1. Spirit Fanfics >
  2. Mine >
  3. Desculpa pela mão boba.

História Mine - Desculpa pela mão boba.


Escrita por: princesadelesbos

Notas do Autor


demorei porque mudei a porra toda que tinha feito antes ahsuahsaus


até lá embaixo

Capítulo 69 - Desculpa pela mão boba.


Pov Júlia

Quando eu acordei e me vi abraçada a um corpo feminino seminu, eu me surpreendi. Talvez tivesse feito alguma merda enquanto bêbada, pensei.

Antes de qualquer outra coisa, tentei lembrar de ontem. Tudo voltou normalmente, e em ordem. Ufa.

E mais uma surpresa. Levantei-me em um segundo só pra ter certeza de que era verdade. E quase gritei um “Yes” quando vi que era.

A Bárbara na minha cama. Eu dormi com a Bárbara. O destino realmente a fez estar naquele bar onde eu estava, naquele dia no qual eu precisava, e no momento certo. Não houve nenhuma ilusão da minha cabeça, eu estava sã, salva, sóbria, e era tudo verdade.

Só era dificílimo de acreditar! Ela está na minha cama, seminua! Socorro.

Ontem eu estava pensando que tudo ia dar errado na minha vida amorosa dali em diante. A Babi, que estava injustamente servindo como alguém para correr quando algo dava errado entre mim e Luana, tinha tomado um chá de sumiço fazia um tempo. E eu achava, mais uma vez, que não poderia tê-la novamente, afinal, a culpa era toda minha. Bom, a vida e o destino estão me dando mais uma chance, e, agora que eu sei quantas foram e que desperdicei todas, estou dizendo que essa eu não vou desperdiçar porque tomei vergonha na cara.

Terminar com a Luana tinha que acontecer pra eu chegar até esse momento ou será isso só mais uma armada pelo destino? Não sei, mas talvez descobrisse assim que Sánchez me contasse que diabos eu havia feito. Se for contar.

Feliz feito uma criança, fui cuidar da minha higiene matinal. Me flagrei cantarolando no chuveiro. Saí do banheiro completamente nua, atravessei o quarto e fui até o closet, somente pra pegar uma calcinha e a minha camisa preta do Real Madrid e do CR7, minha favorita. Vocês não imaginam como foi quando eu conheci esse homem. Foi em um dos eventos do clube e eu fiquei louca, tremendo quando o vi lá de terno e gravata. Eu dava.

Ele se mostrou um cara super alto astral e acabamos tirando tipo mil selfies. E ele postou uma comigo. Considero como um dos pontos altos da minha carreira.

Saí do closet e apenas nesse momento pensei: eu passei sem roupa. Ela poderia ter acordado e me visto nua. Tudo bem, nada que ela já não conheça.

Mas Babi ainda estava dormindo, agora agarrada ao meu travesseiro, com uma das pernas sobre ele. Uma cena fofa, mas ainda assim eu reparava em sua bunda e gostaria de acordá-la para um sexo matinal. Mesmo com a enorme possibilidade de levar um bom tapa na cara, porque eu não fazia ideia de como estava minha relação com a Bárbara agora.

Eu esperava que estivesse tudo bem como sempre.

Ouço meu celular tocar bastante alto na sala e corro, com medo do barulho acordá-la. Era a minha mãe.

- Bom dia mãe.

- Bom dia, Júlia. Como assim você e a Luana não namoram mais? – ela praticamente grita em meus ouvidos. Dou um muxoxo.

- Saiu nos jornais, foi?

- Não, a própria me contou. O que você fez pra ela ter tanta raiva?

- Ela te contou? Como isso? Ela não queria nem vir pegar as próprias coisas aqui em casa e quis falar com você, mãe?

- Não, eu liguei pra ela.

- Por quê?!

- Porque eu queria falar com você, e você não estava me atendendo.

- Mãe, tá cedo. Eu estava dormindo. E quantas vezes eu tenho que dizer pra deixar uma mensagem?

- Ela é sua namorada, eu só poderia pensar que você estava com ela.

- Mas mãe, eu já falei pra não ligar pra Luana quando quiser falar comigo! Eu tenho um celular. Se eu não atender, me espera retornar!

- Você já está em casa desde ontem, poderia ter me contado. E o que você fez pra ela terminar com você? – por que a culpa deve ser minha?

