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História Mine (fanfic em correção) - Uma mentira nunca é eterna


Escrita por: explicitylan

Capítulo 27 - Uma mentira nunca é eterna


Fanfic / Fanfiction Mine (fanfic em correção) - Uma mentira nunca é eterna

P.O.V Klaus

— Você tem certeza disso, Nik? – Rebekah questionou pela milésima vez, me lançando um olhar apreensivo.

— Não posso afirmar com todas as letras, mas tudo indica que sim e eu raramente estou enganado. – respondo, me acomodando na poltrona e bebendo um pouco de whisky.

— Então, não deveria ter dito aquilo para Angelina. – argumentou Hayley, atraindo minha atenção. — Margot pode ser estranha, mas não acredito que ela seja Pandora.

— Acredite no que quiser. Tentei abrir os olhos de Angelina, mas parece que ela não acredita em nada do que digo. O problema é dela então. – dou de ombros, não demonstrando interesse, mas por mais que eu tentasse, algo me deixava intrigado a respeito.

— Ela possui motivos de sobra para não acreditar em você e acusar a melhor amiga dela daquela forma não foi nada esperto.

— Uma das melhores amigas, Hayley. – minha irmã a corrigiu, revirando os olhos em desagrado. — Para ser sincera, eu nunca gostei mesmo dessa bruxa, mas imagine se realmente for verdade. Angel ficará arrasada! Você deveria ter sido mais cuidadoso antes que fazer acusações como essa.

— A levei até meu ateliê, fui cuidadoso o bastante para não lhe dizer nada rude e mesmo assim ela entrou em estado eufórico, cancelando até mesmo a viagem.

— E depois você gritou aos quatro cantos do mundo que a amiga dela era uma farsa e ainda por cima a empurrou contra a parede. Cheguei a pensar que fosse quebrar o pescoço dela ou até mesmo algo pior. – suspiro diante as palavras de Hayley e encaro o copo em minha mão, me distraindo com o líquido de cor âmbar dentro dele e por fim, bebendo tudo de uma única vez.

— Pelo menos Elijah não é tão cabeça dura e foi atrás dela.

— Exato. O máximo que devem estar fazendo é trocando alguns beijos na praça, como um lindo casal apaixonado. – comento sarcástico, balançando a cabeça de um lado para o outro, me lembrando de horas atrás quando atrapalhei o beijo deles.

Angelina por mais que tentasse disfarçar, havia deixado muito claro o quanto ficou envergonhada por conta do flagra. Posso dizer que ainda tenho grande efeito sobre ela, mesmo depois de tudo, mas agora vejo que não sou o único que um dia caíra de amores por ela. Elijah vem demonstrando muito interesse, parece que tem o dom de gostar daquilo que não lhe pertence.

Me levanto da poltrona, ganhando a atenção das mulheres que ainda permaneciam em silêncio e traço caminho – mais uma vez – até a garrafa de whisky.

— Não acha melhor parar? – ouço a voz de Rebekah.

— Desde quando está havendo racionamento de whisky nessa casa? – rebato, não me dando ao trabalho de lhe olhar e me sirvo um pouco mais da bebida.

Assim que ergui o copo, senti uma fisgada forte em meu pescoço e em reflexo deixei o objeto cair. Ao fundo pude ouvir as vozes abafadas de Rebekah e Hayley, enquanto flashes passavam diante meus olhos, me deixando um pouco zonzo. No mesmo instante em que se iniciou, a confusão se dissipou e aos poucos retomei meus sentidos, sendo invadido pela raiva... Ou melhor dizendo, ódio, o que ainda era pouco.

— O que aconteceu? – observo a loira que se aproximou de mim às pressas, analisando minhas feições e quando fez menção de tocar em meu braço, desviei, indo a passos duros para o meio da sala. — Niklaus, o que aconteceu!? – ela insistiu, aumentando o tom de sua voz e quando estava prestes a despejar minhas palavras, a porta de entrada se abriu, revelando nosso nobre irmão e isso fez-me crer que o elo mais uma vez está certo.

— Onde ela está?

— Angelina?

— Claro que é ela, quem mais seria? Responda logo, não seja imprestável como sempre.

