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História Mine - Saudades eu tinha era disso.


Escrita por: princesadelesbos

Notas do Autor


mais um para os que aprovaram jubi aí novamente

pov mt especial da Mari porque eu tive saudades de narrar com ela, saudades de smile
até lá embaixo

Capítulo 63 - Saudades eu tinha era disso.


Pov Marina

Sabe o que eu acho?

Nem importa tanto assim o que eu acho, mas se eu tô aqui é porque alguém se importa.

Eu acho a Júlia e a Babi duas sem-noção. Elas poderiam simplesmente ficar juntas logo. E a Júlia, uma tapada, porque é muito mais fácil dar o pé na Luana e reatar com a Babi. Além de elas combinarem muito mais, a mídia não ia fazer muito caso em cima disso, ela namoraria uma completa desconhecida pra eles e seria feliz mesmo assim. Seria mais feliz inclusive.

Mas tô dizendo isso pelo que tô vendo, sem ouvir nada além do mimimi da Júlia que ouço sempre, porque ela sempre fala. Não sei nada da Babi, e não sei quem ou o que está no caminho, impedindo essas duas de voltarem.

Sinto pra caralho pela Sabrina, mas sei que até ela sabia do que a Babi sentia (a Babi fez questão de contar isso pra nós) e que ela seria compreensiva se estivesse viva, e quer a felicidade da Babi onde quer que esteja. Quero acreditar nas palavras da Babi, pois não conhecia Sabrina.

- Elas só estão conversando, deixa de nervoso. – Yasmin me dá um tapinha pra me acordar desses pensamentos. Estávamos sentadas em cadeiras acolchoadas que mais pareciam poltronas, a minha propositalmente colada à dela. Pra compensar o tapa, ela deixa a mão sobre a minha e a acaricia com os dedos, fazendo desenhos aleatórios. – Eu sei que elas deveriam estar juntas, eu também acho, mas só elas podem resolver isso.

- Quando a gente brigou, a briga não durou mais por causa delas. Lá na primeira vez, do Lucas. – falei.

- Mas se não fosse assim, você custaria a acreditar em mim. E talvez não estivéssemos aqui. – ela segura minha mão. Nego com a cabeça.

- E da segunda vez, a Babi também estava lá.

- Ela te aconselhou, Marina. E graças a Deus que fez isso, porque quando eu te via eu me sentia tão mal por você estar com aquela aparência. Eu achei que fosse perder você.

- Eu me sentia morta, acabei parecendo com uma. Legal que o exterior refletia perfeitamente o interior. Mas desculpa por ter feito você se sentir mal.

- Eu também tinha culpa, e já passou. Você é transparente, amor. – ela me beija na bochecha. – E eu te amo muito mais por isso. Você nem consegue mentir pra mim. – diz, rindo.

- Ah é, você é muito espertinha. – aperto sua cintura, a fazendo dar um pulinho na cadeira e rir.

- E você é uma gostosa. – sussurra no meu ouvido, me fazendo rir. Safada num segundo, fofa no outro. Ela deita a cabeça no meu ombro. – Olha, acho que vai rolar entre os dois ali.

- O Nicholas e o Erick? – ela assente.

- Erick é o nome dele? Já vi esse rostinho.

- Talvez nas revistas de fofoca de Madri com a Júlia, ou no meet do seu show... – ela deu de ombros.

- Ele é gay?

- Boatos que não. – ri. Os dois conversavam mais afastados, e pareciam descontraídos. O Nick era um dos mais cansados ali, mas o Erick parecia animá-lo com o que falavam. Seja lá o que for. O outro rapaz, que Yasmin disse se chamar Will, estava deslocado. – Mas não vamos ficar olhando, né?

- Quem é esse menino com o Nick? – chega a mãe da Babi já perguntando, e sentando-se na outra cadeira livre. Naquela sala de espera só tinha a gente. Era bem próximo do quarto da Babi.

- É o Erick, amigo da Júlia. – ela se surpreende.

- Ah, a Júlia chegou. Me deixe adivinhar: as duas estão sozinhas lá dentro. – assentimos. – Tsc. Espero que ela tome cuidado, a Babi está sensível e dolorida ainda. – não entendi muito bem por que ela disse isso, mas a Yasmin deu uma risadinha. – E esse outro? – discretamente sinaliza o Will, que estava distraído.