Certo, é minha, mas poxa, é a minha mãe perguntando.

- Justamente por isso, por isso que não contei. Você ia perguntar a razão e a única resposta que eu teria é “eu não sei”. Não sei! – em meio a minha caminhada de um lado pro outro, nesse momento reparo a Bárbara encostada à parede, coçando os olhos. Aí meu mundo para. E ela me olha.

Daí meu mundo chacoalha de um lado pro outro. E eu parada. Olhando pra ela, para o seu rosto. Pensando... Naquela música que diz “largo tudo se a gente se casar domingo...”.

Se minha vida fosse um musical, essa seria a música que eu cantaria naquele momento.

Torce pra gente dar certo.

Minha mãe falava, sobre o assunto não importante que ela deveria me falar e ligou até pra Luana pra isso. Eu não estava escutando.

Algumas coisas passavam pela minha cabeça, mas muito resumido em: preciso dessa mulher pra ontem. Preciso fazê-la se abrir novamente e me aceitar mais uma vez. Preciso recomeçar com ela. Preciso.

- Tá ok mãe, tchau. – eu sei mais ou menos o que a minha mãe havia dito, se resume em algum detalhe sobre minha carreira ou algo a ver com a mídia e eu, somado a alguns protestos dela relacionados ao meu vacilo com a minha ex-namorada.

- Bom dia. – Bárbara diz, sua voz levemente sonolenta soa como mais um conforto para a minha mente inquieta.

Estou bem poética, não? Isso é o que o amor faz. (suspiros)

- Caralho, que saudades de você. – é, eu nem respondi o bom dia.

- Eu tô bem aqui... – diz, com sua conhecida dose de sarcasmo. Essa está lá em quase toda frase que diz. Logo após dizer, ela assume uma expressão levemente encabulada. Não poderia reagir de outra forma senão correr até ela e abraçar. Sendo correspondida com força.

Carrego-a em meus braços, ela suspira antes de me abraçar com as pernas também. Aperto seu corpo um pouquinho mais.

- Não tivemos um momento como esse, noite passada no bar? – ela pergunta. 

- Eu estava bêbada, não vale. E você não estava seminua. 

- Safada. – dava pra sentir o sorriso em sua fala.

- E você não montou em mim como agora. 

- Porque isso não se faz em público, Júlia. 

- Aham. – dou dois passos e encosto suas costas à parede, com delicadeza. Ela me olha. – As melhores coisas são feitas assim, a dois, sem ninguém vendo. – vejo seu pescoço exposto e sinto seu cheiro. Beijo sua pele naquela área, duas vezes, ainda delicada. Ela não tem reação, fazia um carinho leve na minha nuca. Não continuo e volto a observá-la. – Você está diferente, Vidoca.

Talvez soasse como se eu estivesse mal por ela não ser a mesma, mas eu sabia que estava melhor.

Eu não estava mal. Dizendo isso, eu queria abrir uma conversa, fazer a Bárbara se abrir, parar de fazer a misteriosa sensual. Não que eu não gostasse, mas eu precisava saber o que fazer para colocar meu nome no coração dela, ou pelo menos uma dica de como chegar lá. Eram várias barreiras, pelo jeito. 

- Você não. – e não cheguei ao meu objetivo, ela virou o jogo pra ela. Isso ia demorar mais do que eu pensava. O pior era que eu caía no papo dela.

- Não? 

- Não, é a mesma boba apaixonada. Que gosta de me agradar. – agora temos Bárbara ressaltando minha atitude boba quando a sua não era muito diferente, mas não estamos falando dela, certo? Na verdade estamos, mas ela quer me fazer pensar que é sobre mim.

- É mesmo? 

- Claro. Se eu disser "me foda", – apelando pra sussurros ao pé do ouvido, eu tô pra jogar essa mulher no meu sofá e... Controle-se, Becker. – além de te deixar toda arrepiada, você vai querer atender ao meu pedido. – eu estava arrepiada, ô mulher ruim. Amo demais.

- Então você me controla. – daí, ainda que eu a segurasse, eu era o cervo e ela o leão. Eu sabia, estava pra ser devorada. E nem corria mais.

- Te conheço bem demais pra saber onde estou me metendo e como você se sente. Mas se quiser simplificar e dizer que eu controlo, sim.

- Controla. Em todas as partes? 