— Ela me deixou no meio da rua e sumiu. – solto uma risada forçada neste momento, dando um passo para trás, indignado com tamanha esperteza desse que diz ser meu irmão.

— E você a deixou ir? Não foi sequer atrás dela... A largou sozinha, sabendo muito bem do que lhe disse a horas atrás! Você é um imprestável, sem contestações! Tanta nobreza corroeu seu cérebro, parece um desses humanos insignificantes que...

— Vamos com calma, Mikaelson. – Hayley apareceu ao meu lado, me interrompendo.

— Calma? Como ousa me pedir calma, sendo que ele largou Angelina sozinha!?

— Nik, o que ela tem? – minha irmã indagou, sendo a única sensata e vou ao seu encontro. — O súbito mal estar... Foi por causa do elo, não foi?

— Aquela bruxa está com ela, Rebekah. Angel está em perigo novamente... – admito a contragosto e me viro para Elijah. — Isso é culpa sua! – sentencio, controlando minha vontade de ir para cima dele, que agora me olhava beirando a culpa. Nada mais justo.

— Angel... está com Pandora?

— Oh, o que foi? Ficou surdo agora? – ironizo diante sua pergunta estúpida. — Mas lembro-me muito bem de ter lhe dito com todas as letras que ela corria perigo.

— Você fez com que ela saísse daquela maneira. É tão culpado quanto eu, Niklaus. Não jogue todo o fardo sobre mim.

— Posso ser o culpado, mas nunca a deixaria sozinha em um momento como esse. Apenas cedi, pois você disse que iria atrás dela e no final das contas a entregou de bandeja ao inimigo!

— O que adianta se preocupar agora sendo que quando ela mais precisou, você não esteve lá? – as palavras me fugiram no exato momento em que ele disse isso e percebendo meu incômodo, Elijah se pôs novamente a falar: — A abandonou por 60 anos, quer mesmo comparar quem é o culpado desde o início? Ou o por que de nosso pai estar atrás dela? Você é a razão para tudo isso estar acontecendo. Você destruiu a vida de Angelina com esse falso amor que dizia sentir por ela.

Sem medir minhas atitudes, fui em sua direção, esperando poder descontar grande parte do ódio que sentia, mas Rebekah interveio, se pondo à minha frente e me segurando.

— Parem com isso! Estão entrando em um assunto que não nos interessa. Angelina pode estar correndo perigo e vocês aí brigando feito gato e rato. Resolvam seus problemas depois! – ela acrescentou perdendo a paciência e aceno levemente em concordância.

Não posso desperdiçar meu tempo com discussões fúteis. Angel precisa da minha ajuda, mesmo tendo sido uma completa irresponsável ao me desobedecer daquela forma. Mas de qualquer jeito, disse a ela que ninguém iria tocar em um fio de cabelo seu e pretendo cumprir, nem que para isso eu precise matar Pandora ou até mesmo enfrentar Mikael.

— Nik, você tem certeza de que ela está com Pandora?

— Infelizmente tenho. O elo me mostrou quando Pandora apareceu e consequentemente quebrou seu pescoço, mas isso não é tudo... – me calo, passando a mão em meu cabelo e suspirando com pesar, como se esse ato mundano pudesse trazer Angel de volta. — Havia um corpo também.

— De quem? – Hayley questionou.

— O corpo de Margot.

— Margot? Mas não tinha suposto que ela era a bruxa dos Lamartine? – a Marshall me olha com desaprovação, maneando a cabeça. — Você é o culpado. Disse a ela que a amiga era a bruxa que tanto tentava lhe matar e agora está provado exatamente o contrário.

— Posso ter errado, mas isso não muda minha opinião sobre essa garota. Para mim, ela continua não sendo confiável. – contesto, não me dando por vencido. — Mas nossa prioridade no momento é trazer Angelina de volta. Não sabemos o que Pandora fará com ela agora que a tem em mãos. Devem se lembrar do que aconteceu no cemitério, graças aos lobos não foi algo pior.

— Concordo com você, Nik.

— Também irei. – afirmou Elijah.

