1. Spirit Fanfics >
  2. Mine >
  3. Meu santo não bate com o dele.

História Mine - Meu santo não bate com o dele.


Escrita por: princesadelesbos

Notas do Autor


PEI PEI PEI OLHA EU AQUI
adorei a aceitação de vocês ao último hot, só falaram das luzes na piscina, até esqueceram da parte dentro do carro. Bom, eu adorei aquele hot também, e Verde é a cor mais quente! ahsauhsuashas

final de tarde, mais um capítulo de Mine! vamos lá, pessoal, a mais intensidade, se segurem

até lá embaixooo

Capítulo 74 - Meu santo não bate com o dele.


Pov Bárbara

- Pra onde foi sua educação, Bárbara Monteiro? – levanto de um salto.

- Oh, me perdoe, senhorita. Seja muito bem-vinda e espero que a viagem tenha sido tranquila. – escorria sarcasmo pelos cantos da minha boca. Ela sorri de lado. Maldita.

- Senti falta disso. – acaricia meu rosto com as costas da mão, seguro o braço dela.

- Não me provoque. Agora que já fui educada, Paola, que porra veio fazer aqui? – a pergunta foi um reflexo, afinal eu sabia exatamente o que ela veio fazer aqui: bagunçar a minha vida e trabalhar nas horas vagas.

Perguntei por não saber o que falar.

- Como assim, o que vim fazer? Senti saudades, e vim trabalhar, também. Não sentiu minha falta? – neguei com a cabeça pra atitude dela e me afastei dois passos.

- Você é uma perseguidora. Agora é oficial.

- Eu só não desisto fácil do que eu quero. E, você sabe, sou uma pessoa ajuizada. Não tenho culpa se você... Mexe comigo e me tira do eixo. – ela me olha de baixo a cima e morde o lábio. Quase dei um chute nela por isso. – Já que não quer nem falar comigo direito, a gente pula pra próxima parte... A melhor parte.

- Ok, você quer parar? Eu namoro, agora.

- E por que não parece certa disso? Não vejo nenhum anel... Também não vejo ninguém. – arqueia a sobrancelha, e não tenho o que dizer. – Tá mentindo pra mim?

- Não, é só que... – me dei conta de que estava sendo ridícula – Paola, eu não te devo satisfações!

- Certo, mas você...

- Não fala mais besteira. Eu te devo uma carona até um hotel e é isso que vou fazer. – digo, já puxando a mala dela, que levava uma bolsa preta nas mãos, combinando com sua calça de couro. Tentei não reparar nas pernas. E nem lembrar do sexo.

- Você é café-com-leite aqui?

- Claro que não, idiota. – ela ri.

- É que te colocaram pra me esperar, isso é trabalho de iniciante.

- Foi um tipo de punição por eu não ter ido trabalhar de manhã.

- Dormindo tarde?

- Transando até tarde. – nem foi bem assim, mas eu estava tentando afastá-la.

- Com a tal pessoa que você tá namorando? – assenti e abri a porta do carro pra ela. Não deveria ter feito isso. – Ei, está agindo como minha subalterna. Depois não quer que eu fale sobre cumprir minhas ordens em outros campos.

- Cala a boca! – falei e ela entrou no carro.

- Vem calar. – diz, segurando a gola da minha blusa. Apoiei-me no carro pra não cair no colo dela. Porra de mulher insistente.

- Se você não me soltar agora, eu vou fazer você me soltar e fechar sua mão na porta. Quer ficar com os dedos quebrados?

- Tudo bem, agressiva, já te larguei. Aff. – fechei a porta e deixei ela resmungando enquanto fui guardar sua mala no fundo do carro. Logo estávamos saindo dali. Como eu já sabia onde ia deixa-la, fui dirigindo sem dizer mais nada. – Bárbara.

- Tira a mão da minha coxa. Eu estou dirigindo e você pode falar comigo sem me tocar.

- Tá. – tenho certeza que ela revirou os olhos. – Eu fiquei sabendo que você estava cheia de intimidades com a jogadora Júlia Becker, lá no show da Yasmin Almeida.

- E daí?

- Daí, sua "pessoa" sabe disso? Da sua gracinha com a famosa? Até beijo rolou, né, não acredito que beijou aquela mulher.

- Me poupe. Chegamos, é aqui que você desce. Até mais.

- Calma, Bárbara. Conversa comigo, por favor.