- Não, eu não sou sua dona. 

- Não sou mais sua? 

- Ainda se sente minha? 

- Sinto. 

- Então ainda é. Há uma diferença entre você pertencer a mim e eu ser sua dona. Eu não sou sua dona se também pertenço a você. – essa última frase faz nascer um ramo de esperança. – Não concorda?

- O que você faz comigo? – ela ri, sarcástica.

- 10 anos que conheço você e ainda não sabe. – também ri. Caramba, dez anos – O que acha que é? Como você se sente? – isso era truque, ela também não tinha nenhuma das respostas.

- Vai me interrogar? 

- Vou. O que fez na noite em que Luana terminou com você que me envolvia? Eu nem falei com você naquele dia. 

- Se quiser mesmo que eu te conte essa história, deve saber que eu não tenho a resposta para sua pergunta. 

- Talvez eu possa descobrir a resposta. – eu confiava que ela pudesse.

- Ah sim, esqueço que é uma Agente Federal.

- Pois é, muito eficiente. – ela diz com um sorriso de lado. Que é substituído por um olhar penetrante/persuasivo. Sim, eu estou reparando bastante nos detalhes. – Gosto quando divide as coisas comigo.

- E eu gosto de contar as coisas pra você. Você não vai me condenar e vai me dar bons conselhos. Vamos sentar, aí te conto a história. – ela faz que vai descer do meu colo, mas não permito e sento no sofá completamente torta com ela por cima e seu centro pressionando-se ao meu.

Ela estava quente ali. Eu também.

Rapidamente ajeitei a minha postura e dei fim ao contato, me concentrando no fato de que a Babi estava relutando demonstrar suas reações aos meus toques. E em descobrir o porquê disso. Eu não podia ser fraca agora.

- Sentada no seu colo assim, eu não vou me concentrar. – essa frase desencadeou inúmeras reações internas no meu corpo.

- Me beija, então. – era a última coisa que eu falaria naquele momento. Mas falei, e tudo por causa de dois segundos de contato entre nossas intimidades. Meu controle foi para a puta que pariu.

- Eu não vou beijar você. Acabei de acordar. E não vou beijar você tão... fácil assim. – bom, pelo menos ela estava se abrindo, e não sendo contra as carícias. Mas essa frase me deixou curiosa. Ciumenta, na verdade.

- Por quê? Tá saindo com alguém e não quer deixar a pessoa de lado pra ficar comigo de uma vez? É o William? – afobada. Eu não tenho jeito pra abordar as coisas.

- Por que essa implicância com o Will? Ele é um amor e ótimo amigo. Deveria conhecê-lo. – bla bla bla ele quer comer ela sim – Você tinha o mesmo ciúme do Nicholas e hoje adora ele.

 - Não adoro. Ele só é muito mais legal do que eu esperava. E é gay. Não faz sentido ter ciúmes se ele é gay. O William é hétero. Solteiro. Ele deve esperar só uma abertura sua pra tentar te comer e quem sabe te namorar.

- Acredite, ele não está esperando. Principalmente a parte de quem sabe me namorar. – ela desvia o olhar ao dizer a última parte. Reparo nisso.

- O que quer dizer? – seu olhar volta-se ao meu rosto depois da pergunta. E lá está o sorrisinho sarcástico. 

- Não estou querendo nada, estou dizendo que já brincamos de amizade colorida. – meu queixo cai, meu sangue ferve, sinto muita raiva. Não acredito que ela fez isso.

- Bárbara! Puta que pariu, não acredito, quando você ficou assim? Pegando homens? Pegando homens desinteressantes, ainda por cima? – perguntei, tentando ainda disfarçar a raiva. Nem deu certo.

- Engraçado... Na noite em que transei com ele a primeira vez, ele me perguntou a mesma coisa porque dei abertura a um desconhecido desinteressante qualquer. – a primeira vez! Foi mais de uma vez!!!

- Porra, eu não ouvi isso.

- O Will não é desinteressante. Você só é ciumenta demais pra suportar me ver com um homem. – verdade, mas eu não digo isso em voz alta. Claro que não.

- Eu não sou ciumenta.

- Tá. – ciumenta ou não, eu tinha um ponto. Ela não devia ter ficado com o William.