— Somente Angelina para unir essa família. – surpresa emanava nas palavras da loba, que sorria de lado. — Gostaria de ir e ajudar, mas creio que terei de ficar com Hope. Depois do que houve, evito me afastar dela ao máximo.

— É o certo a se fazer. Eu mesmo se pudesse ficaria, mas...

— Quem precisa de atenção agora é Angelina. Deve cuidar dela, enquanto eu estarei cuidando de nossa filha. – esboço um fraco sorriso diante sua compreensão e me viro à meus irmãos.

— Iremos começar indo até a casa de Margot.

...

P.O.V Angel

"Calmamente, eu me encaminhava pelos corredores do castelo, segurando a saia do meu vestido para que pudesse ter uma melhor locomoção e durante o trajeto percebi um maior número de guardas espalhados pelo corredor, o que de certa forma é estranho. Alguns estavam, como sempre, a me olhar de maneira torta, como se o que eu estivesse fazendo fosse um desrespeito enorme para todos. Mesmo que sejamos um Reino formado por vampiros e lobisomens, existem as regras e leis a serem seguidas e perante elas, não é certo que a Princesa da França saia do Castelo tarde da noite para ir até a floresta simplesmente espairecer, ainda mais desacompanhada dos guardas.

Em outras línguas, mulheres, para eles, não passam de objetos que devem obedecer e servir aos homens, algo que para meu conhecimento é profano. Este Reino é comandado por uma mulher e desde então apenas presenciei prosperidade. Minha mãe, a Rainha Stella, é a primeira Rainha a continuar com o título mesmo sem possuir um Rei ao seu lado. Meu pai não passa de um traidor e de traidores o que mais anseio é distância. Sua morte foi decretada por minha mãe antes de meu nascimento e para quem achou que eu fosse culpá-la ou me rebelar contra ela após esse ato, cometeu um enorme erro. Mesmo depois de ter passado por momentos difíceis, ela continuou firme pelo povo e por mim. Conheço sua garra e coragem de longe. Sua determinação é maior e melhor do que a de qualquer soldado desse castelo ou de reinos próximos. Ela não precisa de um homem para provar sua liderança e isso é o que mais aprecio nela. Minha mãe é uma guerreira e espero, um dia, ser um terço do que ela é.

— Princesa! Onde esteve? – fui pega de surpresa assim que uma figura ruiva se materializou à minha frente, me olhando com extrema preocupação. — Vossa Majestade está a sua procura. – informou-me Dahlia, a dama de companhia de minha mãe, que também fora minha ama de leite quando eu não passava de um bebê. Ela me olhava de cima a baixo, mas logo seu olhar se prendeu sobre a barra do meu vestido suja de terra. — Esteve andando a essas horas pela floresta? Mon Dieu (Meu Deus), sabe o quanto é perigoso!

— Dahlia, acalme-se antes que seu coração saia pela boca! – peço, não escondendo o sorriso brincalhão. — Sabe muito bem que toda noite vou à floresta, assim como minha mãe. O que ela quer comigo?

— Sinto que não seja uma boa notícia, Princesa. Os Duques e o chefe do exército francês estavam com ela na sala de reuniões. A Rainha parece abatida... – o sorriso morreu em meus lábios ao ouvir tais palavras e me apresso em direção da sala de reuniões, sendo acompanhada pela vampira. Ao longo do caminho era possível perceber o número de guardas triplicar. — Querida, calma...

— Irei conversar com ela, volte a seus afazeres. – ordeno ao chegar em frente a grande porta de carvalho.

— Comme tu veux, Princesse. (Como quiser, Princesa) – Dahlia fez uma breve reverência, me olhando com receio, antes de desaparecer pelo corredor.

Sem mais delongas me pus a abrir a porta, analisando o recinto que surgia em meu campo de visão. Minha mãe andava de um lado para o outro da sala, mergulhada em pensamentos, parecendo completamente perdida e assustada. Dificilmente eu encontraria a Rainha nesse estado. Ela apenas ficava assim quando se tratava de um certo alguém, mas não pode ser isso. Não agora que o Reino está prosperando sem a presença de traidores.

