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História Mine - Bárbara, o seu fucking jardim sou eu.


Escrita por: princesadelesbos

Notas do Autor


postei numa quinta, voltei numa quinta
para as que shippam Babi e Nicholas, não escrevi a cena dos dois
para as que não shippam, o boy nem aparece

gosto desse capítulo, na verdade adoro
todinho narrado pela princesa de lesbos

até lá embaixo!

Capítulo 47 - Bárbara, o seu fucking jardim sou eu.


Pov Júlia

Acordei, graças a Deus na minha cama, com a Luana ao meu lado.

- Bom dia pra quem acordou de ressaca. – diz a morena. – Parece que minha cabeça é uma bigorna e há uma marreta sobre ela, batendo. Argh. – ela enfia as mãos entre os cabelos, como se fosse ajudar em algo.

- Bom dia, Lu. – sentei na cama. Minha cabeça também pesava, mas ainda bem que não doía tanto. Luana deixa os braços caírem, parecendo rendida. Ela estava jogada na cama, usando um top e eu não conseguia ver a parte de baixo, pelo cobertor. – Tá pelada?

- Não, eu estou de top. – ela rapidamente toca os próprios seios, como se comprovasse.

- Me refiro à parte de baixo, boba.

- Não sei, espera. – ela olhou debaixo da coberta. – Não, estou vestida, porém é um short muito curto. – quis ver, mas não pedi que ela tirasse o cobertor de cima. Lembrei de ter dado um short curto pra ela vestir, de madrugada. Já estava quase sóbria àquele momento. – A gente não fez muito ontem, pelo jeito.

- Eu não ia fazer muito contigo bêbada. Seria me aproveitar.

- Pera, então você só me come se eu disser que quero dar? – ela pergunta, como se fosse absurdo.

- Basicamente é isso mesmo. Você sabe como sexo funciona, se uma das pessoas não quiser, não tem.

- Não, eu sou virgem.

- Conta outra, Sánchez. – ela gargalhou, mas parou por causa da dor de cabeça. Senti um pouco de dó dela.

E claro que a Luana não é virgem, já fodeu com um monte de gente aí. Começou antes de mim até.

- Mas e se... Eu te comer antes? – ela era tão sexy acabando de acordar, com o rosto um pouco marcado pelo lençol e aquela voz de “acordei” com um quê de safadeza. Ri quando ela disse aquilo, mas, não nego, achei muito sexy.

Abaixei-me sobre seu corpo e beijei um pouco abaixo da sua costela. Sua risadinha foi fofa. Continuei com o rosto ali, inspirando o cheiro que sua pele exalava.

- Se você me comer antes eu não vou ligar. Desde que me foda direito. – ela dá um tapinha nas minhas costas porque a minha bunda estava muito longe pra sua ressaca.

- É claro que eu vou te foder bem direitinho, marrentinha.

- Hmm. – essa sou eu com o nariz entre suas costelas, recebendo um carinho na cintura com as unhas por baixo da blusa.

- Olha pra mim. – obedeço, seus olhos pareciam mais claros. Ela não contém o sorriso. Eu também não. – Queria te dizer alguma coisa bem legal ou fofa, mas a minha cabeça dói tanto...  – ri. – Não ria, é sério.

- O jeito que você falou foi engraçado. – ela puxa meu corpo e eu deixo-me levar até estar em cima dela. Tombei a cabeça pra esquerda, tirando meu cabelo rebelde do caminho. Escondo o rosto em seu pescoço, ela me abraça, colando nossos corpos, o cobertor entre nós. – Me deixe buscar um analgésico pra você. – falei, levantando a cabeça.

- Ju, fica aqui... – ela abraça mais forte, impedindo que eu saísse.

- Deixa de ser manhosa, eu vou buscar um remédio pra sua dor. E volto. Não gosto de te ver com essa carinha de doente. – roubei um selinho.

- Só te deixo sair se me der mais beijos. – ri e distribuí beijos por todo o seu rosto. Mordi seu queixo. – Tá mais que ótimo, já pode ir.

- Já posso? Acabou a vontade de mim por enquanto?

- Minha vontade de você não acaba. Mas eu preciso de um remédio, tá doendo... – ela reclama, massageando a têmpora. Beijei sua testa e levantei.

- Já volto. – ouço um “ok” e saio do quarto, fechando a porta.

Ao descer as escadas, percebo os degraus gelados, e que não calcei os chinelos. Continuei descendo, não ia voltar. Não tinha ninguém na sala, as meninas deviam estar dormindo. Cheguei à cozinha, encontrando a Bárbara mexendo na gaveta de remédios. Certo, ela estava acordada. Sem meus chinelos, nem escutou meus passos.