- Olha, quando terminamos eu fiquei com a Luana. E foi só com ela. – não foi muito bom porque eu quis justificar meu ciúme projetando-o na Bárbara.

Infelizmente, para o meu ponto, ela não teve ciúmes da Luana em momento algum. Na verdade, Bárbara sempre esteve nem aí para Luana, exceto nos dias em que estávamos reunidas. Nesses, Babi a tratava como uma amiga (Sánchez pouco se esforçou para ser simpática com ela e ela estava sempre acima disso, não se afetava, o que muito me admirou). Eu quem tive raiva do Nicholas, do William, e de seja lá quem for que tocou nela além de mim e da Sabrina, a única pessoa que deveria ter ficado com a Babi por direito (aquela coisa que eu disse quando terminamos: quem quer que ficasse com a Bárbara, não poderia admirá-la menos do que eu.), porque a amava de verdade e cuidou muito bem dela, melhor até do que eu.

- E eu com a Sabrina, só com ela. Júlia, não foi nada além de sexo depois da Sabrina. Eu tenho necessidades. – ótimo, Bárbara, tiveram mais pessoas?

- Quem mais veio depois dela? Além do William.

- A Paola... – grrr

- Quem é essa?

- Uma agente irritante de lá. Me encheu o saco e acabamos fodendo algumas vezes, – isso soa sexy, o sexo deveria ser maravilhoso, só pela maneira que ela colocou – ela me saiu uma pessoa até legal, mas eu ainda via alguém meio irritante ali. – eu não aprovei mesmo assim.

- Mais uma vez. Quando você ficou assim?

- Como é “assim”? – assim é uma policial sádica e irresistivelmente sexy.

- Assim... Parecendo nem ligar pra nada, mas ainda objetiva, inteligente e perceptiva pra caralho. Levemente arrogante e ainda mais sarcástica. Uma dominadora completa. – ela parece gostar de tudo que eu falei. Acho que vou me dar bem.

- A resposta pra isso é: eu não sei. Mas, sei de uma coisa. Estou do jeito que você gosta. – você sempre foi do jeito que eu gosto, mulher.

Ela riu maliciosa e eu perdi a noção. E comecei a falar e tocar nela. Sem me dar conta, porque se me desse conta do que estava fazendo, pararia.

- Você está mil vezes mais aos meus olhos. Mais linda, mais madura, mais gostosa, mais... Tudo. E você sempre foi do jeito que eu gosto, Bárbara. Só que agora, em vez de você ser do meu gosto, você é o meu gosto. Eu não resisto a você. E não é de hoje, penso nisso desde aquela semana que passamos reclusas. Eu preciso ter você. Aqui. – aperto as coxas dela, cravando levemente as unhas.

- O que aconteceu pra você me dizer essas coisas? – fez que nem se abalou. Eu sabia que por dentro ela estava enlouquecendo de desejo, mas estava atuando maravilhosamente. Virou atriz, a Bárbara? – Antes você só me dizia “eu te amo” como se fizesse parte da sua rotina, como beber água. – isso foi uma crítica, e das venenosas. Ela não fazia parte da minha rotina, como todos sabemos.

- Aconteceu que eu não só amo você como sempre, eu quero você. – resolvi sair por cima. – Eu quero tentar de novo com você e fazer um “nós” funcionar mais uma vez. Quero namorar você, de novo. – daí pareceu que era o que ela queria escutar. Então fiquei feliz por dentro.

Durou só um segundo.

- Sabe quando a gente vai voltar? – ela segurou meu rosto com uma mão e nada delicada. Suspirei. – Quando você se livrar de Luana Sánchez. – aí eu até fiquei aliviada.

- Bárbara, eu... – ela pede que eu cale. Eu só ia dizer que segundo a própria Luana Sánchez, não tem mais volta.

- Porque eu ainda não sei a história, então ela pode se arrepender e voltar. E eu sinceramente não estou afim de passar por isso. – meu cérebro acende feito a bundinha de um vagalume. Bárbara queria uma garantia.

Não só uma garantia de que Luana não ia voltar, mas uma garantia de que eu não iria embora. Ela queria que eu a proporcionasse segurança antes de começar qualquer coisa. Queria ver se eu não estava mais indecisa, se eu ainda a amava ou só queria me aproveitar de seu sentimento por mim. Queria saber se eu não ia machucá-la. Ela tinha todos esses receios inconscientemente.