- Olha só, você é irritante e muito insistente, além de perseguidora, o que me tira do sério. Mas eu gosto de você, e às vezes, conseguíamos manter uma boa conversa.

- Acontecia depois...

- Depois do sexo, é. Mas agora, mesmo que eu quisesse conversar com você, eu não consigo. Estou uma pilha de nervos e duvido que queira lidar com isso agora.

- É, tô vendo que você não está bem. Sério, pode conversar comigo se quiser. – nego com a cabeça. – Bárbara, olha, nós começamos com o pé esquerdo. Eu apareci tipo do nada aqui, mas... Foi porque achei a oportunidade perfeita de ver você de novo e de ter mais uma chance. Estamos trabalhando no mesmo caso, poxa. Eu gosto do jeito que você mexe comigo, agora. E por mais que tenha sido só sexo pra você, eu não queria que você me deixasse. E você foi.

- Paola, eu não menti quando disse que namoro. 

- Do jeito que você me usou pra sexo, não achei que pudesse ter um relacionamento sério tão rápido.

- Eu não...

- Ah sim, você me usou.

- Desculpa, não achei que você fosse querer algo mais.

- É culpa minha também, deveria ter deixado bem claro que queria você. Infelizmente agora que estou fazendo isso, outra pessoa chegou na minha frente. – suspirei, cadê a Júlia, meu Deus – Se eu falar algo você também fala? – não digo nada. – Quando eu te vi pela primeira vez, pensei em arrancar suas roupas. Em foder você num canto qualquer do departamento.

- Paola...

- Calma. Eu tive uma fantasia com você. Foi o que você me despertou, e eu não conseguia acreditar que era só você passar por mim pra me deixar com calor. Aí eu comecei a te tratar mal, mas só pra provocar. Porque você me provocava sem sentir, eu queria que você sentisse. No fundo você sabe que eu não sou perseguidora. Uma perseguidora apareceria na sua casa, viria atrás de você no Rio de Janeiro...

- Você veio. Você está aqui.

- Mas não vim do nada. Achei um propósito pra isso. Uma perseguidora também saberia com quem é que você tem um relacionamento sério. Eu não sei. – olhei pra ela, pensando que realmente estava sendo decente e fofo da parte dela se importar. – É o William? Se for ele, por favor, me dá uma chance. Consigo ser muito melhor do que ele. – qual é o problema das mulheres com o William?

- Não é o William, que coisa. – soltei o ar, ela deu uma risadinha. – É a Júlia.

- A Becker? – me limito a assentir. – É, realmente... Não dá pra competir. – quase ri, não ri porque não sabia onde estava a Júlia e mesmo que eu não estivesse louca, estava enlouquecendo por dentro. – Eu não acreditaria, mas está nas notícias também, né.

- Não está nas notícias. Está nas fofocas.

- É, de fato. Mas por que está com essa carinha de preocupação?

- Nada, você pode... Subir pra o quarto e descansar, Paola.

- Sobe comigo. Eu cuido de você. – dou um muxoxo, ela não perde uma.

- Só vai.

- Não vou. Não quero te ver triste. Fala comigo, vai. Prometo não tentar me aproveitar, só quero te ajudar. Talvez eu possa ajudar. Confia em mim? – penso na resposta. – Prometo que não vou tentar te beijar ou qualquer coisa que incomode você. – ela estava sendo sincera. – Vou refazer a pergunta: você confia em mim? O suficiente pra subir e desabafar comigo?

- Confio.

- Você acha que eu posso te ajudar?

- Talvez.

- Quer a minha ajuda?

- Na verdade, quero, se precisar de ajuda.

- Então sobe comigo. Estarei disposta a ajudar. – suspirei, rendida.

- Tudo bem, eu subo. – descemos do carro e peguei a mala dela novamente.

- E lá vai ela... Caindo de novo nos meus encantos. – ela diz, rindo.

- Não abusa, Paola.

Pov Júlia

Saímos daquela sala de espera que cheira a desespero e ganhamos o estacionamento daquele hospital, vazio exceto pelos carros dos médicos estacionados. Luana me contava sobre sua conversa com Aline na noite passada.

- Você sabe mesmo usar a lábia por mensagens.

- Ué, claro. Foi assim que peguei você.

- E não é que foi? – rimos. Um cara, aparentemente na casa dos 30, passa por nós, encarando a gente como se fôssemos um pedaço de carne. Mostro a minha desaprovação pela expressão.