- É um colega do trabalho da Babi.

- Ela trabalhou um dia e já tem um amigo assim? – ênfase no “assim”, acho que ela referia-se à aparência do Will.

- É o que parece, e ele trouxe flores. – diz a Yasmin.

- Eu passo algumas horas em casa e tudo isso acontece. – seu tom me fez rir.

O médico passa dando bom dia e vai entrar no quarto da Babi. Antes ele pergunta se tem alguém lá dentro. É só ele perguntar e a Júlia sai, claramente tentando manter uma expressão neutra, mas sem muito sucesso. Aí o médico entra, fechando a porta.

- Júlia. – diz a mãe da Babi, indo abraça-la. Elas se abraçam por bastante tempo até, em seguida trocam algumas palavras, a mãe da Babi agindo como se fosse mãe da Júlia também. Depois a loira senta ao meu lado. Na verdade, encosta-se ao braço da minha cadeira. Imaginei se a cadeira iria aguentar, mas não a mandei sair.

- Tá tudo bem, Ju?

- Tá... A Babi... Tá, tudo bem. – ela tava longe. Bem longe.

- Você quer que eu saia, Ju? Pra conversar com a Mari. – Yasmin se oferece e já sai sem nem esperar a resposta da Júlia, apenas apertando carinhosamente meu nariz (o que odeio) antes de ir. Ela só queria sair, conheço minha peça.

E assim foi até onde estava o Erick e o Nicholas, num sofá, sentou entre os dois e se meteu na conversa como se já estivesse lá. Já estava, num segundo a Yasmin pega as coisas. E eles foram super receptivos, inclusive rindo de alguma coisa que ela deve ter dito assim que sentou. Ela tem isso de raciocínio rápido e tem o “dom de socializar”. Consegue falar de tudo, qualquer coisa, com qualquer um de quem ache que vá sair uma boa conversa. Se ela não sabe muito sobre tal coisa, é muito curiosa em aprender. Chega a parecer uma criança descobrindo e perguntando sobre tudo, e eu amo isso nela. O jeito de menina.

Apaixonante, essa mulher.

Eu não era a única otária apaixonada, já que ela tinha milhares de fãs que viam o que eu via, às vezes até mais.

- Só não baba. – Júlia comenta.

- Sai do braço da cadeira e senta aqui. – aponto o lugar onde Yasmin estava. Ela prontamente me obedece, se largando na cadeira, que até foi um pouco pra trás. Segurei o riso para a cena. – Vai, pode me contar.

- Eu ia beijar ela. – diz sem me olhar, como se visse a cena diante dos olhos. Fiquei boquiaberta, mas pelo tempo verbal empregado.

- Ia?

- Aham. Não beijei porque vieram várias coisas na minha cabeça e agora tô pensando nisso.

- No que?

- Na Sabrina, na Luana... Principalmente na Luana. – do jeito que ela estava, logo concluí que Luana havia feito alguma merda.

- O que a Luana fez? Confirmou os rumores? – o relacionamento das duas pro mundo não passava de rumores, e elas andavam afastadas publicamente para não alimentar os mesmos.  Era complicado, pra mim era loucura.

- Não, está louca? Ela deu um tempo da gente porque eu vim pra cá, ela tem ciúmes da Bárbara. E agora eu sinto que ela está certa porque quase cedi à vontade e beijei a Babi. E ela nem ia me afastar, ela esperava até que eu beijasse. Eu vi. E a Lu me disse várias coisas, que eu achei merda na hora, mas agora faz tanto sentido. Ela disse que a Babi me superou, o que caiu por terra assim que entrei naquele quarto. –concordei. – Disse que não somos apenas amigas, que eu não consigo me desprender, e pior, que eu quero substituí-la e colocar a Babi em seu lugar. Segundo ela, eu fiz isso há seis anos pra colocar ela onde está. Disse que eu “me deixei levar” por outra pessoa, no caso ela.

- Ela está insegura achando que vai ser trocada como pensa que a Babi foi. – Ju assentiu. – E você vê isso fazendo sentido?

- Não essa parte. Mas a parte de que eu não sou apenas amiga da Babi e nunca vou ser. E a parte do “se deixar levar”. Acho que foi até por isso que não consegui beijar a Babi. Eu tô confusa, argh. Eu não me deixei levar. – diz choramingando. Contenho-me pra não revirar os olhos.