Ou não, do jeito que a Bárbara é com sua mente sempre à frente da minha... Deve saber exatamente o que quer de mim antes de voltar ou não a ser minha namorada.

Ela levantou do meu colo e sentou num lugar mais afastado, colocando as pernas sobre as minhas.

- Então eu vou contar pra você. Agora. – falei imediatamente e meio afobada. Agora que eu meio sabia o que fazer, queria fazer logo. Ela morde o lábio inferior, tentando não denunciar seu sorrisinho maldoso.

Eu não sei que diabos estava fazendo, mas parecia estar indo exatamente conforme os planos da Bárbara. Ou estava agindo exatamente do jeito que ela queria. Não sei.

- Toda ouvidos. – diz, calma. Resolvo massagear seus pés. Para termos um contato maior, mais duradouro e que não fosse sexual. Queria que ela pensasse nisso. Nesse carinho que estou tendo. E que o aproveitasse.

Quando toquei no pé esquerdo dela, seu olhar praticamente me fuzilou, mas não com raiva, e sim querendo ir o mais fundo em descobrir as minhas intenções. Se ela perguntasse, obviamente eu diria que era inocente. Mas, quando comecei a massagem, ela respirou fundo e relaxou quase que completamente.

- Se estiver forte demais, avisa. – não tirei os olhos dos dela, que suspirava conforme eu apertava nos lugares certos.

Dica da Becker: saber fazer massagem é fundamental. Pra vida.

- Está perfeito. – olho pra boca dela. Pra eu parar de pensar em sexo vai ser difícil.

Sem demoras, comecei a contar as passagens que eu recordava de uma das noites mais loucas da minha vida e a única que teve consequências que foram além da ressaca de sempre. Bárbara analisou.

E quando ela disse que eu provavelmente chamei o nome dela durante o sexo com a Luana, me xinguei de lerda mil vezes. Só podia ser isso, como Luana do nada largaria que eu ainda era louca pela Bárbara se eu não tivesse dado algum tipo de prova?

Eu me senti tão mal por ela. Deu vontade de ir até Barcelona receber uns tapas. Porque era isso que eu merecia dela, uns tapas. E o que eu estou tendo também mereço, um gelo que parece que vai durar por um bom tempo. Vai durar até ela esquecer desse episódio.

Realmente, como a Babi disse, não tem perdão. E tanto é cômico quanto trágico, por isso não a repreendi pelo ataque de riso. Eu também ri. Que Luana nunca saiba que eu ri até que ela esteja em condições de rir disso também.

A Luana é ótima, apesar de tudo. Não merecia uma sacanagem dessas, sabemos. E vai sim chegar ao ponto de rir dessa situação, um dia.

Bárbara ainda fez questão de explicar por que eu ficava com a mente tão inquieta. Porque gostava dela e sabia disso, mas escondia no mais profundo da mente isso que era pra estar em primeiro plano. Fiz da Bárbara meu segredo mais obscuro, de tanto esconder os sentimentos. Escondendo de mim mesma e sem perceber. E ainda não sabia por que estava enlouquecendo.

Sinceramente, Júlia Becker, vá se foder.

- Estou sem palavras. – minha consciência acabou de mandar eu me foder. Ô gente, eu fiz merda sem saber, pelamor, mereço ser feliz né

Não é?

- Ah, tem mais uma coisa. Se você ainda quiser brincar de teatrinho com Luana Sánchez, sinto muito, porque ela não vai te aceitar de volta. Como eu já disse, um vacilo desse tamanho não tem como nem por que perdoar. – neguei com a cabeça.

- Eu já disse que quero voltar com você.

E deixei bem claro. Agora era agir.

Minutos depois, ela deu seu depoimento sobre escovas de dente e germes bucais, e eu a abracei por trás em frente ao meu espelho e a vi entrelaçar nossos dedos, senti que estava no caminho certo.

Fiquei feliz feito criança.

- Te amo, fresca. – beijei o topo da sua cabeça. Ela sorria tão lindo, eu estava surtando. E revirou os olhos, ainda sorrindo.

- Eu também te amo, nojenta. – relationship goals

Isso é melhor que fazer um gol no Barcelona.

[...]

Mais tarde, depois de convencer a Babi a ficar, de comer, dela ter ido no carro buscar a escova de dentes e a muda de roupa que sempre carrega (pois é), pra aí sim tomar banho, resolvi colocar um filme pra gente ver, qualquer um. 