E como se não bastasse, ele fala com a gente.

- Meninas. Sabem onde posso achar... Lucas Sánchez? – Luana só falta esconder o próprio rosto. Mas a essa hora já é tarde. – Aliás, esqueçam. Reconheceria você em qualquer lugar, Luana Sánchez, é a mesma cara do filho da puta do seu irmão. Vem comigo, preciso falar com você. É sobre ele, o seu irmãozinho. – ele pega Luana brutalmente pelo braço e leva dali.

- Ei, calma aí! Você não vai levá-la assim.

- Vou sim. Não se intrometa, loirinha. – Luana me olhava e parecia estar com medo.

- Me intrometo, porque ela não fez nada. Pode soltar ela. Tenho certeza que seja lá o que você tem pra resolver não é com a Luana.

- Júlia... – Luana diz como se me mandasse calar a boca.

- Eu apenas cumpro ordens. – ele empurra Luana pra a direção oposta, ela cai desajeitada, sua expressão é de dor.

Corri até ela, passando pelo homem, que nem me deteve.

- Júlia, sério, sai daqui. – ela sussurra.

- Você está bem?

- Não foi nada. Deixa que eu converso com ele. Volta pra lá, fala com a Bárbara, a Aline, não sei. Mas não fica aqui.

- Eu não vou te deixar aqui. Não com ele.

- Ah, que bonitinhas. Sánchez, vá para a van.

- T-tudo bem. – ela diz, e quando se apoia em um dos braços pra levantar, dá um grito. – Meu ombro...

- Filho da puta. – digo, baixinho. – Ela está machucada!

- Você, calada! Vai agora pra van, Sánchez. – ela levantou-se sem o apoio dos braços, suas mãos tremiam e ela foi, andando enquanto segurava o ombro até a van preta que eu ainda não havia notado. Nesse momento, eu senti medo por ela.

E rezei pra que as câmeras daquele lugar estivessem funcionando, já que estava na cara que ninguém ia aparecer.

- E você, loirinha? Quem é?

- Pra que ela está na van? Pra onde vai levá-la?

- Se eu contar, vou ter que te matar. – ele levanta um pouco a camisa, até que eu visse uma pistola. Finjo que não é nada.

- Me matar? Bem aqui? – claro que não. Se quisesse me matar, já tinha feito.

- Pensando bem, vou fazer melhor que isso. – cruzei os braços. – Vou levar você comigo. – ele dá dois passos na minha direção.

- Não vai mesmo! – corro na direção da rua, mas só pra dar de cara com outro homem, este mascarado. Fui ao chão na mesma hora, ralei as costas, o braço e a coxa esquerda. Ardia como o inferno.

- Você se acha muito esperta, gatinha. – o cara de antes diz, agachando ao meu lado. Me pega pelo braço e me levanta, sem nem se importar com o meu sangue sujando sua mão. Gritei, por causa da dor. – Mas não é tanto assim.

Vejo que ele saca a arma e o desespero corre pelo meu corpo repleto de dores. Ele bate com a arma na minha cabeça. Tudo doía, mas no segundo seguinte, tudo sumiu.

[...]

Quando abri os olhos, estava encostada a uma parede, e era um lugar escuro. A única iluminação provinha de uma janela grande no meio da parede, e por ela pude ver que já era noite. O quarto tinha teto baixo, aparentemente. Ou um sótão, ou um porão.

Puta merda, onde eu estou?

Minha cabeça estava cheia, cheia de dúvidas e bolando modos mirabolantes de sair dali.

No chão, iluminado pela janela, vi os pés da Luana. Tentei ir até ela, não me surpreendendo nem um pouco com os pés e mãos amarrados, por cordas e fitas. Pra que eu me soltasse levaria tempo.

- Porra. – tentei apurar os ouvidos, conseguindo ouvir uma conversa, duas vozes masculinas, mas não identifiquei nada. – Luana! – chamei mais uma vez.

As vozes calaram. Merda.

Não leva dois minutos pra que eu escute um cadeado, uma trinca e uma porta abrindo, no canto superior da sala. Certo, eu estava num porão. Eles acendem uma lâmpada ali dentro, fazendo Luana abrir os olhos.

Luana estava amarrada a uma viga de madeira, imóvel, provavelmente sentindo muita dor com os braços pra trás, o ombro dela estava machucado. Ela também estava amordaçada e parecia ter chorado muito.