- Você tem isso da indecisão pairando sobre a sua cabeça. E do medo de se entregar. Ju, você não tá com as pessoas erradas. Lembra da primeira vez que eu namorei? Eu não me entreguei, mas ficava igual a um cachorro atrás da Paula Beatriz e quebrei minha cara porque gostava de agradá-la. Levei chifre.

- Onde você quer chegar?

- Quero chegar no momento da Yasmin. Eu me entreguei mesmo decepcionada, hesitei no começo mas acabei sendo dela porque sabia que era a pessoa certa, sabe? Ver a pessoa todos os dias por mais de cinco anos e não enjoar, é foda. Eu sou a pessoa mais otária que existe. Mas ela é... Maravilhosa demais.

- Marina. O que você quer me fazer pensar?

- Duas coisas que se eu fosse você, pesaria antes de tomar uma decisão: você está com a Luana há mais de cinco anos e não enjoou dela. Enjoou?

- Ela é bem chata às vezes, outras ela surge com um jeitinho mimado que não faz o menor sentido e é ruim de aguentar, aquela coisinha chata de “eu quero assim, vamos fazer assim”, mas eu amo a Lu. – reclamou, mas é normal ter o que reclamar de uma relação que dura. Yasmin reclama comigo, mas se querem saber do que perguntem a ela. Eu também reclamo com ela, direto.

Yasmin é desorganizada. Sabe o que é estar no sossego e uma pessoa aparecer gritando que não consegue achar algo?

Sou eu em casa com a Yasmin, o tempo todo. Perde o carregador, perde o celular, perde a coleira do Harry, perde tal blusa, tal sapato não sabe onde botou...

Ressaltando que vivemos esse tempo desde o final da faculdade com ela alternando os dias de dormir lá em casa, até que minha mãe inventou de querer se mudar e ia vender a casa dela, aí resolvi barrá-la e ir morar lá definitivamente, com a Yasmin e o Harry, porque estava dificílimo criar o cachorro que cresceu demais dentro daquele apartamento (que era grande, mas nunca havia sido preparado pra receber um cachorro espaçoso e barulhento como o meu). E desde que veio morar comigo, ela, além de vir repetidas vezes com a história do casamento, até hoje não sabe direito onde ficam as coisas lá em casa. Ou é o que parece, porque tudo some e eu sempre sei onde está.

Sobre casar, compreensível que não há tempo agora. Mas em breve.

- Sim, você tá com a Luana há mais tempo. Esta é a primeira coisa que quero que leve em conta. Segunda coisa: vê como eu fico bobinha falando da Yasmin, ou com a Yasmin? – ela assente. – Você fica exatamente assim quando fala com a Bárbara ou dela. Põe essas duas coisas mais o que você quiser sobre a balança.

- Pra decidir o que?

- Depois eu que sou a lerda.

Pov Júlia

Tentei dar o truque na Mari pra ela me dizer o que fazer mas nem rolou.

- Posso dizer o que quiser mas, Ju, você quem sabe. Eu quero te ver feliz.

- Eu não sei o que pensar, e preciso pensar. A Bárbara, ok, ainda sinto tudo aquilo e ela amadureceu, sabe? Não me força a nada, ela tá lá se eu precisar, se eu quiser, ela tá se disponibilizando pra mim. Não sei se posso querer mais do que isso dela. Mas a Luana tem que parar de me ignorar, porque mexe com minha cabeça! - o amadurecimento da Bárbara contrastava com a imaturidade da Luana (a meu ver, era imaturidade sim isso de me ignorar). Os anos haviam sido para a Babi uma maneira de demonstrar toda a maturidade que já tinha, só que no físico. De longe dava pra perceber que ela não era qualquer uma. E tinha ficado mais linda.

- Eu sei que você preferiria que elas se engalfinhassem pra decidir quem levava você, só pra te poupar da escolha. Eu lembro quando você namorou duas meninas ao mesmo tempo. – que porra, eu tinha 15 anos quando isso aconteceu, nem assumida eu era. Eu escondia as duas do mundo e uma da outra, claramente não ia dar certo.

É, acho que eu ainda tinha uma personalidade em formação naquela época.

Ou talvez eu estava fadada a ficar entre duas pessoas sem saber como escolher. Naquela época, deu merda. Não queria que acontecesse de novo.