- Acho melhor que eu vá pra casa, Júlia. 

- Fica um pouco mais. Por favor. O filme tá terminando. 

- Eu já sei como termina. 

- Já viu esse filme? 

- Não, eu só sei. 

- E como termina? 

- O casal obviamente fica junto e a amiga deles morre. Morre só pra alguém morrer no meio disso. Aí, ela bateu o carro. Acidentes de carro... Aterrorizantes. 

- Wow, você sabia exatamente o que ia acontecer. 

- Não tem nada mais previsível do que um filme. Digo, em sua grande maioria. Alguns são surpreendentes, mas só alguns. 

- Você é foda. – ela ri baixinho. 

- Eu ainda tenho que ir. Você me libera? – olhei bem pra ela e neguei com a cabeça. Ela não queria ir. 

- Bárbara, senta aqui. Perto de mim. – aponto o lugar ao meu lado no sofá. – Vamos discutir relação. Senta. 

- O que tem pra discutir? – pergunta "inocentemente" enquanto senta ao meu lado. 

- Só quero saber algumas coisas. 

- Pode começar. 

- Você acha que a gente daria certo mais uma vez ou somos tão previsíveis quanto esse filme? – perguntei de uma vez. Ela não se surpreende e suspira, olhando pra mim. Ajeita os óculos. 

- Não faço a menor ideia. 

- É tarde demais pra mim? A espera te machucou muito e eu não soube ser sensível pra ver? Eu... Peço desculpas, sabe, por tudo. E, por causa de tanta besteira, não devo nem te merecer. Mas... Quero mesmo assim e quero que seja sincera comigo como sempre é e como eu estou sendo. Eu não tenho mais dúvidas, é você. Sinto sua falta mais que tudo, e... Sei lá, você vai me aceitar? – ela sorri de leve. 

- Não é tarde demais. Não consegue ver que amo você? – acaricia meu rosto, não contenho o sorriso. 

- Sim, mas achei que eu a tivesse machucado demais. – falo baixinho, por causa da proximidade. Ela nega com a cabeça. 

- Várias coisas me machucaram. Mas você continua aqui dentro de mim. Seu rosto, seu cabelo, seu cheiro, sua risada, sua voz e seja lá o que for mais, está tudo aqui. Eu amo você e é você por inteiro que me completa. Eu acho. 

- Por que não tem certeza? Me diz o que eu preciso fazer, diz o que preciso te dar. – ela ri pelo nariz. 

- Não tenho certeza porque ainda não tentei. – sussurra com um sorriso e desce o olhar para minha boca. Bárbara morde o cantinho do lábio inferior, nervosa. 

- Estou à disposição, se quiser tentar. – antes que dissesse "quando quiser", eu já estava sendo beijada. Suas duas mãos seguravam meu rosto e seu corpo estava levemente inclinado na minha direção. Sua boca movendo-se com calma sobre a minha ainda inerte observando e experimentando todos os movimentos e sensações. 

Revirei os olhos pra mim mesma e fechei-os, ao mesmo tempo correspondendo ao beijo e agarrando a cintura dela, colocando-a o mais próximo de mim que a posição permitia. Ela sorriu por isso. Uma de suas mãos foi para a base dos meus cabelos, a outra continuou no meu rosto. Aquele beijo era tão bom, nossa, o melhor. 

Estávamos nos reencontrando ali. Eu estava beijando a Bárbara, meu Deus. De verdade. Com língua, com carinho no cabelo. Com a minha mão safada quase na bunda dela, que ela fez o favor de tirar antes que chegasse lá. Em minha defesa, foi sem querer. 

Esse momento me lembrou do que eu senti no meu primeiro beijo. Do qual consigo lembrar todos os movimentos, tanto meus quanto da garota. Eu senti cada coisinha mínima que ela fez e lembro de cada coisinha que fiz, nada passou despercebido. Era a mesma coisa acontecendo, outro primeiro beijo. 

E quando abri meus olhos, vendo os dela, vi que, talvez, eu já tinha dado o que estava faltando. Ela sentiu a mesma coisa que eu senti durante o beijo. E lá ficamos, nos encarando bobas por alguns segundos.

- Desculpa pela mão boba. – falei e ri, ela também riu. 