- Bom dia! – dou um susto nela.

- Que susto, porra! – me bate no braço. Ri controladamente, pra não acordar ninguém. – Bom dia, vadia.

- Rimando, Bárbara?

- Eu só queria te chamar de vadia. Você me assustou. Vadia. – ela faz um bico.

- Tá de ressaca?

- Não, tô morrendo de dor nas costas.

- Nas costas? – como ela arranjou dor nas costas com a cama confortável do quarto de hóspedes?

- É, nada a ver com a cama do quarto. Foi um mau jeito, tá doendo bem aqui. – ela indica o meio das costas. – Um pouco a lombar, também. Tô quebrada. E não sei o que fazer, então pensei em tomar um comprimido pra dor. Como eu sei onde você os guarda, aqui estou eu.

- Ah sim, você já cuidou de algumas ressacas minhas. – ela assente. – Tipo aquela do meu aniversário. Puta que pariu, aquela noite foi foda. – ri, lembrando. Quando eu fiz dezoito, há alguns meses, bebi muito numa boate, depois fui a outra boate, só que de strippers. Não toquei em nenhuma delas, mas foi uma experiência. E eu gostei. Só duas lembranças ruins: a ressaca do dia seguinte, e uma foto que eu postei no Snapchat com a legenda “tenho 18, agora posso mandar nudes” (não, graças a Deus eu não estava nua na foto). Quase todo mundo que viu printou e fui bastante zoada no grupo da sala no WhatsApp.

Neguei com a cabeça, ligando a cafeteira. Ia levar café pra ressaca da Luana.

- Discordo, foi bom só pra você. O dia acabou depois que fomos jantar. – sim, saímos pra jantar juntas. Foi antes da bebedeira. Depois de sair da boate de strippers, fui à casa dela e transamos, porém não lembro, só sei porque ela me falou. – Mas não tenho o que reclamar da sua coordenação bêbada.

- Do que exatamente você está falando?

- Do sexo. A coisa foi um pouco menos emocional, mas foi bem gostoso. – fiz uma careta e disfarcei, porque, como eu disse, não lembrava. Ela pegou o remédio e encheu um copo com água. – Não Júlia, eu não vou ficar mal ou chateada se você disser que não lembra. Eu sei que você não lembra, inclusive. – respirei aliviada.

- Ainda decifrando meus pensamentos.

- Faço isso pelas suas expressões. Leio seus olhares, Júlia. São a porta pra sua mente. Uma porta aberta. – ela toma o comprimido, observo-a engolir. Alguém poderia estudar a mente da Bárbara pra poder me explicar? Por favor, eu queria muito saber como ela faz isso. – Não é a primeira vez que te digo isso. Além do mais, você não lembra nem da noite passada!

- Lembro sim!

- Aham. – diz, descrente. – Do que se lembra?

- Estávamos dançando, bebendo...

- E?

- E a Yasmin não quis mais beber, Tay e Laura não paravam de se beijar um segundo sequer, Marismin sumiu...

- Tá indo bem. Depois?

- Depois eu... tenho um borrão na mente.

- Não falei?

- Até – digo para chamar sua atenção. – a parte em que paramos pra conversar, Babi. Ou melhor, Vidoca. – arqueei a sobrancelha. – E... Ok, eu não queria ter lembrado disso. – lembrei da parte em que o garoto chegou. – Ah, desculpa por ter falado em te beijar.

- O importante é que não beijou. – de certo modo.

- Daí você saiu com um garoto que eu não conheço, mas gostaria muito de saber quem é, e eu fiquei com a Lu até o final, até você voltar horas depois e até irmos finalmente embora. Horas... Exatamente, horas depois. Duas horas, pra ser precisa.

- Foi... Olha que bom, você lembra...

- Não bebi tanto assim. Passou duas horas com aquele babaca. Foi assim que machucou as costas?

- Não é da sua conta... – reticências demais em um espaço de tempo pequeno.

- Você é hétero agora?

- Não! De onde tirou isso? – ué, das saídas com um garoto, é claro.

- Foi assim que machucou as costas? Espera, transou com ele? – não quero crer.

- Júlia, para.

- Usou camisinha? Cuidado, pra não contrair doenças de um otário.

- Ele é meu amigo, não fale assim. E fale baixo, vai acordar as meninas!

- Ou pior, ficar grávida de um otário! Já pensou nisso?

- Porra, fala baixo! E usamos camisinha, tá tudo bem.  – arregalei os olhos. – Você tá transtornada, para!