- Você sempre traz essa história de volta. Foi um deslize, a única vez em que estive envolvida com adultérios. Elas se engalfinharam porque eram duas loucas. E eu não estava mais aguentando tanta pressão.

- Foi um deslize, mas você ficou com as duas porque não decidiu entre uma delas. E você quase morreu. – ri. Foi mesmo, elas tentaram me matar quando descobriram que a culpa era minha. De quem mais poderia ser, né? – O que eu quero dizer é que não vai poder fazer isso de novo. Você vai ter que decidir.

A verdade é que, na minha vida, nunca tomei uma decisão importante como essa. Eu não decidi nem minha profissão. Fui encontrada jogando futebol, alguém resolveu investir, e, por talento, acabei ficando rica. Não decidi nada, nada. Nunca fui boa em tomar decisões porque nunca fui incentivada a isso. Por mais autossuficiente que eu me ache.

- Eu sei, Marina. Não faria isso de novo, tenho maturidade suficiente pra ver que é errado e tenho discernimento pra decidir. Só não tenho vontade de descer do muro, sair da zona de conforto, entrar na parte difícil... Às vezes a minha vontade é de não decidir e buscar uma terceira pessoa. Ficar sem as duas. Pra você ver há quanto tempo isso vem acontecendo, porque sério, eu não consigo ficar em paz. Tô pra pegar uma modelo qualquer e dizer que namoro. Aí essa encheção de saco sem fim ia acabar. – não deixa de ser uma opção, mas não é uma opção que quero considerar, sinceramente.

Para quem não consegue ver, estar em cima do muro e na minha zona de conforto me previne de muitas coisas. Se eu desço pro lado da Babi, vou ter que lidar com a possessividade, o ciúme e a distância. Se eu desço pro lado da Luana, vou ter que lidar com a mídia (incluindo a parte da rivalidade entre os times e a parte de fugir o tempo todo), com a insegurança em relação à Bárbara, com a chatice repentina que dá na Luana às vezes e eu odeio. E em ambos os lados eu terei que lidar com discussões bobas.

Se eu desço para o lado da Babi, volto com um relacionamento antigo que não deu certo por imaturidade, que merece uma segunda chance e que tinha uma química e um sexo maravilhosos, de grande envolvimento físico e mental também, de uma ligação quase telepática, com momentos de tirar o fôlego e o chão. Se eu desço para o lado da Luana, sigo com um relacionamento duradouro que não merece acabar, onde não completamos as frases uma da outra, mas nos seguramos juntas acima das dificuldades, somos a estabilidade uma para a outra e nos confortamos juntas em nossa bolha (bastante) particular. Com um sexo muito bom também, mas poderia ser melhor. 

Consegue perceber que uma tem o que falta na outra?

- Mari.

- Oi.

- Não dá pra decidir. – ela revira os olhos, pronta pra me dar mais uma bronca. – Não agora. A Babi acabou de perder a pessoa dela. E se ela mudar de opinião sobre mim? Se ela quiser deixar só no passado? Se ela quiser esse babaca que trouxe flores? – Marina dá um muxoxo. Eu também daria se estivesse me escutando. E sim, eu fiquei enciumada do cara que trouxe flores. – E outra, estou sem falar com a Lu. Nem sei se ela vai querer voltar pra mim depois desse gelo que tô levando.

- Então deixe como está até que veja a melhor oportunidade pra decidir, agora que já levou tanto tempo, acho que nem tem mais pressa. – pior que é.

Pov Bárbara

- Então é isso, ela é a minha pessoa. Mas não deixei de sentir falta da Sabrina, claro, ela era muito importante pra mim. – e foi tirada da minha vida de uma maneira tão cruel... Doía muito falar dela. Mas eu estava sendo bem distraída desse assunto.

- Nunca ia imaginar que você tinha namorado uma estrela do futebol internacional. Mais ainda, que é apaixonada por ela até agora.

- Will, ela não era nada disso.

- Mesmo assim é louco. – não deixo de concordar. Ele apoia o queixo na mão, debruçando-se sobre a minha cama, ficando até perto demais. Mas eu estava confortável. – E você vai tentar reatar o namoro?

