlia II. – ela sorri.

- Pare sua linda, assim eu apaixono e você tem mulher. – abraço-a pela cintura e vamos saindo do banheiro.

- Como se você também não tivesse. Agora dá pra me contar? – depois de passar pela porta, ela me abraça pelos ombros e vamos andando assim no corredor. Já tinha acabado a última aula. No corredor é muito melhor pra compartilhar algo porque tá todo mundo falando alto e cuidando da própria vida.

- Dá. A Babi quer se assumir pro pai. – falo, simplesmente.

- Eita! E ela pediu pra você estar lá, ou coisa parecida?

- Não, eu gostaria de estar, mas acho que não vai dar. Eu só temo que ele queira separar a gente.

- Ela vai assumir de cara você também?

- Claro, a mãe dela já sabe.

- Então eu acho que vocês têm uma grande aliada. Não se preocupa Ju, isso faz mal.

- Falar é fácil, você tava com o rabinho entre as pernas pra conhecer seu sogro, morrendo de medo.

- Foi, admito, mas ele me mostrou que não precisava ter medo e que ele não ia me morder. Você não acha que o pai da Babi vai fazer alguma loucura, acha?

- Não, porque da primeira vez ele não foi rude comigo.

- Tá vendo? Você não tem o que temer, não temos ideia de qual será a reação dele, mas se vocês se amam mesmo, precisam enfrentar isso.

- É, você tem razão. – ela assente e sorri. – Por isso te amo.

- Tô aqui pra ajudar. – me beija no rosto.

- Amo quando você fica carinhosa, palmita.

- Não acostuma não, oxigenada.  – bato nela pelo “oxigenada”.  Rimos, sem desgrudar. – Eu sinto quando você precisa de mim. E do meu carinho. – eu precisava mesmo dela.

E ela, como uma boa irmã, não ousou me soltar. Melhor amiga que alguém poderia ter.

- Eu te amo, Mari.

- Eu também te amo. Você nunca vai me perder.

- Acredito nisso com todas as forças. – e a gente não se solta até sair pelo portão. Yasmin e Babi conversavam esperando a gente.

- Sabe o que vocês parecem? Vocês parecem um casal apaixonado. – a Yasmin fala apontando pra nós duas. Agarradas daquele jeito, né.

- A gente se ama. Mas apaixonadas não. Né Mari?

- Aham. A Ju precisa de mim, e eu preciso dela.

- Eu, como amiga das duas, admiro a relação de vocês. – Babi diz. – Como namorada da Júlia, minha obrigação entender o que vocês têm juntas.

- Diz aí, minha namorada não é perfeita? – finalmente largo da Marina. Mas só pra abraçar a Bárbara.

- Não é melhor que a minha pequena, né pequena? – a Mari carrega Yasmin no colo e rouba um selinho dela, que fica surpresa, mas a abraça também. É o casal mais apaixonado que eu já vi, de longe dá pra ver o amor que elas têm uma pela outra. Pelo tanto que conheço a Marina, sei que ela tem um precipício pela Yasmin. Pelo pouco que conheço a baixinha, ela provavelmente tem um precipício igual pela Mari.

Vei, elas se completam.

Vocês precisam ver as fotos que essas duas tiram juntas, é muito amor, é muito lindo. Quando fomos nós quatro pro parque de diversões elas ficaram numa grudência só e tirando um milhão de fotos, todas perfeitas, casal perfeito, shippo até o fim.

- Casem logo, vocês duas. – Marina sorri sem graça.

- Marina me põe no chão pelamor, eu tô de saia, tá todo mundo vendo. – Yasmin fala entre dentes. A saia dela era rosa e linda, mas realmente era curta, tava todo mundo vendo mesmo o que não deveria.

- Epa, ninguém olha o que é meu! – ela coloca Yasmin de volta no chão. – Bom, eu tenho que ir, essa pequena tem que estar em casa cedo. – dá um beijo na cabeça da namorada ao dizer “essa pequena”.

- Pois é. Vamos, papai. – Yasmin estende a mão à Mari, que ri e segura a mão dela. – Tchau meninas. – dá um beijo no rosto de cada uma de nós, a Mari repete o gesto e bagunça meu cabelo me dando uma piscadinha.

- Seu cabelo agora parece o meu. – ela diz e sai.  Aceno pra elas e deixo o cabelo bagunçado mesmo, se tiver sexy como o dela tá valendo.

Fico calada olhando as duas irem de mãos dadas até o carro da Marina.

- Elas são tão amorzinho que até contagia. – Babi diz ao meu lado.