— Mamãe? – proferi, fechando a porta atrás de mim e ganhando sua atenção, notando seus olhos avermelhados, indicando que ela esteve chorando e isso foi o suficiente para aumentar minha preocupação. — O que houve?

— Meu amor... – Stella sorriu, usufruindo de sua velocidade para se aproximar de mim o quanto antes, segurando meu rosto entre as mãos. — Não deveria ter ido à floresta sozinha. Pensei em ir atrás de você, mas os Duques optaram por marcar uma reunião as pressas...

— Não há motivos para se preocupar. Eu estou aqui agora. Mas preciso saber o  que está acontecendo.

— Nosso reino está lidando com alguns imprevistos, mas já estou resolvendo isso. Fique tranquila, querida. – eu gostaria de acreditar em suas palavras, mas foi impossível e ela mesmo sabia disso, diante o suspiro que deixou escapar ao se afastar. — As vezes me esqueço que você não é mais uma garotinha.

— Precisamos crescer e assumir responsabilidades, não é assim que sempre diz?

— Durante todos esses anos eu procurei manter a paz, pois não queria que crescesse presenciando o pior das pessoas, mas... – minha mãe fez uma pausa. — Uma guerra está a caminho.

— Então, está me dizendo que...

— Sim, é ela.

— Não pode ser... – murmuro, balançando a cabeça de um lado para o outro em negação, mas isso explica o porque de tantos guardas espalhados pelos corredores. — Ela esteve aqui?

— Por enquanto, não. Alguns dias atrás uma carta apareceu sobre a minha cama... Não lhe contei nada pois não quis causar-lhe preocupações, mas nela estão contidas as palavras finais de Pandora, decretando uma guerra a nosso Reino.

— Ela não pode fazer isso! – exclamo em um rompante. — Quem ela pensa ser para nos desafiar dessa forma? Para mim basta, nosso povo é gigantesco. Eles não irão se opor em lutar ao seu lado...

— Mon ange (Meu anjo), não é tão simples assim. Se Pandora nos atormenta hoje, é porque falhei. A culpa disso é minha. Eu deveria saber que ela usaria algum feitiço para forjar a própria morte... Mas pela primeira vez não sei o que fazer no meu próprio reino. Eu estou perdida. – admitiu Stella, mantendo-se de cabeça baixa e me aproximo, lhe puxando para um abraço, querendo mostrar para ela que eu estou aqui ao seu lado e nunca irei deixá-la. — Primeiro ela me roubou seu pai... Agora quer o meu reino?

— Ele não é meu pai. – sentencio, afagando seus cabelos loiros. — Leonard é um traidor tão sujo quanto Pandora e não são merecedores do seu sofrimento. São merecedores somente do seu desprezo.

— Todos diziam que eu estava concedendo muitas brechas para uma simples bruxa, mas fui cega, achando que ela era o meu braço direito. Que tola que eu fui... Se Pandora tem esse poder hoje é por minha causa. Eu criei minha pior inimiga.

— Pare com isso. – peço, lhe segurando pelos ombros. — Onde está a Rainha independente que conheço?

— Não sei onde ela está...

— Mamãe! Vai mesmo desabar por causa dessa feiticeira? Você é mais do que isso. Seja a Rainha forte que ela tanto inveja. Lute. Esqueça o passado.

— Tu as raison (Você tem razão) – ela arriscou exibir um fraco sorriso e para mim isso já é um começo. — Eu sou a Rainha da França. Pandora é quem deve me temer. Sem minha ajuda ela continuaria a ser o belo nada que sempre foi e parece que está na hora de tomar-lhe todo esse poder que um dia lhe concedi.

— Essa é a Stella Lamartine. – afirmo, me reverenciando diante dela, que soltou uma leve risada. — Mas o que pretende fazer?

— Pandora Newell ficará tão fraca como no dia a qual nos conhecemos e se arrependerá de ter cruzado nosso caminho.

— Apenas peço que não acabe com ela sozinha. Estou louca para bater nessa miserável.

— Querida, isso não irá acontecer. – a princípio me mantive confusa, mas assim que entendi do que se tratava, não pensei duas vezes antes de contestar:

— Você não pode fazer isso! Não irei deixá-la sozinha com essa bruxa!