- Olha só, estão acordadas. A loirinha está. – reconheço os dois homens do estacionamento, o segundo continuava mascarado.

Olho para mim mesma apenas pra constatar o que já imaginava: continuava suja, de poeira e sangue seco dos arranhões que agora já não incomodavam tanto quanto as mãos apertadas naquela corda.

Será que não sabem que não dá certo sequestrar famoso? Além de que sequestrar já perdeu a graça faz tempo.

Eu estava com medo, sim. Quem não teria, amarrada num lugar desconhecido com dois homens cheios de intenções desconhecidas?

- Onde estamos? Quem é você? Por que fez isso? O que fez com ela? – disparo com várias perguntas, mesmo convicta de que ele não responderia nenhuma.

- Eu até gostava de você, calada. Se não ficar quieta vou te fazer ficar, assim como fiz com ela.

- O que fez com ela? – repito a pergunta.

- Só a fiz ficar calada. Me incomodou muito com o choro e os gritos. Não tenho paciência.

- Pelamor, o que vocês querem de mim?

- Dinheiro, é claro. Você não deveria nem estar aqui, já deveria estar morta.

- Liga pra minha namorada e peça o dinheiro que quiser, desde que me mantenham viva. Eu e a Luana.

- Docinho, a negociação só envolve você. A Sánchez aqui tem assuntos com pessoas acima de mim. Meu domínio é só você. – que nojo.

- Posso dar dinheiro suficiente pra vocês todos sumirem de vez. É só ligar pra minha namorada. – eles precisavam cair no meu papinho e ligar pra Bárbara. Ela saberia o que fazer quando eles ligassem, tinha certeza.

- Pega o celular dela. – ele diz pro outro homem, vindo na minha direção. Agacha. – Você é boa nisso, a melhor que já tive a oportunidade de pegar. – segura meu rosto, desvio da sua mão.

- Não me toque. Eu estou colaborando com você. – enquanto isso, Luana tentava gritar.

- E é por isso que quero tocá-la. As outras nunca foram tão colaborativas.

- E é por isso que não deve. Não sou como as outras. – o outro entrega a ele meu celular. Quando ele acende a tela, tem várias e várias chamadas perdidas da Bárbara. Imaginei-a cheia de preocupações e respirei fundo mais uma vez.

- É que não me agrada uma menina tão bonita não gostar de homem. Só precisa aprender, do jeito certo. – é claro que a minha boceta tinha que entrar em jogo, que porra.

- Por favor, só liga.

- Estou ligando pra ela. Mas não pense que ligar vai tirar você daqui. E calada. O acordo era te manter viva. Você fica viva. Mas aí eu tenho você pra fazer o que eu quiser. – merda! – Você tem dez segundos para a sua namoradinha que nunca mais vai ver. – estremeci.

- Júlia? Onde você está? Pelo amor de Deus, quer me enlouquecer? Eu...

- Bárbara, só me escuta. Eu não faço a menor ideia de onde estou, estava com a Luana e...

- Seu tempo acabou. – Bárbara começa a dizer várias coisas que não consigo mais escutar. – Cala a boca e me ouve. Prepara cem mil reais pra resgatar sua namoradinha. Tem até amanhã, às cinco. Ligarei novamente para acertarmos o local, e não ouse chamar a polícia, ou elas morrem, as duas. – ele desliga.

- Onde estamos? – pergunto.

- Num lugar onde ninguém pode escutar seus gritos, docinho. – ele vai até uma mesa que eu não havia notado ali e escreve algo. Volta até perto de mim com um porrete.

Respiro fundo e espero apanhar sem motivo aparente, mas ele apenas atira meu celular no chão e o quebra com o porrete. Dois minutos e ele estava em pedacinhos aos meus pés.

- Ei. – o mascarado chama. – O chefe tinha dito pra mantê-las caladas e vivas até que ele chegasse.

- Sim, mas ele quer a menina Sánchez. Não faz ideia de que tem outra, então a loirinha é minha.

- O que vai fazer com o dinheiro que a menina vai dar?

- Como "o que vou fazer"? É meu.

- Não vou ter a minha parte? Ela teria escapado se não fosse por mim.

- Você é um idiota, e só por ela ter batido em você está aí toda machucada e suja. Isso vai render problemas pra mim na hora de negociar com a namoradinha.

- Era pra você ter matado ela. O chefe foi bem claro: pegar a Sánchez, e apagar quem estivesse com ela.