- É... Mas a gente também não fica atrás. Não é? – coloco uma mecha do seu cabelo atrás da sua orelha.

- Não sei, nunca nos vi andando por aí. – ela ri e eu reviro os olhos.

- Boba. – ela me abraça com um sorriso. Encosto-me à árvore logo atrás de mim, retribuindo o abraço. – Vidoca...

- Oi. – ela diz, ainda abraçada comigo.

- Você vai falar mesmo? Digo, pro seu pai.

- Vou, Ju. Eu não quero mais me privar de levar a minha namorada lá em casa e assistir TV juntas na sala, nem quero mais ficar falando contigo no telefone ou no Skype vigiando o que tô falando, pra não deixar passar nenhuma palavra “suspeita”. Eu quero ter a liberdade de namorar com você na porta da escola e poder dizer pra qualquer um, interessado ou não, que namoro com você e não tenho vergonha disso.

 - Você existe?

- Existo e te amo. – beijei sua testa. Eu a queria do meu lado em todo o momento e pra sempre. – Isso tudo que eu falei, você sabe, é a parte que eu tô fazendo por você. Mas é muito por mim, também. Sei lá, já passou da hora. Vou sair de Nárnia. – ri.

- Olha, eu vou estar lá pra qualquer coisa. E se quiser que eu vá, mesmo que seja só pra segurar sua mão enquanto você fala, eu irei.

- Acho que não precisa, eu posso resolver.

- Certeza?

- Sim.

- Então ok. Posso te levar pra casa?

- Claro que pode, amor.

Pov Babi

Eu estava nervosa, mas o nervosismo podia ir pra puta que pariu, porque vai ser hoje. Claro que eu já vinha deixando pro meu pai umas frases no ar, umas situações pra ele mesmo tirar uma conclusão, pra ele ter pelo menos uma desconfiança, não ficar muito chocado.

Como ele trabalhou hoje, fiquei à tarde tentando me distrair com qualquer coisa. Fui jogar, fui ouvir música eletrônica, depois ouvi o meu Rock de sempre, aí fui estudar, acabei dormindo.

Acordei morta de calor e já com o quarto todo escuro. Tomei um banho gelado e me arrumei apresentável pra descer as escadas. Meu pai tava na poltrona, acho que demorei muito no banho. Ou dormindo. Meu celular vibra, olho a mensagem parada enfrente à escada.

[19h42] Vida ♔: Te aaaaamo – ela manda isso e mais nada.

Era um incentivo e eu estava precisando mesmo. Sorri, completamente apaixonada.

- Filha? – ouço a voz do meu pai, mas não consigo tirar os olhos da mensagem da Ju na minha barra de notificações.

- Sim.

- O que te fez sorrir pra tela do celular? – olho pra ele.

- Eu queria conversar com o senhor...

- Sobre o que te faz sorrir pra tela do celular?

- Tecnicamente, sim. Mas é sério. Eu não quero que o senhor me venha com frases prontas nem desculpas, é a verdade e eu tenho que contar mesmo.

- Você não está grávida, está?

- Não! Se vamos ver por esse lado seria exatamente o contrário.

- Como assim, Bárbara? Não faça rodeios.

- Eu sinceramente não quero ser mal-compreendida, pai. Eu quero te dizer que achava isso errado sim, mas não consegui impedir, aconteceu.

- O que você está dizendo? – ele disse pausadamente. Obviamente ele já tinha pegado o que eu queria dizer.

- Eu me apaixonei por uma garota. – na sua expressão eu via surpresa, mas uma parcela significativa de raiva, também. Suspirei. – E... eu tô namorando com ela.

- O QUE? – fiquei quieta esperando ele parar de surtar. – BÁRBARA, VOCÊ VIROU LÉSBICA? – eu não estava preparada pra essa pergunta, sinceramente. Eu não tinha me rotulado.

- Não. Quer dizer, sim. Na verdade eu não sei. A única coisa que eu sei é que...

- Tenho certeza que isso é só uma...

- Não é só fase, não! – ele se calou por uns segundos, me olhando.  – A única coisa que eu sei é que eu amo a Júlia, nada vai mudar isso. – disse, o encarando sem aparentar medo.

- A Júlia? – assenti, ele massageou a têmpora sem deixar de olhar pra mim. – Bárbara, eu não quero que a minha filha seja lésbica. – disse, simples.

- Quanto a isso eu realmente não posso fazer nada.

- Essas pessoas não são a melhor influência pra você.