— E eu não posso deixar que algo aconteça à você, meu maior bem, minha florzinha...

— Usar o apelido de quando eu era pequena não irá me convencer, Stella.

— Veja bem o tom que está usando comigo, Angelina Lamartine! Eu sou sua Rainha e como tal exijo que minhas vontades sejam ordens em meus domínios. Apesar de ser minha filha, você obedece a mim e se digo que na França não ficará, é porque não ficará!

— Isso não é justo! Quero ficar e lutar ao seu lado. – insisto, não aprovando sua decisão. — Eu não sou mais uma criança!

— Não ouse argumentar comigo, será melhor assim. Pedi para que preparassem a carruagem. Há um barco no porto a sua espera e Niklaus irá lhe receber em seu destino...

— Como disse? – questiono, a interrompendo. Meus ouvidos devem estar pregando-me uma peça.

— Há um barco lhe esperando.

— Não! Depois disso, você disse...

— Niklaus? Sim, entrei em contato com ele explicando nossa situação e ele permitiu que ficasse sob seus cuidados na Corte Inglesa até que Pandora esteja fora de nossas vidas para sempre.

— Isso não pode ser verdade... – comento em um sussurro ao me apoiar na mesa redonda, engolindo em seco. — Você não fez isso...

— O que há de errado com isso, filha?

— Você ainda pergunta? Céus, eu não o vejo a anos! Ele simplesmente desapareceu! – ralho, pouco me importando se estou falando com a Rainha da França. Ela não tinha esse direito. — Você sabe o que aconteceu entre nós...

— Fale baixo. Não quer que os outros ouçam.

— Já estou cansada desse segredo... Niklaus foi capaz de transformar minha vida em um paraíso, mas bastou um piscar de olhos e tudo se foi. Agora você quer que eu volte para ele? Imagine se descobrem que a Princesa da França já foi consumada sem a existência de um casamento...

— Ambos cometeram um erro, mas não há nada que possa ser feito para reverter essa situação. Toda ajuda é bem-vinda, e ele não é uma pessoa ruim. Sua família tem muitos problemas e isso interfere em alguns aspectos, mas ele não pode retornar para a França e você sabe muito bem o porque...

— Mikael esteve em nossas terras. Como eu poderia me esquecer? Aquele homem é um monstro. – decreto, passando as mãos sobre meus braços, tentando aliviar a sensação ruim que se dissipou por mim apenas ao mencionar o nome desse ser. — Mas, rever Klaus depois de tanto tempo me parece um erro.

Tanto tempo se passou desde que eu o vi pela última vez e nesse extenso período, minha vida se tornou um verdadeiro inferno com a chegada de outra pessoa por ordem dos Duques.

— E quanto ao...

— Não diga nada. – minha mãe me interrompe, tocando em meu ombro antes de prosseguir: — Apenas vá e fique segura.

— O que adianta minha segurança se estarei com a mente aqui, me perguntando se nada lhe aconteceu. Temo que algo lhe aconteça. – choramingo angustiada, percebendo meus olhos se encherem de lágrimas. — Quero matar essa meretriz por tudo que ela nos causou! Tenho ódio de Pandora!

— Não suje suas mãos com o sangue dela. Não vale a pena, querida. E quanto a mim, não se esqueça que eu sou uma híbrida com um colar que me permite ter controle sobre a magia. Nunca estarei desprotegida. – ela tentou me convencer, esboçando um sorrindo confiante e respiro fundo.

— Mesmo assim ainda acho perigoso. – comento, não escondendo minha insatisfação. Gostaria que tudo fosse diferente. — Sei o quão abalada fica quando o assunto é essa traidora...

— Está mais do que na hora de enfrentar meus medos. Preciso ser forte por você e por nosso povo. Os Lamartine's estão comandando à décadas, não seremos levados a ruínas tão facilmente. – a confiança imposta em suas palavras me acalmou um pouco e não pude deixar de sorrir, sabendo que ela tem razão. — Preciso que pelo menos desta vez conceda meu pedido, Angel. Sou sua mãe e minhas escolhas são e sempre serão pensando primeiro em seu bem estar. Nunca a quis longe de mim, mas é para a sua segurança. Nosso reino não é seguro para você.