- Foda-se, eu fiz um favor a ele. Trabalho sozinho. E ela tem o que me oferecer. Você não. Então cala a boca.

- O que é que está acontecendo aqui? – entra uma terceira voz masculina, e é conhecida. Só não consigo acreditar, era um dos últimos que esperava.

Agora sim, eu precisava sair daqui o mais rápido possível.

Pov Bárbara

- Então, resumindo, você largou a Becker com a Sánchez, e elas sumiram juntas. – assinto. – Bechez foi real, mas acabou por sua causa.

- Não, Paola, foca no principal. Nem sabia que você shippava isso.

- Bechez é real. E elas simplesmente sumiram, juntas. Há quanto tempo?

- Quase quatro horas, agora.

- Porra... Isso é que é uma recaída.

- Elas não tiveram uma recaída. Eu sei que não. Aconteceu alguma coisa, e eu não consigo não me preocupar com isso. Vou ficar louca. – mexo nos cabelos.

- Vem aqui. – ela abre os braços e sem pensar me jogo. Estávamos num sofá pequeno que tinha no quarto de hotel dela. – Respira fundo e tenta não pensar no pior. Eu estou aqui pra te ajudar. – meus olhos marejaram e um soluço escapou da minha garganta. – Não chora. Não precisa chorar. Está tudo bem. – ela acariciou meus cabelos, na tentativa de me acalmar.

Quando percebeu que eu chorava baixinho, ela deixou de me abraçar, pegando meu rosto com as duas mãos e enxugando minhas lágrimas com os polegares.

- Fica tranquila, ok? Eu estou aqui. Não chore. – ela liga os olhos aos meus e não consigo desviar. Assim fica Paola até meu choro ir embora, o que não demorou muito.

- Obrigada. Sem você agora eu teria...

- Enlouquecido? – ela sussurra. Quando sua boca havia ficado tão próxima da minha?

- Sim... – é, ela estava perto demais.

- Puta merda, Bárbara. – eu estava atordoada. – Essa era a hora perfeita pra que eu me aproveitasse de você. – quase a empurrei pra longe, mas não processei tão rápido o que ela havia dito, e ela continuou. – Mas eu não farei isso, nao só porque prometi, mas porque nao é certo, porque respeito você. Você faria, porque não esta pensando, não esta controlando a si mesma, você se entregaria pra mim e quando se desse conta se arrependeria por muito tempo ate entender que nao decidiu se entregar pra mim. Eu não quero isso.

- Então por que está me dizendo tudo isso? Eu sei que é a verdade, mas por quê?

- Porque eu quero que você pense, o mesmo pode ter acontecido com a Júlia e a Luana. E não é culpa dela, não sei o motivo dela, mas não é culpa dela. Você se entregaria porque está abalada, fragilizada, atordoada. Quero que você saiba que eu sei disso. Que estamos em outro momento. Caramba, está tão melhor ficar aqui com você sem joguinhos de provocações, sem uma das duas sair fisicamente machucada, sem os toques brutos e o sexo devastador, mas sensacional. – tava ruim pra mim, pra absorver isso tudo – Eu adorava a brincadeira, e não faço ideia de quando comecei a levá-la a sério, mas levei, e acabo de descobrir que prefiro que a gente não brinque mais.

Apenas nesse momento eu me percebi viva, ilesa e envolvida pelos braços dela. A Paola conseguiu ser meu ponto de conforto. Se alguém me dissesse isso há seis horas, eu riria na cara dessa pessoa.

E tudo o que ela disse se resumia numa afirmação: Paola Ferreira está apaixonada por mim.

Sabe aquele momento da sua vida em que acontece tanta coisa ao mesmo tempo que você apenas assiste elas acontecerem por um tempo, tentando absorver e simplesmente não faz nada? Era eu naquele momento.

- Nós não podemos ficar juntas, Paola. – foi a primeira frase que consegui formar.

- Não podemos, não agora, eu sei disso. Mas espero ter uma chance, algum dia, num futuro próximo. – ela tinha dito aquilo porque tinha certeza que Júlia estava nesse momento transando muito com a ex-namorada e porque "Bechez é real".

- Infelizmente, Paola... – sou interrompida pelo meu celular. Era a Júlia. – Porra, finalmente a Júlia. – atendo imediatamente, colocando no viva-voz, não por querer que Paola escutasse tudo, mas por ter medo do que escutaria. Talvez se ela escutasse comigo, pudesse me confortar novamente. – Júlia? Onde você está? Pelo amor de Deus, quer me enlouquecer? – ela suspira de maneira audível, me arrepio.