- Não. – ele arqueia a sobrancelha, e espera que eu explique o porquê. Havia contado toda a minha história com a Ju pra ele, porque ele havia me distraído com suas histórias naquele dia de “trabalho”, meu primeiro dia. E quando eu ia contar essa história, já estava perto do fim do expediente. – Porque acho que ela não precisa de mais pressão, sabe? Vou ter que esperar que ela saiba o que fazer e pode demorar, mas eu a amo. E preciso exercitar minha paciência. – ri. – Por exemplo, agora, eu quero sair desse quarto de hospital correndo o mais rápido que meus músculos me permitirem. Não tenho paciência pra estar aqui sentada o dia inteiro fazendo nada. Eu poderia ver séries pelo celular, se meu celular não tivesse sido despedaçado no acidente. – se vocês não sabiam dessa, fiquem sabendo.

- Gosta que eu esteja aqui? – perguntou do nada.

- Gosto sim.

- Então agradeça ao seu celular. Porque você não apareceu no trabalho no dia seguinte, aí te liguei e procurei saber por que você não atendeu. Só estou aqui porque você não me atendeu. E sim, levei um dia pra descobrir que você estava aqui, por que é o segundo hospital mais próximo da sua casa. – belíssimo detetive, eu tenho concorrência.

- Não passou pela sua cabeça nem por um momento que eu não quisesse atender?

- Ah, por favor, conversamos praticamente uma tarde inteira, você me adorou. E eu adorei você.

- Ok, você tem razão. Eu atenderia você, com certeza.

Ouço um pigarro forçado vindo da porta. Júlia está lá, com o homem desconhecido que eu havia dito. Teria caído se não estivesse deitada quando descobri que era o Erick, o mesmo Erick Príncipe responsável pelo fim do “BV de homem” da Júlia. Porque ele estava um pedaço de homem pra ninguém botar defeito. Quando os dois entraram juntos por um segundo até pensei “imagina se fossem um casal”, pura destruição por aí.

- Atrapalho? – Júlia pergunta.

- Claro que não. – respondemos juntos. Ele ri por isso, apenas sorrio. Meu sorriso fica maior porque Júlia revira os olhos.

Ciumenta.

- É algo importante? Querem que eu saia? – Will pergunta, seguro ele pela mão negando com a cabeça. Se o Erick vai ficar, o Will também pode.

Antes que me perguntem, não, eu não tenho ciúmes do Erick. Ele não está afim da Júlia como parecia estar naquela época. Também não sei se naquela época estava ou não, mas parecia.

- Não Will, fica. – fiz questão de falar, ele volta a se acomodar na posição de antes. – O que foi, Ju?

- Nada, vim me despedir. Amanhã me liga quando voltar pra casa.

- Por quanto tempo vão ficar?

- Ainda não sei exatamente. – meu coração e meu ego encheram-se porque ficou claríssimo o que eu já suspeitava, que ela veio sem qualquer espécie de planejamento apenas para me ver e ainda trouxe o amigo para a viagem sem data certa de volta. Mas eu sabia que não ia demorar tanto quanto eu gostaria.

- Onde vocês vão ficar?

- Num hotel. – ela dá de ombros.

- Chamaria vocês pra ficarem lá em casa, mas não tenho condições de dar assistência a vocês, tenho que ficar de repouso. – disse a mesma coisa que disse a Marismin quando chegaram.

- Quem vai cuidar de você? Eu posso ficar por uns dias com você, te ajudando. – ela se oferece, fofinha. Os dois garotos presentes nada dizem e observam nossa interação.

O plano era minha mãe ia cuidar de mim, mas se a Júlia quiser...

- Se você quiser, não vou dizer não. – corei quando falei isso.

- Tem lugar pra dormir, lá?

- Tem o quarto do Nicholas, pode dormir você e o Erick lá. – ele arregala os olhos por um segundo. Claro que eu ia incluir o Erick nisso, Júlia poderia não se sentir bem sozinha comigo, de início. Além disso, fiquei sabendo (e vendo) sobre o interesse do meu amigo nele, daí não soube dizer se ele ficou surpreso por estar sendo incluído ou por eu ter dito “dormir no quarto do Nicholas”.

E também não sei dizer se vai rolar entre os dois.

Nicholas tá em processo de encerramento com o Frederico. É o que parece. Eu sou totalmente contra o fim, mas parece que é o que os dois querem, porque estão brigando demais. Sou a favor de sentar e ter DR mesmo, parar de discutir até cansar e conversar. Se mesmo assim não resolver, aí termina.

- Você vai ter alta amanhã mesmo, né? – ela pergunta.