— Como a senhora desejar. – me reverencio, acatando sua decisão. A escolha não está partindo 100% de mim, mas não quero continuar discutindo sobre esse assunto. Minha mãe está fazendo o que acha certo para a minha proteção. — Irei para a Corte Inglesa.

— Está a fazer o certo, florzinha. – ela afirmou orgulhosa, mas eu sabia que estava com o coração na mão, assim como eu.

— Mas e se descobrirem que irei atrás do Klaus? Os Duques colocarão minha cabeça na guilhotina.

— Já conversei com eles e sua viajem é apenas por questões de segurança. Eles não sabem sobre seu envolvimento com o Mikaelson e é melhor que continue assim por enquanto.

— Tudo bem, mas ainda não entendo o por que de ir pelo mar. A Inglaterra não é tão distante.

— Tem uma carruagem real indo para o norte. Pandora irá pensar que é você, mas na verdade...

— Estarei no barco, indo para a Inglaterra. Bela distração, mamãe. – lhe parabenizo, concluindo sua sentença. — Então, isso é um até logo?

— Pense nisso como férias dessa corte horrorosa. – sugeriu Stella, olhando a nossa volta e soltando uma fraca risada. — Agora irei lhe acompanhar até sua verdadeira carruagem. Venha.

— Terei de partir no meio da noite? Sem tempo de me banhar ou trocar minhas vestes? – indago, a seguindo para fora da sala de reuniões.

— Nosso tempo é curto, mas terá tempo de sobra para se banhar. Algumas de suas damas estarão junto de você caso precise de algo. Será uma viajem tranquila.

— Assurément. (Certamente) – concordo, deixando que minha mãe fosse na frente.

Não quero partir. Prefiro ficar e ajudar, mas quem sou eu para contrariar as vontades da vossa majestade? Entretanto, espero que tudo ocorra bem por aqui e que Pandora tenha um fim doloroso para que aprenda a não mexer com os Lamartine's nunca mais.

Quanto a rever Niklaus, não sei o que esperar. Ele pode ter outra. Em um ano o conheci perfeitamente para saber que o híbrido não é um homem de costumes e muito menos de se prender em alguém como eu, uma mera Princesa, sendo que na festa de meu aniversário, inúmeras Rainhas se esqueceram das boas maneiras e se atiraram sobre ele como urubus atrás de carniça. Seu charme é um perigo, sua maior arma de conquista.

— Aqui está seu meio de transporte. – abandono meus devaneios com a voz calma de minha mãe e percebo que já estávamos no pátio aberto e a nossa frente a linda carruagem se mantinha, juntamente a Vincent, nosso cocheiro.

— Majestades. – o homem de cabelos grisalhos nos cumprimenta formalmente e sorrio. — As bagagens da Princesa já estão guardadas na carruagem, exatamente como a senhora pediu minha Rainha.

— Muito obrigada, Vincent. Apenas me permita um tempo para que possa me despedir dela. – após seu pedido, o lobisomem recuou alguns passos para trás, logo se voltando aos cavalos e checando se estava tudo em ordem.

— Nossa gente já sabe? – me pronuncio primeiro, mantendo meu olhar sobre as ervas daninhas que cresciam entre os blocos do chão.

— Pedi para alguns cavaleiros descerem até os vilarejos e passarem adiante a informação. Não é certo esconder deles.

— Será uma guerra tão feia quanto as outras já relatadas?

— Não fique pensando nisso. Iremos vencer, você verá.

— Assim espero. Até breve, mamãe. – desejo, mordendo meu lábio inferior em desconforto e não demorou nada para ela me puxar para um abraço apertado.

Céus, como eu odeio despedidas.

— Até breve, querida. Não se esqueça que eu a amo muito. Você foi o melhor presente que Deus poderia ter me dado.

— Eu também te amo e saiba que tenho orgulho de ser sua filha. – acrescento, me controlando para não começar a chorar assim que partimos o abraço.

— Tenha cuidado. – ela pediu, deixando um beijo em minha testa.

— Voltarei o quanto antes.