- Bárbara, só me escuta. Eu não faço a menor ideia de onde estou, estava com a Luana e... – sua voz soa quebrada, isso e o que ela diz só me deixam mais nervosa.

- Seu tempo acabou. – uma voz masculina soa.

- Júlia! Onde você tá? Diz onde, eu vou.

- Cala a boca e me ouve. Prepara cem mil reais pra resgatar sua namoradinha. Tem até amanhã, às cinco. Ligarei novamente para acertarmos o local, e não ouse chamar a polícia, ou elas morrem, as duas. – ele desliga. Fico estupefata, parada por alguns segundos. Não a Júlia, não assim. 

- Puta merda. – é o que diz a Paola. Suspiro.

Se necessário fosse, eu ia atrás da Júlia até no inferno.

Meu celular toca, uma mensagem da Aline dizendo que não achou as meninas. Suspiro e respondo com um “amanhã conversamos melhor”. Recostei a cabeça no sofá e fechei os olhos, a mente a ponto de travar, lá vinha uma dor de cabeça daquelas pra passar a noite.

De repente, uma mão me faz carinho no cabelo.

- Bárbara.

- Hm. – não obrigo que ela pare.

- Você sabe o que fazer. – continuo calada. – Lembra quando salvou quatro garotos reféns de bandidos barra-pesada num casarão abandonado? E eles saíram ilesos, tipo, você sabe exatamente o que fazer nessa situação. – na verdade, eu era bastante fria nesse tipo de situação e costumava dar certo.

- Cada caso é um caso e eu preciso pensar. Eu não salvei os garotos sozinha. Eu não trabalho sozinha.

- E você não está sozinha. O idiota disse pra não chamar a polícia, a Júlia o fez de bobo. Nós somos a polícia, Bárbara. Somos a lei, a autoridade, e temos recursos pra encontrá-las rapidamente. – isso era verdade, só precisava de mais pelo menos dois agentes, de rastrear a ligação, de checar as câmeras do hospital, fazer a simulação do que aconteceu...

- Eu só preciso pensar. Não sei se envolver todo mundo seria inteligente. A Júlia foi inteligente em chamar por mim, agora eu preciso ser mais inteligente pra tirá-la de lá. – suspirei, olhando pra ela. – E o mais rápido possível.

- Vou ajudar você. No que precisar. E tenho certeza de que vai ter gente além de mim pra te dar apoio, também. – levantei do sofá, fazendo-a interromper o cafuné.

- Vou embora. Preciso pensar nisso e em como vou proceder.

- Não acho que você deve dirigir nesse estado.

- E o que eu devo fazer? Ficar aqui? – falei um pouco mais alto, sem querer. Paola suspira.

- Não, pode ir. Sem problemas, só... Sei lá, me manda alguma mensagem quando chegar em casa. Se ainda tiver meu número. – diz, com a cabeça baixa. Triste. Me sinto mal por gritar. Vou até ela e agacho na sua frente, as duas mãos em seus joelhos.

- Ei. A Paola da qual me lembro não perdia um oportunidade de me encher o saco. E eu falava mal dela com o William, porque ela me tirava do sério, muito. Tão insuportável, e tão gostosa, andando por aí como se fosse a dona do mundo. – ela riu. – Eu não quero te ver triste.

- Aquela Paola não viria aqui te ver.

- Aquela Paola ainda estava no aeroporto. Acho melhor você descobrir onde a perdeu. Porque eu teria adorado uma Paola frágil pra mim, meses atrás. Mas não agora.

- Não agora que você namora.

- Não agora que eu preciso da Paola confiante, pra que eu possa me sentir confiante também. Juro que reclamei muito quando vi você, mas tenho certeza agora de que veio pra algo importante. Você me confortou. Por favor, não fraqueje. Por mim.

- Porra, Bárbara.

- É demais pra você?

- Não, é que... Pelo meu controle... Não fala mais esse tipo de coisa. – ela respira fundo. – Eu não vou atacar sua boca.

- Não pense que é fácil pra mim. – ela arqueou a sobrancelha. – Isso vai passar assim que ver as amigas da Júlia. – arranquei uma risada dela.

- Foi só um momento de desolação. Querendo ou não, eu sou uma menininha às vezes. – ri. – Uma menininha com uma vida amorosa desastrosa. Patética.