- Por mim eu já tinha tido alta, mas é amanhã sim. – o médico havia entrado pra conversar comigo sobre isso e me dar recomendações como “não se esqueça dos remédios” e “ tenha cuidado com os esforços” (essa mais um sorriso malicioso).

Que esforços? Sexo?

“Tenha cuidado com os esforços”, era só o que me faltava.

Claro que esse era outro médico e claramente não havia tomado conhecimento de que eu havia perdido minha namorada no mesmo acidente que me colocou nesse hospital.

Depois disso as meninas ficaram aqui, a gente conversou, depois os meninos também entraram e ficamos todos juntos ali conversando, aí a minha mãe entrou e a enfermeira expulsou o pessoal porque tava cheio demais o quarto. Chamei o Will pra ficar porque ele era o mais deslocado e não merecia isso. E também porque queria conversar com ele, queria que ele me distraísse, até que precisasse ir embora também.

Isso foi já depois que almocei aquela comida terrível. Preciso voltar a comer como uma pessoa normal.

- Ok. Até amanhã. – Júlia volta a me beijar na testa, desta vez brinca e me beija nas bochechas também. – Foi bom te ver. – diz sorrindo, eu concordo com a cabeça. Seu polegar acaricia meu rosto. – Vidoca. – ela sussurra e meu coração samba. – Os beijinhos vão te fazer melhorar. – que fofaaaaaaaa

Alguém me tira dessa cama, eu não aguento a Júlia fofinha desse jeito

- Tchau Babi. – Erick aperta minha mão. Ele se abaixa pra, talvez, também me beijar na bochecha, mas...

- Princesu, você acha que vai fazer o que? – Ju pergunta com a mão no ombro dele.

- Eu só ia dar um beijinho nela. – ele claramente fez pra provocar. Gargalhei.

- Ah sim, você ia. Os meus são suficientes. – ela o puxa de perto de mim. Ainda fico um tempo segurando a mão dele até soltarmos, por causa dos puxões da Júlia. – Até mais, Babi. – sai puxando o Erick ainda, foi tão engraçado. – Foi um prazer conhecer, William. – ela diz antes de desaparecer.

- Até. – falei rindo. Erick pisca pra mim antes de fechar a porta.

- Vocês são definitivamente um casal.

- É... Ela sempre foi assim.

- Ciumenta?

- Não, boba. Eu era a ciumenta.

- Não foi o que acabei de ver. Ela tem ciúmes de mim ou eu tô me achando demais?

- Não, ela tem ciúmes de você. Deve ser porque não lembrou de trazer flores pra mim. Foi mais que suficiente sem as flores, mas ela deve ter se mordido um pouquinho.

- Trouxe flores por recomendação da minha mãe. Não me leve a mal. Apesar dela estar achando que estou com uma candidata à namorada e ter recomendado pelo mesmo motivo, achei prudente trazer as flores. Mas ela vai acordar desse sonho, porque eu não estou nem um pouco afim de namorar. Eu quero me firmar no emprego primeiro.

- Ai, não vejo a hora de voltar a trabalhar... – e não ia poder até que curasse o braço fraturado.

- Não está perdendo muita coisa. – ele me afaga e dá de ombros. Depois faz uma carinha fofa.

- Você é fofinho, Will.

- Não sou.

- É sim. – aperto suas bochechas. E aí um silêncio fica por uns segundos.

- Tenho que ir embora.

- Já?

- Queria ficar mais tempo com você. Mas não posso. – ele levanta, inclinando-se sobre mim. – Posso te dar um beijinho ou a Júlia não vai deixar? – ri.

- Pode, ela nunca vai saber. – falei como se fosse segredo. William beija minha bochecha e fica ereto, ajeitando a camisa.

Depois ele vai embora, restando só a minha mãe lá no hospital, que havia tomado o posto de acompanhante do Nicholas. Minha felicidade era estar indo embora em menos de 24 horas. Ela volta ao quarto logo, com o celular na mão.

- Eu falei com o seu pai.

- E? Por que ainda dá notícias a ele? Eu estou viva, e ele não vai ajudar em nada.

- Não deixa de ser o seu pai, Bárbara.

- Não? Lembra o que ele disse?

- Lembro, mas você sabe que ele ainda se preocupa. – eu não sabia não.