— Estarei esperando por você. – afirmou a Rainha com um meio sorriso, mas seus olhos estavam tão marejados quanto os meus. Logo, o cocheiro tornou a se aproximar de nós. — Cuide bem dela, Vincent. Conto com você.

— Irei protegê-la com unhas e dentes minha Rainha. Como sempre fiz. – o homem replicou, abrindo a porta da carruagem para mim e me estendendo a mão. Aceitei sua ajuda, dando uma última olhada em mim mãe, que me mandou uma piscadela e sorrio, adentrando a carruagem enquanto Vincent fechava a porta em seguida.

Rapidamente, ele se encaminhou de volta ao seu lugar, não sem antes se reverenciar diante sua Rainha. O relinchar dos cavalos anunciou a partida e respiro fundo, controlando a vontade de descer dessa carruagem e ir discutir com minha mãe para que ela desista dessa ideia estúpida de me mandar em um barco para a Corte Inglesa, mas acredito que isso não esteja em minha alçada.

Logo nos primeiros minutos de viagem até a costa eu já estava me sentindo entediada e tudo que poderia fazer era olhar pela janela, não encontrando nada além de grandes árvores e arbustos. Vez ou outra o som de uma coruja e até mesmo alguns grilos davam o ar da graça, mas nada que me deixasse animada. Lembro-me de quando pequena, pedir para Vincent me deixar ir na frente com ele e depois de muitas contestações, ele sempre acabava cedendo, mas isso acabou assim que chegou aos ouvidos dos nobres. Os Duques queriam punir Vincent, por ele ter permitido que eu, a Princesa, ficasse ao seu lado, alegando que ali não era lugar para mim e que se algo me acontecesse ele seria o culpado. Graças a boa intervenção da Rainha, nada aconteceu ao homem, por isso hoje, tenho cuidado com o que faço. Não quero prejudicar inocentes. A hipócrita democracia de 1723 é uma piada. Aposto minha coroa, que se eu morasse no vilarejo, já teria minha morte decretada a muito tempo. A guilhotina me aguardaria de braços abertos...

Solto uma leve risada, balançando a cabeça em negação por meus pensamentos, mas aos poucos a carruagem reduziu a velocidade, parando muito antes de chegarmos em nosso destino. A porta foi aberta abruptamente, me assustando e então Vincent apareceu. A primeira coisa que chamou minha atenção foi a coloração de seus olhos. Eles estavam inteiramente negros como a noite e nem mesmo as íris podiam ser vistas. Tentei recuar para trás, na intenção de sair pela outra porta, mas ele foi mais rápido e me pegou pelo braço, puxando-me para fora da carruagem, fazendo com que eu caísse sobre as folhas secas e pequenos galhos sobre o chão da floresta.

— É melhor ir ver o que prepararam para sua querida Rainha. – sua voz soou ameaçadora, não combinando com o homem gentil que ele é, mas me mantive em silêncio, preocupada com a menção de minha mãe.

No instante seguinte o cocheiro reassumiu seu lugar na carruagem e desapareceu na estrada de terra. Me levanto, batendo as mãos sobre meu vestido e retirando os resquícios de sujeita. Esse não era Vincent. Ele foi enfeitiçado e a única pessoa que faria algo assim seria Pandora.

Olho para trás, calculando a distância a qual me encontro do castelo. Terei de correr. E muito. Mas não há nada que minha velocidade de vampira não dê conta. Sei que minha mãe ordenou para que eu fosse a Corte Inglesa, mas depois do que ouvi, a Inglaterra é o último lugar onde penso em estar.

Minha volta ao castelo pareceu levar horas, mesmo eu usando minha velocidade para tal feito. Não vejo a hora de ver como Stella está, mas assim que cheguei no pátio aberto, a qual estivera com ela momentos atrás, algo me surpreendeu, fazendo-me parar de andar e olhar a minha volta. Silêncio. Isso é tudo por aqui, tirando o som de minha respiração descompassada. Ao passar pela grande porta de carvalho, a visão que tive me deixou injuriada. Se antes eu reclamava por estar sozinha, agora reclamo por estar envolta à cadáveres. Os guardas, muitos para ser sincera, se encontram caídos no chão, com poças de sangue ao seu redor.