- Menininhas não têm vidas amorosas. Elas têm bonecas e brincam de esconde-esconde com outras menininhas.

- Acho que acabei de descobrir o problema. Você é demais.

- É uma questão de lógica.

- Agora só preciso saber como resolvê-lo. Vou voltar a sair com homens. Posso sair com o William?

- Você odeia o William. – ela faz uma careta. A essa altura, eu já estava sentada no chão.

- Nunca fui com a cara dele. Realmente, não dá pra sair com o William. Argh.

- Por que essa implicância?

- Porque quando eu completei uma semana naquele departamento, ele chegou e eu tive que me mudar. Ele tomou a minha mesa. Que por um acaso seria ao lado da sua, mas ele não tinha o direito, porque eu tinha experiência, e ele não.

- E por isso você não gosta dele? Por uma coisa infantil como não poder sentar ao meu lado?

- Não é sobre você, você só chegou um mês e meio depois. Eu cheguei antes dele! E calma, eu já superei essa parte. Mas não o que veio depois. Eu perguntei ao chefe de onde aquela porra de garoto ridículo veio e ele disse para mim que não sabia, mas que era um bom profissional.

- E é.

- Mas ele não sabia de onde o William veio! E ele é o chefe! Eu fiz a prova, você veio da academia de polícia, ele veio do nada! Sei que o seu amante é importante pra você, mas eu não consigo confiar 100% nele.

- Que porra, ele não é meu amante!

- Eu sei, você tirou o colorido da sua amizade com ele por causa da Paola aqui.

- Você deveria confiar no William. Ele é um bom amigo e ótimo agente.

- Foda-se. Meu santo não bate com o dele. – isso me fez rir. – Talvez um dia eu confie, quando descobrir de onde ele veio. Você sabe? – neguei com a cabeça, Will não falava do passado e até onde eu sabia sua única família era sua mãe.

Pov Júlia

Minhas mãos tremiam e suavam, uma contra a outra.

- Não vão me dizer o que está acontecendo?

- Chefe. Ele... – o mascarado fala.

- O que? Vai me dizer que não trouxe a Sánchez? Eu acabo com a vida dos dois agora mesmo.

- Vai com calma, garoto. Você pode me dar a ordem, mas também não está no comando.

- Meu trabalho é cuidar da Sánchez, e, comandando ou não, estou acima de você, Simas. Onde ela está?

- Ali, amarrada e amordaçada.

- Machucada?

- Um pouco. – ouço um barulho parecido com um soco.

- Falei pra trazê-la sem machucá-la. – ele entra e eu posso confirmar minha suspeita. William. Sinto medo de verdade agora, os bobos não me matariam, mas não sabia o que esperar dele. Como pôde trair a Babi desse jeito? – Olá, Luana. Faz tempo desde a última vez, não é? – ok, agora sim meu cérebro explodiu.

- Chefe... – o mascarado interrompe.

- O que é, filho da puta? Estou tentando conversar aqui.

- É que o Simas trouxe outra garota.

- Eu fui bem claro: apaguem quem quer que esteja com ela. Onde está essa outra garota? – aqui no canto em choque.

- Ali. – ele aponta pra mim. William gela ao me ver. Eu estava tremendo, ele era muito violento.

- Puta merda. Você trouxe a Júlia Becker pra cá. Você trouxe a porra da Júlia Becker pra cá, seu imprestável! – ele empurra o outro cara no chão e chuta como se fosse lixo.

- Desculpe, Hugo...

- Não me peça desculpas, levante-se! Tire ela daqui e mate-a antes que a Bárbara fique sabendo.

- William!

- Meu nome não é William, sua vadia. – ele vem até bem perto de mim e amarra um pano qualquer na minha boca. Bem na hora que eu ia me descontrolar e gritar. Minha única resposta é olhar feio pra ele e tentar xingá-lo, não tinha muitas opções. – Você está com os momentos contados, ouviu? Já se intrometeu demais onde nem deveria ter sido chamada. – ele levanta, e quando se afasta, boto os pés pra ele cair, com sucesso. Levo um tapa por isso. – Sabe o que eu deveria fazer? Mandar um pedaço seu para a Bárbara, de presente. Sua cabeça. – respiro fundo, tentando não levar a sério. – Mas não tenho tempo pra isso. – ele levanta novamente. – Ande, Simas! Tire ela daí, leve pra algum lugar, e mate-a! Enterre, faça o possível pra ela não ser encontrada. Não quero ninguém atrás de mim por uma burrada que você fez.