- É o que tem a dizer depois disso? – acaricia meu rosto.

- Eu nunca tenho palavras depois de beijar você. Mas eu sei que não quero parar. – selei nossos lábios, ela sorriu. – Senti falta do seu sorriso na minha boca. 

- Senti falta do seu também.

- Volta pra mim, Bárbara. – solto essa na lata. Nossa Júlia, isso foi péssimo, tomara que ela diga não pra você tomar algum tipo de vergonha na cara.

Não é assim que se pede pra voltar com alguém, não siga esse exemplo. 

- Se arrependeu?

- Que?

- Um segundo depois, pareceu arrependida da pergunta. – a mulher não deixa uma passar.

- Ah. Não da pergunta, mas do jeito que saiu...

- Desesperado?

- Não me provoque. E você não precisa dizer que eu estou desesperada, ambas sabemos que sim. – ela dá aquela risada gostosa. – É que não quero te deixar ir de novo. E eu sou afobada pra qualquer coisa, você sabe.

- Sei sim. Eu tenho uma ideia. – faço sinal pra que ela desenvolva. – Podemos sair juntas.

- Num encontro?

- Sim. Aí conversamos, nos divertimos, decidimos o que fazer. Podem ser mais de um também, sem problemas pra mim.

- Sem problemas pra mim também, tenho umas duas semanas pra jogar fora aqui no Brasil. – vejo que ela ficou feliz com o que eu disse.

- Não precisaríamos de muito mais que isso. Acho que seria a melhor forma de começarmos de novo. E sem pressa. Eu sei que você é ligeira, Becker, costura aquele campo de futebol enorme em, o que, 10 segundos? – até menos, depende se é uma arrancada ou se estou driblando. – E eu admiro isso, mas, comigo, você vai andar mais devagar. – ri.

- Lá vem a dominadora.

- Você ainda não viu nada. – ela me beija e coloca a mão na minha perna, movendo-a de cima pra baixo, de baixo pra cima, e eu suspirando. 

- Isso é tão bom. 

- É só uma mão na coxa, Júlia. – ela debocha de mim. E me dá língua depois. 

- É só uma mão na coxa, é? Vem aqui. – puxei-a pela nuca, beijando novamente. – Nunca vou cansar dessa tua boca. – comentei e acariciei sua coxa, do mesmo jeito que ela fez comigo, mas subi pra sua bunda e apertei, deixando minha mão lá. 

- Vai pedir desculpas por essa mão? – gargalhei. E neguei com a cabeça. – Então eu não vou pedir desculpas por essas. – ela enfiou as duas mãos dentro da minha blusa e apertou meus seios da maneira mais gostosa possível. E eu não usava sutiã. 

- Que... Porra, Bárbara. – ofeguei.

Essa me pegou de surpresa. E me tirou do sério.

- Alguém sente saudades de mim. – referia-se à minha excitação visível. Tinha como estar diferente?  

- Cada parte aqui sente saudades de você. – ela aperta novamente, fazendo-me colocar as mãos sobre as dela em incentivo. Mas a impeço de continuar, logo em seguida. – Vamos parar. – acalmo a respiração.  

- Por quê? 

- Porque é sempre assim quando a gente se vê. A gente transa logo e não se resolve. 

- A gente acabou de se resolver, Júlia. Se fosse pra acontecer a mesma coisa de antes teríamos feito isso ontem à noite. Não se repreenda por querer que isso aconteça, nunca. Você sabe, não tem jeito, a gente não perde o tesão uma na outra. 

- Não mesmo. 

- Então. Nada mudou, estamos aqui, agora, e comigo você não precisa de freios. Pode enlouquecer, amor. 

A última palavra que saiu da boca dela foi sentida entre minhas pernas. Foi tão sexy, nossa. Ofereci meu pescoço e colo para ela percorrer com seus lábios. 

- Não sei o que você fez, mas pode fazer o que quiser. – ela riu, com a boca na minha clavícula. 

- Senta no meu colo. – foi uma ordem sussurrada. 

Bárbara vai me deixar louca desse jeito. Ela diz pequenas palavras e coloca tanta sensualidade nelas que os meus pensamentos só conseguem ser sujos. E faz de propósito! 

Eu sento no colo dela. 


Notas Finais


sintam-se livres pra reclamar viu


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...