Engulo em seco, desviando de um corpo caído no meio do caminho e sigo pelo extenso corredor, procurando por algum sinal de minha mãe, mas acabei encontrando outra pessoa. Não era quem eu tanto procurava, mas me alegrou ver que a mulher ruiva está viva e apenas a alguns metros de distância.

— Dahlia? – profiro seu nome, indo ao seu encontro e tocando em seu ombro, fazendo com que ela se virasse para mim, mas assim que o fez, imediatamente me assustei ao ver seus olhos negros iguais aos de Vincent. — V-você também? – pergunto com a voz trêmula, recuando, mas a vampira deixou seus dentes a mostra, me atacando.

De início, eu apenas desviava de seus golpes, segurando seus pulsos ou me afastando quando necessário, mas Dahlia estava apta a me matar. Estava agindo como se eu fosse sua pior inimiga. No momento em que ela baixou a guarda, tive a oportunidade perfeita para quebrar seu pescoço, ouvindo o estalar do osso ao se partir, fazendo-a perder os sentidos em poucos segundos. Aliviada, coloquei seu corpo com cuidado no chão, deixando-a sentada, com as costas recostadas na parede e passo a mão em seus cabelos, antes de voltar a minha postura ereta, logo lhe dando as costas e seguindo a passos apressados. Conforme seguia, barulhos de cristais se quebrando começaram a ser ouvidos e a cada passo o som se propagava com mais intensidade pelo ambiente, mostrando que a distância está sendo quebrada.

"Eu sou a Rainha! O trono é meu!" entrei em estado de alerta ao escutar a voz de minha mãe, que neste momento beirava a ódio e percebo que vinha da Sala dos Tronos. Imediatamente me encaminhei até lá.

Chegando em frente a porta, não tive tempo de expressar qualquer reação assim que a voz de Pandora soou:

— Veremos até quando, querida Stella... – em um piscar de olhos, a bruxa que até então segurava minha mãe pelo pescoço, empunhou com mais firmeza uma estaca desconhecida por mim e sem delongas fincou-a na altura de seu estômago, arrancando-me um grito de puro pavor..."

— Mãe! – abro os olhos em um sobressalto, completamente assustada.

Flashes da lembrança rondavam minha mente, se misturando com a imagem de Margot a momentos atrás e não consegui controlar as lágrimas que desciam por minhas bochechas. Meu corpo estava grudento e dolorido, assim como meu peito que parecia queimar. Observo a minha volta, tentando manter a calma, mas o local parcialmente escuro a qual eu me encontro apenas me fez entrar em pânico. Tentei me levantar da cadeira a qual eu me encontro sentada, mas algo me prendia a ela. Algo intangível me mantinha amarrada. Eram como cordas, mas eu não conseguia vê-las, apenas senti-las me privando de tentar escapar desse cativeiro.

Sabendo que seria inútil me debater, comecei a gritar. Não que isso fosse adiantar em algo, mas gritando eu colocava para fora poucas e boas que estavam presas em minha garganta. Se um dia eu já sentira ódio dessa bruxa, pode-se dizer que esse ódio triplicou. Primeiro ela mata minha amiga e agora me faz lembrar da morte de minha mãe? Ela não sabe com quem está mexendo. Pandora não faz ideia do que sou capaz quando provocada...

O ranger da porta velha de madeira sendo aberta, fez-me conter meus gritos e prestar atenção na mulher que surgira a minha frente. Logo a luz forte da sala foi acesa em um estalar de dedos e reconheci quem era. Não se trata de Pandora, mas sim a bruxa que criou meu elo com Niklaus. Blair. Lembro-me dela como uma senhora de meia idade, mas agora sua aparência é jovial. Seus cabelos antes grisalhos, agora estão perfeitamente escuros. Algo aconteceu, algum feitiço, mas isso já sabemos quem o fez.

— Finalmente acordou. – seu cinismo me irritou e apenas fechei os olhos, sentindo algumas lágrimas ainda molharem minhas bochechas, mas assim que ouvi mais passos pelo cômodo, indicando a presença de uma segunda pessoa, tornei a abri-los...

Me arrependendo.



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