- Mas... Ele pediu o resgate.

- Cala a boca, idiota!

- Você fez o que? Pediu a quem? Porra, eu disse pra pegar só a Sánchez, ela não vai abrir o bico pra ninguém! Essa vadia que você trouxe é mais rica que a Sánchez, mas ela não tem nada a ver com o que a gente faz. Você seria inteligente tirando dinheiro dela, se ela não namorasse uma agente federal, porra! Eu sou o informante, então eu sei, e minhas ordens são para serem cumpridas!

- Estamos fodidos, ele falou com a tal de Bárbara. – William, Hugo, seja lá qual for o nome dele, passou a mão pelo rosto, desesperado. Sim, eles estariam fodidos se não pensassem rápido. Troquei um olhar com a Luana, que pedia desculpas pra mim, tentei passar que estava tudo bem.

- A tal de Bárbara, é a Bárbara Aguiar, minha “parceira” no departamento, a única pessoa com a qual peço desde o início que vocês não mexam. Não estamos fodidos, vocês estão. Eu vou embora daqui com a Sánchez, e vocês, é melhor darem um jeito na Becker.

- Você acha que, se tiver um problema, você também não se fode? Você acha mesmo? O seu nome seria o primeiro que eu diria se fosse pego, Hugo. – o tal Simas diz pro Hugo, creio que esse seja o verdadeiro nome.

Mesmo naquela situação, além da sede, do sono, e da dor no corpo inteiro que eu sentia, não conseguia deixar de pensar que esse ser desprezível que mentiu até sobre o próprio nome foi pra cama com a Bárbara. Ele traçou a minha mulher. Mais de uma vez. Ele tem a confiança dela.

- Chefe, não é melhor manter as duas aqui, por enquanto, e você tenta dizer algo pra Bárbara, enganá-la pra que não encontre as meninas? Agora que o Simas já ligou pra ela, ela deve estar com um plano pra tirá-las daqui. – o mascarado diz, claramente com medo daquele homem, que parecia por um fio de se descontrolar.

- Sim, com certeza. Um grande plano. Você tem razão. Simas, venha comigo. Tobias, vigie as meninas, dê água pra Sánchez, só para a Sánchez e depois suba, vou querer detalhes da conversa que o Simas teve com a Bárbara. – ele ia me torturar. Quase me permiti chorar, mas pensei duas vezes. – Amanhã, mandarei outro bobo pra ficar com você vigiando as duas enquanto tentarei resolver com a Bárbara amanhã. Suba, Simas.  

O tal Tobias, da máscara, tirou a mordaça da Luana depois de fazê-la prometer que não ia gritar, e mesmo assim, deu água pra ela com uma arma em sua cabeça.

- O Simas tá morto, né? – ouço a voz da Luana soar num tom baixo.

- Você sabe como ele precisa ser obedecido. E o Simas fez uma grande besteira.

- De vocês, é o que eu mais detestava. – isso me faz arregalar os olhos. – Ele levou uns segundos pra me reconhecer, sabia?

- Eu te reconheceria de longe, não que fizesse alguma diferença. E acho que você não odeia ninguém mais do que o Hugo. Beba mais. – ele oferece mais água, ela aceita. O momento é interrompido por cinco tiros, meio ao longe. Lá se foi o Simas.

- Menos um pra me preocupar. E você tem razão, Tobias, o Hugo é o pior. Dê um pouco de água pra Júlia. Ela não pode morrer no meio disso, muito menos de sede.

- Mas vou ter que colocar isso de volta em você antes. – ele diz e volta a amordaçá-la. Luana assente. Estava tão estranho, tudo aquilo, como ela do nada parecia familiarizada com aqueles homens e ok com aquela situação terrível.

O mascarado fica na minha frente, de joelhos e me olha nos olhos. Os olhos dele eram escuros.

- Se fizer alguma pergunta, não vai beber. – me limito a assentir.

 

 

 


Notas Finais


opa e agora e agora e agora
nossa que vontade de ninar a babi tá tudo acontecendo na vida dela tadinha
e que vontade de ninar juana tbm MEUS BEBÊS ALGUÉM FAZ ALGUMA COISA

não demoro de voltar, luz e paz pra vocês nesse início de semana!


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...