- Não acredito que transou com ele, Bárbara! Puta que pariu, não é possível. Caralho! Que porra, ele tocou em você, ele fodeu você, eu não acredito. – andei de um lado para o outro na cozinha, realmente transtornada e bagunçando o próprio cabelo que nem sequer arrumado estava. A Bárbara não tem noção do quanto mexeu comigo escutar isso, eu tenho problemas com ser trocada por um homem, tenho históricos. Ela me olhava incrédula.

Sei que não fui trocada por ele, no fundo eu sei, mas entendam que é um problema. E ninguém aqui vai pagar um psicólogo, então sem julgamentos.

- Chega, Júlia. Cala a boca. – ela diz quando eu penso em abrir a boca. Porra!

- Não, você... – ela me interrompe.

- Cala a porra da boca! Que agora eu falo. Acalma essa sua crise de ciúmes ridícula. Mais que ridícula, aliás. Se eu fiquei ou não, transei ou não, o problema é meu! Você é minha ex e minha amiga, mas não tem nada com isso. Ponha-se no seu lugar. Ah, e se houver algum tipo de consequência, eu lido com ela sem te envolver. Porque, novamente, você não tem nada a ver com isso. – sim, ela estava certa.

Parece que sempre está. Vamos lembrar que eu não estou em juízo perfeito.

E a partir daí, eu nem estava mais pensando. Fui dominada pelo fantasma dos homens, que me atormenta. Digamos que eu mudei da água para o vinho.

- Gostou da noite com ele? – perguntei me aproximando.

- Julia, isso não importa, ok? – ela foge do contato visual.

- Importa sim.

- Já te disse pra parar com essa crise de ciúmes absurda. Terminamos, Júlia. Supera! – superar, estou tentando! Minha maior vontade é que o tempo passe, pra descobrir se tomei a porra da decisão certa. Porque, mesmo depois de tudo feito, tudo volta, como se nada tivesse mudado quando mudou tudo, e paira sobre a minha mente toda vez que eu deito pra dormir. Me faz até perder a vontade de parar pra pensar na vida.

Victor e Leo escrevendo música bisbilhotando minha vida, puta que os pariu, mereço. “Não sei dizer o que mudou, mas nada está igual”, eles dizem. E pela porra de letra que essa música tem, percebo que vai ser a música da minha vida e não só dessa vez. A vida poderia ter escolhido melhor pra mim.

Bárbara, o seu fucking jardim sou eu.

- Eu sei que teminamos, porra. – me aproximei mais. – Se arrepende?

- De ter terminado? – ela se encosta à bancada. – Olha...

- Não, de ter começado.

- Com ele?

- Comigo. – prendi-a com meus braços, um de cada lado do seu corpo. Agora ela me olharia nos olhos. Sim, passou pela minha cabeça que ela tivesse se arrependido dos nossos oito meses seis dias e voltado para os homens de vez.

- Não Júlia, jamais, não diz besteira! – obrigada por não alimentar minha paranoia, Bárbara.

- E por que ficou com ele tão fácil? – a proximidade levava aos sussurros.

- Não foi tão fácil quanto você pensa e quanto parece. E não está sendo fácil pra mim. Você tem a Lu, pra te ajudar. Eu tenho ele, de certo modo, mas não inteiramente. – ele não era o novo namorado dela. Gostei de saber disso, pelo menos.

- Quando ele te segurou, você gostou?

- Puta que pariu, esquece essa porra, Júlia...

- Quando ele te segurou assim. – puxei-a contra mim pela cintura com as duas mãos. Até tentou resistir, mas não conseguiu. – Bem assim. Forte. Você gostou disso? – sussurrei. – Gostou disso como gosta quando eu faço? Gostou dos seus corpos colados como gosta dos nossos?

Ela suspirou.

- Júlia... – interrompi.

- Quando vocês ficaram de testas coladas. – colei nossas testas. – Não foi assim mesmo que ele fez? – ela assente, sem ter muito o que fazer, já que com um dos braços envolvendo sua cintura eu a segurava com força. O outro estava pronto para ir até sua nuca caso ela ousasse desviar o olhar.  – Pensou em mim, nessa hora?

- Não.

- Sabia que não. Pensa nele, agora?

- Não, Júlia. Apenas no momento em que você o mencionou.

- Gosta de ficar assim comigo?

- Me recuso a responder só pra alimentar seu ego.

- Vou tomar isso como sim. – subi meus dedos pela sua cintura, desci em seguida. – O que aconteceu depois?

- Nos beijamos.