- Ele vai vir me ver? Vai retirar o que disse? Vai falar comigo, primeiramente? – ela negou com a cabeça. – Então ele não tá nem aí! Eu também não estou. Se ele não quer me ver nem num momento como esse, se ele não quer nem conversar comigo, paciência. Não fui eu quem disse que não quero mais ser filha dele. – por mim ele pega a preocupação dele e enfia num lugar bem legal, tô pouco me fodendo.

- É, mas ele ainda tem direito de saber o que acontece com você. – respirei fundo, mantendo a calma.

- Ele não vai saber de nada por mim. Se você quiser dar notícias pode dar, mãe. – de qualquer jeito, ele não iria falar comigo, então eu não devia nada.

Passei o resto da tarde jogando no celular da minha mãe. Depois arrisquei levantar da cama e caminhar pelo quarto, descobrindo que os incômodos musculares haviam melhorado bastante. Sr. Médico, eu estava pronta para os “esforços”.  Sem esforços pra mim, mas pelo menos, nada me prende nesse hospital.

[...]

No outro dia, já em casa, recebi a visita da Júlia ainda de manhã. Ela veio almoçar comigo, na verdade comigo e a minha mãe, convidada por ela. Depois do almoço, ficamos no meu quarto, sozinhas novamente. Júlia trouxe um chocolate pra mim, pra me agradar, e agora eu comia.

- Ninguém te segue simplesmente por ser a Júlia Becker? – ela não imagina o quanto me fez feliz com esse chocolate. Perfeita, agindo como se fosse minha namoradinha. Eu adorando, claro.

- Não aqui. Aqui a agonia é mil vezes menor, senão eu não conseguiria chegar à sua casa tão rápido. – assenti, colocando a embalagem do tão maravilhoso doce de lado. – Aliás, lugar aconchegante.

- Sim, Nicholas decorou quando viemos pra cá. Eu e Sabrina deixamos a nossa cara depois que ele foi embora. Ela estava pra se mudar, vir morar aqui comigo. Mas eu não era muito a favor porque poderíamos ir pra outro lugar só nosso. – sorrio envolvida em lembranças, já com os olhos marejados.

- Sente muito a falta dela, não é?

- Você nem imagina. Ela era demais. Isso não precisava acontecer. – sei que a vida tem dessas fatalidades, mas não dá pra superar em uns dias. Por mais que eu tente.

- Não chora. Eu imagino o quanto dói. – ela me abraça do jeito que dá, me ajeito pra encaixar em seus braços. Não demoro de me acalmar. – Sinto saudades de ter você assim, perto. – sussurra.

- Eu também sinto, Júlia. – me afasto do abraço e ela parece não gostar. Com certa dificuldade, sento encostada na cabeceira da cama e aponto a ela o lugar ao meu lado. – Senta aqui. – ela obedece, sentando mais afastada de mim. Perfeito pra eu fazer o que queria, deitar minha cabeça em seu colo. O fiz e Júlia não pareceu surpreender-se, parecia que sabia que eu faria isso.

Ficou me olhando até que eu me envergonhasse. E sorriu ao me ver encabulada.

- Como é morar na Espanha, Ju?

- É legal, é lindo e agitado. Minha vida é agitada. Mas não tem você lá. – “poderia ter”, quis responder, mas não poderia não. Ela tá fofa demais, eu não vou aguentar. – Babi... Sobre quase ter te beijado ontem, eu apenas... – calei-a com meu indicador sobre seus lábios.

- Não tem problema. Acho que você viu que eu não ia te afastar. Seja sincera.

- É, na verdade eu vi sim, e isso me confundiu. Por quê?

- Não é óbvio? Queria tanto quanto você. Acho que queria até mais que você. – resolvi parar por aí. – Você tinha muito na cabeça, eu não vou te julgar por isso. Fique tranquila, não tem problema nenhum comigo, lembra?

- Às vezes esqueço como é mais simples contigo. – ela ri de lado e me faz cafuné. Fecho até os olhos, ela suspira. – Não consigo esquecer você. Tem como?

- Se tivesse como, você já teria esquecido. O que posso fazer? Eu também não te esqueço. Você é você e enquanto for, ainda vai me causar aquelas mesmas coisas. – disse sem abrir meus olhos.

- Eu quero beijar você.

- Mas...

- Mas o que? – a olho, querendo saber se ela perguntou isso mesmo.

- O que te impede?