- Eu não vou me afastar de nenhuma delas. Não porque o senhor vai ordenar. – ele levantou da poltrona bruscamente e eu fechei os olhos rapidamente, lamentando.

Começou.

- EU NÃO QUERO ISSO DENTRO DA MINHA CASA! ESSA NÃO É VOCÊ! ISSO SÃO ESSAS GAROTAS ENFIANDO BESTEIRA NA SUA CABEÇA, EU VOU TE TIRAR DESSE COLÉGIO! – ah, aí não.

- Você não pode! – ele me olhou como se eu não fosse nada, aquilo doeu, realmente, mas eu passei por cima. – Eu estou no último ano, seria muito prejudicada se você tomasse essa decisão, pai. Que, aliás, não vai mudar porra nenhuma, né.

- VEJA LÁ COMO FALA COMIGO, MOCINHA. EU VOU TE COLOCAR DE CASTIGO!

- Pelo que? - cruzei os braços, indignada. A atitude dele estava me decepcionando, mas por um lado já era esperada. Mesmo assim, não tirou a sensação de não conhecer o meu pai.

- Por me desrespeitar e por dizer insanidades do tipo! – ele faz uma pausa e respira fundo. – Você não é assim. Você não vai ser assim. Porque eu não vou deixar.

Ah não, cara, que absurdo!

- Acho que o senhor tá errado, pai. E em vários pontos. Pra começar, os homossexuais são pessoas dignas como qualquer outra. Esse preconceito é ridículo e não sei por que o senhor não deixa ele de lado, hoje em dia isso é até crime. Homofobia é crime, e o senhor é um homem da lei. A lei é contra pessoas como você.

- Eu respeito eles, desde que não sejam a minha filha! Você é responsabilidade minha, e eu não quero, você não vai ser assim e acabou.

- Em segundo lugar, pai, é quem EU sou, e quem EU sou não é o senhor que vai moldar, e sim eu mesma, e eu serei do jeito que eu quiser. – ele rosnou e me segurou bruscamente pelo braço, tive medo de que ele me batesse.

- Você não responde por si, mora embaixo do meu teto. – ele apertou o meu braço, estava começando a machucar – Eu gerei você, e você não vai ser assim, eu estou dizendo. – sem querer tirar toda a seriedade, mas tirando, eu tava louca pra sair dali, ele tava cuspindo. E fazendo o meu braço doer.

- Me solta, tá machucando...

- Largue a minha filha! – minha mãe aparece na escada já exaltada.

- É minha filha também!

- Você gerou mas eu pari, e comigo ela sempre será aceita, não importa como seja. – ela fez meu pai me soltar e me abraçou. Eu queria chorar pelas coisas que ele tinha dito, mas não dei esse gostinho a ele. Minha mãe me percebeu nervosa e acariciou meus cabelos.

- Você vai permitir a sua filha namorando uma menina?

- Não vejo por que não, a Júlia não é uma menina qualquer, ela já deu provas de que é direita, de que trata a Bárbara bem e dá pra ver que as duas se amam, só abrir os olhos. – naquele momento, eu era uma criança indefesa protegida pela mãe. E o meu pai era o perigo. – Essa conversa, ou melhor, essa gritaria acabou. Filha, vai pro quarto, seu pai vai subir agora e vamos ter uma conversa.

- Eu continuo não apoiando essa vagabundagem.

- Você vai subir e me esperar no quarto. – meu pai ainda tentou contestar, mas subiu pro quarto. Ele é um mandado mesmo, bem que os meus tios falam.

Foi só ele sumir nas escadas pra eu começar a chorar, como um bebê. Eu estava devastada, no mínimo.

- Não deixa ele me separar da Ju... – falei pra minha mãe, ela me abraçou mais forte.

- Ele não vai. Não chora por isso, filha. – ela limpou minhas lágrimas e me forçou a subir. Eu não queria nem me mexer.

Fui direto pra cama e me joguei lá. Eu não posso ficar triste, a Ju me ensinou que não se deve baixar a cabeça pra nada e nem pra ninguém. É complicado quando é seu próprio pai, né. Difícil não ficar mal. Mas ok, sem se abater, pense em algo feliz.

O que tem me feito feliz ultimamente?

[20h25] Babi: Eu te amo mais, acredite...

[20h26] Babi: Preciso de você.

[20h27] Vida ♔: É seguro ir te ver?

[20h27] Babi: Não.

[20h27] Babi: Mas minha janela está aberta.


Notas Finais


uhuuuu é issooo
um beijo no core de vcs, chero no cangote e tchau tchau :*


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