- Foi mesmo? Desse jeito? – aproximei nossos rostos. Meus lábios quase roçavam nos dela quando sou empurrada, com força. Ela só conseguiu sair porque eu afrouxei o aperto que nos mantinha coladas, quando me perdi no caminho, olhando pra sua boca e só conseguindo pensar nela colada com a minha. Bem, no outro segundo estávamos distantes novamente.

 - Você ficou louca, Júlia?

- Por que não o empurrou assim?

- Porque eu estava bêbada, caralho! – ela caminha até perto de mim novamente. Acho que eu sabia o que ia acontecer.

Não me movo até a mão dela estalar um tapa no meu rosto. Mil vezes merecido e forte o suficiente pra que eu visse a merda enorme que estava fazendo. Mas não o suficiente pra marcar meu rosto. Ela logo percebeu que eu já estava próxima do meu normal.

- Você ia mesmo fazer o que eu acho que ia? – levei a mão ao rosto, ardia um pouco.

- Sabia que você ia me empurrar. E não sei, fiquei excitada. Queria que você sentisse que errou em ficar com ele. Desculpa por isso, eu tenho um pequeno trauma. – ok, não é pequeno.

E era mentira, eu não sabia que ela ia me empurrar. Claro que não. Eu só conseguia pensar no quanto sinto falta da sua boca. Lá vou eu ser filha da puta de novo.

- Olha, acho melhor você parar com isso agora, e amadurecer. Você quase jogou tudo no ventilador! Se eu fosse outra, estaríamos nos beijando aqui. – concordei. Puta merda, eu escolhi mesmo a melhor pessoa pra namorar. Mesmo que não tenha durado tanto. – Eu te acho mais que ele, ok? Se saber disso te deixa melhor. Você já me proporcionou muito mais orgasmos.

- Ele te deu um orgasmo?

- Sim, mas e daí?

- Quero te dar dois. – contemplem a dimensão do meu problema. Preciso me tratar. – Que merda, desculpa por isso.

- Você não vai chegar perto de mim enquanto estiver desse jeito. Não pensa na Luana? Ela existe, sem mencionar que pode descer a qualquer momento.

- Sim, você está certa. Perdão.

- Perdoo. – respirei fundo, deixando lentamente de sentir vergonha de olhá-la. Quando olhei, lembrei que ali era a pessoa que melhor me conhecia e mais rápido me decifrava na face da terra.

Eu me tornei uma equação complicada, talvez cheia de incógnitas, mas pra Babi sempre é como 2 2. Me olhou, já sabe a resposta.

- Já está melhor?

- Sim, bastante. – ri sem humor. Reparei melhor nela, e lembrei o quanto eu era apaixonada na sua visão usando aquela camisola. Era tão mulher, sexy e delicada, de um jeito maduro. Não deixei de ser, de fato ainda era uma das melhores visões.

A Bárbara não merece de jeito nenhum uma pessoa que a admire menos do que eu. Ou no mesmo nível, ou mais, e nos dois sentidos da palavra. Alguém que veja o quanto ela é linda, que “perca tempo” reparando nisso e que entenda as coisas inteligentes que ela diz e faz, entenda o raciocínio genial e rápido que ela tem.

Se bem que eu, na maioria das vezes, não entendo.

- Eu ainda sinto a maldita sensação de ser seu mundo inteiro, quando você me olha assim.

- É uma parte importante dele, Bárbara. Já te disse isso. Disse ontem, inclusive.

- Sim, você disse. – ficamos um pouco em silêncio até ela quebra-lo. – Me abraça, Vida. – pede, rio baixinho, envolvo sua cintura e apoio o queixo no topo da sua cabeça. Encaixamos. Não deixei de reparar que ela me chamou de vida e sorri por isso, a apertando mais forte. – Mantenha o controle, por favor. Somos civilizadas. – eu nem tinha pensado em tentar nada.

- É só um abraço, Vidoca. É um contato inocente. – beijei sua testa e deixei meus lábios encostados ali.

- Sei porque dizem que o melhor lugar do mundo é dentro de um abraço. – sorri, boba. – E não é só um abraço. Você sabe que não.

- Sim, eu sei. – era muito bom, mas nos separamos. Um pouco mais de silêncio.

- Seu café está pronto. – ela aponta a cafeteira. Assenti. – Júlia, por que você desceu e a Luana não?

- Porque vim buscar um reméd... Puta que pariu, esqueci o remédio da Luana. – rapidamente comecei a revirar a gaveta de remédios.

- O remédio está em cima da pia, bem na sua frente. – revirei os olhos pra mim mesma. – O ciúme te cega. Lembra que adorava dizer isso pra mim? – virei pra olhá-la.