- Não sei. – mentira.

- Pode me contar, mas só se quiser.

- É só... Luana. – suspira, rendida.

- Sente falta dela? - perguntei normalmente. Por mais que me afetasse, não me surpreendia. E eu sabia que Júlia não tinha essa liberdade com a Luana.

- Sim, ela está me ignorando. Porque eu a deixei pra ver você. – franzi a testa. – Está valendo a pena ficar aqui, mas fico pensando nela de vez em quando.

- Se está aqui e quer estar lá, seu lugar é lá. – dei de ombros. Claro que eu não acreditava nisso.

- Mas eu estou lá o tempo todo e quero estar aqui, com você. – ela segurou minha mão. Nisso eu acreditava. – Eu senti que você não estava bem e, puta merda, não deveria ignorar isso.

- Júlia, eu estou aqui pra você como sempre estive, sem hesitar. E a única coisa que posso te dizer é que pode ser mais simples do que você pensa.

- É, simples, eu beijo você agora. E depois, o que acontece? – levanto do seu colo, ficando sentada de costas para suas pernas. Dobro um dos joelhos, apoiando meu braço engessado sobre ele.

Como aqui eu digo o que eu penso/quero, vou assumir que estava louca pra colar aquela boca com a minha.

- Os anos fizeram de você uma preocupada com o amanhã? – ri – Tsc, que ironia, Júlia II esquecer de como ligar o foda-se. – acho que toquei no ponto fraco de alguém.

Na verdade, o que eu queria era que ela visse que quando estivéssemos sozinhas, éramos Júlia e Babi. Sem mais nada e nem mais ninguém. Queria que ela trouxesse isso de volta.

Termino a minha frase com um riso irônico e ela abraça minha cintura com um dos braços, colando o rosto ao meu, já que falava olhando pra ela. Com o toque, sou obrigada a usar meu braço para apoiar o corpo, sobre sua coxa direita.

- Vou te mostrar como ainda sei ligar o foda-se muito bem. – seu aperto na minha cintura era dado de maneira minimamente bruta, o que adorei. E da mesma maneira sua boca se choca com a minha e o beijo começa, forte e intenso.

Sua língua parecia brigar com a minha, que a todo momento recuava, mas eu não queria ceder o domínio. Lembrando-me que ainda tinha dois braços bons e eu apenas um, Júlia enfia a mão esquerda entre meus cabelos, forçando-me a ceder.

Após me tirar todo o ar, ela morde meu lábio inferior e deixa um selinho carinhoso sobre minha boca entreaberta, logo mais uma mordida e ela puxa o meu lábio. Eu estava não-sei-onde depois desse beijo.

Foi sexual demais. Estou em chamas.

- Está tudo bem?

- Me dê um tempo. Preciso voltar à mim. – ela ri. Precisava era de um banho gelado. – Nada pra te dizer.

- Nada? Nada mesmo?

- Ah, nem me vem com esse sorriso safado.

- Posso vir com o que quiser. – sela nossos lábios demoradamente, quando vou aprofundar ela se afasta e me segura pelo cabelo. Sinto uma pontada no sexo, tão deliciosamente dolorosa que sorri.

Saudades eu tinha era disso.

- Agora sim é a minha Júlia Becker.

- Você adora que te pegue assim. Não adora?

- Adoro quando você me pega assim. Não é a pegada, é você. – ela morde o próprio lábio. – Você adora quando digo essas coisas. Sei que sim.

- Você sabe exatamente tudo o que eu mais gosto e faz. – sua boca passeia no meu queixo e pescoço. Seu braço que envolvia minha cintura me puxava para trás a todo momento, até que finalmente sentei em seu colo de lado. Ela gemeu contra meu pescoço quando fiz isso.

Um dos meus sons preferidos. Tão bom escutar de novo.

- Porra, Bárbara. – meu nome sendo dito assim dessa maneira excitada também está entre as coisas que mais gosto de ouvir. Ela volta a me beijar com a mesma vontade, agora sua mão na minha cintura ultrapassa os limites da minha blusa. Me arrepio totalmente.

- Porra, Júlia. – digo contra sua boca.

- Eu adoro, adoro você. – quando gozar vai dizer que me ama.

Não sei se deveríamos levar adiante.

Mas quando parei pra pensar nisso, já estava rebolando em seu colo.


Notas Finais


kkk até mais


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