- Não adorava, Bárbara.

- Mas dizia bastante.

- Porque seu ciúme era meio doentio.

- E isso que acabou de fazer foi bem normal, não é? Agora te descobri, Júlia II.

- Meu ciúme é controlado. Esse momento eu realmente perdi o controle, me perdoe porque foi foda.

- Já disse que perdoo. – ela anda até mim e beija minha bochecha. – Só porque você sempre ficou sexy com ciúmes. Gostosa.

- Somos civilizadas, uma porra. Você é uma safada.

- E você pensou em me foder aqui. Quem está pior?

- Quem queria ser fodida?

- Eu não queria, tá maluca?

- Maluca? Por favor, Bárbara, a mínima possibilidade não te assustou.

- Não, mas eu nunca ia deixar que acontecesse.

- Por uma questão de caráter. Você fica tão excitada quando eu te toco quanto eu fico em te tocar. Sabemos disso. Há fogo entre nós, sempre houve. E pelo jeito sempre haverá, né. A gente se aproxima e tudo esquenta sem que a gente sequer note.

- Não me tenta, Júlia II.

- Eu não transo há mais de quatro meses, você transou ontem mesmo e eu estou te tentando? Me poupe.

- Vá brincar de dj, então.

- Vou, pensando em você. – enfiei a mão no short do pijama e pisquei pra ela.

Tirei a mão em seguida, claro. Mesmo que estivesse excitada, não ia fazer nenhuma loucura. Cheguei bem próximo, mas não ia fazer.

- A Lu tá com dor e eu já demorei muito aqui. – servi uma xícara de café e peguei o remédio, rumando para as escadas.

- Júlia, eu deveria te matar pela cena anterior.

- Eu deveria me matar pela cena anterior, pra falar a verdade.

- Você precisa ser fodida com urgência. – eu ri, concordando internamente. – Mas enquanto isso não acontece, vai lá cuidar da ressaca da sua namorada, vai. – eu deveria dizer que não namoramos, mas apenas olhei pra ela e ela entendeu que não. – Até mais, Júlia.

- Até mais, Bárbara. – subi as escadas. – Que porra eu tô fazendo com a minha vida... – murmurei sozinha.

Entrei no quarto com cara de nada e a cartelinha de comprimidos na mão.

- Você demorou, Marrentinha. Muito, aliás. – fui recebida por uma carinha de doente com muita manha envolvida.

- Desculpa. Não consegui achar os analgésicos. Estavam praticamente escondidos. E te trouxe café. – coloquei sobre o criado-mudo e ela viu minha mão tremendo quando larguei. Que merda, a Bárbara me deixa nervosa.

- Tá tudo bem? – ela pergunta depois de pegar o remédio na minha mão. Agacho, entregando uma garrafinha de água pra ela do frigobar.

- Tá sim, relaxa. Vai passar logo.

- Minha dor ou seu nervoso?

- Ahn, os dois.

- Assim espero. – sorri de lado sem mostrar os dentes. Ela tomou o café em seguida, mas só até a metade, alegando estar muito amargo. Desisti de forçá-la. – Deita aqui, Ju. – obedeci e deitei.

Ela me abraçou, beijou minha testa e começou a mexer nos meus cabelos, deixando-me confortavelmente entorpecida. Tão carinhosa...

Não quero me sentir culpada, não quero...

Não vou.

- Se você continuar, eu durmo.

- Que mal há nisso? Temos o dia livre, marrentinha.

Duas perguntas: o que eu fiz pra merecer e o que eu fiz pra merecer.

O que eu fiz pra merecer mulheres tão perfeitas e o que eu fiz pra merecer não saber me controlar.

Não sei. Acho que vou seguir o conselho da Babi, deixar disso e amadurecer. Tô com a Luana, melhor mesmo pôr um fim nisso antes que eu cague tudo. 

O fim não é o fim, ela disse. Talvez eu inconscientemente tenha levado sua frase a sério demais, e do nada parece que o jogo virou, ela parece ter superado e eu fiquei presa nesse passado recente. Ainda que aparentemente eu tenha superado, ela sabe que não, ela sabe de tudo. Só que melhor que por enquanto o fim seja o fim e as duas superem, sim? Sim.

Mas que bom que nada mais fica pela metade entre nós duas, sabemos esclarecer as coisas.

Agora que fui reparar, sempre acabo seguindo conselhos da Bárbara. Que mulher.

Bárbara para presidente do Brasil.

E afasta da minha mente a insistente ideia de ser primeira-dama.


Notas Finais


pretendo postar nesse fds

um beijo, luz e paz! <3


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